No Senado, instalou-se uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para apurar a participação ou não do presidente da República na contratação de vacinas, para livrar a população do Brasil de uma grave epidemia.
A CPI de Brasília, remete os maranhenses para a década de 1960, quando pipocou uma crise, gerada por um impensado ato do prefeito Epitácio Cafeteira, que, também, resultou na criação pela Câmara Municipal de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Diante de quadros que entre um e outro registram-se mais de cinquenta anos, uma pergunta está no ar: há algo em comum entre as ações do presidente da República, Jair Bolsonaro e as do ex-prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, mormente quando o fulcro da questão reside no uso de um artefato de tecido popularmente conhecido por máscara?
Ainda que a situação cronológica e a atuação de ambos na vida pública sejam marcadas por gritantes diferenças, não há como deixar de fazer um paralelo do que acontece hoje no Brasil e do ocorrido na capital maranhense há 55 anos.
O prefeito Epitácio Cafeteira, eleito em outubro de 1965, mal sentou na cadeira de gestor da cidade, assinou um decreto sustentado num falso moralismo, para vigorar no carnaval de 1966, que proibia o ingresso de mulheres nos salões dos bailes populares, que portassem máscaras nos rostos para não serem identificadas.
Já, o atual chefe da Nação, que sempre foi contra o uso de máscaras, pediu ao seu ministro da Saúde, “um tal de Queiroga”, um estudo circunstanciado, para servir de suporte a um decreto com o objetivo de proibir a população de usar aquele artefato de tecido, no entendimento de ser desnecessário à proteção contra a epidemia do coronavírus, moléstia que vem ceifando diariamente milhões de brasileiros.
As aversões de Cafeteira e Bolsonaro quanto ao uso de máscaras, inobstante apresentarem motivações distintas, tiveram acentuadas repercussões no plano político.
Em São Luís, o decreto municipal ecoou intensamente, levando o governador José Sarney, recentemente empossado, a autorizar o secretário de Segurança, coronel Antônio Medeiros, à publicação de uma portaria para assegurar às mulheres o direito de participar dos bailes com as máscaras, ato que fez o caso invadir a seara jurídica e provocar na Câmara Municipal, por iniciativa dos vereadores de oposição, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra o gesto de Cafeteira, que resultou numa solicitação ao governador para o Estado intervir na Prefeitura de São Luís, mas Sarney, prudente como sempre foi, esperou o caso ser resolvido na Justiça, que, sabidamente, aguardou o carnaval acabar e dar tempo para os políticos se entenderem, o que, na realidade aconteceu, depois de agressões e acusações de ambos os lados, mas, afinal, encontraram uma fórmula em que vencidos e vencedores, sem exceção, se salvaram.
Mais de meio século depois do decreto de Cafeteira, aqueles pedaços de tecidos voltaram a ser objetos de discussão política, desta feita a nível nacional, com o atual presidente da República, que, de forma irredutível e irracional, deseja assinar um decreto para obrigar o povo brasileiro a se desfazer das máscaras, estas, que estão prestando benfazejos serviços à saúde pública.
Se a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de São Luís não deu em nada, a CPI do Senado, só Bita do Barão poderá dizer o que vem por aí.
O TURISMO DA VACINAÇÃO
Por incrível que pareça, em pleno ativismo maléfico da Coronavírus no Brasil, o bumba-boi e outras manifestações folclóricas e culturais do Maranhão, deixaram de ser este ano os nossos principais produtos turísticos.
Quem vem atraindo gente de outras cidades para a nossa capital, é o processo de vacinação contra a Covid-19, que o governador Flávio Dino e o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, resolveram atacar de modo eficiente e prioridade.
CAIXÃO DE PANCADA
Por conta dessa sinistra política externa montada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo, o Brasil vem sendo depreciado ou agredido por autoridades estrangeiras.
Se até pouco tempo, o Brasil tinha a fama de não ser um país sério, agora até o Papa referiu-se aos brasileiros como cachaceiros e o presidente da Argentina descobriu que as nossas origens procedem das selvas.
A POLÍTICA DOS PNEUS
Nas últimas eleições, elegeu-se no Maranhão à Assembleia Legislativa, um empresário conhecido pela alcunha de Felipe dos Pneus.
No pleito seguinte, de caráter majoritário, o Felipe dos Pneus renunciou ao mandato parlamentar porque se elegeu prefeito de Santa Inês.
Como a alcunha de Pneus, agora é moda na política, no Rio de Janeiro, acaba de ser nomeado para comandar a Secretaria de Transportes, um cidadão conhecido por Juninho dos Pneus.
RAVE E ARRAIAL
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, recebeu o troco que merecia do governador Flávio Dino, criticado por fazer “rave da vacinação” no Maranhão.
Flávio Dino retrucou com veemência a crítica do gestor carioca, explicando que no Maranhão, no mês de junho, em vez de rave se faz é arraial, festa popular e genuinamente regional.
Para quem não sabe, rave é uma festa eletrônica, em lugar amplo e aberto e sem hora para acabar, que os cariocas, estes, sim, adoram.
FOBIA PRESIDENCIAL
Em Brasília, corre a notícia de que depois do parecer do “tal Queiroga” ministro da Saúde, destinado à extinção das máscaras no país, o próximo alvo do Presidente da República será o trânsito.
Bolsonaro, segundo se comenta, teria mandado fazer um estudo para acabar com as placas que mandam o motorista “virar à esquerda”.
AS ZPES NO MARANHÃO
Desde os tempos de José Sarney, na presidência da República, que se ouve falar na implantação das Zonas de Processamento de Exportação no Maranhão.
O projeto das ZPEs, que teve um avanço na época de Sarney, depois foi engavetado no Palácio do Planalto pelos que o sucederam, que nunca viram com bons olhos a sua instalação no Maranhão, razão pela qual nunca sairá do papel.
INTELECTUAIS E LIVROS
Intelectuais brasileiros de todos os matizes se reuniram para cada escrever sobre o livro que mudaram as suas vidas.
Eis os selecionados: Cem anos de solidão, de Garcia Marques; Em busca do tempo perdido, de Proust; O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger; O encontro marcado, de Fernando Sabino; A montanha mágica, de Thomas Mann; O segundo sexo, de Simone Beauvoir e Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado.
CANHOTEIRO
Se o grande jogador maranhense, Canhoteiro, extraordinário ponta esquerda do Brasil, se vivo fosse teria de mudar o nome pelo qual se tornou famoso aqui e alhures.
Motivo: Canhoteiro lembra esquerdista, gente que o atual Governo da República abomina visceralmente.