SOUSA BISPO: O INTELECTUAL QUE VEIO A PÉS DO RIO DE JANEIRO A SÃO LUIS

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Cândido Pereira de Sousa Bispo, veio ao mundo a 3 de outubro de 1896 em Grajaú e faleceu em São Luís a 15 de julho de 1950. De família pobre, conseguiu se formar em Direito e firmar-se na vida como renomado advogado, professor, jornalista, membro da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

No dia 29 de novembro de 1922, com 26 anos, decidiu realizar uma inacreditável proeza humana e sem motivações religiosas, interesses pecuniários ou objetivos promocionais.

Meteu na cabeça fazer uma viagem do Rio de Janeiro com destino a São Luís, usando apenas os pés, projeto que cumpriu depois de andar mais de oitocentas léguas. Ao  final da longa e proveitosa jornada de andarilho, arrebanhou informações preciosas sobre a vida do homem brasileiro, que “viu com os olhos do corpo e da alma, a terra imensa e promissora, mais rica que o homem, mais formosa que a gente que a habita e resolve com indiferença dos que desconhecem em que pisam.”

“Naquela jornada cívica de cinco lustros”, o escritor maranhense, em conferência realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, afirmou que “ autodidata que sempre fui, aprendi noções gerais de cartografia, de topografia e de geologia, e observando as camadas de terras, compreendi que não devemos estar indiferentes a tais estudos, indiferentes a tais conquistas científicas”.

E arremata: “Aqueles meses, para mim, valeram um curso de engenharia, tal o meu interesse pelas disciplinas correlacionadas à terra”.

Para chegar a São Luís, no dia 23 de julho de 1923, depois de uma penosa, mas valiosa caminhada, conheceu e se encantou com a região central do Brasil, rica e despovoada, a respeito da qual disse poeticamente: “Em noite sem luar, mas constelada, ficaria na dúvida para defini-la qual o legítimo firmamento: o céu estrelado, ou o terreno recamado de ouro e diamantes”.

Como se fosse um Juscelino Kubitscheck, profetizou para aquela região iluminado futuro: “Quando a locomotiva, condutora da fartura, atravessar o coração do país, por essa região e chegar ao norte brasileiro, então outra sorte terá a nossa pátria. O Brasil tornar-se-á rico e poderoso”.

Na sua última etapa de viagem, depois de transitar por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Piauí , ingressou em terras maranhenses e visitou várias cidades, sobre as quais registrou comentários mordazes, uns mais, outros menos, como os  seguintes: “Carolina, a mais bela, próspera e adiantada  do alto Tocantins; Riachão, o melhor clima do estado, mas um lugarejo morto por causa da politicalha; Balsas, entreposto comercial mais importante do sul maranhense e com estreita relações com as praças piauienses; Loreto, sede de extenso município, mas um lugar morto e inferior aos povoados que lhe pagam tributos, como São Felix e Mangabeira; Benedito Leite, a localidade mais influente da margem esquerda do Parnaíba; Nova York, fronteira a um lugarejo piauiense; Pastos Bons, cujo nome retrata os campos formosos do Maranhão, do Parnaíba ao Gurupi e Tocantins; Porto Franco, porto fluvial do que se serve Pastos Bons; São João dos Patos, Passagem Franca e Matões, carece de transportes modernos até para a palavra, pois nem telégrafo possuem”.

Antes de chegar à capital maranhense, fez questão de passar pelas cidades que margeavam a recém-inaugurada Estrada de Ferro São Luís-Teresina, destacando-se Caxias, Codó, Coroatá, Itapecuru-Mirim e Rosário, sobre as quais disse: “progridem ao impulso de seus filhos, arrimada à de elementos bons que lhes chegam com aptidões e desvelos”.

Dessas cidades, Coroatá e Rosário mereceram comentários especiais. Da primeira, escreveu que esperava do Governo a construção de uma estrada de ferro para ligá-la à região tocantina. Da segunda, afirmou que poderá se transformar em subúrbio de São Luís, com a conclusão da ponte Benedito Leite, sobre o canal dos Mosquitos.

Ao final da conferência, não esqueceu de dizer algumas palavras a respeito da “Ilha de São Luís, que, com excelentes mananciais de água potável, ricas terras de cultura, viçosos palmeirais, aguarda o remodelamento da capital, que o governo atual (Godofredo Viana) empreende para de tudo produzir. O Maranhão já não está de cócoras, levanta-se, ergue-se ao aceno da varinha mágica do governo que agora lhe dirige os destinos”. 

 Em tempo: o texto encimado, extraí resumidamente de uma extensa conferência proferida pelo acadêmico Souza Bispo, a 17 de novembro de 1923, na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e publicada no livro de sua autoria, “A Estrutura Geográfica do Maranhão”. 

CAMPANHA ELEITORAL FORA DE ÉPOCA

Eu acompanho as lutas políticas do Maranhão desde os anos sessenta do século passado, razão pela qual me acho em condições de opinar sobre o atual quadro político reinante em nosso estado.

Ao longo da minha vida de octogenário, jamais vi uma campanha política, com vistas à sucessão ao governo estadual, ser tão afrontosa quanto à intempestividade, ilegalidade e imoralidade como a que se processa diante de nossos olhos e ouvidos.

Pela primeira vez, assiste-se a uma deslavada campanha eleitoral, protagonizada por dois políticos militantes, que se lançaram candidatos ao cargo de governador, usando em profusão dinheiro de origem duvidosa e ao arrepio da legislação eleitoral.

Os dois candidatos, como se já tivessem suas candidaturas homologadas pela Justiça Eleitoral, realizam e promovem aberta e despudoradamente eventos políticos, comícios, passeatas, carreatas e outras ilegalidades ao arrepio da lei e das autoridades, estas, silenciosas e acomodadas diante de tantos abusos.

EVENTO NA ACADEMIA DE LETRAS

Por causa da pandemia, a Academia Maranhense de Letras passou quase dois anos sem realizar sessões solenes e presenciais.

Nesta quinta-feira,18 de novembro, a Casa de Antônio Lobo abre as suas portas para solenemente receber o mais novo acadêmico: o ministro, professor e intelectual Reynaldo Soares da Fonseca, ocupante da Cadeira 38, patroneada por Adelino Fontoura.

Nessa noite, acadêmicos e convidados, com absoluta certeza, deverão ouvir dois brilhantes e inesquecíveis discursos: o do empossado e o de quem vai saudá-lo: Alberto Tavares da Silva.

POESIA DE SARNEY

O primeiro livro de poesia de José Sarney foi escrito aos 13 anos de idade.

O livro estava datilografado e no ponto de ser publicado, mas o jovem intelectual o esqueceu num banco de um bonde que o conduzia à Praça Gonçalves Dias.

Para surpresa e alegria de Sarney, o livro com o nome de Poemas Descartados, depois de longos anos de sumiço, foi encontrado e entregue ao autor.

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

O Ministério da Educação quer criar cinco novas universidades federais, a partir do desmembramento das já existentes.

No Maranhão, deverá ser criada a Universidade da Amazônia, vinculada ou extraída da nossa Universidade Federal.

As novas universidades serão dirigidas por reitores temporários e nomeados pelo ministro da Educação.

PALESTRA EM LISBOA

Está acontecendo em Lisboa a reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Uma grande representação do Congresso Nacional participa do evento, no qual o deputado Gastão Vieira será um dos conferencistas.

Convém lembrar, que este evento foi criado no governo do Presidente José Sarney, que, em homenagem ao Maranhão, realizou em São Luís a primeira reunião da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa.   

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CARTAS HISTÓRICAS DE TANCREDO E SARNEY

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Tancredo Neves submeteu-se a uma campanha bastante exaustiva, quando concorreu às eleições indiretas à Presidência da República, tendo como companheiro de chapa, o senador José Sarney.

Na véspera da posse de ambos, a 15 de março de 1985, Tancredo Neves, que já vinha sofrendo fortes dores abdominais, foi surpreendido numa cerimônia religiosa por uma violenta crise, que o levou a ser internado às pressas no Hospital de Base, em Brasília.

Tancredo só concordou a ser internado e operado se tivesse a garantia de que o vice, José Sarney, seria empossado no cargo sem a resistência ou o veto da dos militares da chamada linha dura, que não viam o político maranhense com bons olhos, operação essa conduzida e desmontada pelo deputado Ulisses Guimarães, presidente da Câmara federal, e pelo chefe da Casa Civil do presidente João Figueiredo, Leitão de Abreu.

Como o estado de saúde de Tancredo agravou-se, teve de ser transferido a 26 de março de 1985 para São Paulo, internando-se no Hospital Sírio-Libanês.

Antes de ser removido para a capital paulista, Tancredo, teve ainda forças para no dia 23 de março, fazer uma carta a José Sarney, na qual revelava a confiança que nele depositava à frente dos destinos do País.

 Eis a carta: “A Nação está registrando o exemplo de irrepreensível correção moral que o prezado amigo transmite no exercício da Presidência da República.

“Na política, o exemplo é mais importante que o discurso. O discurso é efêmero pela sua própria natureza; o seu efeito termina com a leitura de sua divulgação por mais oportuno e eloquente que seja ele.

“O exemplo, ao contrário, contribui para a construção ética da consciência do nosso povo, que na solidariedade tem demonstrado e tem me dado forças para superar estes momentos.

“O seu exemplo, Presidente Sarney, ficará memorável em nossa história. Um cordial abraço para Marly”.

A 25 de março, José Sarney, no exercício da Presidência da República, no mesmo tom, com franqueza e carinho, encaminhou esta carta ao amigo Tancredo Neves.

“Seu generoso julgamento é motivo de grande orgulho. Melhor recompensa minha modesta vida pública não poderia ter.

“Tenho o seu exemplo de idealismo, honradez, inteligência, sofrimento e humildade para inspirar-me nestes momentos difíceis que, graças a Deus, estão passando. Espero, assim, cumprir com o meu dever.

“Eu, Marly, Roseana, minha mãe e todos da nossa casa, irmanados às famílias brasileiras, estamos orando e fazendo votos pelo seu breve restabelecimento.”

DO REAL PARA O VIRTUAL

Na minha modesta vida de jornalista, começada na metade da década de sessenta do século passado, sempre militei na imprensa gráfica, razão pela qual sou adepto fervoroso do jornal impresso.

Ao longo desse tempo, confesso, nunca admiti conviver com qualquer jornal ou livro que não fosse o produzido em papel.

Ao final da minha vida, estou vendo e com tristeza a comunicação gráfica dar os últimos suspiros e ser substituída por outro tipo de informação social, mais avançada em termos tecnológicos, em função da onipresença da internet, que chegou para ficar e ocupar o lugar de coisas que eu imaginava serem perenes e indestrutíveis como o jornal impresso em papel.

Como tenho pela internet uma absurda rejeição, não sei se serei capaz de a ela adaptar-me ou ajustar-me. Vou fazer um ingente esforço nesse sentido, tendo por lema uma antiga peça de teatro, da autoria de Antônio Bivar, com este quilométrico nome: “O começo é sempre difícil, Cordélia Brasil, vamos tentar outra vez.”

O BICHO DE MANUEL BANDEIRA

Nestes tempos de Bolsonaro, em que o povo está comendo o pão que o diabo amassou, não custa lembrar o poema “O Bicho”, do grande vate pernambucano, Manoel Bandeira.

“Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre detritos.

“Quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava: engolia com voracidade.

 “O bicho não era um cão. Não era um gato. Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem”.  

 FESTA LITERÁRIA DE ITAPECURU

Quem gosta ou aprecia a cultura, não deve perder a IV Festa Literária, que se realiza na minha cidade, promovida pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

Sem contar com recursos de vulto, a AICLA, pelo quarto ano seguido, mostra que sabe promover eventos culturais diversificados e de interesse do povo maranhense.

O ponto alto do acontecimento literário foi a presença e a palestra do escritor e professor de Sociologia da Unicamp, Mateus Gato, que recentemente lançou em São Paulo o livro Massacre dos Libertos, sobre a obra do poeta maranhense Astolfo Marques.      

FERNANDA MONTENEGRO NA ABL

Recentemente, a Academia Maranhense de Letras recebeu uma pancadaria de críticas porque elegeu o governador Flávio Dino membro da instituição, como se ele não tivesse requisitos morais e culturais para dela fazer parte.

Os que assim pensam, não sabem que a Academia Brasileira de Letras acaba de eleger a atriz Fernanda Montenegro para fazer parte da mais importante Casa da cultura nacional.

 Como é sabido, a nova acadêmica não tem livro escrito e publicado, mas merece fazer parte daquela Instituição por ser uma das mais cultas e preparadas artistas do Brasil.

QUE PAPELÃO!

Nunca, em nenhum momento da vida do nosso país, um presidente da República se comportou de modo tão vergonhoso como Jair Bolsonaro, em Roma, onde teria ido participar da cúpula do G-20.

O presidente brasileiro foi um ilustre ausente do evento, marcando a sua participação como triste e apagada.

Bolsonaro em nenhum momento se fez presente em alguma discussão sobre a questão ambiental do Brasil, limitando-se apenas em fazer turismo na Itália às custas dos recursos públicos.

UM IGNORADO GOVERNADOR

Afinal, o que veio fazer em São Luís, na semana passada, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite?

Como virtual candidato do PSDB a presidente da República, nas eleições de 2022, sua primeira visita ao Maranhão não deveria ter sido tão fugaz e apagada, mormente porque pretende disputar o mais importante cargo público do país.

Pelo visto, a presença do governador gaúcho em terras maranhenses só teve uma finalidade: saber se o vice-governador, Carlos Brandão, o apoiará na convenção do PSDB.

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