Não resta a menor dúvida que a equipe montada pelo governador Flávio Dino para ajudá-lo a governar o Maranhão foi fincada na força da juventude.
Com base nisso, o chamado primeiro escalão do governo situa-se na faixa etária do chefe do Executivo, e induz a dizer que, da redemocratização do país, nos idos de 1945 aos dias atuais, o secretariado de Flávio Dino é o que chegou ao poder no Maranhão com mais sangue novo.
Quem tinha acima dos sessenta anos, a exemplo de José Reinaldo Tavares e Domingos Dutra, nomeados para as secretarias de Minas e Energia e de Representação do Governo em Brasília, coincidentemente, não chegaram a assumir os cargos.
Ao fazer essa opção etária, o governador imaginou que para fazer um bom governo e corresponder ao que prometera na campanha eleitoral, bastava contar com uma equipe jovem, que dotada de idealismo e disposição para a luta, ultrapassaria os obstáculos que viessem à tona.
O resultado disso está à vista de todos: o governo ingressou no seu quarto mês de mandato sem conseguir alavancar a administração e sem operar as mudanças e nem fazer alterações nos procedimentos que estrangulam a gestão pública maranhense.
O dia a dia do governo vem sobejamente mostrando que o primeiro escalão, a despeito da indômita vontade de acertar e da energia que pulsa dos poros da juventude, ainda não deu a Flávio Dino o suporte necessário para convencer a população de que algo novo chegou ao Palácio dos Leões.
A vitalidade da mocidade é importante e saudável, mas não é apenas com ela que se resolvem os problemas do governo e da sociedade. Nenhum Executivo pode prescindir de outro componente, também precioso e fundamental, para promover o bem público. Trata-se da experiência, que além de transmitir conhecimento, dispõe da prudência e do bom senso para no momento certo e adequado ditar os rumos da gestão e corrigir as possíveis distorções administrativas e políticas.
Por falar em experiência, não custa lembrar o que aconteceu no governo de José Sarney, considerado, por quem tem juízo, como o mais realizador de obras e de mudanças almejadas pela população e prometidas na campanha eleitoral de 1965.
Quem viveu aquele momento ímpar, revela que Sarney não compôs a sua equipe de governo só de jovens. Fez um secretariado mesclado, em que prontificavam figuras maduras e experientes da estirpe de Pedro Neiva, Cícero Neiva, José Murad e outros.
Naquele período turvo da vida brasileira, teve ele a feliz iniciativa de correr atrás e mobilizar os técnicos de outros estados, maranhenses ou não, a virem para cá, com a finalidade de assessorá-lo e ocuparem cargos ou funções pertinentes às suas habilitações profissionais.
Vale lembrar a primeira ação de Sarney no limiar de sua operosa administração: negociou com o governo federal a vinda de técnicos maranhenses experientes e talentosos, que trabalhavam na Sudene e fizeram parte do GTAP- Grupo Técnico de Assessoria e Planejamento, criado para dar ao governador o suporte técnico que ele não tinha.
Nessa fornada, vieram de Pernambuco os técnicos Joaquim Itapary, Mário Leal, Darson Dagoberto Duarte, Mariano Matos, José de Jesus Moraes Rego e Manoel Lopes, que se juntaram a Bandeira Tribuzi, Edmilson Duarte, Celso Lago, Nivaldo Macieira, Orlando Medeiros e outros de igual quilate técnico e moral.
Cumprida essa vitoriosa escalada, o governador, já dono da situação, partiu para uma empreitada mais arrojada: criou a Sudema – Superintendência do Desenvolvimento do Maranhão, nos moldes da Sudene, para planejar, executar e controlar os recursos destinados à instalação da infra estrutura no Estado.
Instalada a Sudema, outro renovado elenco de técnicos veio trabalhar no governo Sarney, que não exigia de ninguém atestado ideológico ou de filiação partidária. Com a ajuda de Lourenço Tavares, a secretaria de Agricultura trouxe de Belém um expressivo grupo de recém-formados em agronomia, de reconhecida competência técnica, para prestar serviços ao estado, destacando-se José Trajano, Antônio Nunes, Antônio Rosa Ribeiro, Graco Bolivar, Aziz Tajra, José Ribamar Muniz, Honorato Fernandes, Luis de França Barros, que se engajaram na construção do Maranhão Novo.
Nesse mesmo tempo, Sarney convence uma turma de engenheiros civis a trocar Fortaleza por São Luis. Aqui, são aproveitados em cargos executivos de primeiro escalão e na estrutura docente da recém- inaugurada, Escola de Engenharia, dirigida por Haroldo Tavares e Chico Batista Ferreira.
Dessa safra, pontificavam César Cals, Vicente Fialho, José Lins Albuquerque, José Reinaldo Tavares, Luis Raimundo Azevedo, Reinaldo Bandeira e Mauro Fecury, que pelas atuações exemplares no governo do Maranhão, foram posteriormente convidados a ocupar postos de destaque a nível nacional.