No ciclo de palestras que a Universidade Federal do Maranhão organizou para homenagear Josué Montello, pelo centenário do seu nascimento, a mim foi dada a tarefa de falar sobre a sua gestão à frente UFMA, na condição de reitor pró-tempore.
Cumpri tão honrosa incumbência louvando-me no Diário do Entardecer, do próprio Josué, que relata de maneira brilhante e transparente, a sua passagem pela reitoria da Universidade Federal do Maranhão, começada no dia 2 de outubro de 1972, quando recebeu um telefonema do senador José Sarney, rogando-lhe para comandar e pacificar a instituição, que passava por momentos de turbulência e descontentamento, face à tumultuada gestão do reitor Ribamar Carvalho.
No Diário do Entardecer, o escritor conta as conversas mantidas com o então ministro da Educação, Jarbas Passarinho, ao qual salientou o receio de aceitar o cargo e ser vetado pelo SNI, devido as suas ligações de fraterna amizade com o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, que o regime militar perseguia de maneira satânica.
Afastada a hipótese de veto, Josué, assume a 20 de novembro de 1972, em São Luís, o cargo de reitor. Quatro dias após a sua investidura, afloram em série problemas que vão desafiá-lo a resolvê-los, mas sem necessidade de usar as armas do autoritarismo.
O primeiro, com os formandos, que desejavam colar grau numa solenidade a céu aberto, no Estádio Nhozinho Santos. Consegue demovê-los dessa empreitada de forma diplomática. Sem traumas, os estudantes concordam realizar o ato de formatura no Ginásio Costa Rodrigues.
O segundo, ao enfrentar o arrogante comandante do 24º Batalhão de Caçadores, coronel Agostinho, ao exigir que o discurso dos formandos passasse pela censura do Quartel. Com habilidade, ele contorna a questão e a formatura ocorre sem os sobressaltos previstos.
O terceiro e o mais delicado: esvaziar o discurso do ex-reitor Ribamar Carvalho, paraninfo dos formandos, que ameaçava investir contra a gestão do novo reitor, que estaria envidando esforços para abrir inquéritos e processar o sacerdote pela prática de atos ilícitos. A catilinária do cônego não se materializa porque Josué prova que não usará na Universidade de métodos revanchistas ou porá em ação vinditas contra o antecessor.
No auge da incompatibilidade entre o novo e o antigo reitor, que gera um clima nada agradável no campus da Universidade, ocorre a repentina morte do cônego Ribamar Carvalho, vítima de um enfarte fulminante, ato que mereceu de Josué Montello este comentário no seu Diário do Entardecer: “E o responsável teria sido eu, se tivesse assumido uma posição de hostilidade a ele, inclusive mudando a diretora da Biblioteca Central.”
Nas proximidades de completar a sua missão na reitoria da UFMA, Josué registra: “Paguei dívidas, assegurei a ordem e a disciplina, descentralizei a administração, e já começo a sentir à minha volta os bons resultados na consideração de alunos e professores.” E completa: “Criei assim em meu redor uma agitação construtiva, e o certo é que ninguém me faltou com seu entusiasmo e sua colaboração, e a obra da recuperação da nova sede da Reitoria vai crescendo depressa, para que eu possa ter orgulho de dizer que nesses poucos meses de trabalho porfiado dotei minha terra natal om uma sede condigna de sua Universidade.”
Com a restauração do Palácio Cristo Rei, para sede da reitoria, Josué encerra a sua gestão pró-tempore, em solenidade que conta com a presença do Presidente da República, do ministro da Educação e dos membros da Academia Brasileira de Letras, Pedro Calmon e Odilo Costa, filho.
Do seu Diário, recolho este pedaço de texto em que se despede do cargo: “Cumpri minha missão. Muito além do que me competia. Poderia permanecer aqui ao longo dos quatro anos de mandato, conforme me propôs o Ministro. Reduzi de quatro a um. Começado a 20 de novembro de 1972 e concluído a 20 de novembro de 1973. Com a Universidade saneada e pacificada. Ampliada e restituída a si mesma.”
Mas o final do reinado de Josué não foi tão feliz como ele esperava, haja vista o lamentável choque com o Conselho Universitário, convocado para votar a lista sêxtupla a ser encaminhada a Brasília, de onde o ministro da Educação escolheria o nome do professor que o substituiria na direção da UFMA.
O entrevero entre os conselheiros e o reitor chega ao domínio público, a 3 de agosto de 1972, através da coluna Roda Viva que eu assinava em O Imparcial: “Na votação da lista, o nome do professor Domingos Vieira Filho foi trocado pelo do professor Pompílio Albuquerque, ato que recebe o imediato desagrado de Josué, que inconformado com a posição contrária do Conselho, nega-se a enviar a lista a Brasília.”
Diante do impasse criado, “dias depois, os conselheiros novamente se reuniram, anularam a eleição do professor Pompílio Albuquerque, elegendo o intelectual Domingos Vieira Filho para figurar na lista sêxtupla, eleição que não aceita e por isso renuncia, ato que faz vir à tona nova crise, que só acaba com a eleição do professor Manoel Estrela a vice-reitor, a quem Josué transferiu o cargo.”
PONTE BANDEIRA TRIBUZI
Dois assíduos leitores de Roda Viva, Aparício Bandeira e Aderson Lago Filho alertaram-me para o equívoco cometido na semana passada. Ao contrário do relatado, a Ponte Bandeira Tribuzi foi inaugurada sem festa e sem pompa pelo governador João Castelo e pelo secretario de Infraestrutura, João Rodolfo, evento que não contou com a presença da comitiva do presidente da República, João Figueiredo, nem do senador José Sarney.
DOIS PRESENTÕES
Indiscutivelmente, São Luís ganhou dois magníficos presentes no dia 8 de setembro, ao completar 405 anos.
Do Governo do Estado, a recuperação do Forte de Santo Antônio, fortaleza histórica, localizado na Ponta D’areia, que deu nova alma àquele espaço físico.
No interior do Forte, a presença de um memorial sobre o seu passado e um museu repleto de réplicas de embarcações maranhenses.
Da iniciativa privada, o Grupo Fribal oferece à cidade um mural fantástico pintado pelo artista Eduardo Kobra, que usou toda a sua criatividade e genialidade, para retratar a rica cultura do Maranhão, através dos maiores expoentes da sua prosa e poesia.
EMBATE NO JUDICIÁRIO
Aproxima-se o dia da eleição da nova Mesa Diretora do Tribunal de Justiça do Maranhão: 4 de outubro.
Se o TJ seguisse a norma das eleições passadas, a presidência do Judiciário ficaria nas mãos da desembargadora Nelma Sarney.
Mas este ano, os desembargadores atropelaram a tradição do Judiciário e partiram para uma eleição disputadíssima e imprevisível entre a desembargadora Nelma e o desembargador José Joaquim Figueiredo.
Se a eleição fosse hoje eu não arriscaria quanto ao vencedor. Uma coisa é certa, o ganhador chegará à presidência com a vantagem de no máximo dois votos.
APLAUSOS FRENÉTICOS
NA noite de segunda-feira passada, britanicamente o governador Flávio Dino ingressou no salão do Espaço Renascença para proferir palestra sobre o Direito e o Desenvolvimento Social.
Ficou impressionado com duas coisas: a grande quantidade de universitários no auditório e a popularidade do professor Samuel Melo, saudado pelos estudantes de modo vibrante e frenético.
Mais impressionado ficou ao saber que Samuel é professor de Direito Tributário.
CENTENÁRIO DE NEIVA MOREIRA
Ainda sob o rescaldo das homenagens ao escritor Josué Montello, pelo seu centenário de nascimento, vem aí mais um evento em comemoração a outro ilustre maranhense.
Trata-se do ex-deputado e jornalista Neiva Moreira, que no dia 10 de outubro chegaria aos cem anos.
A Academia Maranhense de Letras, da qual Neiva Moreira foi membro, prestará homenagem ao ilustre e saudoso conterrâneo, com a reedição do livro “Neiva Moreira, o jornalista do povo”, organizado por Benedito Buzar, e de uma solenidade especial com os jornalistas Edson Vidigal, Joaquim Itapary, Nagib Jorge Neto, Benedito Buzar e Sálvio Dino, que trabalharam no Jornal do Povo.
RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS
Nesta segunda-feira, 25 de setembro, há 93 anos, o notável e culto Domingos Vieira Filho nascia em São Luís.
A Academia Maranhense de Letras não poderia prestar melhor homenagem ao saudoso professor e homem de letras do que relançar o magnífico livro de sua autoria “Breve História das Ruas e Praças de São Luís”.
A última edição da obra data de 1973. Passaram-se, portanto, 44 anos para o leitor maranhense, sobretudo as novas gerações, disponibilizar do melhor livro já produzido a respeito das ruas e praças que enfeitam esta histórica cidade, mérito que coube ao professor Vieira Filho.