Polícia de Jackson comete abusos ao reprimir manifestação popular
A Polícia Militar reprimiu com excessiva violência uma manifestação popular realizada na manhã de hoje, na Vila Ariri, na área Itaqui-Bacanga. Cacetetes, bombas de efeito moral, spray de pimenta e até tiros foram os meios usados pela tropa para conter um grupo de moradores que reivindicava a conclusão da pavimentação e drenagem das ruas e avenidas do bairro. A obra foi abandonada pela Prefeitura e o Governo do Estado, que haviam firmado parceria para executá-la.
O protesto começou por volta das 7h. Os populares atearam fogo em pneus e pedaços de madeira que haviam atravessado na principal avenida do bairro, bloqueando o tráfego de veículos. Chamado para reprimir a manifestação, o Batalhão de Missões Especiais (BME), da PM, respondeu de forma enérgica ao menor sinal de reação dos moradores.
Até crianças e adolescentes foram agredidos. Alguns foram alvejados com jatos de spray de pimenta nos olhos e algemados. Outros apanharam com cacetetes e viraram alvos de balas de borracha. Uma mulher que tentou interceder em favor de um grupo de adolescentes imobilizados por algemas e que foram obrigados a deitar no chão foi empurrada para longe pelos militares. Um fotógrafo que registrava as cenas da barbárie teve seu equipamento destruído. “Vou procurar meus direitos na Justiça”, vociferava, enquanto levava safanões.
Na confusão, sobrou até mesmo para a imprensa. O repórter fotográfico do Jornal Pequeno Gilson Ferreira foi agredido com um soco quando se aproximou da aglomeração. Um militar tentou tomar a máquina do profissional e só não o fez porque este foi mais ágil e conseguiu desvencilhar-se. O também repórter fotográfico De Jesus, de O Estado do Maranhão, levou um jato de spray de pimenta nos olhos e quase foi alvo de uma pedra atirada por um manifestante.
A sessão de abusos prosseguiu até que o último dos manifestantes se rendesse. A população assistia a tudo assustada. Muitos moradores exibiam marcas no corpo causadas pela ação policial abusiva. Crianças choravam e idosos tentavam se proteger dentro de casa ou atrás de alguma parede ou poste. Apesar da dimensão tomada pelo confronto, nenhuma autoridade se apresentou para anunciar a retomada do serviço.
Fotos: De Jesus/O Estado do Maranhão
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