Deputados balaios são tratados como celebridades pela tual gestão da Uema

Deputados federais ligados ao grupo do governador cassado Jackson Lago vêm tendo prestígio excessivo junto à atual gestão da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Parlamentares como Julião Amin (PDT), Domingos Dutra (PT) e Ribamar Alves (PSB) são apontados como verdadeiros heróis pela cúpula da instituição de ensino, o que vem deixando insatisfeitos outros membros da bancada maranhense na Câmara Federal, além de causar mal-estar dentro da própria instituição.

Durante o I Encontro de Gestores da Uema, realizado nos dias 21 e 22 de agosto, no Hotel Praia Mar, o reitor José Augusto Oliveira (foto) chegou a afirmar que somente os três parlamentares escolheram a instituição para receber recursos das emerndas que apresentaram ao orçamento da União. O discurso do reitor foi acompanhado com ar de constrangimento por uma platéia formada por pró-reitores, coordenadores de pró-reitorias, chefes de divisão, diretores de centros, diretores de cursos, chefes de departamentos, assessores, assistentes, entre outros ocupantes de cargos de liderança na universidade.

A fala do reitor foi recebida com indignação por vários segmentos da instituição, principalmente pelos grupos que lhe fazem oposição. Ex-reitor da Uema, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia e deputado federal eleito em 2006, Waldir Maranhão, que entre 2007 e 2008 destinou mais de R$ 700 mil em emendas individuais à universidade estadual, mostrou-se decepcionado com a postura de Oliveira. “É injusto o reitor atribuir o mérito de ajudar a Uema a apenas um grupo de deputados”, declarou um professor, que preferiu não se identificar.

A próxima eleição de reitor da Uema está marcada para meados do ano que vem. O excesso de gentileza da atual gestão da instituição com deputados balaios será um ingrediente a mais para a disputa, que promete ser acirrada.

Foto: arquivo/O Estado do Maranhão

Greve de médicos: desespero à vista

A decisão das operadoras de planos de saúde de não apresentar proposta para tentar evitar a greve de médicos marcada para o próximo dia 9 deixou milhares de usuários no Maranhão à beira do desespero. Sem perspectiva de reajuste no valor das consultas, os profissionais, seguindo orientação do Conselho Regional de Medicina, tenderão a radicalizar ainda mais o movimento, o que fatalmente deixará o setor em colapso.

O mais dramático é que não se enxerga, a curto prazo, uma solução para o impasse. Nenhuma das duas partes envolvidas se mostra disposta a recuar. Todas as tentativas de negociação vêm sendo frustradas pela intransigência e pela recusa de ambos os lados em abdicar de parte dos seus elevados ganhos financeiros. Vista como mero negócio, a saúde é negligenciada, sem que nenhuma autoridade tenha se manifestado em contrário até o momento.   

O clima entre médicos e empresas de planos de saúde é de guerra. A maioria das operadoras alega não ter condições de aumentar os honorários dos profissionais. Estes, por sua vez, já não se contentam com o valor que recebem pelos serviços que prestam. No meio do conflito, estão os usuários, submetidos ao desrespeito de ter o atendimento suspenso, mesmo pagando religiosamente em dia as altas mensalidades dos planos.

Se das duas vezes anteriores as paralisações de médicos tiveram prazo de encerramento determinado, a próxima poderá se prolongar indefinidamente. Tal situação será um ultraje para quem precisar fazer uma consulta, exame ou outro procedimento que embora não pareça urgente, poderá retardar tratamentos e, por fim, representar a diferença entre manter-se ou não saudável.

A busca por melhoria salarial é algo legítimo a qualquer categoria de trabalhador. Mas, nessa luta, além de disposição e argumentos justos, é preciso ter bom senso para não ferir direitos de quem usufrui os serviços dos profissionais em litígio. Envolvidos em um conflito que parece não ter fim, médicos maranhenses parecem desprezar esse princípio ético.      

Penalizar o usuário com a suspensão dos atendimentos médicos é a maneira mais covarde de pressionar por reajuste. Seria mais sensato estimular o diálogo, mesmo que o desgaste entre as partes pareça insuperável. Quem paga por um serviço quer tê-lo à disposição a hora que quiser ou precisar. E quando se trata de saúde, a questão passa de simples relação de consumo para um caso de vida ou morte.

Reproduzido de O Estado do Maranhão