No regime militar, por força do Ato Institucional nº 3, editado em 5 de fevereiro de 1966, pelo presidente Castelo Branco, as eleições de governadores estaduais deixaram de ser diretas e transformaram-se em indiretas. Significa dizer que não era mais o povo, mas os seus representantes na Assembleia Legislativa que ficaram com a prerrogativa de eleger os que iriam reger os destinos dos estados membros.
Com base nessa nova regra política, elegeram-se pelo processo indireto à chefia do Poder Executivo do Maranhão os governadores Pedro Neiva (1971-1975), Nunes Freire (1975-1979) e João Castelo (1979-1982).
Castelo, então deputado federal da Arena, chegou ao poder pelas mãos do senador José Sarney, a quem era atribuído, pela sua inquestionável liderança política no Estado, escolher e submeter ao comando do país o nome do substituto do governador Nunes Freire.
À frente do governo estadual, Castelo realizou uma administração profícua, com obras importantes. Na capital do Estado, destaque para o Italuís, destinado à captação e tratamento de água do Rio Itapecuru; o complexo esportivo, com o nome de Castelão; o Hospital Carlos Macieira, a Casa do Trabalhador; o Fórum-Tribunal de Justiça, o Centro Recreativo do IPEM; os Conjuntos Habitacionais da Cidade Operária e do Maiobão, o Programa Bom Preço e a Ponte sobre o Rio Anil (a segunda). No interior, pontificaram estações rodoviárias, estradas, ginásios esportivos, fóruns judiciários, pontes, escolas e aeroportos.
Antes de deixar o governo, em cumprimento à legislação eleitoral, que mandava desincompatibilizar-se do cargo executivo para concorrer às eleições do Senado da República, Castelo organizou um programa de inauguração de obras, ressaltando-se a Ponte sobre o Rio Anil, que batizou com o nome do poeta e economista, Bandeira Tribuzi, pelos relevantes serviços técnicos prestados ao Maranhão nos governos José Sarney, Pedro Neiva de Santana e João Castelo.
Para inaugurá-las, o governador convidou o presidente da República, general João Figueiredo, que marcou a data de 21 de setembro de 1982 para vir a São Luís. Mas um fato inesperado veio a lume: o Palácio do Planalto tomou conhecimento, através do Serviço Nacional de Informações, de que entre as obras a inaugurar figurava a Ponte sobre o Rio Anil à qual o Governo do Estado outorgou o nome do jornalista Bandeira Tribuzi.
Sem pestanejar, o SNI fez prevalecer a sua força institucional e comunica ao Palácio dos Leões que o Presidente João Figueiredo não poderia comparecer à solenidade de inauguração de uma obra em homenagem a homem que o regime militar considerava marxista assumido, de vida profissional dedicada ao Partido Comunista e punido pelo regime militar, com a perda do emprego num órgão federal – o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, com jurisdição em São Luís do Maranhão, nomeado graças ao prestígio do ex-deputado federal Neiva Moreira.
Para reverter esse quadro, Castelo entra em ação e através do senador José Sarney espera convencer o Serviço Nacional de Informação a mudar de posição em relação ao clamoroso assunto.
Sarney, em Brasília, com o seu empenho pessoal e político, faz de tudo para modificar esse cenário desagradável, procurando mostrar às autoridades federais que Tribuzi não era do Partido Comunista e que, mesmo punido pela Revolução de 1964, trabalhou no seu governo e no do governador Pedro Neiva, nos quais o seu despenho foi puramente técnico e marcado não por ideologia extremista, mas por um trabalho sério e voltado para o progresso do Maranhão.
A despeito dessas tratativas, realizadas na capital do país por Sarney, o SNI pesou mais forte e manteve o veto à presença do presidente da República nas inaugurações do governador.
Quando tudo parecia irreversível, eis que surge uma luz no fundo do túnel, com o desiderato de garantir a presença do chefe da Nação na solenidade marcada para 21 de setembro de 1982. De Brasília, para contornar o impasse, a fórmula salvadora: o Governo do Maranhão teria de suprimir da solenidade a inauguração da Ponte sobre o Rio Anil.
Como o tempo urgia e a palavra de ordem era evitar o desgaste do governador, as forças políticas que gravitavam em torno de Castelo, concordaram em retirar da programação a solenidade em homenagem ao poeta Bandeira Tribuzi.
Conquanto a ponte não tenha sido inaugurada, que se faça justiça ao governador João Castelo: ele manteve o nome do consagrado jornalista como patrono de uma obra de importância vital para a mobilidade urbana da capital maranhense.
QUALQUER SEMELHANÇA
Quando esse tal Joesley Batista abria a boca e começava a agredir a língua portuguesa, a gente não esquece de um empresário, em São Luís, que, também, costumava atropelar o nosso idioma.
Embora cometesse o mesmo pecado, no que diz respeito aos destemperos verbais, o empresário do Maranhão era bastante diferente, quanto ao aspecto moral, dessa figura abominável que capitaneava o grupo JBS.
Enquanto o nosso negociante comportava-se com retidão, trabalhava honestamente, desfrutava de bom conceito como pai de família e figura humana, o Joesley não passa de um pilantra e adepto de abomináveis maracutaias.
JOÃO DORIA VEM AÍ
O atual prefeito de São Paulo e possível candidato à presidência da República, João Doria, pode vir a São Luís em novembro.
Vem a convite do deputado estadual Wellington do Curso, que pretende apoiá-lo para suceder o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto.
Em São Luís, o prefeito paulistano deverá ser agraciado com a Medalha Nagib Haickel, conferida pela Assembleia Legislativa, e terá um encontro com o empresariado na Federação das Indústrias do Maranhão, para falar sobre o momento político e econômico do Brasil.
PROPAGANDA DE BOLSONARO
Eu fiquei sumamente impressionado com uma cena que vi no desfile da juventude em Itapecuru.
De repente, no meio da multidão, surge um grupo de jovens empunhando bandeirolas e cartazes de propaganda do deputado Jair Bolsonaro, candidato da extrema direita à Presidência da República, nas eleições do ano vindouro.
Além do susto, a preocupação de ver jovens, no interior do Maranhão, abraçando uma candidatura que poderá levar o país a um caminho sem volta para a democracia, forma de governo que, por pior que seja, é melhor do que a ditadura.
DESFILE E HOTEL
Convidado do prefeito Miguel Lauand, assisti ao desfile da juventude itapecuruense, dia 7 de setembro, em homenagem à Independência do Brasil.
Valeu a pena participar daquele maravilhoso evento cívico, vendo a mocidade de minha terra voltar às ruas da cidade, depois de alguns anos de ausência, pela inépcia e falta de brasilidade dos gestores que antecederam a Miguel na prefeitura.
Aproveitei a oportunidade para junto com Solange passar o feriadão em Itapecuru, hospedados no Green Village, construído pelo empresário Antônio Lages Barbosa, que, com o seu arrojo e inteligência, tem feito investimentos produtivos naquela cidade.
Trata-se de um empreendimento com as características de resort, que não fica a dever a qualquer hotel de sua categoria. Para quem gosta de conforto e de lazer vale a pena visitá-lo.
LULA E ZÉ REINALDO
Na recente visita a São Luís, o ex-presidente Lula da Silva notou a ausência do deputado José Reinaldo Tavares no seu palanque.
Dizem que chegou a perguntar por Zé Reinaldo ao governador Flávio Dino e sobre as suas possibilidades nas eleições de 2018 para o Senado.
Lula ainda lembrou o esforço que fez para evitar o rompimento político e pessoal do governador Zé Reinaldo com o senador José Sarney.
MAIS DESEMBARGADORES
Deve chegar, neste mês de agosto, à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, uma mensagem do presidente do Poder Judiciário do Maranhão, Cleones Cunha.
Nela, o pedido de votação para a criação de mais três cargos de desembargador, para que o Tribunal de Justiça atenda com mais eficiência e rapidez a demanda de processos que ali ingressam diariamente.
Se a proposta for aprovada, sobe de 27 para 30 a composição do Judiciário maranhense.
BONS TEMPOS
Bons tempos aqueles em que as propinas dos políticos cabiam nas cuecas. Nessa época, éramos felizes e não sabíamos.