Em meio à suspeita de favorecimento na contratação da Pavetec Construções para operações de tapa-buraco e aplicação de nova camada asfáltica em ruas e avenidas de São Luís, o prefeito João Castelo (PSDB) tentou substituir a empresa. No fim do ano passado, ele teria oferecido o serviço a uma grande construtora do estado, a fim de se livrar das deúncias, mas o dono recusou a oferta.
Para rejeitar a proposta, o empresário, que mora no mesmo prédio de João Castelo, na península da Ponta d’Areia, saiu-se com esta: “prefeito, eu só trabalho com estradas, com projetos de grande porte”. De fato, a empresa da qual ele é dono é responsável por grande parte das obras viárias no estado, com comprovada eficiência.
Contratada por R$ 115 milhões, conforme revelou o Ministério Público Estadual, após investigação que deu origem a uma ação civil pública, movida em setembro do ano passado, a Pavetec teria fortes ligações com a família do prefeito. A generosidade de Castelo com a construtora despertou a ira de outros empresários do ramo, que passaram a denunciar o suposto favorecimento.
Em 15 de setembro de 2011, em participação, por telefone, no programa “Hora da Bronca”, na rádio Capital AM, o empreiteiro Paulo Fernandes de Souza disse fazer parte de um grupo de oito construtores que trabalharam para a prefeitura no primeiro ano da atual gestão e jamais receberam pelos serviços que prestaram. Segundo ele, a administração de Castelo deve às empresas cerca de R$ 6 milhões. “Ele passou a ‘enxergar’ apenas a Pavetec”, detonou.
Paulo Fernandes se disse disposto a prestar informações ao MP e à OAB sobre o que classificou como “irregularidades”. As declarações do empresário foram repercutidas no blog do jornalista Luís Cardoso (veja).
Até o momento, a Justiça ainda não se manifestou sobre a investigação do MP, de modo a confirmar ou não se há favorecimento na relação entre a atual gestão municipal e a Pavetec. Mas o fato de o prefeito João Castelo ter tentado substituir a empresa, que até onde se sabe mantém o cronograma de obras dentro do prazo e de acordo com as normas técnicas previstas em contrato, é mais um indício a reforçar a suspeita.
Foto: Blog do Gilberto Lima