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Três mortes de motociclistas foram registradas em cinco dias na região metropolitana de São Luís, dois na Estrada de Ribamar e um na BR-135, na Vila Maranhão. O saldo sangrento mostra o quanto os condutores desse tipo de veículo estão expostos à violência no trânsito, muitos por causa da irresponsabilidade de terceiros e outros por assumir atitudes imprudentes ao pilotar. O número cada vez maior de motos nas ruas e avenidas só reforça a ideia de que as estatísticas tendem a se tornar ainda mais assustadoras dia após dia.
Excesso de velocidade e manobras perigosas são as principais causas dos acidentes envolvendo pilotos e garupas de motos. Não é exagero afirmar que boa parte deles tem comportamento suicida no trânsito. No cotidiano agitado de São Luís, são comuns flagrantes de imprudência protagonizados por motociclistas, que pela maneira arrojada como se locomovem sobre duas rodas despertam antipatia e até ira de motoristas de carros, ônibus, caminhões, vans e pedestres.
A falta de preparo é outro fator a contribuir para que as motos sejam a opção mais arriscada para quem se movimenta pelas vias púbicas de São Luís. Não há dados oficiais, mas é certo que uma quantidade significativa dos motociclistas da capital e dos outros três municípios da Ilha não tem habilitação para pilotar. E são justamente esses condutores os responsáveis pelas maiores barbaridades. Devido à quase inexistente fiscalização, os infratores se sentem estimulados a cometer todo tipo de imprudência e raramente são punidos.
Nem mesmo as cenas de vítimas de acidentes de motos exibidas frequentemente pela imprensa são capazes de frear o desrespeito às normas de segurança no trânsito. Muitos condutores de moto simplesmente ignoram os exemplos e seguem no erro. Até sentir na própria pelo o quanto sua postura é nociva. A ausência de campanhas de sensibilização também colabora para que o saldo violento se apresente cada vez mais elevado e com tendência de aumento.
O número de leitos ocupados por vítimas de acidentes com motos é altíssimo na rede pública de saúde do Maranhão. E o que é pior: quando não causa morte, a maioria das quedas, colisões, atropelamentos e outras ocorrências de trânsito envolvendo motociclistas tendem a resultar em ferimentos gravíssimos, que impõem alto grau de sofrimento aos pacientes e às suas famílias. Não raro, os que sobrevivem ficam com lesões permanentes e não são poucos os que se tornam inválidos para o resto da vida.
Infelizmente, não há qualquer perspectiva de reversão do quadro de extrema violência no trânsito, em especial no que se refere aos acidentes com motos. O aumento da frota de veículos e o próprio crescimento urbano são processos irreversíveis e deverão tornar as estatísticas ainda mais alarmantes. A não ser que todos os condutores passem a agir com consciência e respeito à vida.
Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta segunda-feira
Foto: Diego Chaves/O Estado do Maranhão