Que a Liberdade é o bairro mais violento de São Luís nãoresta dúvida. Que o alto índice de criminalidade que assola aquela comunidade é resultado da ação de uma minoria também é fato. E é por isso que a polícia deve empreender uma caçada implacável aos bandidos que espalham terror no dia-a-dia de milhares de famílias e mancham a imagem de um núcleo habitacional que deveria se destacar tão somente pela força de trabalho de sua população e pela sua rica cultura.
Não fossem as disputas travadas por grupos criminososrivais, como a que levou a polícia a ocupar o bairro desde o último dia 2, a Liberdade faria jus ao nome com o qual foi batizado depois de chamar-se, por décadas, Matadouro – denominação mais adequada à sua condição atual. Mas a realidade é outra. Muitas vezes na linha de fogo da bandidagem, os moradores vivem uma rotina tensa e não raro são obrigados a aceitar a violação do seu direito de ir e vir.
Por isso, a presença ostensiva da polícia é necessária. É preciso sufocar os criminosos, encurralá-los de tal forma que eles se sintam intimidados a matar, assaltar, traficar ou cometer qualquer outro tipo de atrocidade. Essa é a estratégia adequada para um ambiente de relevo acidentado, com pequenas áreas de morros, palafitas e cortado por vielas de difícil acesso. É nesses locais, com alta predominância de cidadãos de bem, diga-se, que nascem e se especializam os mais sanguinários criminosos.
Infelizmente, a Liberdade abriga os marginais mais perigosos do Maranhão, muitos dos quais irrecuperáveis, verdadeiros expurgos da sociedade. Contra esses não há outra coisa a fazer senão usar a energia. Capazes de desafiar até mesmo os grupos de elite da polícia, tais elementos devem ser combatidos com o maior rigor possível, sob pena de continuarem seu rosário de crimes e servir de (mau) exemplo para gerações de bandidos ainda mais cruéis.
Violência à parte, a Liberdade é um dos berços da cultura de São Luís. Ali nasceram alguns dos grupos mais representativos do folclore maranhense, a exemplo do boi de Apolônio, celebrado até fora do estado por sua originalidade e capricho. A religiosidade também é um traço marcante do bairro, onde convivem em harmonia e respeito seguidores do catolicismo, protestantismo, umbanda, entre outras denominações. O reggae é outro traço marcante daquela comunidade, que por concentrar o maior número de fãs do ritmo jamaicano, é o principal nicho de mercado dos empresários que atuam no segmento de radiolas e festas.
Diante da relevância que a Liberdade tem para São Luís, é injusto mantê-la sob o domínio da criminalidade. Dar um basta às barbaridades que ali ocorrem deve ser compromisso de qualquer gestor público, pois o bairro tem muito mais a oferecer do que manchetes sangrentas ao noticiário policial.
Foto: De Jesus/O Estado do Maranhão