Um dos primeiros árabes chegados a Itapecuru, no final do século XIX, estava o libanês Chafi Buzar. Deixou a sua pátria para fugir das perseguições que os turcos moviam contra os povos árabes, com vistas à consolidação do Império Otomano.
Chafi Buzar, como todo árabe, entrou no Brasil clandestinamente e à procura de um palmo de terra para se alojar, ganhar a vida e construir família. Chegou como mascate e querendo conquistar um lugar ao sol numa cidade pobre, mas que o recebeu de braços abertos.
Gostou tanto de Itapecuru, que em pouco tempo virou próspero comerciante, casou com a codoense Raimunda Saads (Sinhá), e convenceu o primo João Buzar, meu avô, que morava no Líbano, a vir para a cidade que conquistara o seu coração.
Com Sinhá, Chafi teve cinco filhos: Ribamar, Jamil, Ádma, Maria do Perpétuo (Petinha) e Raimundo Nonato, em homenagem a São Raimundo dos Mulundus.
O mais novo dos filhos, Natinho Buzar, estudou as primeiras letras em Itapecuru. Na infância já mostrava vocação para a arte musical, sendo o violão o instrumento que o fascinava. Aprendeu a manuseá-lo com Djalma Bandeira de Melo, itapecuruense como ele. Os dois passavam o dia dedilhando o instrumento de cordas. Era com Djalma e os colegas de infância, Ribamar Fiquene, José Bento Neves, Betinho Costa, José Fonseca, Jurandir Pereira e Nonato Araújo, que Natinho Buzar varava as noites itapecuruenses em longas serenatas e à cata de namoradas.
Como em Itapecuru, àquele tempo, não contava com ensino ginasial, o pai mandou o filho para São Luis e o internou na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, onde ficava mais tempo dedilhando o violão do que propriamente estudando.
No começo dos anos 1950, Natinho toma uma decisão corajosa: viaja para o Rio de Janeiro, com o objetivo de dar continuidade aos estudos, mas pensando em trabalhar e aprimorar-se na técnica musical, tendo o violão como companheiro inseparável.
Obstinado e determinado, deixa de lado o Raimundo e o Natinho e vira Nonato Buzar, nome com o qual, pelo seu brilhantismo na manipulação das cordas do violão, chama a atenção dos músicos que trabalhavam nas noites cariocas.
Por conta disso, recebe convite para tocar em boates e barzinhos, onde acompanhava os cantores que ali se apresentavam. Torna-se conhecido, sobretudo, porque também compunha e cantava, embora sua voz não tivesse grande extensão vocal.
Suas produções musicais chegam ao conhecimento de Carlos Imperial, um dos reis da noite carioca e com ele faz parceria e cria o movimento conhecido por Pilantragem, que durante algum tempo dominou o cenário musical do país e revelou um cantor que foi sucesso na mídia e venda de discos: Wilson Simonal, que gravou as músicas Vesti Azul, Carango e outras, que levaram meses nas paradas.
A Pilantragem era o passaporte que Nonato precisava para se projetar nacionalmente e ingressar no mundo da discografia e da produção musical. Gravadoras conceituadas, como a RCA Vitor e a Polygram, o contratam para a edição de discos de cantores renomados e que faziam enorme sucesso nas emissoras de rádio e televisão.
Sua projeção foi de tal modo retumbante que entrou na mira da TV Globo, que o contratou para ser diretor musical de telenovelas, duas das quais – Verão Vermelho e Irmãos Coragem alcançaram espetacular sucesso como temas de abertura dos folhetins.
No auge do sucesso e da popularidade, gravou vários elepês, em que cantava suas próprias criações musicais. Nessa época, deu um grande salto em sua carreira de compositor e cantor: trocou o Brasil pela Europa, instalando-se Paris com o propósito de divulgar a música popular brasileira, da qual era um de seus expoentes.
Ao retornar do exterior, o cenário musical brasileiro era outro. Paga um preço alto por ficar fora muito tempo do país, onde o sucesso é efêmero e vive em função das empresas gravadoras e midiáticas. As portas já não se abrem mais facilmente como outrora, mas ele não deixa de compor e fazer shows pelo Brasil afora.
Ao longo de sua vida artística, fez parcerias com dezenas de monstros sagrados da música popular brasileira, dentre os quais João Nogueira, Rosinha de Valença, Sílvio César e Chico Anísio. Com este, no meu modo de ver, fez a sua bela criação musical: Rio Antigo, gravada maravilhosamente por Alcione.
Na pauta de suas composições, o Maranhão não era esquecido, tanto que criou canções com o nome de Olho D’Àgua, Desobriga, Sinhazinha e uma dedicada especialmente a Roseana Sarney.
De sua terra natal, Itapecuru, nunca olvidou. Todas as vezes que vinha a São Luis para compromissos artísticos, não deixava de visitá-la para rememorar os anos de infância ali vividos com os pais e os irmãos.
Os sobrinhos e primos de Nonato cumpriram o que ele sempre desejou em vida: vir do Rio de Janeiro e ser enterrado na cidade onde nasceu.
Sr. Buzar, a NET está me cobrando um débito referente ao mes 04/2014 que, ao que me parece pertence ao Sr. RAIMUNDO NONATO BUZAR, residente na Rua das Flores, Barra da Tijuca- RJ, inclusive várias pessoas ligam para o meu celular procurando por ele. Na última mensagem a NET solicita que regularize o nome junto ao SPC e SERASA. Quando eu ligo para a NET não consigo resolver nada pois não tenho os dados do Sr RAIMUNDO. Solicito a sua atenção e gentileza junto a familia para resolver esse equívoco. Meus telefones : (021) 986813001 e (021) 24259858, moro no RJ.
Grta por sua atenção.
Viviane: Nonato Buzar infelizmente faleceu em maio de 2014 e está enterrado na cidade de Itapecuru-Mirim, no Estado do Maranhão. Não tenho outras informações sobre o falecido que não sejam estas.