A secretária de Segurança Cidadã, Eurídice Vidigal, fez publicar hoje no site do Governo do Estado e em jornais alinhados à administração de Jackson Lago matéria encomendada em que enaltece feitos de sua gestão. Na reportagem, são enumeradas várias ações de combate à criminalidade na Ilha de São Luís, todas elas bem-sucedidas, segundo a secretária. Ela só não contava que os fatos e as estatísticas recentes a desmentiriam categoricamente, transformando seu discurso em mera falácia.
A seguir, uma breve análise do teor da matéria, que desmonta a versão fantasiosa de Eurídice Vidigal:
O que a secretária disse: os municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa estão recebendo reforço maior no policiamento. As ações acontecem diariamente, nos locais onde há maior número de ocorrências.
O fato: Em setembro, foram registrados 44 homicídios na Ilha. O mês foi o segundo mais violento do ano, só perdendo para junho, quando foram contabilizados 51 óbitos. Portanto, se houve reforço no policiamento, a medida não foi capaz de coibir o alto índice de assassinatos.
O que a secretária disse: a partir de um planejamento e execução de operações e ações preventivas e ostensivas de combate à criminalidade, o governo tem conseguido desenvolver um trabalho preventivo junto às comunidades:
O fato: o que se vê, na verdade, é o avanço do crime em suas diversas modalidades. Em vez de contar com o apoio das forças de segurança, a sociedade se vê, a cada dia, refém da violência e muitas vezes é obrigada a se proteger por meios próprios. Dois exemplos ocorreram recentemente: a execução, no último dia 25, de dois bandidos pela dona de uma joalheria, no Centro, em uma tentativa de assalto ao estabelecimento e a morte a tiros, há dois dias, de um homem que se preparava para assaltar um restaunte no Calhau. O autor dos disparos teria sido um segurança.
O que a secretária disse: o Maranhão ganhou, por meio de um convênio com o Ministério da Justiça, um moderno Centro de Inteligência com sistema interligado com unidades de outros estados. Com isso, os direcionamentos das polícias passaram a ser feitos a partir de avaliações e levantamentos do núcleo, o que torna a ação das polícias cada vez mais eficazes (…).
O fato: a elucidação de crimes pode ser atribuída muito mais ao trabalho de policiais experientes do que ao tal Centro de Inteligência. Episódios recentes põem em xeque a eficiência desse instrumento, entre os quais o desaparecimento do recém-nascido Ícaro, jamais desvendado, e o assassinato do estudante Ivanildo Barbosa Júnior, em Imperatriz, cujo corpo foi encontrado por familiares, e não pela polícia.
O que a secretária disse: aos finais de semana, quando o movimento aumenta consideravelmente, os trabalhos são ampliados com o policiamento em locais de festa e pontos turísticos da Ilha, dentro da abrangência dos batalhões e unidades da PM.
O fato: as forças de segurança não vêm respondendo à altura às ações criminosas. Seja pelo baixo efetivo e pelas condições materiais precárias, seja pela falta de uma estratégia eficiente, as ações de combate à violência não abrangem toda a região metropolitana de São Luís. O resultado é que em muitas áreas os bandidos encontram caminho livre para agir e até naquelas onde a cobertura policial é razoável não se observa recuo da criminalidade.
O que a secretária disse: Investir em policiamento comunitário é uma das prioriades da Sesec e representa uma grande mudança, advinda na gestão da secretária Eurídice Vidigal, que observa a proximidade das forças policiais com a população com um elo primordial para o bom andamento das atividades das instituições de segurança (…).
O fato: a tal polícia cidadã decantada pela secretária ainda não transpôs a teoria. A realidade é diferente do discurso que ela tem pregado desde o início de sua gestão. O que se vê na prática são cidadãos cada vez mais amedrontados e obrigados a pagar por segurança privada. Uma prova da falta de confiança da sociedade nas forças de segurança é o crescimento do ramo de vigilância armada e eletrônica, às quais famílias e empresas têm recorrido cada vez mais. Em muitos casos, esse tipo de serviço substitui o trabalho da polícia.
A secretária precisa saber que há observadores atentos, dispostos a contrapor qualquer inverdade que seja publicada com objetivo de ludibriar a opinião pública e justificar a inoperância do sistema de segurança em sua gestão.
Foto: Secom do Governo do Estado