Um dos programas do Governo Flávio Dino que aplaudo com entusiasmo é o Nosso Centro, que estimula a criação de novos equipamentos sociais na área histórica de São Luís, com a reforma de prédios antigos e desativados, de modo a atrair novos moradores para um espaço que no passado foi o mais valorizado da cidade, mas a partir de tempos mais recentes, sobretudo após a inauguração da Ponte José Sarney, a população se deixou atrair para áreas mais novas e nobres.
Dentro do Programa Nosso Centro, para revitalizá-lo economicamente e preservá-lo histórica e culturalmente, insere-se o projeto Adote um Casarão, que disponibiliza imóveis pertencentes ao Governo do Estado, que estejam subutilizados ou vazios.
A minha empolgação com o programa do atual governo, deve-se ao fato de ser um privilegiado, pois na minha mocidade sempre residi no chamado perímetro urbano de São Luís, onde a população encontrava o que precisava para trabalhar e sobreviver.
Era nessa área da urbe ludovicense que quase toda a população da capital maranhense morava, alojada em sobrados, portas-janelas, meias e moradas inteiras, conforme as posses ou a renda familiar, bem como pontificavam as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os principais templos religiosos, os colégios públicos e privados, as casas de diversão e as destinadas às atividades artísticas, recreativas, esportivas e empresariais, fossem comerciais ou industriais, sem esquecer da renomada zona do meretrício.
Lembro ainda e com profunda emoção de quando troquei a minha terra natal por São Luís, pois em Itapecuru os estudos só chegavam até o curso primário, sendo internado em 1950 no Colégio dos Irmãos Maristas, inaugurado recentemente na Rua Osvaldo Cruz.
Depois de um ano de internato, a partir de 1951 comecei o meu périplo nesta cidade, morando em diversas casas e localizadas em ruas diferentes. Comecei na Rua dos Afogados, 220, nas proximidades da Praça João de Lisboa, onde, com a idade de 13 anos, fugia do controle de meus hospedeiros, para ver a multidão enfurecida pelos políticos oposicionistas, que, das sacadas da casa de Dona Maria Machado, falavam dia e noite contra a posse do governador Eugênio Barros.
Em 1952, em companhia de meu irmão, Raimundo, que veio também estudar em São Luís, fomos morar numa casa localizada na Rua da Viração ou Carvalho Branco, onde ficamos dois anos, após o que nos transferimos para a Rua Pespontão, de propriedade do comerciante de Itapecuru, Wady Fiquene, que havia trazido os filhos para estudar em São Luís.
Da Rua Pespontão, nos mudamos para uma casa alugada por meu pai na Rua de Santana, para abrigar todos os filhos, que também passaram a estudar em São Luís. Depois de alguns anos naquela rua, os meus avós paternos compraram uma morada inteira, na Rua Misericórdia, 61, onde toda a família se instalou até que cada um se formasse, casasse ou se mudasse para outra cidade.
Eu, por exemplo, quando casei com Solange, em novembro de 1967, continuei a residir no centro da cidade. Primeiro, na Rua Godofredo Viana, depois na Avenida Magalhães de Almeida, de onde migrei para uma casa financiada pela Caixa Econômica Federal, na Avenida Santos Dumont, no Anil.
Como passei os melhores anos da minha vida morando no centro da capital maranhense, sinto vontade de retornar àqueles tempos inolvidáveis em que a gente era feliz e não sabia.
Eu só não cometo esse audacioso gesto de morar numa casa ampla e confortável no centro da cidade por dois motivos. Primeiro, pela falta de segurança, sobretudo à noite, ocasião em que os marginais mais agem. Segundo, pela ausência de garagem nos imóveis construídos no passado, na sua totalidade sem espaços destinados à guarda de automóveis, privilégio usufruído apenas pelos dotados de posses, que os importavam do exterior, geralmente dos Estados Unidos, porque a indústria automobilística nacional só começa a produzir veículos motorizados a partir dos anos 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek.
Retornar ao centro da cidade, na minha opinião, significa reencontrar um passado glorioso, que ficou anos estagnado e mutilado pela inércia dos governos estaduais e municipais, quando não pela voracidade da especulação imobiliária.
O projeto do governador Flávio Dino, mirado na recuperação do Centro Histórico, mesmo com os problemas da segurança e das garagens, não se afasta do meu pensamento e, quem sabe, não retornarei àquele espaço urbano para passar os meus últimos anos de vida. Mas essa decisão depende de Solange, que tenho absoluta certeza de que a recusará.
A FÓRMULA TRUMP
O presidente Jair Bolsonaro é o maior admirador e seguidor do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Como Trump sabia que não seria bem-sucedido nas eleições presidenciais americanas, prematuramente, passou a atribuir fraudes à prevista e esmagadora derrota nas urnas.
Com base nessa megalomania de Trump, Bolsonaro, já antevendo um possível insucesso nas eleições de 2022, começou também a defender fervorosamente mudança no processo eleitoral brasileiro, até agora, o mais limpo e o mais correto que já tivemos.
A FÓRMULA DINO
Pelo que informam os meios de comunicação, quase todos os partidos políticos, bem como os deputados federais, estaduais e prefeitos do Maranhão, já estão comprometidos no apoio às candidaturas de Weverton Rocha ou de Josimar do Maranhãozinho.
Diante desse quadro tenebroso, eu queria saber ou adivinhar a fórmula que usará o governador Flávio Dino para reverter essa situação política e fazer o seu candidato, o vice, Carlos Brandão, vencer as eleições de 2022.
FLÁVIO CONTRA BOLSONARO
Não foram poucas as vezes que o governador Flávio Dino bateu às portas do Supremo Tribunal Federal, para se contrapor as ações danosas e propostas mirabolantes pelo presidente Jair Bolsonaro ao país.
Salvo melhor juízo, o governador maranhense não perdeu nenhuma ação, inclusive a impetrada recentemente, obrigando o Governo Federal realizar o Censo Demográfico, que deveria ser realizado em 2020, mas só acontecerá em 2022.
NÓS E COVID
Perguntei a um infectologista maranhense e meu amigo por quanto tempo seremos dependentes da vacina contra o Covid.
Resposta: – Pelo resto de nossas vidas.
UTI DO AR
Um amigo meu estava com um filho internado num dos hospitais de São Luís e infectado pelo Covid-19.
Como o jovem não melhorava e o pai tinha condições financeiras de mandá-lo para São Paulo, contratou um táxi aéreo, comumente chamado de Uti do Ar.
Custo da viagem São Luís-São Paulo, com acompanhamento médico e enfermeiro: R$ 150.000, 00.
Valeu a pena a providência paterna, pois depois de dez dias de internado num hospital paulista, o jovem já retornou são e salvo.
CIDADÃOS CLASSIFICADOS
Do escritor José Murilo de Carvalho: – No Brasil, há cidadãos de primeira, segunda e terceira classe. Os de primeira classe são os que passam por cima da lei e invariavelmente nada acontecem. Os de segunda classe, estão submetidos tanto aos rigores como os benefícios da lei. Os de terceira classe não têm direitos protegidos, porque não conseguem acesso à Justiça.
LIVRARIA FECHADA
Quando morei no Rio de Janeiro, no começo dos anos sessenta, uma das livrarias que mais frequentava era a São José, localizada no centro.
Depois de 85 anos de relevantes serviços prestados à cultura, a Livraria São José fechou as portas, deixando o Rio de Janeiro mais pobre.