ALBERTO E FIEMA

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Vinte e cinco de maio é considerado o Dia da Indústria. Os industriais festejam a data nacionalmente, promovendo eventos, realizando atos ou tomando iniciativas que venham ao encontro do setor empresarial, que, no Brasil, é o preponderante na composição do Produto Interno Bruto.
No Dia da Indústria, impossível esquecer uma figura humana que enquanto viveu foi incansável batalhador pelas causas das forças produtivas do Maranhão: Alberto Abdala.
Fui seu assessor na Federação das Indústrias do Maranhão por mais de vinte anos, por isso, em alto e bom som, posso testemunhar e proclamar seu destemor na defesa das reivindicações do empresariado de nossa terra. Ao longo desse tempo, acompanhei o seu dia-a-dia, vendo-o, com desprendimento e abnegação, fazer a entidade, que presidiu por mais de três décadas – a Fiema, ser uma instituição forte, altaneira e representativa dos interesses dos segmentos produtivos do Maranhão.
Foi Alberto Abdala que liderou o movimento de um grupo de novos industriais, para ressuscitar a Fiema, cuja Carta Sindical havia sido cassada, em 15 de julho de 1965, por força da intervenção do Ministério do Trabalho na Confederação Nacional da Indústria, ato que gerou a destituição de Haroldo Cavalcanti da presidência da CNI.
Inconformados com aquela draconiana decisão do governo militar, Alberto Abdala e seus companheiros de luta, no segundo semestre de 1966, começaram a mover gestões para reativar os sindicatos patronais, que se encontravam esfacelados, através dos quais passaram a reivindicar do Ministério do Trabalho a expedição de outra Carta Sindical para a Fiema voltar a ter vida e funcionar legalmente.
O Ministério do Trabalho, contudo, fazia ouvido de mercador à pretensão do empresariado e sinalizava desinteresse pela revitalização e funcionamento da entidade, por conta dos inquéritos abertos pelos interventores federais, que teriam encontrado grosseiras irregularidades nos órgãos da extinta Fiema.
A despeito das adversidades, os industriais maranhenses não desanimaram e nem recolheram as armas. Foram buscar apoio nos segmentos políticos, especialmente da parte do governador José Sarney, que, no comando do poder, empenhava-se para dar ao Estado uma nova fisionomia desenvolvimentista. Além da solidariedade aos empresários, Sarney passou a manter entendimentos com as autoridades do Ministério do Trabalho, no sentido de a Fiema retornar às suas atividades.
A participação da bancada do Maranhão no Congresso Nacional, sobretudo a colaboração dos deputados Américo de Sousa e Eurico Ribeiro, bem como o engajamento da imprensa maranhense no apoio à causa dos industriais, também foram importantes para contornar o impasse e possibilitar o renascimento da entidade patronal.
Para dar velocidade ao processo de reconhecimento da instituição, o governador em exercício, Antônio Dino (Sarney estava no exterior) conseguiu que Alberto Abdala e seus aliados fossem recebidos em audiência pelo ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, ao qual foi exposta a situação da entidade e os entraves que vinham enfrentando para reativá-la como órgão representativo do segmento patronal.
A própria Confederação Nacional da Indústria, já vivendo uma situação de normalidade com a eleição do novo presidente, o industrial cearense Thomas Pompeu de Sousa Brasil Neto, se posicionou favoravelmente ao ressurgimento da Fiema, pois o Maranhão era o único estado da Federação sem representação na CNI.
Com o cumprimento das exigências burocráticas e legais, veio a certeza de que a Federação das Indústrias do Maranhão teria a sua Carta Sindical deferida pelo Ministério do Trabalho, fato que levou os sindicatos patronais a se adiantarem na indicação do nome de Alberto Abdala para encabeçar a chapa que assumiria os destinos da nova entidade.
Quando maior era a mobilização em torno da eleição da nova diretoria da Fiema, vem de Brasília a informação oficial de que, finalmente, o ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, havia assinado a Carta Sindical que autorizava a entidade a ressurgir, como a Fênix, das cinzas.
O auspicioso fato, que encheu de alegria e emoção as forças produtivas do Maranhão, aconteceu no dia 27 de setembro de 1968. Imediatamente os industriais trataram de cumprir as instruções do Ministério do Trabalho, que deu o prazo de 120 dias para eleger a nova diretoria (30 de novembro de 1968) e empossar os eleitos em solenidade realizada em 20 de dezembro de 1968.
Empossados, os novos dirigentes da Fiema viajaram para o Rio de Janeiro, onde cuidaram de filiá-la na Confederação Nacional da Indústria, condição que deu a Alberto Abdala o direito de ter vez e voz nas reuniões da CNI e fazer com que a Federação das Indústrias do Maranhão e os órgãos a ela vinculados- Sesi e Senai, voltassem a ocupar o lugar de destaque no cenário produtivo do Estado.

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