URBANO SANTOS E JOSÉ SARNEY

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URBANO SANTOS E JOSÉ SARNEY
BENEDITO BUZAR
Em fases históricas distintas, dois ilustres políticos do Maranhão tiveram suas vidas pontuadas pelo brilho intelectual e pela participação ativa na vida pública brasileira: Urbano Santos e José Sarney.
O primeiro, com atuação destacada nas três primeiras décadas do século XX; o segundo, a partir da metade da centúria passada, com ações marcantes no contexto político nacional.
No regime republicano, foram os únicos a ocupar cargos altos e importantes na estrutura política do país: deputado federal, senador, governador, ministro, vice e presidente do Brasil.
Ambos nasceram no interior do Estado: Urbano Santos, em Guimarães, José Sarney, em Pinheiro. Com relação à formação acadêmica, colaram grau nas Faculdades de Direito de Recife e São Luis, onde receberam lições de devotamento às letras e de culto às leis.
Antes de iniciar a carreira política, Urbano Santos foi promotor público e juiz em várias comarcas do Maranhão. Sarney, filho de promotor e magistrado, exerceu o cargo de secretário do Tribunal de Justiça.
Urbano projetou-se no Partido Republicano, pelo qual disputou vários cargos eletivos, sobressaindo-se o de vice-presidente do Brasil. Sarney era da União Democrática Nacional, mas deve ao Partido Republicano o lançamento de sua candidatura ao governo do Maranhão, em 1965.
Na Câmara Federal, Urbano Santos exerceu o mandato de deputado em quatro legislaturas, numa das quais foi vice-presidente da Casa. Sarney também despontou no Parlamento federal, elegendo-se em 1954 (suplente), 1958 e 1962.
N o Senado da República, Urbano só cumpriu um mandato: de 1906 a 1914. Sarney exerceu cinco mandatos: dois, pelo Maranhão, de 1971 a 1979 e de 1979 a 1985; e três, pelo Amapá, sendo três vezes eleito para presidi-lo.
Para o governo do Maranhão, Urbano Santos elegeu-se três vezes. Em 1898, não tomou posse, pois renunciou ao mandato para ser candidato ao Senado. Em 1913, por ser indicado à vice-presidência da República, também não assumiu. Em 31 de agosto de 1917, pela terceira vez, elegeu-se para o cargo, exercendo-o praticamente até o fim do mandato, com exceção do período de 21 de novembro de 1918 a 3 de outubro de 1919, quando ocupa o cargo de ministro do Interior e Justiça, a convite do presidente, Rodrigues Alves. Ao longo da vida pública de Sarney, não há registro de sua nomeação ao posto de ministro de Estado.
À frente do governo estadual, desempenharam com eficiência os mandatos para os quais foram eleitos e realizaram obras de repercussão, com o objetivo de alterar a fisionomia social e econômica do Maranhão.
Urbano inaugurou a Estrada de Ferro São Luís-Teresina, construiu o prédio da Escola Modelo, fez melhoramentos no Porto de São Luís, ampliou os mananciais necessários ao abastecimento de água da Capital, estruturou o serviço de profilaxia rural, instalou o instituto Osvaldo Cruz, construiu o Leprosário, reformou a Penitenciária, o Quartel da Polícia e o Teatro, que passou a ser chamado de Artur Azevedo.
Sarney inaugurou a rodovia São Luis-Teresina, o Porto do Itaqui, a Barragem do Bacanga, a Ponte do São Francisco, a Televisão Educativa, as Escolas de Alfabetização João de Barro, os Ginásios Bandeirantes, as Faculdades de Administração, Engenharia e Educação, em Caxias.
O ponto alto da carreira de ambos deu-se quando alcançaram o Poder Executivo da Nação. O filho de Guimarães foi eleito vice-presidente da República nos governos de Wenceslau Braz (1914-1918) e de Artur Bernardes (1922- 1926). No primeiro mandato, não chegou a substituir o titular; no segundo, não assumiu o cargo porque morreu na viagem de navio para o Rio de Janeiro.
O filho de Pinheiro foi também vice-presidente, na chapa da Aliança Democrática, em 1985. Com a morte do presidente eleito, Tancredo Neves, Sarney o substituiu no comando do país.
Numa questão, contudo, caminharam por estradas diferentes e tiveram comportamentos desiguais: a autonomia política de São Luís. No governo Urbano Santos, o prefeito da Capital passou a ser um delegado da confiança do governador, por ele nomeado e não mais eleito. Adotou-se essa regra para acabar com os conflitos entre os chefes do executivo estadual e municipal, que se desentendiam e criavam problemas à administração do município.
Quando José Sarney estava no comando do Estado, a cidade de São Luís, como todas as capitais brasileiras, reconquistaram a autonomia político-administrativa, fazendo com que seus gestores, nomeados pelos governadores desde os idos de 1922, voltassem a ser eleitos pelo povo.

1 comentário para "URBANO SANTOS E JOSÉ SARNEY"


  1. josafa bonfim

    Buzar, De fato existem muitas semelhanças na trajetoria publica desses dois ilustres maranhenses, contudo, a diferença entre ambos reside no fato de Urbano Santos ter feito carreira como membro nos tres poderes da Republica(judiciário, legislativo e executivo), enquanto Sarney, não atuou como magistrado no Judiciario. Consta, ainda, em registros historicos, que Urbano Santos teria sim, assumido a Presidencia da Republica (interinamente) por um periodo de 30 dias em substituição ao presidente Wenceslau Bras, quando esse se encontrava em tratamento de saude. Foram sem duvidas os dois maiores vultos da historia nacional, nascidos em solo maranhense.

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