A redação de O Estado, ambiente onde e eu e muitos colegas temos passado a maior parte do tempo, viveu um dia atípico ontem. A agitação, a vibração de repórteres e editores, as brincadeiras e discussões profissionais deram lugar a um clima de intensa tristeza em razão da morte do colega editor de primeira página Raimundo Martins.
Pessoa das mais bem-quistas e admiradas em nosso convívio, Martins partiu desta vida prematuramente, aos 42 anos, vencido pela hipertensão, que culminou em um acidente vascular cerebral. Responsável, honesto, culto, entre outros adjetivos, ele foi e sempre será para nós exemplo de dedicação e profissionalismo.
Era Martins o responsável pela capa do jornal. Por sua competência incontestável, foi-lhe confiada a tarefa de elaborar os títulos que servem não só para anunciar as principais notícias, mas também para vender o produto. Dono de um texto irretocável, além de cumprir sua missão, ainda emitia opiniões e críticas sobre diferentes editorias de O Estado, contribuindo para a melhoria da qualidade do noticiário.
Sua principal característica era a paixão pela leitura. Ele era capaz de passar uma tarde inteira devorando uma obra e muitas vezes só acordava do seu transe literário para a reunião na qual eram definidas as chamadas de primeira página. Dono de um respeitável acervo, colecionava centenas de livros em sua biblioteca particular e regularmente aparecia na redação com um ou mais títulos novos, que exibia como troféus.
Por sua incrível sede de conhecimento, Martins merece todo o nosso apreço e admiração. Apesar de seu temperamento calmo, de poucas palavras, ele deixará importante ensinamento: o de que a busca incessante pelo saber é, de fato, o melhor alimento para a alma. Descanse em paz, amigo. Que Deus traga conforto para a sua família.
Aqui de São José dos Campos leio consternado esta triste notícia. Peço a Deus que conforte a família enlutada nesta difícil hora e que aceite meus sinceros sentimentos.
Daniel,
Foi um grande susto pra mim quando pela manhã a colega Ameliane me trouxe a notícia do grave estado de saúde de Martins… E no início da tarde de hoje foi a confirmação de sua passagem.
Como você bem colocou não são poucos os adjetivos a serem aplicados para Martins. Em dois momentos diferentes, tive a chance de trabalhar com ele: como estagiária na TV Difusora e como editora na redação de O Estado. A última vez que o vi foi na TV Difusora, durante um momento de trabalho. “Pretinha!”, foi como ele mais uma vez me chamou. Fui ao seu encontro, demo-nos um caloroso abraço, trocamos algumas rápidas palvras porque o programa que ele editava ia para o “ar” dali a alguns minutos, e eu tinha que fazer o meu trabalho.
Até agora tô também sem acreditar em sua passagem. E como você bem disse, Daniel, que Deus possa confortar sua esposa e filha, que sempre demonstraram orgulho desse brilhante homem.