Defasagem e descrédito

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Caçamba descarrega barro em meio ao vai e vem de passageiros: cronograma deverá ser revisto novamente

A notícia de que somente 35% da reforma do Aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado já foi executada, publicada em manchete de primeira página por O Estado, no último sábado, foi uma surpresa desagradável para a população do Maranhão e para as pessoas que pretendem viajar ao estado por via aérea nos próximos meses. Mesmo com a defasagem da obra, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) assegura que o serviço será concluído dentro do prazo, que findará em 31 de março, informação recebida, quase por unanimidade, com um misto de descrédito, revolta e frustração.

Não é preciso ser especialista em engenharia para constatar que será difícil, senão impossível, cumprir o cronograma da reforma, tamanha a lentidão do seu andamento. Afinal, restam exatos 53 dias para o término do prazo estabelecido para a entrega da obra, que consistirá na recuperação da cobertura, na climatização do terminal, cobertura completa do meio fio para embarque e desembarque de passageiros, aumento do número de posições de check-in de 24 para 30 posições, reforma geral das pontes de embarque, aumento do espaço físico da sala de embarque de 350 m² para 500 m², além da construção de um novo mix comercial.

Diante da complexidade da intervenção, orçada em R$ 10,7 milhões, é praticamente certo que o cronograma de execução será novamente revisto, já que o prazo inicial de conclusão anunciado era janeiro deste ano. Nesse caso, o correto seria a Infraero agir com transparência e vir a público tentar esclarecer o que no momento parece inexplicável.

Em 24 de março do ano passado, a interdição do terminal de passageiros completará um ano. Uma semana antes, consultores contratados pela Infraero constataram, durante avaliação técnica, uma avaria na cobertura espacial da estrutura. Desde então, embarques e desembarques vêm sendo realizados no antigo terminal, atual sede da administração do aeroporto, impondo desconforto aos usuários, obrigados a esperar pelos voos sob tendas improvisadas. A situação expôs o Maranhão a um vexame nacional e deu margem a reações indignadas de agências de viagens, donos de hotéis e demais segmentos ligados à indústria turística, além de virar chacota em redes sociais da internet.

Apesar da precariedade em que se encontra, o Aeroporto Marechal Cunha Machado vem registrando sucessivos recordes de movimentação de passageiros. Em 2011, mesmo com os problemas estruturais, o número de embarques e desembarques superou a casa de 2 milhões. Um saldo tão positivo é, ao mesmo tempo, animador e preocupante, pois revela que a elevada demanda não está sendo atendida adequadamente, em razão da má gestão do serviço de aviação no estado.

Com um potencial extraordinário para o turismo, o Maranhão, no momento, vê frustradas as expectativas de se beneficiar plenamente dessa atividade econômica tão rentável. É hora, então, de rever o modelo administrativo em prática e, se for o caso, trocar as peças que, notadamente, não apresentam desempenho à altura da função que lhes foi confiada.

Editorial publicado nesta terça-feira em O Estado do Maranhão

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