EU E O TEATRO ARTUR AZEVEDO

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O Teatro Artur Azevedo foi inaugurado em São Luis no dia 1º de junho de 1817, com o nome de Teatro União, construído por iniciativa de Eleutério Lopes da Silva Varela e Estevam Gonçalves Braga.

Com a morte de seus construtores, o Teatro União entrou em crise. O presidente da província, Eduardo Olimpio Guimarães, incorporou-o ao patrimônio do Governo, que o reformou e o reinaugurou com o nome de Teatro São Luis, na década de 1850.

Anos depois, já no regime republicano, no governo Urbano Santos, veio nova reforma. Na abertura de suas portas, em 1921, em homenagem ao grande dramaturgo maranhense, ganhou o nome de Teatro Artur Azevedo.

Ao longo de dois séculos de vida, o nosso teatro sofreu várias reformas e esteve sob o domínio ora do governo do Estado, ora da prefeitura de São Luis, que chegou inclusive a arrendá-lo à iniciativa privada. Em todas essas fases, no seu palco aconteceram cenas pitorescas e curiosas, histórias, algumas verdadeiras, outras criadas pelo imaginário popular, em torno de pessoas que o dirigiram, de atores e cantores que ali se exibiram, de peças e shows apresentados, sem esquecer as manifestações da platéia maranhense.

Dentre os numerosos casos, que merecem registros, porque fazem parte da história daquela casa de espetáculos, participei de três.

O primeiro deu-se no governo José Sarney. O teatro vinha de passar por mais uma reforma e o governador desejava reinaugurá-lo com um bombástico espetáculo cênico: a peça bíblica “Abraão e Sara”, da autoria do padre João Mohana, com elenco à base de artistas locais e dirigida por Andros Chediak, contratado no Rio de Janeiro, com essa finalidade.

Antes da reabertura do Artur Azevedo travou-se renhida luta entre o intelectual Domingos Vieira Filho, diretor do Departamento de Cultura, e o padre João Mohana, com vistas à indicação do novo diretor do teatro. O candidato de Vieira Filho era Gerd Phuegler; o de João Mohana, este escriba. O governador ficou entre a cruz e a espada, mas optou por mim, o candidato do sacerdote.

Tão logo a minha nomeação saiu no Diário Oficial, a 7 de fevereiro de 1969, Domingos Vieira Filho, sentindo-se desprestigiado, ameaçou deixar o cargo de diretor do Departamento de Cultura e ainda ameaçou romper a antiga amizade com Sarney. Quando percebi que isso poderia acontecer, não pensei duas vezes: fui ao governador, entreguei o cargo e a paz voltou a reinar no governo.

Resumo da ópera: fui diretor do Teatro Artur Azevedo e o que menos tempo ficou no cargo.

O segundo episódio veio a lume no governo João Alberto, que me nomeou para o cargo de secretário da Cultura do Estado do Maranhão.

Ao assumir o posto, em abril de 1990, encontrei os artistas revoltados com a situação do Teatro, fechado há dois anos. A imprensa, também, cobrava a reabertura do Artur Azevedo, necessitado de reformas e que se encontrava quase todo demolido por uma empresa do Piauí, à qual obra foi entregue, sem licitação, pelo ex-governador Epitácio Cafeteira.

Diante daquele quadro de revolta, decidi fazer uma Exposição de Motivos ao governador João Alberto, solicitando autorização para a Secretaria de Transportes e Obras preparar estudos para salvar o Teatro daquela constrangedora situação.

O chefe do Executivo, sem titubear, aprovou a EM e a encaminhou ao órgão competente e ao Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Cultura, para que juntos elaborassem o projeto e providenciassem a imediata abertura da concorrência pública, vencida pela Construtora Planex.

A empresa correu contra o tempo e antes do governador João Alberto transferir o poder ao governador eleito, Edison Lobão (14 de março de 1991), o Teatro foi entregue ao público, não plenamente acabado, mas  em condições de funcionamento, sob os aplausos da comunidade artística.

O terceiro caso gerou-se em torno de uma polêmica levantada pelo então diretor do Teatro Artur Azevedo, Fernando Bicudo, que o governador Edison Lobão importou do Rio de Janeiro, para acompanhar os trabalhos de mais uma reforma imposta àquele monumento artístico.

Nas proximidades da reabertura do Teatro, Fernando Bicudo apresenta ao governador Lobão uma proposta absurdamente mirabolante. Que se voltasse aos anos de 1850, quando o nome do Teatro era São Luis. Essa mudança, se efetivada, destronaria Artur Azevedo do frontispício da nossa vetusta casa de espetáculos, que todo o país conhece e venera.

A proposta de Bicudo foi uma bomba na cidade. Todos os segmentos artísticos e intelectuais se mobilizaram para torpedeá-la, pois não viam nela sustentação histórica ou de qualquer outra natureza, que merecesse ser objeto de cogitação e levada a sério.

No momento em que a discussão ganhava corpo e ressonância, pois os meios de comunicação ajudavam a combater tão sinistra proposta, eu decidi dela participar e pra valer. Publiquei um artigo-reportagem, da minha autoria, no jornal O Estado do Maranhão, em 6 de dezembro de 1992, com este título: “Ideia Bicuda”, que o editor do Caderno Alternativo inseriu na primeira página.

Eis um dos trechos mais ácidos do artigo: “Ele (Fernando Bicudo) desejava que o governo estadual fizesse um retrocesso no tempo para devolver ao Teatro a denominação anterior, como se os maranhenses não tivessem a honra e a glória de ter Artur Azevedo como patrono. Ao contrário do que pensa Bicudo não temos qualquer interesse em exorcizar o grande dramaturgo, cuja obra tem o reconhecimento de todo o país.”

A matéria jornalística obteve repercussão tão extraordinária, que exigiu do autor da proposta imediata explicação. Mais bicudo do que nunca, além de manifestar o desejo de encerrar o assunto, pediu desculpas ao povo maranhense pela defesa de uma causa tão inoportuna, que não pensava chegar ao ponto de levá-lo à execração da pública.

REVOLUÇÃO RUSSA

EM novembro vindouro será comemorado em todo o Planeta o primeiro centenário da Revolução Russa, deflagrada pelos bolchevistas em Moscou com a finalidade de implantar o regime comunista.

Em São Luis, a efeméride não deverá passar em branco, pois o PC do B, pelo que se comenta, se mobilizará para organizar um evento de monta e para obter repercussão internacional.

Afinal de contas, o Maranhão é o único estado da Federação brasileira, governado por um comunista católico. Graças a Deus.

DOM DELGADO E DOM BELIZÁRIO

Há quem veja semelhanças entre Dom José Belizário e o saudoso Dom José Delgado, que pontificou no Maranhão, nos idos de 1950 e 1960, como a grande figura da igreja católica. Não são semelhanças físicas, mas que se manifestam em atitudes e  ações.

Os dois prelados, embora de gerações diferentes e de épocas nada convergentes em termos espirituais e temporais, parece que rezam o mesmo catecismo, no tocante ao empreendedorismo.

São homens inteligentes, líderes e audaciosos nas iniciativas que empreendem em favor do rebanho católico.

PRIMEIRO PLANO DE GOVERNO

O governador Newton Bello foi o primeiro, no Maranhão, a contar com um Plano de Governo.

O autor dessa peça, que traçava normas e diretrizes de planejamento econômico para o nosso Estado, foi o engenheiro e economista Antônio Dias Leite, que o preparou a pedido de seu dileto amigo, Renato Archer.

Intitulado “Plano e Reivindicações do Estado do Maranhão” foi  apresentado ao Presidente da República, Jânio Quadros, na visita de trabalho a São Luis, em julho de 1961.

O autor do Plano, Antônio Dias Leite, faleceu na semana passada, no Rio de Janeiro, aos 94 anos.

Em tempo: com a minha prazerosa mania de guardar documentos do passado, tenho a impressão que só eu tenho, ainda no original, um exemplar desse Plano de Governo.

PREFEITO NA PRAÇA

O dia oito de abril de 2017 vai ficar na história de São Luis. Pela primeira vez o prefeito Edivaldo Holanda Junior pisou na Praça Benedito Leite, que só conhecia de passagem, para anunciar a revitalização dos jardins daquele logradouro.

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