ERA UMA VEZ UMA ILHA REBELDE

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São Luís não é apenas uma ilha cercada de água por todos os lados, como define a geografia. Ao longo do tempo, a capital maranhense ganhou outras definições, algumas pertinentes, como Ilha dos Azulejos, pelo exuberante acervo desse material que os portugueses nos legaram; Ilha dos Poetas, pelos extraordinários vates que se projetaram no país a partir do século XIX, a exemplo de Gonçalves Dias, Adelino Fontoura, Odorico Mendes, Catulo da Paixão Cearense, Raimundo Correia, Sousândrade, Trajano Galvão, Maranhão Sobrinho, Bandeira Tribuzi, Ferreira Gullar, José Chagas, Nauro Machado, Odilo Costa, filho e tantos outros.

Há também quem a defina como Ilha do Amor, imortalizada pelo cantor maranhense Cláudio Fontana, que numa canção em homenagem a São Luis, tentou dizer que o amor aqui cultivado é mais ardente do que o praticado em outros lugares.

Mais recentemente, quando a música caribenha aqui aportou, os afrodescendentes, embalados pelo som libidinoso das radiolas, se apoderaram do caliente ritmo e o levaram para periferia, de onde extrapolou para o meio urbano, com o nome de Ilha do Reggae.

Por ser uma cidade visceralmente oposicionista, São Luis ficou conhecida no país inteiro por Ilha Rebelde, sede do movimento popular contra a posse do governador Eugênio Barros, que segundo as Oposições Coligadas, elegera-se sustentado num esquema de fraude eleitoral montado pelas forças governistas, em conluio com o Tribunal Regional Eleitoral.

Aquele movimento popular, deflagrado em duas etapas (fevereiro-março e setembro-outubro de 1951), num total de 34 dias de paralisação das atividades públicas e privadas, fez de São Luis o principal reduto de resistência oposicionista do Estado e de repúdio ao vitorinismo.

As manifestações de rejeição ao sistema político que dominava o governo desde 1946 desaguaram na eleição do candidato José Sarney, que envergando a camisa oposicionista e beneficiando-se de uma criteriosa revisão eleitoral, fez implodir a estrutura mantenedora do PSD no poder.

Após a vitoriosa eleição de Sarney, implantaram-se mudanças substanciais no cenário político nacional e estadual. No país, resultaram no desaparecimento do multipartidarismo e no advento do bipartidarismo. No Maranhão, na junção e no acasalamento de governistas e oposicionistas em partidos sem a identidade de outrora. Com efeito, Arena e MDB, surgidos em função da nova conjuntura institucional vivida pelo país, encarregaram-se de misturar os políticos e de transformá-los em farinha do mesmo saco.

Resultado desse imbróglio: o eleitorado de São Luis perde o rumo, desnorteia-se e muda de comportamento diante da situação que obrigava os políticos à convivência de serem ou não governistas. Não é por outro motivo que a Ilha, que ostentava galhardamente a marca da rebeldia política, fica apática e desinteressada com as eleições realizadas após a vigência do bipartidarismo. Se hoje vota, não é para protestar ou para mudar quem está no poder, mas apenas cumprir o dever de cidadão.

Aquela rebeldia política, que fez a cidade ser cantada em verso e prosa, gradativamente sumiu, virou pó e deixou o nosso eleitor surdo e cego ao clamor que o povo brasileiro manifesta contra o PT, Lula e Dilma, por meio dos panelaços, vistos pelas telas das televisões em todas as cidades do país, menos em São Luis do Maranhão.

CHORO PALACIANO

O Palácio dos Leões já foi palco de noivado, casamento, batizado, e aniversário de filhos de governadores.

Este ano, um evento inédito ali acontecerá: o nascimento do filho de um chefe do Executivo do Estado.

David, filho de e Daniele e Flávio Dino, virá ao mundo brevemente e será a primeira criança a chorar naquele palácio.

MELHORES PREFEITOS

Na época em que José Sarney governou o Maranhão, uma safra de bons prefeitos despontou no universo político estadual.

O exemplar desempenho de Sarney à frente do Poder Executivo estimulou o aparecimento de bons gestores municipais, que realizaram administrações que não decepcionaram o eleitorado que os elegeu.

Naquele tempo de bons fluídos políticos e administrativos, os prefeitos de Pedreiras, Josélio Carvalho Branco, Codó, Renê Bayma, Caxias, Aluísio Lobo, Coroatá, Vitor Trovão, José Aragão, Rosário, Sinduca Branco, Vitorino Freire, José Antônio Haickel, Pindaré, e Pontes de Aguiar, Chapadinha, notabilizaram-se pelas ações executadas em suas cidades e que até hoje são lembradas.

Será que hoje há pelo menos um prefeito que possa se nivelar, política e administrativamente, com os acima citados? Tenho minhas dúvidas.

SHOW DE LUIS PHELIPE

No recente Encontro Brasileiro de Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial, realizado em São Luis, quem brilhou não foi nenhuma autoridade nacional, estadual ou municipal.

Os aplausos que ecoaram naquele evento foram direcionados para o arquiteto Luis Phelipe Andrés, que deitou e rolou sobre um assunto que domina como poucos: preservação do patrimônio histórico e artístico de São Luis.

Em momentos vários, ele obrigou-se a interromper a palestra por causa das incessantes palmas vindas do auditório em sua direção.

SUCESSOR EM GESTAÇÃO

Pode ser que eu esteja enganado, mas acho que o governador Flávio Dino já começou o trabalho de preparar o seu sucessor.

Se o governador continuar dando-lhe missões importantes e nomeando-o para cargos de primeiro escalão, até onde a vista alcança, ninguém segura o jovem e competente advogado Felipe Costa Camarão.

Na vida política e administrativa do Maranhão, jamais alguém ocupou cargos de relevância em tão curto período de tempo como Felipe Camarão: começou na secretaria de Gestão e Previdência, depois migrou para a Cultura, transferiu-se em seguida para a Extraordinária de Governo e a agora está na Educação.

Nem o saudoso Luciano Moreira conseguiu tanto.

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