JAIR BOLSONARO E FLÁVIO DINO
Na História do Brasil, até antes de Jair Bolsonaro assumir a presidência da República, não há registro de qualquer ato ou fato público, capaz de perturbar o bom relacionamento entre os chefes da Nação e os governadores do Maranhão.
Entre as duas maiores figuras políticas e representativas do povo brasileiro e da sociedade maranhense, em alguns momentos da vida nacional, podem ter vindo à tona estremecimentos ou discordâncias, em função de posicionamentos e de compromissos políticos e partidários, mas nunca, como nos tempos atuais, chegaram a se estranhar ostensivamente ou de nutrirem sentimentos recíprocos e nada republicanos, semelhantes aos que ora são visíveis e repercutidos pelos meios de comunicação.
Para quem acompanha, como eu e desde a juventude, os eventos e os protagonistas da cena política brasileira e maranhense, a minha memória lembra apenas de um governador maranhense, que de livre e espontânea vontade, só marcou presença no Palácio do Planalto, ao final do mandato, assim mesmo para manter uma conversa nada amistosa com o chefe da Nação.
Trata-se de Nunes Freire, que no apagar das luzes do seu governo, encontrou-se com o presidente Ernesto Geisel, que o chamou para anunciar quem iria sucedê-lo no Palácio dos Leões, o deputado João Castelo.
Excetuando-se este caso, acontecido quando o Brasil estava sob o tacão do regime militar, só agora, na vigência da democracia, o país, de modo estarrecido, assiste o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, por motivos ideológicos, dar um tratamento nada compatível com o cargo que ocupa, a um governador de Estado, que vem exercendo o mandato de maneira correta e sem praticar atos comprometedores à sua administração.
Tem, portanto, origem ideológica, a animosidade que Jair Bolsonaro devota a Flávio Dino, pois se o presidente da República é e faz parte da direita radical e raivosa, o governador do Maranhão, desde a militância estudantil, sempre se comportou e agiu como uma figura humana e politicamente comprometida com a esquerda democrática e cristã.
Essa animosidade mostrou-se em toda plenitude depois das eleições de 1918, quando Bolsonaro concorreu às eleições presidenciais, sendo batido de forma esmagadora no Maranhão pelo candidato de Flávio e de Lula, o petista Fernando Hadad.
Dino sentiu a primeira reação maldosa de Bolsonaro à sua pessoa, numa reunião em Brasília, com os governadores do Nordeste, quando foi presenteado com uma frase altamente preconceituosa e mal construída, que obteve péssima repercussão no país ao dizer que: “Dos governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão”.
A partir dessa famigerada reunião, sempre que a oportunidade se oferece, Bolsonaro, estimulado pelos maus políticos de nossa terra, só dispensa ao governador do Maranhão ataques pessoais e agressivos à sua gestão, usando aquele estilo picaresco e de péssimo gosto.
Ao contrário do presidente da República, o governador reage, mas sem perder a compostura, seja pelos meios de comunicação, seja por ações interpostas no Supremo Tribunal Federal, onde, quase sempre é bem-sucedido juridicamente, como ocorreu recentemente no caso do Censo Demográfico e agora quando a secretaria de Saúde lavrou um Auto de Infração contra Jair Bolsonaro, pela promoção no Maranhão de aglomerações sem nenhum cuidado sanitário.
CLOROQUINA, HIDROXICLOROQUINA, AZITROMICINA E INVERMECTINA
No afã de comprometer Flávio Dino, a tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro, na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, que apura a (ir)responsabilidade do governo federal no tratamento da Covid-19, mostrou um vídeo do governante maranhense, recomendando a ingestão de alguns remédios apontados para salvar os infectados pelo coronavirus, numa época em que a vacina ainda era um sonho de uma noite de verão, quando governantes e médicos, literalmente desnorteados, procuravam desesperadamente achar medicamentos para livrarem a população da maldita pandemia, que grassava aceleradamente, contaminava sem dó e piedade a comunidade e enchia os hospitais ainda desprovidos de equipamentos e de profissionais para o atendimento dos infectados.
Ainda lembro e com tristeza daquele tempo em que a população sem lenço e sem documento, procurava as farmácias da cidade atrás de remédios para livrá-la de um vírus perverso e que chegou para ficar e matar.
Foi aí que o governador Flávio Dino, à falta da vacina e sem a perspectiva dela chegar ao Brasil com a devida urgência, pela má vontade e negligência do presidente da República, caiu em campo para indicar produtos farmacêuticos que pudessem salvar os maranhenses da terrível enfermidade, que de modo galopante matava ou deixava a população em estado de absoluta fragilidade física.
Como se fosse uma panaceia e estimulado por Jair Bolsonaro, os laboratórios que produziam remédios rotulados de cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e invermectina foram rapidamente colocados no mercado e divulgados de boca a boca como salvadores da pátria, fato comprovadamente irreal, mas vendidos às pencas e consumidos em larga escala pelos até então incautos.
Eu confesso que desesperado e com medo de ser atacado pela doença, cometi o desatino de comprar todos aqueles produtos farmacêuticos, considerados infalíveis para a proteção do vírus, mas não tive a coragem de ingerir nenhum deles.
Um amigo, convenceu-me a comprar a invermectina, como se o remédio fosse devidamente eficaz para enfrentar o coronavirus.
Comprei o produto, mas nunca o consumi. Continua na caixa e lacrado, sobretudo ao saber que o meu amigo, de tanto tomar a invermectina, chegou a ser fortemente atacado pela covirus-19, mas, felizmente, depois de longos dias de luta tenaz contra a doença, ficar livre dela.
DUELO DE TITÃS
Nesse duelo de titãs entre Jair Bolsonaro e Flávio Dino, quem tem levado vantagem é o governador maranhense, pois enquanto o chefe da Nação, na tentativa de ofendê-lo política e pessoalmente, usa o deboche, como aconteceu recentemente em Açailândia, chamando-o maliciosamente de “ditador gordinho”, este, dotado de acentuada cultura jurídica, recorre aos meios legais, para deixá-lo exposto ao julgamento do Poder Judiciário e à execração pública.
PARA RIR OU CHORAR
Do alto de sua sabedoria, o presidente da República, recentemente pronunciou uma frase que eu não sei se é para rir ou chorar: -Eu sou imorrível, imbroxável e incomível.