O envolvimento de um cabo e de um soldado da Polícia Militar do Maranhão no roubo de mais de R$ 500 mil em jóias de um empresário na Cidade Operária é mais um episódio a macular o histórico de relevantes serviços prestados pela corporação ao longo dos seus 175 anos de existência. Presos ao se apresentarem à Polícia Civil, os dois militares terão que ser julgados e punidos de forma exemplar, de modo a evitar que desvios de comportamento como esse se tornem corriqueiros e comprometam a credibilidade da instituição.
O crime praticado pelo cabo Wellington de Jesus Costa e pelo soldado Thales Enésio Campos Almeida, em associação com o ex-agente da Polícia Civil Leonard Lopes da Silva, expulso em 2007 por matar um preso em pleno cárcere, expõe novamente a PM ao constrangimento. Formada, em sua grande maioria, por homens que desempenham suas funções com retidão e compromisso, a tropa sofreu um duro golpe ao ver dois de seus membros presos por um crime tão hediondo. Comprovadamente inaptos ao exercício da atividade policial, Wellington e Thales deverão ser excluídos, caso seus julgadores se pautem pela lógica.
A participação dos dois PMs no roubo, se não chega a representar uma crise ética, sugere que tais princípios precisam ser trabalhados com mais afinco na preparação dos militares para o ofício e reforçados constantemente no exercício da função policial. Como defensores da ordem social, esses profissionais devem estar sempre motivados a fazer o bem e a repelir qualquer postura que esteja em desacordo com a legalidade. Ao Estado cabe, portanto, oferecer-lhes as condições que estimulem a conduta ilibada, tais como salário digno e estrutura material condizente com a atividade de segurança pública. Isso vem sendo feito na medida do possível.
Confrontada com exemplo tão negativo, a PM precisa responder à altura. Seria oportuno levantar fichas de policiais submetidos a processo disciplinar e selecionar os casos mais graves, de modo a acelerar julgamentos e punições. Neste momento em que a corporação tem sua imagem seriamente manchada, moralizar deve ser a palavra de ordem.
O Governo do Estado anunciou a realização de um concurso público para a contratação de mil policiais para suprir a carência de efetivo na tropa. A expectativa é que o seletivo ocorra ainda este ano, tamanha a necessidade de reposição do quadro, devido às aposentadorias, mortes de militares em combate e às expulsões por indisciplina. O ideal é que além de conhecimento e boas condições físicas, os candidatos comprovem boa índole. Tal procedimento será fundamental para evitar que episódios lamentáveis como o protagonizado pelo cabo Wellington e o soldado Thales continuem se repetindo com a frequência ora observada.
Entre o fim de novembro e o início de dezembro do ano passado, o Maranhão teve sua rotina alterada por uma greve de policiais militares, que, mesmo proibidos por lei de realizar esse tipo de manifestação, abandonaram seus postos para cobrar reajuste salarial, condições de trabalho adequadas, entre outras reivindicações. É inegável que oficiais e praças da PM têm todo o direito de buscar melhorias – desde que respeitando as regras -, assim como têm o dever de honrar a farda e servir com decência à sociedade.
Editorial do jornal O Estado do Maranhão desta segunda-feira