COSTA RODRIGUES: UM PREFEITO DE VERDADE

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A cidade de São Luis vive um momento de perplexidade com relação ao atual ocupante do cargo de prefeito. O eleito pela grande maioria do eleitorado, o jovem Edvaldo Holanda Junior, não vem correspondendo o que dele a população esperava, fato que o tem deixado em situação crítica e contribuído para a sua administração ser considerada uma das piores da capital maranhense.

Essa perplexidade avulta diante da dilemática questão de a cidade, ao longo de sua trajetória de vida, ter sido administrada ora por prefeitos eleitos, ora por gestores nomeados pelo governador do Estado.

No período republicano, ver-se-á que São Luís experimentou momentos em que se alternaram no poder do município, figuras políticas e apolíticas, nomeadas ou eleitas, algumas com realizações positivas e proveitosas, outras, porém, com desempenhos negativos e desastrosos.

Não faz parte deste artigo, até porque a relação dos que passaram pelo comando da prefeitura de São Luis é longa, citar os que se destacaram como bons ou maus gestores.

Hoje, prefiro falar apenas de um prefeito, apontado pela a opinião pública de sua época como um dos melhores que teve esta cidade, tanto que ocupou o cargo em dois momentos distintos e nomeado por governadores diferentes.

Refiro-me ao inesquecível Antônio Euzébio da Costa Rodrigues, que faria cem anos de vida nesta sexta-feira, 29 de maio, credor, portanto, da admiração e do respeito desta cidade que se orgulha de tê-lo como prefeito, pela qual lutou e se empenhou para preservar a sua configuração arquitetônica colonial, mas, também, trabalhando para ser uma urbe civilizada e digna dos que a habitam.

Antônio Costa Rodrigues nasceu em São Luis, onde estudou o primário e o ginásio. Formou-se médico pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, em 1938. No ano seguinte, veio para São Luis, sendo nomeado pelo interventor Paulo Ramos, chefe do Posto Médico da cidade de Pinheiro. Sua dedicação ao trabalho fez o interventor alçá-lo ao comando da prefeitura do município, cargo que exerceu até 1945, no fim do Estado Novo.

Entusiasmado com a atividade política, o médico Costa Rodrigues ingressou no Partido Proletário Brasileiro, a convite de Vitorino Freire, que, como chefe governista, alugou para abrigar os correligionários políticos, que disputariam as eleições majoritárias e proporcionais, as primeiras realizadas no Maranhão, pós-ditadura.

Pelo PPB e impulsionado pela população de Pinheiro, que gostara do seu desempenho administrativo, candidatou-se a deputado estadual nas eleições de janeiro de 1947. Eleito, participou ativamente dos trabalhos da Assembleia Constituinte do Estado do Maranhão.

Seu prestígio de bom médico e de eficiente administrador levou o governador Sebastião Archer da Silva a nomeá-lo secretário de uma pasta que cuidava simultaneamente da Educação e da Saúde Pública.

Em agosto de 1948, Costa Rodrigues é convocado pelo governador para ocupar outro cargo importante: o de prefeito de São Luís. Em dois anos de administração, realizou obras importantes na cidade, destacando-se a ampla reforma da Avenida Pedro II, na qual foi instalada uma fonte luminosa e construído um viaduto para dar acesso à Avenida Beira-mar. Também o Mercado Central foi alvo de grandes melhoramentos, sendo literalmente higienizado. O asfaltamento da estrada do Olho d’Água, a ampliação do Serviço de Limpeza Pública e o calçamento de várias ruas da cidade foram ações marcantes e que deram ao prefeito conceito, prestígio e popularidade.

Por conta de tudo isso, nas eleições de outubro de 1950, concorreu à Câmara dos Deputados pelo PST-Partido Social Trabalhista, fundado pelo senador Vitorino Freire. Conseguiu boa votação, especialmente em São Luis, mas não figurou na chapa dos eleitos, devido à violenta fraude eleitoral que grassou no Maranhão e alterou profundamente o resultado das urnas.

 

Nas eleições de outubro de 1954, novamente colocou o seu nome na relação dos candidatos à Câmara dos Deputados. Elegeu-se pelo Partido Social Democrático, que o senador Vitorino reconquistara. Cumpriu o mandato até o final, após o que pensava sair espontaneamente da vida pública.

O ato não aconteceu, pois pelas mãos do governador Newton Bello, Costa Rodrigues voltou a ocupar, em abril de 1963, o cargo de prefeito de São Luis, mercê da imagem de bom gestor que não perdera. Na prefeitura, não decepcionou e construiu obras de significativo valor urbanístico e esportivo, ressaltando-se o Estádio Municipal Nhozinho Santos e o Ginásio de Esportes, no Parque Urbano Santos.

Pelo seu admirável desempenho na prefeitura, justificadamente foi lembrado para participar da sucessão do governador Newton Bello. O seu nome esteve na mesa das negociações políticas em 1965, com o propósito de salvar o PSD, que ameaçava ser implodido pela candidatura de José Sarney, das Oposições Coligadas.

Costa Rodrigues foi o nome que o governador Newton Bello encontrou para substituir o deputado Renato Archer, vetado pelo regime militar. Por causa disso, vieram à tona desentendimentos entre o governador e o senador, que romperam e sem acordo em torno de um nome de conciliação.

Para enfrentar o candidato oposicionista José Sarney, Newton Bello, em jogada de mestre e na última hora, compôs-se politicamente com o Partido Democrata Cristão, sob a direção do professor Antenor Bogéa, que concordou ser o candidato a vice-governador na chapa em que Costa Rodrigues era o candidato a governador.

A formalização desse quadro político não trouxe bom resultado àqueles  que investiram na candidatura de Costa Rodrigues e nos apoiadores de Renato Archer, inapelavelmente derrotados pelo candidato José Sarney, que se prevaleceu de três fatores para conquistar esmagadora vitória nas urnas: a divisão do vitorinismo; a lisura do pleito e sem a presença da fraude eleitoral, expurgada pelo Tribunal Superior Eleitoral; e o desejo de mudança e de votar num candidato protagonista de uma campanha eleitoral vibrante e empolgante.

Mesmo depois da derrota para Sarney, Costa Rodrigues não encerrou a sua carreira política. Em 1986, aceitou o convite para ingressar no Partido Democrático Social, pelo qual concorreu a suplente de senador, na chapa encabeçada pelo ex-deputado José Burnett, mas derrotada no pleito.

Para tristeza dos familiares e amigos, estes, em grande número, três anos depois de disputar a última eleição, faleceu em São Luis, em 1989. De seu casamento com Elzuita Heluy Costa Rodrigues, teve quatro filhos.

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