Tempo perdido

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Entrada da Unidade Escolar Maria Alice Coutinho, na Avenida São Luís Rei de França, no Turu, tem piso quebrado

Não valeu de nada o adiamento, por 45 dias, do início das aulas na rede municipal de ensino, iniciativa tomada pela Prefeitura de São Luís a pretexto de reformar dezenas de escolas cuja estrutura necessita de reparos urgentes. Com data fixada, a princípio, em 02 de fevereiro, o começo do ano letivo foi reagendado para 15 de março, uma decisão inútil, já que as obras anunciadas nem sequer começaram.

Marcada para hoje, às 10h30, na Escola Municipal de Governo, a assinatura da ordem de serviço para o início das intervenções é a prova cabal de que a decisão de prolongar as férias foi tomada sem qualquer planejamento.

Uma comissão formada por membros do Sindicato dos Profissionais do Magistério do Ensino Público Municipal de São Luís (Sindeducação) iniciou uma série de vistorias em várias escolas da capital e constatou o que todos já sabiam: boa parte das unidades que integram a rede municipal não oferece condições adequadas às atividades de ensino e aprendizagem. Para piorar a situação, os professores decidiram, em assembleia geral realizada no último dia 10, manter a greve da categoria, o que deixa a situação ainda mais dramática.

O que se vê hoje no sistema de ensino público municipal é uma crise sem precedentes. Antes da atual gestão, a educação no âmbito da Prefeitura de São Luís, a despeito de algumas deficiências setorizadas, tinha certa organização. O calendário era rigorosamente cumprido e problemas como infraestrutura precária e falta de vagas em escolas não eram tão alarmantes.
Em vez de realizar obras estruturais e assim oferecer ambiente que favorecesse o aprendizado e ampliasse a oferta de vagas, a administração municipal priorizou ações de cunho meramente populista, como a distribuição gratuita de fardamento e leite nas escolas, uma das muitas promessas de campanha do prefeito João Castelo, cumprida somente no final do segundo ano do atual mandato. Curiosamente, os problemas do sistema de ensino municipal tornaram-se mais críticos a partir dessa época.

Três nomes já ocuparam a Secretaria Municipal de Educação (Semed) na presente gestão. Inicialmente chefiada pelo professor Moacir Feitosa, a pasta passou para as mãos da nutricionista e empresária Sueli Tonial e agora tem à frente o experiente Othon Bastos, que acumula passagens por cargos de extrema relevância, como os de reitor da UFMA por duas vezes e de secretário de Estado de Ciência e Tecnologia. Competência administrativa não falta, o que leva a crer que o problema decorre muito mais da falta de autonomia dos gestores escolhidos por João Castelo, queixa compartilhada por boa parte da equipe de auxiliares do prefeito.

O adiamento das aulas na rede municipal de ensino de São Luís por 45 dias poderá se reverter em grave prejuízo aos estudantes, que além da quebra de ritmo provocada pelo longo período fora de sala de aula, encontrarão um ambiente desfavorável ao retomar os estudos, amanhã. Com professores em greve e dezenas de prédios escolares em ruínas, nada indica que o ano letivo de 2012 será produtivo.

Editorial publicado nesta quarta-feira em O Estado do Maranhão

Foto: Biaman Prado/O Estado do Maranhão

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