Greve da Polícia Civil faz militares desistirem de levar bandidos às delegacias
Cansados de assistir, impotentes, à libertação de bandidos conduzidos às delegacias e plantões por falta de agentes e escrivães para registrar as ocorrências, devido à greve da Polícia Civil, policiais militares estão deixando de efetuar prisões quando em serviço nas ruas. A triste e preocupante revelação foi feita a este blog por um atuante militar, que confessou já ter liberado vários assaltantes e outros criminosos após ver seu trabalho frustrado sucessivas vezes em distritos policiais.
O militar disse que “cansou de perder tempo” e agora só prende um criminoso e o leva à delegacia em situações extremas. “No caso de um assalto em que o ladrão é pego em flagrante, por exemplo, o máximo que a gente faz é devolver o objeto roubado à vítima, dar uns catiripapos e mandar o vagabundo embora”, relatou.
Ontem à noite, em um bar, no Monte Castelo, presenciei uma cena absurda, que comprova, mais uma vez, a grave crise no sistema de segurança pública no Maranhão, especialmente em São Luís. Ao fazer uma ronda nas proximidades, o chefe de uma guarnição da PM, ao avistar cinco homens em atitude suspeita, dentro do estabelecimento, alertou aos clientes: “tomem cuidado que esses caras não são gente de bem”. Ou seja, mesmo ciente do perigo que a presença do grupo representava, ele e seus companheiros de serviço não se deram ao trabalho de sequer revistar o quinteto. Detalhe: o bar já foi assaltado várias vezes este ano, a última delas, semana passada.
Essa aparente inércia de parte dos militares encarregados do policiamento ostensivo, sob a justificativa de que a greve da Polícia Civil torna seu trabalho inútil, é mais uma conseqüência do descaso com que a segurança pública está sendo tratada neste governo. É oportuno observar que não é correta essa atitude de parte da tropa de negligenciar certos crimes, tendo como pretexto a paralisação.
É preciso que o o próprio governador Jackson Lago venha a público dar uma satisfação à população sobre essa situação tão alarmante. Os cidadãos estão ansiosos por uma atitude em relação à paralisação e ao caos que dela decorre. Enfurnado em seu gabinete e ocupado com conchavos eleitoreiros, ele, provavelmente, desconhece a dura realidadade vivida pelos maranhenses nestes 40 dias de greve da segurança.