Após a realização do primeiro turno das eleições de 2018, as atenções dos maranhenses se voltaram para o Tribunal Regional Eleitoral, para acompanhar o resultado das apuração, com vistas aos cargos majoritários e proporcionais.
À medida em que os boletins do TRE, relativos à votação dos candidatos chegavam ao conhecimento dos interessados, vencedores e vencidos apresentavam reações diferenciadas.
Entre os adeptos e integrantes do grupo político liderado pelo governador Flávio Dino, tudo era alegria e sorriso, porque a marcha das apurações mostrava e sinalizava a vitória de cabo a rabo dos participantes da luta.
Para os sarneístas, contudo, o clima não era o mesmo, já que as urnas se mostravam nada favoráveis aos que tentavam um cargo majoritário ou proporcional, razão pela qual se deixavam dominar pela amargura de ver, ao final da campanha eleitoral, rolar por águas abaixo o esforço de uma militância que desejava sobretudo a vitória de Roseana Sarney, mas sentia e via que as peças que sempre levavam o grupo ou o partido ao sucesso político, nestas eleições, não se encaixavam.
Primeiro, pelas idas e vindas da candidata, dotada de um forte carisma pessoal, mas sensivelmente hesitante quanto ao êxito de sua candidatura à falta de instrumentos materiais e financeiros, indispensáveis ao bom andamento de uma campanha política, que começou tardia e descompassada.
Mesmo assim e com tantos entraves, Roseana partiu para o sacrifício, contando apenas como ajuda de amigos leais e de seu forte apelo popular, responsáveis pela votação que obteve numa campanha adversa do começo ao fim, mas que ela, com garra e coragem, fez de tudo para superar, mas embalde, uma vez que o embate político se auspiciava problemático pela fadiga de tempo do grupo sarneísta no poder e porque o opositor era um candidato forte e contava com uma máquina administrativa azeitada e pronta para ser usada a serviço do Governo.
Por causa desse malogrado desfecho político, os menos avisados logo imaginaram que a derrota submetida ao grupo Sarney, há anos imbatível no Maranhão, era um fato isolado e único no país, como se apenas o eleitorado maranhense decidira insurgir-se contra uma estrutura política, que começou em 1965, quando o jovem governador José Sarney destronou do poder o vitorinismo, que desde a redemocratização do país, em 1946, detinha sob seu controle a máquina administrativa do Estado.
Ainda sob o fulgor das eleições de 2018, o que se viu em quase todos estados brasileiros foi o comparecimento do eleitorado às urnas para mostrar que não só o Maranhão sofreu uma reviravolta política, que culminou no banimento da vida pública de algumas lideranças políticas.
Também, em outra unidades federativas, o rolo compressor do eleitorado não comprometido com o passado, jogou no mar do infortúnio um elenco de senadores, ex-ministros e ex-governadores, que figuravam na cena política brasileira como atores ultrapassados.
A derrota do sarneísmo no Maranhão não foi portanto um ato isolado do resto do país. As eleições aqui ocorridas foram semelhantes às realizadas em outras partes do Brasil e jamais vistas. Não por acaso ficou marcada na história como a mais imprevisível, controversa e polarizada, desde que o país voltou a ser democratizado em 1985.
O apocalipse de uma geração política, configurada no primeiro e no segundo turno da eleição de 2018, decorreu de uma reviravolta eleitoral que aconteceu no Brasil, tendo como protagonista principal um eleitorado, que livremente votou para que os novos detentores do poder possam proporcionar ao povo condições de uma vida melhor, com mais segurança, emprego, sem corrupção e crise econômica.
OU NAS ELEIÇÕES DE 2018
No Acre, senador José Viana; em Alagoas, o ex-governador Ronaldo Lessa e o senador Benedito Lira; no Amapá, o ex-governador Capiberibe; no Amazonas, a senadora Vanessa Graziotin e os ex-governadores Alfredo Nascimento e Amazonino Mendes; na Bahia, o ex-ministro Juatahy Junior e os ex-deputados Benito Gama e José Carlos Aleluia; no Ceará, os ex-senadores Eunicio Oliveira e Inácio Arruda; em Brasília, o ex-senador Cristovão Buarque; no Espírito Santo, os senadores Magno Malta e Ricardo Ferraço; em Goiás, os ex-senadores Marconi Perilo e Lúcia Vânia; em Mato Grosso, o ex-governador Pedro Taques; em Minas, Dilma Roussef e o senador Anastásia; no Paraná, Roberto Requião e o ex-governador Richa; em Pernambuco, os ex-senadores Armando Monteiro e o ex-ministro Mendonça Filho; no Piauí, o ex-deputado Heráclito Fortes; no Rio de Janeiro, o ex-prefeito César Maia e o ex-deputado Miro Teixeira e os senadores Chico Alencar e Lindberg Farias; Rio Grande do Norte, ex-senadores João Agripino e Garibaldi Filho; Rio Grande do Sul, ex-senador José Fogaça; São Paulo, Eduardo Suplicy; Rondônia, ex-senador Waldir Raupp; Roraima, ex-senador Romero Jucá.
DIREITA, ESQUERDA E CENTRO
A partir de 1 de janeiro de 2019, o povo de São Luís vai viver uma experiência de vida singular.
Terá como Presidente da República, o capitão Jair Bolsonário, um homem da direita.
No plano estadual, terá como governador, Flávio Dino, que reza no credo da esquerda.
No que se refere à administração municipal, tem como prefeito municipal Edivaldo Holanda Junior, um cidadão do centro.
APOIO PARLAMENTAR
O Presidente da República, Jair Bolsonaro, terá no Congresso Nacional o apoio de três correntes políticas.
Dos deputados e senadores evangélicos, eleitos pelas diversas seitas existentes no Brasil.
Dos parlamentares ruralistas, que defendem os interesses do meio agrícola.
Dos políticos da bala, oriundos das casernas.
ONDA BOLSONISTA
O governador Flávio Dino, no primeiro e no segundo turno, impediu que a onda bolsonista invadisse o Maranhão.
O candidato que o governador apoiava para Presidente da República, Fernando Hadad, nos dois turnos, teve votações que deixaram Bolsonário longe.
Nem mesmo em São Luís, onde o eleitorado fez muita movimentação de rua, Bolsonário não conseguiu suplantar a votação de Hadad.
TRANSMISSÃO DE GOVERNO
Uma pergunta que não quer calar: se Roseana Sarney fosse eleita governadora do Estado, o governador Flávio Dino teria coragem de pessoalmente lhe transmitir a faixa governamental
Se o ato acontecesse, pela segunda vez, veríamos a repetição dessa cena no Maranhão.
A primeira vez, quem protagonizou esse espetáculo nada civilizado, foi o governador Newton de Barros Belo, esquivando-se de passar o cargo para o eleito, José Sarney.
SENADO E ASSEMBLEIA
Os candidatos maranhenses que não se elegeram para o Senado da República ou para a Assembleia Legislativa, estão sendo convidados a comparecer ao Senado da Praça e à Assembleia de Deus.
Há vagas em abundância e que precisam ser preenchidas.
SURPRESAS NAS ELEIÇÕES
Concordo plenamente com os que dizem que as eleições de 2018 foram atípicas e as mais surpreendentes do Maranhão.
No ranking dos candidatos à Câmara Federal, João Marcelo, Hildo Rocha e Juscelino Resende eram considerados bem cotados e seguramente eleitos.
Quando as urnas abriram o que se viu foi temor estampado na face dos três candidatos, que, de favoritos, quase viram azarões.
AMIGO QUERIDO
Perdi esta semana um grande e querido amigo: João Bouéres.
O conheci trabalhando no antigo BDM, na década de 1960. Gostava de duas coisas: ouvir música de boa qualidade e de viajar pelo mundo. Vou sentir saudades dele, principalmente nas viagens internacionais.