Hoje é um dia extremamente especial para mim. Por isso, em vez de escrever sobre fatos e pessoas que são ou fazem notícias, tratarei de um assunto que diz respeito à minha pessoa e à mulher com quem me juntei pelo resto da vida.
Exatamente a 18 de novembro de 1967, portanto, há 50 anos, eu e Solange, por volta das 18 horas, comparecemos, de livre e espontânea vontade, à igreja de São João, na Rua da Paz, para, em solenidade celebrada pelo saudoso monsenhor Ladislau Papp, assumirmos e firmamos o sagrado compromisso de “na tristeza e na alegria, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de nossas vidas, estarmos juntos até que a morte nos separe.”
COMO CONHECI SOLANGE
Eu, com 22 anos, decidi trocar o Rio de Janeiro, onde estudava Agronomia, que abandonei por não afinar-me com o curso, por São Luís. Aqui cheguei pensando na realização de dois projetos. O primeiro: ingressar na Faculdade de Direito, para profissionalizar-me. O segundo: empenhar-me para ser candidato a deputado estadual nas eleições proporcionais de 1962, aproveitando o fato de o meu pai, Abdala Buzar, ser o prefeito de Itapecuru-Mirim e desfrutar de marcante liderança política.
Logrei êxito nos dois projetos. Fui bem-sucedido no vestibular e na eleição, elegendo-me deputado estadual, pelo Partido Social Progressista, sendo o terceiro mais votado, graças à ajuda do meu pai e dos votos de meus conterrâneos e amigos.
Na condição de estudante do curso de Direito e de representante do povo na Assembleia Legislativa, depois de alguns namoricos inconsequentes, o destino proporcionou-me conhecer uma menina-moça, mais menina que mulher, chamada Solange Nascimento Silva, que acabara de debutar e festejar os seus 15 anos, no Grêmio Lítero Recreativo Português.
COMEÇO DO NAMORO
Numa agradável tarde de agosto de 1963, eu, de terno e gravata, como mandava o ritual parlamentar, deixava a Assembleia Legislativa, num jipe, herança da campanha eleitoral, quando avistei pela primeira vez uma linda e jovem morena, que conversava com uma colega na Rua de Santana, onde ambas moravam.
O meu destino era a minha casa, na Rua da Misericórdia, mas mudei o itinerário para olhá-la mais de perto e tentar chamar a sua atenção. Depois de muitas investidas, ela, afinal, acabou dando conta de mim e desconfiou de que eu desejava paquerá-la. Fitou-me e esboçou um sorriso encantador, deixando no ar uma possível e alentadora conversa ou aproximação.
Passei a noite pensando nela, de como aproximar-me de sua pessoa e abordá-la. Logo descobri ser aluna da Escola Normal, turno vespertino. Comecei a segui-la diariamente até que, numa calorenta tarde, trocamos algumas palavras.
Foi o bastante para o namoro vir a lume, ainda que praticado às escondidas, porque o seu pai, o vereador Mário Silva, dedicava às filhas severa vigilância. Como desejava que o namoro ganhasse mais densidade e intimidade, procurei o genitor de Solange e ao apresentar-me disse que namorava a filha, que precisava de sua autorização para frequentar a porta de sua casa, às noites, como era o ritual da época. Ele pediu tempo, pois precisava conversar com a esposa Ruth, no entendimento de a filha ser adolescente, com pouca idade para namorar um cara mais idoso e deputado estadual.
DO NAMORO AO NOIVADO
Pela conversa com Mário Silva, percebi que ele não via com bons olhos o meu namoro com Solange, pois a minha proposta nunca obteve resposta. Em vista disso, decidi correr o risco de enfrentá-lo. Com cara e coragem, comecei a frequentar a porta de sua casa, cumprindo o meu dever de namorado.
Daí por diante, o namoro intensificou-se e o amor entre nós aflorou em toda plenitude. A conquista definitiva do coração de Solange teve, também, um ganho precioso: a estima de toda a sua família.
Depois de cinco anos de namoro, tempo em que nos conhecemos bem, achamos que devíamos pensar em noivarmos, ato formalizado sem maiores problemas e realizado na presença das nossas famílias, que testemunharam com alegria o solene momento em que, por meio do noivado, selávamos o auspicioso compromisso de construirmos uma união estável e feliz.
DO NOIVADO AO CASAMENTO
A temporada de noivado foi relativamente curta. Nada mais do que o suficiente para as tratativas do matrimônio extrapolarem do sonho para o plano da realidade.
Mas como materializar essa união se a minha situação profissional não era tranquila, pois perdera o mandato de deputado cassado e ficara desempregado?
Nesse momento surge a possibilidade de, a convite de Joaquim Itapary, trabalhar na SUDEMA- Superintendência de Desenvolvimento do Maranhão, órgão criado pelo governador José Sarney.
Com os recursos advindos desse emprego e da ajuda financeira de meu pai, fiz uma poupança que me deu condições de decididamente casar com a mulher de meus sonhos, ela que me fez acreditar nas minhas potencialidades humanas, ajudou-me a superar alguns problemas pessoais e deu-me alegria, amor, felicidade e força quando esta queria faltar.
RECEPÇÃO E LUA DE MEL
O casamento aconteceu sem maiores aparatos até porque, à época, o ato nupcial não tinha o requinte e as formalidades de hoje. Após a cerimônia, os pais da noiva, Ruth e Mário Silva, em sua residência, na Rua de Santana, receberam as pessoas de nossas relações de amizade, os convidados e familiares.
Uma particularidade: a cerimônia religiosa ocorreu quase toda à luz de velas, pois houve falta de energia naquela área da cidade, que fez a igreja ficar mais aconchegante e romântica.
Foram padrinhos na cerimônia nupcial: Rita e Sálvio Dino, o médico Paulo Bogéa e esposa, Manoel Castro e esposa, Euclides Sousa Neves e esposa e Nagib Buzar e esposa.
No dia seguinte, partimos para Fortaleza, onde passamos a lua de mel, hospedados no Hotel Iracema, presente do amigo e colega de Liceu, João Alberto de Sousa, que não exercia nenhum mandato político.
A nossa primeira residência: Rua Godofredo Viana, 393, na qual passamos pouco tempo. Em seguida, nos mudamos para a Avenida Magalhães de Almeida, em pleno centro da cidade. À época, era uma via pública mais residencial do que comercial.
Para que a nossa felicidade fosse maior e completa, faltava um filho, que chegou no dia 8 de dezembro de 1975, chamado Rodrigo, a maior bênção que Deus nos concedeu, que nos dará uma neta, em janeiro do próximo ano, produto da sua parceria com a nossa querida nora, Melissa.