O MARECHAL QUE NÃO QUIS GOVERNAR O MARANHÃO

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Na minha infância, em Itapecuru, via fixado numa das paredes laterais da igreja-matriz uma placa denominando Praça Hastimphilo Moura o principal logradouro da cidade.

Anos depois, a placa desapareceu e a praça recebeu a denominação de Padre Alfredo Bacelar, em homenagem ao vigário que construiu a nova igreja-matriz de Itapecuru.

Só vim a saber quem era aquele cidadão de nome extravagante e complicado na maturidade, quando a pesquisadora itapecuruense, Jucey Santana, descobre numa livraria em São Paulo, uma obra do nosso conterrâneo, intitulada “Da primeira à segunda República” publicado em 1936, da autoria do general Hastimphilo de Moura, nascido a 22 de dezembro de 1865, no povoado Guanaré, no qual relata a sua brilhante trajetória de vida, toda pontuada de feitos notáveis, ressaltando-se a participação na Comissão Exploradora do Planalto Central, na Chefia da Casa Militar, nos governos dos presidentes da República, Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, na Revolução de 1930, ocupando interinamente o cargo de governador de São Paulo e em missões no Exterior, em nome do Exército brasileiro.

A atuação do general itapecuruense na vida do País foi de tal modo saliente que levou o jornalista e político maranhense, Antônio Carvalho Guimarães, a 30 de outubro de 1928, a enviar ao ilustre militar longa e lúcida carta, expressando o convite a se candidatar ao governo do Maranhão, nas eleições de 1930, pelos partidos oposicionistas, à sucessão do governador Magalhães de Almeida.

A carta é longa e primorosa, mas como não há espaço para publicá-la na íntegra, selecionei os pontos mais importantes de um documento histórico e desconhecido dos maranhenses, em que o autor relata com propriedade as mazelas e os problemas que afligiam a nossa terra, os quais, noventa e três anos após a sua lavratura, mutatis mutandis, continuam atuais e públicos.

No exórdio da carta, Carvalho Guimarães revela que “ A nossa gloriosa terra, há mais de um quarto de século vem assistindo com indiferença criminosa de seus filhos ilustres, ao  soçobro das suas tradições de mentalidade; ao aniquilamento da honestidade de seus costumes políticos; ao achincalhamento da verdadeira moral administrativa, que sempre lhe presidiu os destinos; ao esgotamento propositados de suas fontes de rendas fabulosas, que se encontram empenhadas aos bancos estrangeiros, para a paga de despesas  suntuárias de alimentação da política partidária, que lhe vem roendo o organismo depauperado, em prejuízo do povo, das classes produtoras, amesquinhadas, exploradas, escochadas pelos tributos excessivos, e sem transporte, sem instrução e sem saúde”.

Com relação ao pleito que se travará no Maranhão, afirma o ilustre conterrâneo: “ A política  dos conchavos estaduais, tradicional na nossa terra, pretende e já cogita de acomodar tudo, de modo que não haja solução de continuidade no escoamento dos dinheiros públicos e para o custeios dos festins. A dificuldade, porém, que se lhe tem deparado, está em escolher, dentre os da grei, aquele que mais disponha de qualidade tais que possam concorrer para que permaneça imutável o mesmo aparelho político com os seus atuais dirigentes”.

Em outro trecho bem atual e esclarecedor, Carvalho Guimarães afirma: “ Os maranhenses, abandonados, esquecidos, ludibriados, amesquinhados pelos dirigentes exploradores da sua lealdade, do seu trabalho fecundo e da sua simplicidade comovedora, já reconhecem na política parasitária o polvo que lhe suga a seiva rica e esperam o primeiro momento para arriarem, de um ímpeto, a canga que os escraviza. E isto somente se poderá obter quando for colocado à frente de seus destinos um maranhense digno que veja somente na sua consciência, o dever a cumprir e o trabalho produtivo a construir. Que seja unicamente um administrador, que não se preocupe com o que possa ser ao deixar o palácio governamental”.

Mesmo sensibilizado com o apelo do jornalista conterrâneo, o graduado general Hastimphilo de Moura, não aceitou o convite para se candidatar ao governo do Maranhão, para o qual se elegeu o Dr. Pires Sexto, mas não chegou a cumprir o mandato em função da deflagração da Revolução de Trinta.

Em tempo: o livro do militar itapecuruense foi reeditado pela Academia Maranhense de Letras, em 2017.  

MARANHÃO NOVO E NOVO MARANHÃO

Quando se elegeu governador do Estado, pelas mudanças estruturais realizadas na sua administração, José Sarney propagou aos quatro ventos, que construiu um Maranhão Novo.

Agora, Flávio Dino, pelo trabalho que vem realizando no Estado, anuncia a criação do Novo Maranhão.                    

COM UM PÉ NO STJ

Este ano, com as aposentadorias dos ministros do Superior Tribunal de Justiça, Napoleão Nunes Maia e Nefi Cordeiro, a corrida de candidatos ao STJ está pegando fogo.

O favorito para uma das vagas é o desembargador maranhense Ney Bello Filho, do TRF-1, de Brasília.

O maior cabo eleitoral de Ney é o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

ANA DO GÁS

Foi criada na Assembleia Legislativa do Maranhão uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Combustível e do Gás.

Para presidi-la, em vez do deputado Duarte Junior, ninguém melhor do que a deputada Ana do Gás, pois sabe tudo sobre o assunto.

GUERRA AO MATEUS

Quando os supermercadistas cearenses souberam que o Grupo Mateus está interessado em instalar supermercados em Fortaleza, montaram uma operação de guerra para neutralizar o projeto do empresário maranhense.

Eles sabem que se o Grupo Mateus botar os pés no Ceará, não vai sobrar ninguém para contar a história.        

CENTENÁRIO DE POLÍTICOS

Este ano, nada menos do que três importantes políticos do Maranhão, que participaram intensamente da vida pública estadual e nacional, completariam cem anos de vida.

Ivar Saldanha, nascido em Rosário a 8 de março; Lister Caldas, nascido em Teresina, a 11 de agosto; e Alexandre Costa, nascido em Caxias, a 13 de outubro. Todos em 1921.

LULA CÁ

Ninguém poderia imaginar que o brilhante e bom caráter, advogado Carlos Lula, poderia apresentar desempenho altamente produtivo num órgão que não tem nada a ver com a sua formação acadêmica e atividade profissional.

 À frente da secretaria estadual de Saúde, Carlos Lula tem demonstrado, além da resistência física, notável trabalho, no exercício do qual assumiu a presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.        

VELHOS E JOVENS

Como a vacinação contra o coronavírus se realiza em atendimento ao critério cronológico, é numerosa a quantidade de jovens que deseja avançar no tempo, para na condição de idosos se imunizarem contra a maldita epidemia.

Como dizia o escritor Josué Montello: Quem não se rejubila com a idade que tem está roubando a Deus.

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PAULO ABREU FILHO

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O escritor Josué Montello deixou registrado em seu livro de memórias “Diário do Entardecer”, esta insofismável verdade sobre os amigos perdidos ao longo do tempo: “Fiz uma lista de amigos mortos. De amigos que só voltarei a encontrar dentro de mim trazidos pela memória. Valha-me Deus como são muitos. Ainda bem que os levo comigo por onde quer que eu vá, e os ressuscito na luz de minhas recordações. É isso mesmo a saudade: o dom privativo de reviver os amigos mortos”.

Nesta fase da vida, em que a humanidade vem sendo atacada de maneira brutal pelo maldito Covid-19, vejo como tenho perdido  parentes e amigos, aqui e alhures, alguns colegas de infância e de juventude e com os quais firmei laços fraternos de relacionamento que jamais  desapareceram ou diminuíram com o passar dos anos. 

Às vezes, por motivos e razões ditadas pela vida, a gente não se via como outrora, quando éramos felizes e não sabíamos,  mas, ao nos encontrarmos dedicávamos horas a recordar daqueles momentos, que já se pulverizavam, mas ficaram indelevelmente marcados pelas boas lembranças e inesquecíveis recordações.

Um escritor, que não lembro o nome, do alto de sua sabedoria, deixou para a posteridade o seguinte pensamento: “Morremos um pouco cada vez que perdemos um ente querido.”

Essa insofismável verdade me remete a um amigo, falecido recentemente, vitimado pelo maligno vírus que ora domina o universo, que partiu para a eternidade levando um pouco da saudável convivência que mantivemos na adolescência, quando estudamos e fomos colegas no Colégio dos Irmãos Maristas, nos anos 1950.

Chamava-se Paulo Abreu Filho, à época, um dos melhores alunos da turma e com o qual construí uma amizade que nunca sofreu abalos, ao contrário, se consolidou de forma inexorável e fraterna.

Paulo, filho de um dos homens mais ricos da cidade, dono de uma poderosa rede de lojas de tecidos, chamada Rianil, com matriz em São Luís e filiais nas principais cidades do interior do Estado. A loja, localizada no começo da Rua Oswaldo Cruz, pela quantidade e qualidade de tecidos, era a mais procurada pelo consumidor, mas nem por isso o filho do empresário Paulo Abreu, mostrava-se arrogante e pedante. Ao contrário, procurava ser igual, simples e despojado de grandeza, razão porque teve sempre bons amigos.

Depois que estudamos nos Maristas, tomamos rumos diferentes. Ele continuou em São Luís, onde optou pelo curso de Direito e graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, após o que montou com outros colegas um escritório de advocacia, ao qual se dedicou de corpo e alma, tornando-se um profissional correto, estudioso e respeitado na cidade.

Depois de formados, voltamos a nos reencontrar amiúde, quando juntos trabalhamos e prestamos serviços a alguns organismos da administração pública estadual, a exemplo do Banco de Desenvolvimento do Maranhão, Secretaria de Indústria e Comércio e Empresa Maranhense de Turismo.

As mudanças de governos e as aposentadorias nos conduziram aos desencontros, mas quando, aqui e acolá, nos revíamos, matávamos as saudades da época e dos atos e fatos que ficaram para trás, mas nunca os esquecemos.

A morte de Paulo Abreu Filho, ou Paulica, como eu o chamava, sem dúvida alguma, além da profunda tristeza, levou consigo um pouco de mim.   

CEM ANOS DE IVAR SALDANHA

Dos doze filhos de Raimundo João e Maria Antonieta Saldanha, o segundo, na ordem cronológica, Ivar, nascido em Rosário a 8 de março de 1921, herdou do pai, um farmacêutico formado na Bahia, a vocação para a política. Depois da morte do genitor, que ocupava a presidência da Caixa Econômica Federal no Maranhão, indicado por Vitorino Freire, que começava a montar o seu reinado político no Estado.

 Ivar, com 26 anos, assume o controle da família, inclusive a educação dos irmãos – alguns manda estudar em São Paulo, ingressa na vida política, candidatando-se nas eleições de outubro de 1950 a deputado à Assembleia Legislativa, pelo Partido Social Trabalhista, criado por Vitorino.

 Eleito, teve participação ativa no movimento contra a eleição de Eugênio Barros, que as Oposições acusavam de fraude eleitoral, trazendo de Rosário, no dia da posse do governador, um ônibus com amigos e correligionários, que foi metralhado pelos policiais quando tentava entrar na Avenida Pedro II. Ivar, atingido por um balaço no braço, precisava se licenciar, ato que só conseguiu ao entrar de maca no Plenário da Assembleia, pois a bancada oposicionista não queria dar número para o seu tratamento no Rio de Janeiro.        

Nas eleições de 1954, reelege-se deputado estadual e antes de terminar o mandato é nomeado prefeito de São Luís, em julho de 1957, pelo o governador Matos Carvalho, que, em seguida, o nomeia secretário da Fazenda estadual, cargo que renuncia para concorrer, pela terceira vez, à Assembleia Legislativa. Eleito, é nomeado pela segunda vez prefeito da capital maranhense, no exercício do qual executa um plano de melhoria urbanística de São Luís, que garante a ele popularidade junto ao eleitorado oposicionista, fato que leva o novo governador, Newton Bello, a mantê-lo no cargo de gestor da cidade, para continuar o trabalho nas áreas de saúde e educação, que lhe valeu ser incluído na chapa de candidatos do PSD à Câmara federal.

Eleito em 1962, com votação estrondosa em São Luís, ombreando-se à de Neiva Moreira, o grande líder popular da cidade. Após assumir o mandato em Brasília, rompe com o governador Newton Bello, mudando-se, com outros parlamentares do PSD, para o PTB em apoio ao presidente João Goulart.

Com a deposição de Jango pelos militares, o projeto do PTB vira pó e Ivar junta-se ao deputado José Sarney, postulante ao governo do Estado, que o lança candidato à prefeitura da capital, que conquistara autonomia política-administrativa. Desta feita, enfrentaria nas urnas o candidato Epitácio Cafeteira, que o derrota nas eleições de 3 de outubro de 1965.

Depois de cumprir dois mandatos na Câmara federal, no pleito de novembro de 1970, se elege, mais uma vez, à Assembleia Legislativa, tornando-se dela presidente no biênio 1971-1973, envergando a camisa da Arena, pela qual se reelege deputado estadual em 1974.

Em 1976, quando cumpria o seu quinto mandato parlamentar, recebe convite do governador Nunes Freire para assumir, pela terceira vez, o cargo de prefeito de São Luís, que perdera novamente a autonomia política-administrativa, por exigência do regime militar. Só deixa a prefeitura nas proximidades das eleições de 1978, para ser candidato pela sexta vez à Assembleia Legislativa. Eleito, agora pelo PDS, é guindado à vice-presidência do Poder Legislativo.

Em maio de 1982, o governador João Castelo exige a renúncia do presidente da Assembleia, Albérico Ferreira, seu sucessor hierárquico, haja vista o falecimento do vice-governador Artur Carvalho, fato gerador de uma crise política, porque Albérico decide não renunciar ao cargo, para não permitir a Ivar, o vice-presidente, comandar a Casa Legislativa do Estado e, como tal, assumir o Poder Executivo, face à renúncia de Castelo, candidato ao Senado.

A crise se arrasta por vários dias até Albérico renunciar ao cargo, pela interferência de José Sarney, que usa todo o seu prestígio político, para não prejudicar a eleição de Luiz Rocha, candidato à sucessão de Castelo.

Ivar, então na condição de presidente da Assembleia, assume o cargo de governador do Estado, em maio de 1982, por conta da renúncia de João Castelo, ato imediatamente contestado pelo presidente do Poder Judiciário, José Antônio de Almeida e Silva, no pressuposto de ser o substituto legal de Castelo, no que foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal.

Em homenagem à vida política de Ivar, o governador Luíz Rocha o indica para compor o Conselho de Contas do Estado, cargo no qual se aposenta, mas com disposição para enfrentar novamente as urnas, nas eleições de 1986, elegendo-se pela sétima vez, deputado estadual, no mandato em que pela segunda vez é escolhido para presidir o Poder Legislativo do Maranhão, no biênio 1989-1991.

Era casado com Amélia Aquino Saldanha, com quem teve dois filhos: Maria do Carmo e Raimundo João. Seu falecimento ocorreu a 2 de fevereiro de 1999, em um acidente rodoviário, nas proximidades do povoado Estiva, quando viajava para Rosário.

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SETENTA ANOS DA GREVE DE 51

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Preparava-me para escrever sobre o movimento político desencadeado em São Luís, que a História registrou com o nome de “A greve de 51”, e sou surpreendido com o extraordinário texto do jornalista Ribamar Correa, publicado no seu respeitado blog Repórter Tempo, editado em 11 de março recente.  

Diante de tão primoroso texto, recolhi as armas e o reproduzo nesta coluna, com os sinceros agradecimentos a Ribamar Correa.   

“Há 70 anos, exatamente no início da segunda metade do século XX, quando mundo começava a curar as feridas da Segunda Grande Guerra e o Brasil dava o passo decisivo para voltar de vez à normalidade democrática, o resultado da eleição para o Governo do Estado, realizada no bojo das eleições gerais de Outubro de 1950, com a vitória do empresário caxiense Eugênio Barros (PST), candidato escolhido e apoiado pelo então todo-poderoso senador Victorino Freire, sobre o empresário Saturnino Bello,  candidato das Oposições Coligadas (PSP/UDN/PSD/PR/PL/PTB), conflagrou o Maranhão de maneira dramática, mergulhando os maranhenses, principalmente os da Ilha de Upaon Açu, num caldeirão de tensões políticas e sociais. “Os números apresentados pela Justiça Eleitoral foram contestados com denúncias de fraude, feitas pelas Oposições Coligadas, e o embate das duas correntes desencadeou uma crise política e institucional de proporções gigantescas que, durante nove meses, transformou São Luís numa praça de guerra. Nesse período, o Maranhão teve um governador eleito, dois governadores interinos, um interino que não assumiu, e por pouco não caiu nas mãos de um interventor federal, que seria um general. Em meio à crise política, a Capital foi sacudida por agitações de massa, tiroteios, assassinatos, incêndios criminosos em bairros pobres, e o interior participou com um levante “guerrilheiro” em São João dos Patos. Alimentada por jornais partidários locais, a crise maranhense, que parou a vida social e econômica da Ilha, se tornou item prioritário na agenda política do presidente Getúlio Vargas e que, acompanhada pelos grandes jornais e revistas nacionais, ganhou repercussão internacional. Ocorrida quando o Brasil consolidava a redemocratização, a longa sequência de episódios entrou para a História como A Greve de 51, também batizada de “Revolução do Maranhão”.

“O mais amplo registro factual daquele momento ímpar da História do Maranhão está cravado nas páginas do livro “A Greve de 51”, do jornalista e pesquisador Benedito Buzar, a primeira edição lançada nos anos 70, e a segunda, em 2001, sob o título “Os 50 Anos da Greve de 51”, essa amplamente enriquecida com as entrevistas de Neiva Moreira, líder oposicionista, e de Evandro Barros, filho e assessor de Eugênio Barros e ampliada com a inestimável memória fotográfica daqueles dias de guerra na Capital do Maranhão. Com sólida formação política – eleito deputado estadual com 22 anos e cassado em 64 – e dono de um talento excepcional para garimpar fatos políticos do Maranhão no século XX, além de conversar com protagonistas, Benedito Buzar montou um rico roteiro dos acontecimentos de 51, registro único, que serve de base para o pesquisador que desejar ir além no resgate daqueles dias históricos.

“Garimpado cuidadosamente nos jornais da época – principalmente em “O Imparcial”, “Jornal do Povo”, “Diário Popular” e “O Combate” ostensivamente posicionados na guerra política -, o documento produzido por Benedito Buzar reúne uma sequência impressionante dos acontecimentos, da movimentação dos seus atores e dos desdobramentos dos embates. E informa que a origem dos fatos explosivos estava exatamente nos dois cânceres da política, o caciquismo despótico e a fraude eleitoral, que naquele momento eram as marcas mais fortes da sempre agitada vida política maranhense, com poder de manipular as instituições.

“Com grande riqueza factual e linguagem jornalística direta e precisa, e longe do academicismo pretencioso, “A Greve de 51” relata que após domínio absoluto no Maranhão no Governo Eurico Dutra, o vitorinismo pressentiu derrota nas eleições de 1950, quando as Oposições Coligadas, que tinham nos seus quadros figuras destacadas como Neiva Moreira, Clodomir Milet, Clodomir Cardoso, Alarico Pacheco, Lino Machado, Djalma Marques, Fernando Viana e Henrique La Rocque, entre muitos outros, que apoiavam a candidatura de Getúlio Vargas, lançaram Saturnino Bello candidato à sucessão do vitorinista Sebastião Archer. Ladino e manipulador como poucos, Victorino Freire – que contava com Renato Archer, Líster Caldas, César Aboud, Alexandre Costa, Ivar Saldanha e Cid Carvalho, entre muitos outros – encontrou em Eugênio Barros, então prefeito de Caxias e conhecido pela sua seriedade e altivez, o nome certo para enfrentar o oposicionista. As urnas deram vitória a Eugênio Barros, e, como era esperado, o resultado foi contestado com gravíssimas denúncias de fraude. Em janeiro de 51, em meio à confusão, Saturnino Bello morreu. A Justiça Eleitoral empossou Eugênio Barros. Aguerridas, as lideranças das Oposições Coligadas contestaram a posse e organizaram e fomentaram um gigantesco movimento popular, que fincou estacas no Largo do Carmo, onde milhares, entre trabalhadores e operários fabris convocados por sindicatos controlados por líderes políticos, se reuniram em protesto pelos meses seguintes. A residência da ativa vereadora Maria de Lourdes Machado, no Largo do Carmo, se tornou o QG onde os chefes oposicionistas se reuniam e tomavam decisões e as comunicavam à massa mobilizada no coração na cidade.

“As páginas de “A Greve de 51” mostram a reação popular, que logo se transformou num movimento grevista que parou a cidade por meses, criou seguidas situações de impasse, desencadeando a esdrúxula sucessão de três governadores interinos: dias depois de empossado, mas com a eleição contestada, Eugênio Barros foi convencido a se afastar até que a Justiça Eleitoral desse a palavra final. Como a Assembleia Legislativa ainda não tinha sido instalada, e não tinha presidente, ele passou o cargo interinamente ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Trayahú Moreira, que logo em seguida seria “deposto” com a eleição do presidente da Assembleia Legislativa, deputado César Aboud, que, assumiu o Governo – isso depois da sufocação de uma tentativa do desembargador Nelson Jansen de assumir o Governo do Estado. Em meio a essa guerra pelo poder, o Maranhão quase caiu nas mãos do general Edgardino Pinta, comandante da 10ª Região Militar, que desembarcou em São Luís como observador a mando do Palácio do Catete, onde o presidente Getúlio Vargas resistiu a pressões das Oposições Coligadas para decretar intervenção no Estado, medida que certamente prejudicaria a sua nova condição de democrata. Essa guerra política durou de janeiro a setembro, quando finalmente a Justiça Eleitoral confirmou a eleição de Eugênio Barros, tendo como vice o jovem tenente da Marinha, Renato Archer.

“O precioso livro de Benedito Buzar relata em detalhes que, preocupado, o presidente Getúlio Vargas mandou a São Luís o ministro Negrão de Lima que, com habilidade e muita diplomacia, ouviu lideranças dos dois lados e retornou ao Rio de Janeiro levando ao chefe da Nação a recomendação de não decretar intervenção, como queriam as Oposições Coligadas na esperança de anular o pleito.

“Com a mesma precisão com que resgatou a crise política, sua evolução e seu desfecho, Benedito Buzar enriqueceu “A Greve de 51” com o registro do simultâneo movimento popular fomentado pela banda oposicionista. Trabalhadores, pequenos comerciantes, estudantes e desempregados formaram uma massa densa e ativa, que se manteve por meses. Ao mesmo tempo, Polícia Militar e tropas federais faziam o controle dos movimentos, estabelecendo o famoso Paralelo 38, em frente ao Hotel Central, para evitar a invasão do Palácio dos Leões. Houve momentos críticos, com alguns confrontos armados, provocados por capangas de Victorino Freire e militantes oposicionistas, com as forças policiais ao meio. Dois casos se destacaram. Num deles, um ônibus ironicamente lotado de vitorinistas vindo de Rosário, avançou na área, ultrapassando a linha do “Paralelo 38” e foi cravejado de balas pela Polícia, resultando na morte do monsenhor Joaquim Dourado e no ferimento do jovem político Ivar Saldanha, que viria a ser prefeito de São Luís e governador do Maranhão. Em outro, os criminosos incêndios de casas de palha em bairros populares, que durante semanas causaram revolta, desespero e danos a milhares de famílias. Os vitorinistas acusavam a oposição de estar por trás do crime, apontando diretamente o jornalista Neiva Moreira, apelidado de “Caramuru”, de ser o mentor da armação incendiária, com o objetivo de incriminar os governistas. A médica comunista Maria Aragão também foi taxada de incendiária.

“Em meio às marchas e contramarchas da crise política e seus ecos traumáticos na vida de São Luís, “A Greve de 51” faz um registro espetacular: um levante em São João dos Patos, liderado por um tal “general” Raimundo Bastos, um caudilho do sertão que resolvera mudar o curso da História do Maranhão liderando uma malta de capangas, mas enquadrado sem guerra por um destacamento da PM comandado pelo tenente Eurípedes Bezerra. O livro documenta que naquele período traumático, entre o fomento explosivo das forças oposicionistas e a pressão do poder governista, sofreu as durezas do desabastecimento e as muitas consequências econômicas e sociais geradas pelas manifestações.

“A Greve de 51” mostra que o desfecho da crise começou em setembro, quando o TSE confirmou a eleição da chapa vitorinista Eugênio Barros/Renato Archer. O governador eleito, que tomara posse em janeiro e afastado dias depois, encontrava-se no Rio de Janeiro e decidiu retornar ao Maranhão, apesar do clima de tensão. Decidido a encarar de frente a situação, sem demonstrar preocupação com os riscos, mostrou-se disposto a pegar em armas se atacado. De volta, Eugênio Barros sitiou-se no Palácio dos Leões por três semanas, período em que confirmou sua fibra sertaneja e, ao mesmo tempo, sua competência política. Com firmeza e habilidade, desarmou o clima de tensões, passou confiança e credibilidade a líderes oposicionistas. Assumindo as rédeas da situação, deixou o Palácio e foi às ruas, encarou a multidão, ganhou respeito, minou as forças adversárias e consolidou a vitória do vitorinismo e a derrota das Oposições Coligadas.

“Sem pretensões analíticas e rigorosamente factual, como uma grande reportagem histórica, “A Greve de 51” é a chave para a compreensão do que aconteceu no Maranhão da redemocratização de 1945 para cá. Entre outros motivos, porque informa a origem de personalidades que pontificaram no cenário político estadual e nacional, como o gigante político e jornalístico Neiva Moreira, que teria o mandato de deputado federal cassado pela ditadura.

“Ao escrever “A Greve de 51”, Benedito Buzar presenteou a memória brasileira com um marco definitivo da História recente dos maranhenses, o que o torna leitura obrigatória e indispensável para quem aspira compreender o Maranhão político de agora.

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PARA QUE SERVEM OS VICES?

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Na segunda-feira vindoura, 15 de março de 2021, completa  36 anos que José Sarney, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional a vice-presidente da República, assumiu às pressas a chefia do governo brasileiro, porque o presidente eleito, Tancredo Neves, na véspera da posse teve de ser internado num hospital de Brasília e submeter-se a uma urgente cirurgia, que terminou o levando à morte.

Desde a implantação do regime republicano no Brasil, com as instituições funcionando democraticamente ou ditatorialmente, uma questão flutua ao vento das marés: para que servem o vice-presidente da República, os vice-governadores e os vice-prefeitos?

De acordo com as Constituições federal, estaduais e as leis orgânicas dos municípios, os vices substituem os titulares ou auxiliá-los em missões oficiais e específicas.

Mas para serem eventualmente convocados para tais missões, os cofres públicos reservam recursos orçamentários de monta para mantê-los, com casa, comida, pessoal de apoio, transporte, segurança e mordomias.

Nos municípios, os vices não usufruem de mordomias, mas vivem em eterna e desleal conspiração contra os chefes das comunas, para os expurgarem dos cargos.

No Brasil, por conta dessa extravagante despesa, sabe-se da fórmula para extorquir os vices da cena pública, mas os políticos fazem vista grossa para introduzir nas Constituições federal, estadual e nas Leis Orgânicas dos Municípios, dispositivos com esta simples redação: Substituirá o presidente, o governador e o prefeito, no caso de impedimento e suceder-lhe-á no de vaga, respectivamente, o presidente do Congresso Nacional, o presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente da Câmara Municipal.

Nos meados dos anos 1950, para acabar a ociosidade dos vices e os choques que mantinham aberta ou sorrateiramente com os presidentes da República, conferiu-se ao vice-presidente a competência de presidir as sessões do Congresso Nacional e aos vice-governadores presidirem as sessões das Assembleias Legislativa.

Àquela época, o vice-presidente da República, João Goulart, eleito na chapa encabeçada por Juscelino Kubitscheck (1956-1961), que sempre o olhava de modo atravessado, costumava comandar as reuniões do Congresso Nacional.

No Maranhão, o vice-governador, Alexandre Costa, eleito na chapa com o governador Matos Carvalho (1957-1961), rompeu com o vitorinismo e passou de armas e bagagens para o lado oposicionista e no exercício da presidência da Assembleia Legislativa criou casos e embaraços de toda a natureza com os governistas para não aprovarem os projetos de interesse do Palácio dos Leões.

Alexandre, corajoso e valente, chegou a assumir o Poder Executivo numa viagem de Matos Carvalho ao Rio de Janeiro, que não lhe transmitiu o cargo, no exercício do qual pintou e bordou, obrigando o governador a retornar às pressas a São Luís.

Ao longo da vida republicana, não foram poucos os presidentes que tiveram bom relacionamento com os vices. Essas idiossincrasias começaram logo na proclamação da República entre os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e tiveram continuidade no governo do presidente Prudente de Morais e do vice, Manuel Vitorino.

Essas divergências se aguçaram depois que o Brasil se redemocratizou em 1946 e vieram à tona no governo do presidente Getúlio Vargas, que não escondia as suas diferenças com o vice, Café Filho.  Nos governos de Juscelino Kubitscheck e Jânio Quadros eram visíveis as desconfianças de ambos com o vice, João Goulart.

No regime militar, os presidentes Costa e Silva e João Figueiredo, mostravam publicamente as aversões devotadas aos vices Pedro Aleixo e Aureliano Neto.

Depois da redemocratização do país, em 1985, o presidente Fernando Collor mal falava com o vice, Itamar Franco, Dilma não tolerava Michel Temer e Jair Bolsonaro vive às turras com Hamilton Mourão.   

No Maranhão, de 1946 aos dias atuais, dentre os governadores que mantinham pouco ou nenhum diálogo com os vices citam-se: Sebastião Archer que  rompeu com Saturnino Belo; Eugênio Barros manteve distância do vice, Renato Archer, durante o mandato; Matos Carvalho afastou-se completamente do vice, Alexandre Costa; José Sarney e Antônio Dino desentenderam-se ao final do mandato; Pedro Neiva não tinha diálogo com Collares Moreira; Nunes Freire não deu bola para José Murad; Luíz Rocha não queria ver João Rodolfo nem pintado; Epitácio Cafeteira devotava a João Alberto ostensiva antipatia; José Reinaldo, não deu nenhuma colher de chá a Jura Filho.

Em tempo: no atual governo do Maranhão, até agora, as divergências entre o governador Flávio Dino e o vice Carlos Brandão estão em ponto morto.

GENTÍLICOS

Alguém pode esclarecer os gentílicos dos que nascem nos seguintes municípios do Maranhão: Presidente Dutra, Presidente Médici, Presidente Juscelino, Presidente Vargas, Presidente Sarney, Governador Archer, Governador Eugênio Barros, Governador Edson Lobão, Ribamar Fiquene, Godofredo Viana, Magalhães de Almeida, senador La Rocque, João Lisboa, Vitorino Freire, Benedito Leite, Coelho Neto, Duque Bacelar, Fernando Falcão, Governador Luíz Rocha, Governador Newton Bello, Governador Nunes Freire, Graça Aranha, Humberto de Campos, Lima Campos, Luis Domingues, Nina Rodrigues, Paulino Neves, Senador Alexandre Costa, Tasso Fragoso e Urbano Santos.        

LULA OU BOLSONARO?

Lula já disputou cinco eleições para presidente da República. Perdeu três e ganhou duas. Em nenhuma delas, conquistou o meu voto.

Se Lula concorrer às eleições presidenciais em 2022, tendo como adversário Jair Bolsonaro, no qual também não votei e jamais votarei, espero que apareça um terceiro candidato, que não seja corrupto como o petista e desequilibrado e nocivo como o atual.  

 MEDIDAS INÓCUAS

As medidas recentemente tomadas pelo Governo do Estado, de limitar o funcionamento dos órgãos públicos e privados, durante dez dias, no meu modo de ver, não surtiram efeito para a diminuição do coronavírus no Maranhão.

Salvo melhor juízo, parece que as medidas executadas pela prefeitura de Teresópolis, Rio de Janeiro, poderiam ser aqui experimentadas: os moradores teriam dia certo para sair de casa, de acordo com o número final do CPF: pares num dia, ímpares, no outro, com exceção a idas a farmácias e restaurantes.

SONO LETÁRGICO

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, demorou cinco anos para descobrir que a Operação Lava-Jato estava se processando no lugar errado.

Mandou anular o que aconteceu em Curitiba e começar tudo de novo em Brasília.

TROCA DE NOME

Depois das milhares de mortes ocorridas no Brasil por causa do Covid-19, pensa-se em mudar o nome do ministério que trata da saúde do povo brasileiro.

Em vez de Ministério da Saúde seria denominado de Ministério de Óbitos.    

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MARANHÃO NOVO E O DE TODOS NÓS

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Eliézer Moreira, advogado e membro da Academia Maranhense de Letras, escreveu um livro com o título de “Maranhão Novo: a saga de uma geração”, obra imperdível e necessária sobretudo para as novas gerações, mal informadas a respeito de um governo e de um governador, eleito em 1965, depois de uma campanha eleitoral vibrante e popular, levando de roldão um sistema de poder que dominou o Maranhão durante vinte anos, comandado pelo senador Vitorino Freire.

O governador autor dessa notável façanha política, chamava-se José Sarney, jovem de 35 anos, que subiu as escadas do Palácio dos Leões em 31 de janeiro de 1966, para realizar um governo moderno, inovador e soterrar a arcaica e viciada estrutura econômica e social do Maranhão.

O livro de Eliézer reporta-se exclusivamente aos idos de 1966-1970, quando o governador José Sarney decide convocar um elenco de jovens, que vivia marginalizado dentro e fora do Estado, para se juntar a ele numa guerra pacífica mas indômita, para promover mudanças na máquina administrativa do Maranhão, que apresentava os piores índices de desenvolvimento e com uma população de milhões de analfabetos, desempregados e pobres.

 Para materializar esse projeto de transformação, Sarney formou um grupo técnico de alta qualidade pessoal e moral, da estirpe de Bandeira Tribuzi, Nivaldo Macieira, Eliézer Moreira, Joaquim Itapary, Mário Leal, Darson e Edmilson Duarte, Cabral Marques, João Alberto, Miguel Nunes, Chico Batista, Alberto e Lourenço Vieira da Silva, José Reinaldo Tavares, Vicente Fialho, Roberto Macieira, Celso Lago, Manoel Dias e Mirtes Haickel, dentre outros, para fazer parte da sua Assessoria Técnica, depois transformada em Sudema – Superintendência de Desenvolvimento do Maranhão. 

Com esse grupo de intelectuais e técnicos, o jovem governador pensou, planejou e executou projetos que mudaram radicalmente a estrutura econômica e social do Estado, fazendo o seu governo ser até hoje considerado como o mais importante e produtivo, pelas obras de infraestrutura construídas e pela mentalidade reformista.

Em carta a Eliézer, Sarney escreveu: “ O seu livro é repleto de informações e é a única fonte de que podem se valer historiadores como ponto de referência, o que irá esclarecer muitos fatos, além de ser um repositório do pensamento de uma geração que mudou a História do Maranhão, que eu gosto de referir como a geração dos poetas, título que me apropriei egoisticamente como líder desse grupo, formado por uma equipe brilhante, dedicada e cheia de amor ao Maranhão, responsável pela sua preparação para ser um Estado desenvolvido, como hoje o é”.  

Os estudiosos e pesquisadores procuram cotejar o Maranhão Novo com o Maranhão de todos nós, este, vindo à tona nas eleições de 2014 e 2018, sob o comando de um jovem político, culto, honesto e sagaz, chamado Flávio Dino, que se encontra na metade do segundo mandato, mas sem conseguir convencer o eleitorado que nele votou de que a sua administração, ainda que bem-sucedida em alguns setores, não pode ser nivelada com a de Sarney, que chegou ao Palácio dos Leões há 55 anos, mas até hoje é lembrado como o melhor e o mais positivo do período republicano.

Diante, pois, desse quadro comparativo nada semelhante, até porque os tempos são outros e os problemas se diferem em magnitude, tudo leva a crer que a vantagem do governo Sarney sobre o de Dino, deve-se primordialmente à  presença de um competente grupo de técnicos, a grande maioria no fulgor da juventude, que o assessorava e ocupava cargos de relevância no Estado.

Enquanto no Maranhão Novo os assessores de Sarney eram conhecidos e preparados para o cumprimento das funções e ações delegadas pelo governador, no Maranhão de Todos Nós, os que exercem cargos de primeiro escalão, são praticamente desconhecidos da população, que não sabe se estão habilitados para o exercício de tarefas administrativas.

Apenas um exemplo: na gestão de Sarney, na área da Educação, sobressaíram-se as Escolas João de Barro, voltadas para alfabetização do homem rural, e os Ginásios Bandeirantes, destinados ao ensino secundário dos jovens do interior.

No governo de Flávio, a ênfase foi a construção das Escolas Dignas, com os requintes da modernidade e da força dos meios de comunicação, mas não conseguiram superar as vantagens das Escolas João de Barro e dos Ginásios Bandeirantes.

DISCURSO DA ESTUPIDEZ

Na reunião do governador com os representantes dos três poderes e autoridades políticas e sanitárias, o desembargador Lourival Serejo lembrou que estamos enfrentando três grandes

problemas nessa epidemia: a expansão do Covid-19 e suas variantes, o discurso da estupidez e o clamor da fome.

Ao referir-se ao discurso da estupidez, o presidente do TJ estava conectado à obra de Mauro Mendes Dias, que trata dessas vozes fanáticas e negacionistas.

HOMENAGEM A SARNEY

Quando a Academia Maranhense de Letras voltar a se reunir, no fim deste mês, o presidente Carlos Gaspar anunciará a homenagem ao decano da instituição, José Sarney.

A solenidade, com a presença do homenageado, faz parte das comemorações de seus noventa anos, completados em abril do ano passado. 

Na homenagem serão lançados um livro e um filme sobre a vida política e literária de Sarney, preparado e custeado pela AML.  

COROBA E O CORONAVÍRUS

O Covid-19 só estava esperando o prefeito Benedito Coroba assumir o cargo de prefeito para poder atacá-lo e junto com a população de Itapecuru.

Na primeira onda do Covid, os itapecuruenses não foram molestados pela doença, mas na segunda onda, o coronavírus não está livrando ninguém.

UM BOM SECRETÁRIO

O novo secretário de Saúde da prefeitura de São Luís, Joel Nunes, era um ilustre desconhecido na cidade.

Pelo bom trabalho que vem realizando, depois de Eduardo Braid assumir o cargo de prefeito, vem conquistando os aplausos da população, que tem acompanhando com desusado interesse as ações postas em prática na cidade pelo incansável médico, com respeito à vacinação do povo.

UM TRIO QUE VIROU DUPLA

Até pouco tempo, três parlamentares federais do Maranhão – senador Roberto Rocha e os deputados Aluísio Mendes e Hildo Rocha – eram os queridinhos do presidente Jair Bolsonaro e dele conseguiam o que pediam.

Depois que o deputado Hildo Rocha não votou no deputado Artur Lira, candidato de Bolsonaro a presidente da Câmara Federal, caiu em desgraça no Palácio do Planalto.

 DONO DAS PREFEITURAS

Depois do anúncio dos prefeitos eleitos, o deputado Josimar do Maranhãozinho encheu a cidade de São Luís de outdoors, declarando que “era dono de mais de quarenta prefeituras no Maranhão”.

Não é por acaso que se diz aqui e alhures que o parlamentar ou pra lamentar fez fortuna à base de recursos de prefeituras.    

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A QUESTÃO URBANÍSTICA DE SÃO LUÍS

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Quando, anos atrás, eu costumava diariamente frequentar a Biblioteca Pública Benedito Leite, para pesquisar e buscar informações nos jornais de São Luís do passado, não deixava de tirar cópias xerox  (tempo em que se podia fazer esse procedimento) de  notícias, atos e fatos curiosos e interessantes, de autoridades públicas ou de personalidades da vida privada, pois sabia que um dia me serviriam de subsídio jornalístico.

Recentemente, revisitando aquela volumosa e preciosa documentação, deparo-me com uma matéria publicada na primeira página do Diário Oficial, datada de 1º de março de 1935, quando o Maranhão era governado pelo capitão Antônio Martins de Almeida e São Luís estava sob a administração do prefeito nomeado, engenheiro Antônio Bayma.

Nome da matéria: “A questão urbanística de São Luiz”, que tem tudo a ver com a atual realidade da capital maranhense, pois reporta-se a problemas tratados e vistos na recente gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior, que terminou o mandato com altos índices de popularidade pelas intervenções realizadas na cidade e que caíram no gosto da população.

Para o leitor fazer um paralelo entre as administrações de Antônio Bayma e Edvaldo Holanda, separadas no tempo por 85 anos, mas focadas na questão urbanística da capital maranhense, nada melhor do que reproduzir aquela matéria na qual os problemas da cidade se parecem e conduzidos por tratamentos quase semelhantes.

A matéria do Diário Oficial tem esse conteúdo:  “Maranhense nato e amante de sua terra, desejando o seu progresso e o seu desenvolvimento, o engenheiro de comprovado tirocínio, inteligente, culto, o dr. Antônio Bayma, muito cedo, compreendeu as faces, as coordenadas, as modalidades do grave problema urbanístico de São Luiz e lançou-se a uma obra de remodelação e reforma da velha cidade.

“Essa obra dinâmica e producente aí está aos olhos de todos, para admiração dos homens de senso e que saibam ver com justiça e equilíbrio, e para a confusão e desconcerto dos indiferentes, dos oposicionistas sistemáticos e dos maldizentes contumazes.

“Queremos com estas considerações fazer um apelo aos capitalistas e proprietários de São Luiz, no sentido de que empreguem os seus capitais em edificações ou reconstruções, modificando esse deplorável aspecto de cidade retardada, retrógrada, com que tanta gente apoda a nossa bela capital.

“A edificação de palacetes, vivendas, grandes prédios comerciais, não só contribuirá para o embelezamento da cidade como para a fortuna de seus proprietários.

“É certo que São Luiz é uma das cidades do Brasil onde o custo dos alugueis de casas atinge as mais altas proporções, constituindo fonte de renda e emprego de capital invejável.

“Precisamos varrer do alto dos telhados essa vegetação luxuriante que se ostenta em toda parte, nas ruas mais centrais da urbe.

“Devemos extinguir dos casarões seculares, as biqueiras à frente das sacadas do tempo de D. João, em que se aprazem de habitar, entre ratos, morcegos e baratas, muitas das nossas famílias abastadas.

“Estamos certos que o ilustre prefeito, no seu honesto propósito de tudo produzir pelo bem de seus jurisdicionados, não deixará de adotar medidas que visem incentivar a iniciativa privada em tal sentido.

“A isenção do imposto de qualquer natureza, sobre as novas edificações, durante determinado período, a suspensão e anulação de executivos ou quaisquer medidas fiscais sobre os prédios a serem reformados ou reconstruídos, tudo isso são providências capazes de despertar o interesse dos proprietários em melhorar as suas casa, de residência ou aluguel, pois o governador da cidade não deixará de receber sugestões presentes como um propósito delicado de colaboração de nossa parte na sua proveitosa e fecunda administração.”  

SARNEY VACINADO

Depois de mais de um ano enclausurados em sua residência, em Brasília, para não serem contaminados pelo Covid-19, o ex-presidente José Sarney e a esposa Marly, foram, afinal, vacinados.

Com essa providência, o casal Sarney está habilitado para vir a São Luís, o que se dará na primeira quinzena de março, para matar a saudades dos familiares, amigos e da terra.

PRESIDENTES DESEQUILIBRADOS

Segundo os historiadores, pela Presidência da República do Brasil, passaram quatro chefes de governo desequilibrados.

O primeiro, Delfim Moreira, vice que assumiu com a morte do eleito, Rodrigues Alves, em novembro de 1918, atacado pela gripe espanhola.

O segundo, Jânio Quadros, que renunciou em agosto de 1961.

O terceiro, Fernando Collor de Melo, expurgado do poder, via impeachement, em dezembro de 1992, pelas comprometedoras atitudes.

O quarto, encontra-se atualmente no Palácio do Planalto, fazendo o Brasil retroceder no tempo e no espaço.

INUTILIZADA ORGANIZADA

De uns tempos para cá, São Luís passou a contar na estrutura administrativa da prefeitura de uma Guarda Municipal.

Quando era prefeito da capital maranhense, Epitácio Cafeteira quis criar essa corporação, mas mudou de ideia após consultar o seu assessor de imprensa, o versátil jornalista, Amaral Raposo, que o dissuadiu com este argumento: -Trata-se de uma inutilidade organizada.

Tudo indica que Amaral Raposo tinha razão.

CANDIDATURA DE ROSEANA

Especialistas em política do Maranhão afirmam com segurança de que só há meio do MDB, nas eleições de 1923, salvar-se de um completo naufrágio.

A ex-governadora Roseana Sarney se lançar candidata a deputada federal.

Ela, além dos votos para se eleger, poderá robustecer o quociente eleitoral, dando condições ao MDB de ter maior representação na Câmara dos Deputados.

ESTOU VACINADO

Depois de tanta ansiedade e espera fui vacinado contra o Covid-19.

Tomei a primeira dose na última quinta-feira e recebi um aviso para uma segunda dose nos meados de maio.

Não posso deixar de parabenizar a gestão do prefeito Eduardo Braid, sob pena de cometer uma injustiça pelo meu silêncio, da perfeita e harmoniosa organização montada no Centro de Convenções do Sebrae, para atender aos que, como eu, são octogenários.

BLOCO DO EU SOZINHO

A bancada que faz oposição ao governador Flávio Dino na Assembleia Legislativa é formada por apenas três deputados: José Adriano, César Pires e Wellington do Curso.

Quando José Sarney governou o Maranhão, houve época em que só havia um deputado na linha de oposição ao governador: Orlando Medeiros, que liderava o Bloco do Eu Sozinho.         

RENÚNCIA DE HAICKEL

Pela nomeação para o cargo de secretário de Comunicação da Prefeitura de São Luís, o intelectual Joaquim Haickel renunciou ao posto de tesoureiro que ocupava na Academia Maranhense de Letras.                                

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CARNAVAL, MÁSCARAS, COVID

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Quem diria que cinquenta e cinco anos depois do prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, proibir o uso de máscaras nos bailes populares da cidade, elas voltassem ao noticiário das mídias e objeto de decretos de autoridades governamentais do Maranhão.  

Ainda que as máscaras, no passado e no presente, tenham sido alvos de atos oficiais, os motivos que levaram o prefeito Cafeteira e o governador Flávio Dino a se preocuparem com aqueles pedaços de tecidos pretos ou coloridos, se diferenciavam quanto aos objetivos e as repercussões.

Se Cafeteira acabou com as máscaras no carnaval a partir de 1966, em nome de uma falsa moralidade pública, Flávio Dino, proibiu as festas momescas deste ano, mas fez questão de obrigar carnavalescos e não carnavalescos a não abandonarem as máscaras, vendo nelas o instrumento seguro e importante para a população não ser contaminada pelo corona vírus.    

OS BAILES DE MÁSCARAS

Eram festas carnavalescas, de cunho populares, promovidas em casarões localizados no centro da cidade, que começavam a 31 de dezembro e terminavam no último dia do tríduo momesco.    

Nesses bailes, as mulheres usavam máscaras, que funcionavam como fetiches e não serem facilmente identificadas pelos conquistadores.

Em sua grande maioria as mulheres eram recrutadas nos bairros da cidade e pertenciam aos estratos sociais mais pobres, sem esquecer que um bom contingente provinha das classes médias e radicadas no centro urbano: solteironas, mal casadas, balzaquianas, prostitutas e até homossexuais.

As mascaradas não pagavam para entrar nos bailes. Este ônus era cobrado dos homens, que para ali se dirigiam em busca de atraí-las para encontros amorosos ou programas sexuais. 

A DEMAGOGIA DE CAFETEIRA

Nas eleições de 1965, o povo de São Luís, privado há anos de eleger o seu prefeito, nomeado pelo governador de plantão, reconquistou o direito de escolhê-lo, por iniciativa de um projeto apresentado na Câmara Federal pelo deputado Epitácio Cafeteira, que se beneficiou dessa lei para disputar e ganhar a eleição de prefeito da capital maranhense.

Mal sentou na cadeira de prefeito, Cafeteira assinou um decreto, sem tê-lo anunciado na campanha eleitoral, que proibia a realização de bailes de máscaras, sob a justificativa de “ocorrerem em ambientes que não possuem associados legalmente, razão pela qual é preciso o poder público agir em defesa dos costumes e da moralidade pública”.

O decreto de cunho demagógico e de falso moralismo, explodiu como uma bomba na cidade, causando imediata discussão e polêmica.

Em torno do assunto, a imprensa, o clero e o Movimento Familiar Cristão posicionaram-se,  obrigando o secretário de Segurança, coronel Antônio Medeiros, a assinar Portaria, avocando a competência para disciplinar as festas populares e assegurando aos promotores dos bailes o direito de realizá-las, os quais buscaram na Justiça o remédio legal para livrá-los dos gigantescos prejuízos.

A POLITIZAÇÃO DAS MÁSCARAS

Para não entrar direto na questão, o governador José Sarney autorizou o deputado Clodomir Millet e o vice-governador Antônio Dino a usarem os meios de comunicação para censurar o prefeito Cafeteira e defender a competência do secretário de Segurança para ditar as regras sobre as festas carnavalescas, ponto de vista rebatido pelo gestor da cidade, que, também, interpôs recurso na Justiça, contra a medida sob o argumento de a prefeitura ter o direito de zelar pelos costumes e fiscalizar as diversões públicas.

Com a cidade dividida quanto à  questão dos bailes de máscaras, Cafeteira, do alto de sua esperteza, contrata com recursos da prefeitura, blocos e escolas de samba para manifestarem nas ruas o descontentamento contra o ato da secretaria de Segurança e a pressionarem a Justiça para ficar do lado do prefeito, baseada numa marchinha com o seguinte refrão: “Cafeteira não quer máscara neste carnaval”, que caiu na boca do povo.   

SARNEY ENTRA NA DISPUTA

O governador José Sarney, que até então mantinha um respeitoso diálogo com Cafeteira, diante da movimentação diária e barulhenta na Avenida Pedro II, patrocinada pela prefeitura, decidiu entrar de cabeça no caso, no entendimento de que aquela fuzarca procurava jogar a opinião pública contra as autoridades estaduais.

Por isso, solicitou ao comandante do 24º Batalhão de Caçadores, coronel Alberto Braga, a abertura de inquérito policial-militar, com vistas à apuração dos atos e fatos e pedindo a sustação daquela folia, que tumultuava diariamente o centro da cidade e atrapalhava o funcionamento das repartições públicas.    

 A FOLIA VIROU CINZAS

Passaram-se os dias e a temporada carnavalesca chegou ao fim sem a conclusão do inquérito policial-militar e a Justiça em processo de procrastinação. Resultado: os bailes populares não aconteceram e a partir daquele ano as máscaras deixaram de ser um componente da tradição do carnaval maranhense, que, este ano, por decisão do governador e do prefeito de São Luís, proibiram a realização dos eventos momescos, mas exigiram, ao contrário de Cafeteira, que as máscaras não podem ser dispensadas pela população, como meio de combater o nefando Covid-19. Em tempo: por causa dos bailes de máscaras, o governador José Sarney e o prefeito Epitácio Cafeteira, que se entendiam bem, romperam pessoal e politicamente. Só voltaram a dar as mãos em 1985, por ocasião da formação da Aliança

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A FREQUÊNCIA SEXUAL EM QUESTÃO

Semanas atrás, a revista Veja publicou matéria interessante a respeito da frequência sexual das gerações inseridas nas faixas entre 18 e 24 anos.

Segundo a reportagem, os jovens de hoje “passaram a fazer menos sexo não por conservadorismo, mas porque mudaram as suas prioridades”.

Com base em estudos de especialistas, a abstinência sexual da atual juventude escora-se “no resultado de mudanças de atenção e do desejo de orientar a energia vital para outros assuntos” e se assenta em três pontos.

Primeiro, o mercado de trabalho, cada vez mais competitivo; segundo, a pandemia do novo corona vírus, com as restrições de circulação e as intermináveis quarentenas, que passaram a impedir o encontro de parceiros adequados; terceiro, a tecnologia, pelo acesso fácil a distância e a onipresença das redes sociais, que desestimulam conhecer o outro em toda a sua totalidade, preferindo se esconder na segurança da internet.    

A minha geração, na faixa compreendida entre 18 e 24 anos, não enfrentou os problemas apontados pelos estudiosos com relação aos jovens da atualidade. No nosso tempo, posso afirmar com segurança, a frequência sexual era irrefreável, rotineira e sem os temores vividos pela juventude de hoje, que se encontra envolvida pela internet e por tecnologias sofisticadas, que proporcionam apreciáveis avanços no modus vivendi da sociedade, mas, em contrapartida,  são  imprevisíveis os malefícios que podem causar à humanidade.

Nós, da geração de ontem, em matéria de sexo, enfrentávamos alguns problemas, que não se podem comparar com os vividos pelas gerações contemporâneas. As nossas preocupações desaguavam em outra realidade, que a medicina se encarregava de curar.

Refiro-me às doenças venéreas, que quando mal tratadas ou não levadas a sério do ponto de vista terapêutico, inexoravelmente repercutiam na saúde dos contaminados, deixando sequelas físicas e/ou morbidades.

Se o tratamento da crise sexual de hoje, geralmente termina nos refinados consultórios de psicólogos e psicanalistas, as enfermidades provindas de nossas  promíscuas relações sexuais, acabavam nos consultórios dos urologistas da cidade, dentre os mais conhecidos e respeitados, o médico Guilherme Macieira, sem esquecer também os enfermeiros, que recomendavam e aplicavam remédios à base de penicilina – a grande descoberta cientifica do século XX, por Alexandre Fleming, que podia ser encontrada em qualquer farmácia e comprada sem necessidade de controle especial.

Geralmente a minha geração se contaminava com  doenças venéreas de nomes nada científicos, dentre as mais conhecidas e corriqueiras, lembro da mula e do esquentamento(gonorreia), transmitidas nos cabarés da cidade, localizados na zona do meretrício, principalmente nas Ruas da Palma e 28 de julho, onde pontificavam as pensões da Maroca, Ziloca, Zilda Branca, Zilda Preta, Cleres, Mundica, Lili e tantas outras.

Além das pensões da zona do meretrício serviam também de abastecimento sexual à minha geração, as empregadas domésticas, indevidamente e depreciativamente chamadas de burrinhas ou baratas, que se prestavam à prática do sexo, em casas de tolerância e conhecidas por chatôs, até porque não existiam ainda os motéis.      

Uma época bastante farta para a minha geração praticar sexo à vontade, verificava-se na temporada carnavalesca, quando se realizavam os famosos bailes de máscaras, nos quais mulheres de todos os tipos, idades e estados civis participavam, se divertiam e tiravam o atrasado com os jovens.

DOIS EVENTOS

O engenheiro Mauro Fecury espera com ansiedade o coronavírus acabar, como resultado das aplicações das vacinas, para realizar este ano dois grandes eventos.

Primeiro, a comemoração dos trinta anos de fundação do Ceuma, no ano passado, mas por causa da epidemia, não foi festejada.

Segunda, a Festa dos Amigos, também cancelada pelo Covid-19, mas espera promovê-la no segundo sábado de dezembro deste ano, de forma dobrada.     

UMA POETA BRILHANTE

Eugênia de Azevedo Neves, que brilhou na vida jurídica, como magistrada competente e íntegra, silenciosamente, despontou na cena literária maranhense com um livro de poesia da mais alta qualidade.

Ela que traz nas veias o sangue intelectual dos antepassados – os Azevedo e os Nogueira Neves, acaba de publicar o livro Nas Fissuras do Tempo, no qual se revela uma poeta de valor incomensurável e invejável.

A obra que Eugênia deu o nome de Nas Fissuras do Tempo, não tem nada a ver com o título, pois trata-se de uma obra plena de poesia e atemporal. 

FEBRE AMARELA

O senador do Império, o brilhante Bernardo Pereira de Vasconcelos, em abril de 1850, fez um discurso no Senado para dizer que havia um terror demasiado em relação à epidemia da febre amarela.

Uma semana depois morreu atacado pela doença.

SECRETARIADO DESCONHECIDO

Grande parte do secretariado do prefeito Eduardo Braid é totalmente desconhecido da população.

São poucos os conhecidos, portanto, a população não sabe se foram nomeados para os cargos certos e são competentes para geri-los. De minha parte, só conheço cinco: José Azzoline, Simão Cirineu, Kátia Bogéa, Joaquim Haickel e Bruno Duailibe.

O resto, como dizia o saudoso Benito Neiva, é abstracionismo.

METIDO A ESQUERDISTA

O senador Werton Rocha gosta e costuma posar de político de esquerda.

Na recente eleição para a presidência do Senado, mostrou a sua face verdadeira: promoveu, às vésperas do pleito, um faustoso jantar em sua residência, em Brasília, de apoio ao candidato da direita e ainda por cima da preferência de Jair Bolsonaro.     

Vade retro, satanás.

CAFETEIRA E FLÁVIO DINO

Qual a diferença entre o ex-prefeito de

São Luís, Epitácio Cafeteira e o governador Flávio Dino?

Cafeteira acabou os bailes de máscaras no carnaval de São Luís.

Flávio suspendeu as festas de carnaval, mas quer o povo de máscaras.

PALMAS PARA O PROCURADOR

Merece os mais rasgados encômios a atitude do Procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau que mandou o seguinte recado ao prefeito Eduardo Braid.

“Prefeito, não dê licença para a realização de festas carnavalescas na cidade e pode botar a culpa em mim, pois eu posso botar a cara para bater, pois não preciso de voto, mas preciso proteger o nosso povo”.

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AS VACINAÇÕES DE 1904 E 2021

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No Brasil, em dois momentos da sua história, a vacinação da população gerou problemas sociais e políticos de gravidade.

Mesmo ocorrendo em épocas históricas distintas, um problema de saúde pública mostrou como o povo e o poder, no passado e no presente, agiram e se comportaram de modo visivelmente diferenciados.

Em 1904, o Brasil era governado pelo presidente Rodrigues Alves. Em 2021, está sob o comando do presidente Jair Bolsonaro. Entre os dois governos, passaram-se 117 anos. Em que pese a distância cronológica e o posicionamento eloquente dos dirigentes da nação, a vacinação gerou problemas na sociedade e repercussões na cena política.  

Em 1904, Rodrigues Alves providenciou uma vacina para debelar a varíola e proteger a saúde dos mais necessitados e vulneráveis, mas a população recusou-se a tomá-la.

Em 2021, o povo brasileiro queria se livrar do Covid-19, a monstruosa doença que vem causando gritante letalidade no mundo inteiro, mas irresponsavelmente o presidente Bolsonaro não se movimentou, como era sua obrigação institucional, para providenciar vacinas e livrar da morte milhares de brasileiros.  

A REVOLTA CONTRA A VACINA

Segundo o historiador Eduardo Bueno, no seu livro “Brasil Uma História” o estopim da violenta insurreição popular que eclodiu no Rio de Janeiro em novembro de 1904 foi a recusa de boa parte da população da cidade em aceitar o cumprimento da lei, aprovada pelo Congresso, que tornava obrigatória a vacina contra a varíola, lei inspirada no trabalho pessoal do jovem médico Oswaldo Cruz.

“Desconhecida no Brasil, a vacina – já testada com êxito em vários países da Europa – era encarada com desconfiança pelos brasileiros em geral e pelos cariocas em particular, por isso, tão logo as Brigadas Sanitárias passaram a entrar em todas as casas da cidade, acompanhadas por policiais, para vacinar os moradores à força, os adversários da medida começaram a chamá-las  de violadores de lares e túmulos da liberdade.

“Num comício contra a vacina, no dia 10 de novembro, um orador foi preso e a multidão partiu para o confronto com os policiais. A revolta espalhou-se como um rastilho de pólvora e os revoltosos dominaram o centro da cidade, incendiando bondes e depredando e saqueando estabelecimentos comerciais.

“No dia 14 de novembro, uma das principais – e talvez a mais reveladora – das várias faces da rebelião começou a se desvendar: a Escola Militar da Praia Vermelha decidiu unir-se ao povo e aderir ao levante. Ficou evidente que a vacina foi um pretexto para a eclosão de um movimento político-social, provocado pelas classes menos favorecidas contra a carestia, a inflação, o achatamento salarial, o aumento abusivo dos alugueis e a remodelação do centro do Rio de Janeiro, realizado pelo prefeito Pereira Passos.

2021: A LUTA PELA VACINA

 No Brasil, desde o ano de 2020, a população vem sendo atacada pelo Corona Vírus, que já matou mais de 200 mil almas. A despeito dos esforços dos profissionais de saúde, que heroicamente tentaram salvar os infectados, mas em vão, por culpa total do governo federal que não cuidou da doença com capacidade e seriedade, sendo tratada pelo presidente Bolsonaro como uma “gripezinha”, no sentido de impedir a população de se vacinar.

Desde que a maldita doença chegou ao Brasil, o chefe da Nação, com relação ao enfrentamento da pandemia, só agiu no sentido de negligenciar sistematicamente a gravidade da doença; de fomentar aglomerações, de desdenhar e de descumprir medidas preventivas determinadas por autoridades sanitárias; de boicotar a produção e obtenção de vacinas; de desacreditar as vacinas produzidas pelos países com os quais não têm simpatia política e diplomática; de não envidar esforços financeiros e logísticos para assegurar o atendimento emergencial do enfermo; de contribuir por meio de ações e omissões para o adoecimento de milhões de brasileiros.

Por conta desse desleixo e dessa irresponsabilidade, o Brasil só perde para os Estados Unidos, no tocante à morte da população.

MARANHÃO E AMAZONAS

Houve um tempo em que o Maranhão era o campeão de notícias nada boas, face aos indicadores sociais vigentes em nossa terra.

Agora, com a pandemia e a presença da crise hospitalar, causada pela falta de leitos e oxigênio, o Amazonas tomou o nosso lugar.

O VÔMITO DE TRUMP

Comentário ferino do comediante americano Seth Meyers, sobre a saída de Donald Trump do governo dos Estados Unidos.

“É como se livrar do último convidado numa festa. Você passa horas bocejando e se espreguiçando, dando indiretas para o cara ir embora e quando ele finalmente vai, é um alívio, até que você se lembra de que precisa limpar o vômito dele. E ele vomitou por todo lado”.

SÃO LUÍS E BOLSONARO

Pesquisas realizadas nas capitais brasileiras, mostraram que em São Luís a avaliação da população contra o governo do presidente Jair Bolsonaro é marcadamente acentuada.

Na mais recente sondagem, a gestão de Bolsonaro, no que diz respeito à mediocridade, subiu de 46% para 57%.

CONSELHO DE ZÉ REINALDO

Se o vice-governador Carlos Brandão tivesse acatado o conselho do ex-governador José Reinaldo Tavares, não teria se metido nessa eleição da Famem.

Motivo: se ganhasse a eleição, ela não teria nenhuma repercussão na sua candidatura à sucessão de Flávio Dino.

Se perdesse, como aconteceu, o ônus da derrota seria desastroso para as suas futuras pretensões políticas.

TROCA DE PARTIDO

Amigos e correligionários políticos do ex-prefeito Edivaldo Holanda Junior não se cansam de zoar nos seus ouvidos, se ele quiser ser candidato nas eleições majoritárias de 2022.

Trocar o PDT pelo PTB é uma providência que se faz necessária e inadiável.  

VOTOS NO ESCURINHO

Os adeptos da candidatura do prefeito Fábio Gentil a presidente da Famem, acham que ele perdeu a eleição por causa dos votos no escurinho.

Esse tipo de voto, segundo o saudoso Tancredo Neves, é o praticado pelos traidores.   

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80 ANOS DE MAURO FECURY

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Na metade dos anos 1950, quando o Maranhão era governado por Eugênio Barros e a prefeitura de São Luís sob o comando do prefeito nomeado, Eduardo Viana Pereira, uma família acreana trocou a cidade de Rio Branco pela capital maranhense.

Trata-se do casal Antônio Fecury e Araripina Alencar, ele, descendente de libaneses, ela, nascida no Ceará, que se faziam acompanhar dos filhos Dirce, Miguel e Mauro, ainda menores de idade.

Em São Luís, Antônio Fecury, com a larga experiência de comerciante, instalou vários negócios, destacando-se a compra de uma farmácia, localizada no Largo do Carmo, que mudou o nome de Fiquene para Fecury, tornando-se uma das preferidas da cidade.

Paralelamente às atividades empresariais, Antônio e Araripina voltaram também as vistas para a educação dos filhos, matriculados nos melhores estabelecimentos educacionais da capital maranhense.

O ENGENHEIRO MAURO

Mauro, o mais novo, nascido a 13 de janeiro de 1941, estava prestes a concluir o curso secundário, quando os pais o mandaram para o Rio de Janeiro, estudar engenharia civil, curso concluído em 1964, na Universidade Federal.

Formado, retorna à capital maranhense, para trabalhar profissionalmente e casar com a namorada Ana Lúcia Chaves, com a qual teve quatro filhos: Clóves, Luciana, Ana Elizabeth e Marcos, que já deram um elenco de bons netos aos avós.

MAURO E A VIDA PÚBLICA

Ambicioso e astuto, depois de algumas iniciativas profissionais em São Luís, Mauro muda-se com a família para Brasília, onde as oportunidades para crescer como engenheiro eram bem mais amplas e promissoras, pois a capital da República pontificava como um canteiro de obras.

A princípio, dedica-se à iniciativa privada e ao setor da construção civil. Nos anos 1970, faz amizade com o senador José Sarney, que o aconselha, pelo seu espírito empreendedor, a trabalhar na vida pública, onde vários profissionais maranhenses prestavam serviços ao Governo de Brasília, pilotado por Elmo Serejo,  que convida Mauro, face às referências de Sarney, para presidir a Novacap, sobressaindo-se pela competência e honestidade.      

O INGRESSO NA POLÍTICA

Com a exemplar atuação na Novacap, Mauro mostra interesse em retornar ao Maranhão, e, novamente, por interferência de Sarney, é indicado para o cargo de prefeito de São Luís, nos governos  Luíz Rocha e João Castelo. A despeito das dificuldades financeiras, impõe-se como eficiente administrador, fato que o faz ingressar com entusiasmo na militância política, no exercício da qual se elege deputado estadual, deputado federal, deputado constituinte, suplente de senador e senador.

ASSESSOR DE SARNEY

Pela atuação exemplar nos postos políticos, Mauro recebe convite do então presidente José Sarney para assessorá-lo no Palácio do Planalto.

Dessa convivência diária e fraternal, Sarney percebe que o assessor desejava voltar a São Luís e trocar o setor público pela iniciativa privada.

Sempre pensando no Maranhão, que contava com duas universidades públicas, Sarney achava que o Estado carecia de uma instituição privada de ensino superior, para suprir as necessidades nas áreas técnicas e prioritárias ao desenvolvimento.    

Com esse sentimento, viu em Mauro o homem talhado para tocar o projeto de instalar em São Luís uma estrutura universitária particular.

NASCIMENTO E CRESCIMENTO DO CEUMA

 A impetuosidade e o vigor dos cinquenta anos, fizeram o engenheiro abraçar a ideia de Sarney e de imediatamente mover ações em Brasília no sentido de criar uma instituição voltada para cursos que a Ufma e a Uema não ofereciam à juventude maranhense.

Dessa forma, nasce o Ceuma – Centro Unificado do Maranhão, no dia 9 de abril de 1990, que funcionava provisoriamente no Colégio Meng. Dois anos depois, face ao arrojo do fundador, o Ceuma passa a funcionar em sede própria e modernas instalações no Renascença, impondo-se como instituição reconhecida nacionalmente e compromissada com a qualidade do ensino, a ponto do Ministério da Educação aprovar o projeto de transformá-lo em Centro Universitário do Maranhão e posteriormente conquistar o status de Universidade Ceuma.

O UniCeuma cresceu de modo tão vertiginoso no Maranhão, que, como consequência, ampliou-se e migrou para Brasília, Belém do Pará e Teresina, cidades nas quais mantém instituições universitárias conceituadas e prestigiadas.

AMIGO DOS AMIGOS

Mauro Fecury, além das marcantes qualidades profissionais, é dotado de outras virtudes, destacando-se no cenário familiar como exemplar marido, virtuoso pai e abnegado avô.

No mundo das amizades, é uma figura humana que se caracteriza pela lealdade e fraternidade com os que privam da sua incomparável companhia.

Eu, por exemplo, conheço Mauro desde os tempos de mocidade, quando estudávamos em colégios desta cidade. Ainda que não fosse seu colega de turma, privilégio que teve o meu irmão Raimundo, no Ateneu Teixeira Mendes, o admirava por ser um esportista de primeira linha, principalmente como atleta de basquetebol.

Como fizemos o curso superior em cidades diferentes, ele, no Rio de Janeiro, eu, em São Luís, nos reencontramos ao ser indicado para administrar a capital maranhense, nos idos de 1980, convidando-me para chefiar o gabinete da prefeitura e depois comandar a secretaria de Educação, Cultura e Ação Comunitária, no exercício dos quais comprovei a sua notável capacidade de trabalho e de incontestável líder.  

Impossível esquecer daqueles tempos de prefeitura, quando nos finais de semana, ele convocava o secretariado e convidava os vereadores para visitas aos bairros, ver as necessidades e ouvir as reivindicações dos moradores. Essas visitas, pelas repercussões, ficaram conhecidas por mauratonas.  

Mauro, como amigo, é aquela pessoa do bem e difícil de ser encontrado no mundo de hoje. Está sempre pronto a ouvir e ajudar aos que dele precisam, desde que sejam confiáveis e dignos de sua franca amizade.

Dono de incomparável personalidade, não foge da luta pelas boas causas, que persegue até conquistar a vitória.   

FESTA DOS AMIGOS

Seu apego aos amigos de ontem e de hoje é de tal modo incontestável e verdadeiro, que há mais de vinte anos criou um evento, realizado no segundo sábado de dezembro, nas dependências do Ceuma, que serve de palco para confraternizações festivas, ao longo das quais os convidados participam de práticas esportivas e assistem shows com artistas locais e nacionais, que começam pela manhã e acabam nas primeiras horas da noite. Tudo por conta do anfitrião.

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