A MORTE ANUNCIADA

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Em junho de 2008, o poeta José Chagas, com aquela propriedade de produzir crônicas maravilhosas, legou aos seus numerosos leitores um trabalho jornalístico intitulado “Da velhice e da morte”. Pela verdade nela contida, guardei-a e, de vez em quando, valho-me dela para pensar nessa questão dicotômica que todo ser humano, por mais que não queira, obriga-se a enfrentá-la, pois faz parte do ciclo da vida.

A questão abordada por Chagas, em torno da qual fez considerações sensatas, ganha relevância pelos avanços da ciência, que a despeito de seu progresso contínuo, ainda não indicou caminhos e nem descobriu fórmulas capazes de a gente não envelhecer ou livrar-se da inexorabilidade da morte.

Extraio do fantástico texto do cronista e poeta, este lúcido trecho: “Morrer ou envelhecer, eis o que para alguns é hoje uma das mais graves questões. E o diabo é que não se quer morrer, nem ficar velho. De modo que esse negócio de continuar vivendo, leva, assim, o indivíduo a ter de enfrentar uma sinuca de bico…de que a velhice é mais temível de que a morte.”

Enquanto o leitor faz reflexões sobre o que é pior ou mais cruel – a velhice ou a morte -, louvo-me em dois ilustres maranhenses, ambos com formação socialista, para mostrar como viam a morte e as sugestões para quando a vida desse sinal de definhamento.

Os maranhenses acima aludidos são o conhecido industrial, Jesus Norberto Gomes, que, com a sua competência profissional e técnica, inventou um refrigerante que até hoje deita e rola no mercado nordestino, o famoso Guaraná Jesus, conhecido como o “sonho cor de rosa das crianças”, e o intelectual Oswaldino Ribeiro Marques, crítico literário e poeta dos melhores, que viveu muitos anos em Brasília.

Antes, porém, lembro o famoso Millor Fernandes, que, no auge de sua criatividade intelectual, lapidou uma frase que espelha fielmente o sentimento do brasileiro com relação ao fim da vida. Disse ele: Se a morte é fatal por que será que todo mundo deixa o enterro para última hora?

Feito essa pequena digressão, paço a palavra àqueles saudosos conterrâneos, que deixaram para os familiares, até com alguma antecedência, recomendações para serem cumpridas à risca depois de seus derradeiros suspiros de vida. O empresário Jesus Gomes, por exemplo, falecido a 28 de abril de 1964, em São Luis, teve o cuidado de, em junho de 1958, registrar do próprio punho as seguintes instruções sobre o seu falecimento: “Não havendo inconveniente quero ficar com a roupa do momento da morte. Braços estendidos ou com as mãos abertas, uma por cima da outra sobre o peito. Envolto num lençol, com a fisionomia de fora. Caixão de valor médio, sem enfeite ou cruz. Não quero tocha, santo ou missa, luto de roupa ou outras exterioridades. Sepultura de barro e cimento, com número indicado pelo cemitério e do falecimento sem estrela ou cruz. Não comprem sepultura, aluguem por um período e abandonem. Os ossos, quando abrirem para enterrar outro, os coveiros levarão para o ossuário comum. Não havendo forno crematório não vacilem em preferir e jogar as cinzas onde parecer melhor. Não fui e não sou socialista, infelizmente, porque seria um idealista, pois como pequeno burguês, tenho defeitos, mas sou admirador sincero desse regime verdadeiramente humano,onde pode ser obtida a verdadeira democracia. Se quiserem gastar mais do que o necessário para esse funeral entreguem a quem representar o Partido Comunista,para ajudar a politização esclarecida desse regime que exterminará a miséria física e moral.”

Por sua vez, o escritor Oswaldino Marques, materialista como Jesus Gomes, procurou um cartório, em Brasília, a 31 de agosto de 1984, no qual assentou esta Declaração: “Eu, abaixo assinado, em pleno gozo de minhas faculdades mentais e como expressão de minha vontade livre e amadurecida, venho, por este documento, lavrado por próprio punho, dispor as condições que desejo serem estritamente observadas quanto aos meus últimos momentos de vida e ao subseqüente funeral.”

“Dado que não professo modalidade alguma de credo religioso, sendo, como sou materialista provado, por estar persuadido da preexistência da matéria ao espírito, bem como da ausência na ordem natural de qualquer energia ou poder transcendente – ficará interdito, por ocasião de minha morte, todo tipo de ritual religioso, incluídas preces, confissão e extrema-unção.”

“O esquife que conterá os meus restos mortais deverá primar pela simplicidade, desprovido, não só de atavios, como de signos ou símbolos de intenção piedosa ou salvadora. A cova que abrigará os meus despojos,  quero-a rasa e exibirá apenas um letreiro com o meu nome completo e as datas extremas da minha existência, sem a mínima alusão a atividades que eu tenha exercido, criadoras ou não, ou a função de qualquer sorte. A interdição alcança também ofício fúnebre de sétimo dia.”

 

LEITURA DE SARNEY

Nestes dias de descanso em São Luis, o ex-presidente José Sarney limitou-se a duas coisas.

  • Conversa com os amigos que o visitam, evitando sempre abordar assuntos políticos.
  • Ler livros editados em São Luis. Ficou encantado com “Dois Estudos Históricos”, do professor Jerônimo de Viveiros, que trata da História do Açúcar no Maranhão e de No tempo das eleições a cacete.

APOSTAS ELEITORAIS

Começou a temporada de apostas com relação às eleições de prefeito de São Luis.

O deputado Wellington do Curso, que pinta ser o fenômeno eleitoral desta eleição, está em todas as apostas.

Anotem, para conferir depois: se esse cara for bom de televisão e apresentar um discurso diferente nos programas da Justiça Eleitoral, pode surpreender e deixar Elisiane Gama e Edvaldo Holanda de pires na mão.

FENÔMENO FEMININO

Por falar em fenômeno político, anotem, também, este nome: Maura Jorge.

Depois que bateu boca com o governador Flávio Dino num palanque, na cidade de Lago da Pedra, onde é prefeita, passou a ser estrela política.

Em qualquer cidade, Maura é recebida e aplaudida como heroína, pela coragem de enfrentar o chefe do Executivo.

Há quem diga que ela pode ser candidata às eleições de 1918 ao governo do Estado.

SETENTA ANOS

O acadêmico Waldomiro Viana prepara-se para comemorar em grande estilo os seus setenta anos, que ocorrerá a 24 deste mês.

Constam da programação do aniversariante a sua posse na Academia Sambentuense de Letras e o lançamento de mais um romance de sua autoria: Maria Celeste da terra e do mar, editado pela Academia Maranhense de Letras, sob os auspícios da Lei de Incentivo Fiscal, da Secretaria da Cultura.

ACADEMIA EM ITAPECURU

Em homenagem aos 146 anos da fundação da cidade de Itapecuru-Mirirm, a Academia Maranhense de Letras se reunirá ali no dia 20 deste mês.

A Casa de Antônio Lobo, além de cumprir uma programação de visitas às entidades culturais da terra de Gomes de Sousa, será recepcionada com um almoço pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

Representações das Academias de São Bento, Arari, Brejo e Anajatuba marcarão presença no evento.

CANDIDATURA DE JOÃO PAULO

Amigos de João Paulo Maluf estão tentando convencê-lo a se candidatar à Câmara Municipal de São Luis, nas eleições deste ano.

Se ele topar a parada, uma campanha junto à juventude está sendo preparada para ser um dos vereadores eleitos e representar a mocidade na edilidade de São Luis.

Se os pais do jovem candidato, Amélia e Alim Maluf, derem sinal verde à  candidatura de João Paulo, provavelmente teremos cara nova na próxima legislatura da municipalidade.

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