A PRAÇA DOS POETAS E MARIANA LUZ

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Recentemente, o Governo do Estado teve a feliz inciativa, recebida com muita alegria pelo povo maranhense, da construção na Avenida Pedro II, de um vistoso espaço público, em homenagem aos intelectuais de nossa terra.

 Trata-se da Praça dos Poetas, na qual foram colocados bustos de dez destacados escritores maranhenses: Ferreira Gullar, Catulo da Paixão Cearense, Nauro Machado, Sousândrade, Bandeira Tribuzzi, José Chagas, Gonçalves Dias, Maria Firmina, Dagmar Desterro e Lucy Teixeira, poetas brilhantes e reverenciados, pela contribuição que deram à Atenas Brasileira.

NOVAS PRAÇAS, OUTROS BUSTOS

Como o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís estão construindo outras praças na cidade, seria de bom alvitre, até porque a população gosta e aplaude projetos de natureza cultural, que nesses espaços urbanísticos fossem também homenageadas figuras maranhenses, que se encontram esquecidas e deixaram os nomes marcados, pelas valorosas obras em prosa e verso que legaram à sociedade.

Para as praças com bustos de intelectuais, nomes não faltarão para ornamentá-las, pois o Maranhão pode ser pobre quanto aos índices econômicos e sociais, mas em matéria de cultura, temos poetas e prosadores em demasia, que certamente merecem ser homenageados e evocados.

E são nomes de realce do cenário cultural maranhense. Com base em livros que tratam da Literatura Maranhense, de autores do quilate intelectual de Mário Meireles e Jomar Moraes, encontramos miríades de escritores que se projetaram no plano nacional.

NOMES EM PROFUSÃO

Escritores da qualidade literária de Estevam Rafael de Carvalho, José Candido de Moraes e Silva, Joaquim Franco de Sá, Cândido Mendes de Almeida,  Pedro Nunes Leal, Antônio Marques Rodrigues, Mariana Luz, César Augusto Marques, Luiz Antônio Vieira da Silva, Trajano Galvão, Gentil Braga, Paula Duarte, Ribeiro do Amaral, Teófilo Dias, Teixeira Mendes, Adelino Fontoura, Barbosa de Godois, Correa de Araújo, Antônio e Raimundo Lopes, Silvestre Fernandes, Clarindo Santiago, Oliveira Roma, Rubem Almeida, Manuel Sobrinho, Francisco Viveiros de Castro, Justo Jansen, Dunshee de Abranches, Tasso Fragoso, Inácio Xavier de Carvalho, Aquiles Lisboa, Astolfo Marques, Luso Torres, Maranhão Sobrinho, Alfredo de Assis, Alarico Cunha, Jerônimo de Viveiros, Vespasiano Ramos, Franklin de Oliveira, Lago Burnett, Odilo Costa Filho, João Mohana, Oswaldino Marques e tantos outros, podem ser perpetuados, pelo que fizeram em favor do  engrandecimento do Maranhão, no campo das letras e das artes.

A ESQUECIDA MARIANA LUZ

A louvada iniciativa do saudoso escritor José Nascimento de Moraes Filho, nos meados do século passado, revelou ao Brasil a romancista e poeta, Maria Firmina dos Reis, nascida em Guimarães e afro – descendente, de indiscutível valor intelectual, até então desconhecida da crítica literária nacional.  

Se outro escritor da estirpe de Nascimento de Moraes Filho, tivesse, também, levantado a bandeira para o Brasil saber que uma mulher nascida em Itapecuru, também professora e afro – descendente, batizada com o nome de Mariana Luz, escrevia poemas e sonetos da melhor qualidade intelectual, certamente que a minha conterrânea, que me ensinou as primeiras letras, estaria, como Maria Firmina, fazendo parte da galeria dos monstros sagrados da cultura brasileira.

AUSÊNCIA NA PRAÇA DOS POETAS

Eu e meus conterrâneos itapecuruenses, ficamos sobremodo decepcionados, quando vimos que o busto de Mariana Luz não marcava presença na Praça dos Poetas, ela, que deixou uma produção literária de grande monta e de renomado valor intelectual.

Em 1990, quando eu estava à frente da Secretaria da Cultura, mandei reeditar um pequeno livro de sua autoria intitulado Murmúrios, lançado na década de 1960, sob os auspícios do Centro Acadêmico Clodomir Cardoso, da Faculdade de Direito e do Orbis Clube de São Luís.

Recentemente, em função da fundação da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, que tem Mariana Luz como patrona, a acadêmica, Jucey Santana, encabeçou um movimento para o reconhecimento cultural da nossa conterrânea, por meio do livro “Vida e Obra de Mariana Luz”, em que a autora resgata passagens biográficas  da poeta e de sua rica produção literária.

MEMBRO DA AML

Nos anos finais da vida, Mariana Luz teve algumas alegrias e o reconhecimento de alguns setores da sociedade nativa, quando um grupo da Academia Maranhense de Letras a elegeu em 24 de julho de 1948, para ocupar a cadeira 32, tomando posse a 10 de maio de 1949, solenidade que contou com a presença do governador Sebastião Archer da Silva. Saudada pelo acadêmico Mário Meireles, por causa de sua carente visão, teve o seu discurso de posse lido pelo professor Mata Roma. 

Ao tomar conhecimento de que Mariana Luz era uma mulher pobre e de vida sofrida, o governador Archer da Silva fez a Assembleia Legislativa aprovar um projeto de lei, que lhe dava direito a uma remuneração mensal. Com esse mesmo desiderato, o ex-prefeito Bernardo Matos, em 1943, com a ajuda da municipalidade e de outras personalidades da cidade, construíram uma casa para a poeta, que morava desconfortavelmente num casebre de taipa.

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A luta de José Cândido pela liberdade

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Normalmente quando se especula a respeito do mais importante jornalista do Maranhão, a resposta é unânime: João Francisco Lisboa, o qual, teve como contemporâneo, outro jornalista, também defensor de ideias políticas e princípios éticos,  chamado José Cândido de Moraes e Silva, que, na verdade, não alcança a dimensão nacional de João Lisboa, mas se destaca na ati­vidade jornalística pelo talento inexcedível e pela intrepidez como lutou pela liberdade dos maranhenses, numa fase em que os portugueses teimavam em não reconhecer a Independência do Brasil.

PRIMEIROS ESTUDOS

A 21 de setembro de 1807, José Cândido nasce no Sítio Juçara, em Itapecuru-Mirim. Filho de Joaquim Esteves da Silva, farmacêutico e português, e de Maria Querubina de Morais Rego, maranhense e de família nobre.

Com 9 anos, ele e mais cinco irmãos, todos menores de idade, ficaram sem o pai. Treze anos depois, em março de 1816, a mãe, também falece.

Na condição de órfãos, foram amparados pelos amigos e parentes. José Cândido fica sob os cuidados do comendador Antônio José Meireles, negociante português, que paga os seus estudos em São Luís. Aluno aplicado e inteligente, por conta de seu protetor, foi estudar na cidade de Havres, na França, de 1918 a 1821.

O comendador Meireles, percebe ser o protegido dotado de potencial vocação para as letras, por isso manda-o estudar Medicina em Lisboa e depois na Universidade de Coimbra, onde aprende grego e matemática.

RETORNO AO MARANHÃO

Ao tempo em que estudava em Coimbra, eclodiram no Brasil as lutas pela independência do jugo lusitano. Impregnado do sentimento de liberdade, abandona os estudos em Coimbra e a 15 de julho de 1823, deixa Lisboa com destino ao Maranhão, mas ao chegar não encontra o protetor, que se mudara para o Rio de Janeiro, mas recomenda ao seu guarda livros, José Gonçalves Teixeira, para colocar José Cândido à frente do serviço escrituração mercantil.

José Gonçalves, desencadeia perseguições de toda natureza e incompatíveis com a índole e a formação cultural de José Cândido, que chegavam ao cúmulo da agressão física. Depois de áspera altercação com o guarda-livros, o jovem itapecuruense abandona o serviço, indo morar na casa do avô paterno, que o recebe de braços abertos, onde já residiam as irmãs.

A NOVA FASE DE VIDA

Em 15 de dezembro de 1823, retorna às plagas em que nascera e instala-se em Palmeira Torta, às margens do rio Itapecuru, e monta um pequeno estabelecimento para venda de produtos agrícolas.

Os negócios iam relativamente bem, mas ele não se identifica com aquele tipo de vida, inadequada para quem tinha outras ambições. Com o falecimento do avô paterno em 1825, abandona Palmeira Torta e retorna a São Luís, onde, em maio de 1926, passa a morar com as irmãs.

Aos 19 anos, para sustentar a família, abre, na própria casa, uma pequena escola, para ensinar as primeiras letras, francês e geografia, o que fazia também em residências particulares e para quem desejava seguir a carreira militar.

COLÉGIO E JORNAL

Proibido de dar aulas para os futuros militares, instala um modesto internato. Para melhorar o estabelecimento, associa-se ao amigo Manuel Pereira da Cunha. Dessa união, surge um colégio de bom padrão, bem como fundaram uma modesta tipografia.

Com os recursos provenientes dos negócios, José Cândido e as irmãs tiveram as vidas substancialmente melhoradas. O desejo de ingressar na atividade política, começa a inquietá-lo e a comprometer a profissão de professor. Resolve, então, substituir o magistério pela tribuna jornalística, para defender as causas do povo e os desmandos dos governantes.

Determinado a cumprir a missão de jornalista, não se intimida com as invectivas pessoais e morais assestadas contra a sua pessoa, monta um jornal, que, a 27 de dezembro de 1827, circula com o título de O Farol, considerado o primeiro órgão divulgador das ideias liberais no Maranhão, para combater “os excessos contra a Constituição, a liberdade, a segurança individual e a propriedade dos cidadãos brasileiros”.

PERSEGUIÇÃO

O Farol, na sua luta constante e tenaz contra a opressão e o autoritarismo, não perdoava os governantes que teimavam, mesmo depois da independência, em ofender e perseguir os maranhenses pelos jornais oficiais Minerva e Bandurra.

A partir de fevereiro de 1928, passa a ser alvo de irresistível perseguição, do novo presidente da província, marechal Manuel da Costa Pinto, que não via com bons olhos um órgão da imprensa difundindo ideias liberais.

A princípio, tenta impedir a circulação de O Farol e fechar a tipografia onde era impresso. Como não consegue, pressiona o promotor público, Joaquim José Sabina, a mover seguidos processos contra o jornalista, sob a justificativa de cometer “delitos de abusos de liberdade de imprensa”. A despeito da perseguição, José Cândido não se abate e continua a batalhar pela causa da liberdade.

Não satisfeito, a autoridade provincial prepara contra o dono de O Farol um plano de vingança, para ficar sob a ira da opinião pública. Enquanto atacado, mais José Cândido se fortalecia politicamente e conquistava forças para defender as ideias para a conquista da liberdade do povo maranhense.

PRISÃO E LIBERDADE

Sem fazê-lo recuar com relação às causas que considerava justas, o presidente Costa Pinto, no auge da insanidade, o intima a comparecer ao Palácio, onde é submetido a rigoroso e desumano interrogatório, que serve de desculpa para prendê-lo, ato que fez O Farol deixar de circular e privar a família dos meios de subsistência.

Na prisão, recebe a solidariedade dos que comungavam com as suas ideias, a ponto de a ele serem oferecidos recursos para fugir com destino à Europa, o que recusa, pois queria ficar no Maranhão, para continuar a luta que abraçara. O maior apoio que recebe naquela fase de prisioneiro partiu do amigo, Odorico Mendes, que veio do Rio de Janeiro para prestar-lhe solidariedade.

Após cinco meses de reclusão, consegue, afinal, a liberdade por iniciativa do novo presidente do Maranhão, desembargador Cândido José de Araújo Viana, o Marquês de Sapucaí, a 14 de janeiro de 1829. O Farol que havia paralisado a publicação no número 56, volta a circular.

PARTICIPAÇÃO NA SETEMBRADA

Com a abdicação de Pedro I, a 7 de abril de 1831, os liberais maranhenses, dentre os quais José Cândido e Frederico Magno de Abranches, articulam um movimento, conhecido por Setembrada, com o apoio de militares e de populares, exigindo do presidente da província várias reivindicações.

Num primeiro momento, o presidente Araújo Viana concorda com as propostas, tempo que precisa para a a13 de novembro prender os oficiais e os líderes civis engajados na Setembrada.

O dono de O Farol, um dos alvos da ofensiva governista, não consegue ser preso, porque foge para as matas do Itapecuru, onde fica até receber a cobertura parlamentar de Odorico Mendes, que o abriga em sua residência.

Por julgar que a casa do fraternal amigo não lhe dava a devida e necessária segurança, aluga casa, na Rua dos Remédios, dotada de esconderijo e propício para refugiar-se. Em uma das vezes, os policiais demoraram mais tempo do que o previsto e, por pouco, ele não morria asfixiado.

TRISTE FIM

Diante de tanta perseguição, suas condições físicas e financeiras pioraram e o seu organismo entra em processo de definhamento, causando-lhe o estreitamento da uretra, que, à falta de condições higiênicas, resulta numa incontrolável inflamação, cujo inexorável resultado é a sua morte em 18 de novembro de 1832.

José Cândido não publicou livros, mas o que escreveu no seu jornal serve, de acordo com o biógrafo Henriques Leal, para atestar que “Não houve nunca jornal que exercesse ascendente mais decidido sobre a população, nem tribuna que atraísse mais ouvintes, ou granjeasse com a sua imensa popularidade tão frenéticos e espontâneos aplausos”.

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REIS PERDIGÃO E A REVOLUÇÃO DE 30

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No dia 3 de outubro passado, completou 90 anos da Revolução de 30 no Brasil, episódio que passou em brancas nuvens no país, por conta da consabida falta de memória do brasileiro, com relação aos atos ou movimentos, destinados a mudar ou melhorar a vida de nossa gente e de nossa pátria.

A chamada Revolução de 30 é um exemplo desse desprezo por uma rebelião político-militar, que aconteceu ao final da Primeira República (1889-1930), com o objetivo de destruir a máquina administrativa, oligárquica e corrupta, dominada pelos presidentes dos estados de São Paulo e Minas Gerais, que se alternavam no Palácio do Catete.

O início do movimento, teve como pretexto o assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal.

REVOLUCIONÁRIO MARANHENSE

Dos movimentos políticos, que vieram à tona no Brasil e encabeçados pelos jovens tenentes, na década de 1920, destacando-se a Revolução Constitucionalista de 1922, em São Paulo, a de 1924, chefiada pelo general Isidoro Lopes, a Coluna Prestes, em 1925, liderada por Luís Carlos Prestes, e a Revolução de 30, sob o comando dos tenentes Juarez Távora, Siqueira Campos, Djalma Dutra, João Alberto, Cordeiro de Farias e Miguel Costa, o maranhense José Maria Reis Perdigão teve atuação  ativa e notabilizou-se pela audácia, coragem, determinação política e cultura, nascido em São Luís a 19 de abril de 1900, filho de Domingos de Castro Perdigão, um dos fundadores da Faculdade de Direito de São Luís.

Depois de passar a infância e parte da adolescência em São Luís, com 18 anos, muda-se para o Rio de Janeiro, onde gradua-se em Direito e começa a trabalhar em jornais e revistas, na função de redator.

Tinha 24 anos, quando troca o Rio de Janeiro por São Paulo, para juntar-se às forças que lutavam contra o Governo de Getúlio Vargas e comandadas pelo general Isidoro Dias Lopes. De São Paulo, viaja para o Paraná, onde integra-se à Coluna Prestes, comissionado no posto de tenente e editor do jornal O Libertador.

Com o malogro da Coluna Prestes, exila-se na Argentina, morando dois anos em Buenos Ayres.

AÇÕES NO MARANHÃO

Em 1927, Reis Perdigão retorna ao Brasil e vem ao Maranhão, sendo convidado pelo grupo político, chefiado pelo médico Tarquínio Lopes, para se engajar ao movimento contra o governador Magalhães de Almeida, proposta que não lhe seduz, por só acreditar na luta armada.

Ao retornar ao Rio de Janeiro, recebe convite sedutor, do amigo, general Miguel Costa, para preparar no Maranhão e no Piauí uma rede conspiratória e engrossar no Norte do País, um movimento sedicioso de tomada de poder e derrubar do Palácio do Catete, o presidente Washington Luís.

Com este desiderato, retorna a São Luís em 1930 e com os tarquinistas passa a conspirar para derrubar, pela via revolucionária, as oligarquias dominantes no Maranhão.

A TOMADA DO PODER

 As primeiras ações para a deflagração em São Luís da tomada do poder, vieram pelo comunicado do tenente Juarez Távora de que o movimento sedicioso aconteceria na madrugada de 3 para 4 de outubro, oportunidade em que os adeptos de Reis Perdigão deveriam depor o governador Pires Sexto e tomar de assalto o quartel do 24º Batalhão de Caçadores, à época, instalado na Praça Deodoro.

Esse plano não deu certo porque a notícia chegou ao conhecimento do governador do Estado e do comandante do 24º BC, Luso Torres, que trataram de providenciar reforços e frustraram o levante.  

Reis Perdigão e os companheiros de conspiração não se deram por vencidos, tanto que prepararam para o dia 8 de outubro outra investida ao Palácio dos Leões e ao quartel do Exército, ato que contou, desta feita, com a participação do sargento Paes de Amorim, que, simpatizante do movimento, iniciou só e corajosamente a rebelião dentro do 24º BC, onde os revolucionários assumiram as ações sediciosas, reforçadas pela adesão do tenente Celso Freitas, com vistas a destronar o governador Pires Sexto, que mandou desligar a luz pública da cidade, para impedir o ataque ao Palácio.

Naquela madrugada de 9 de outubro, acontece o impossível: um soldado do Exército, que se encontrava de serviço nas ruas, embriaga-se e resolve retornar à caserna de maneira sorrateira, sendo flagrado pela sentinela e recebido à bala. Resultado: um intenso tiroteio veio à tona, despertando a população da cidade, que já se encontrava em pânico.

 Apavorado, o governador Pires Sexto, na suposição de o Palácio ser invadido e ele morto pelas tropas de Reis Perdigão, evadiu-se e viaja para Belém, a bordo de um vapor, já preparado para uma repentina fuga. 

ASSUME A JUNTA GOVERNATIVA

Às sete horas da manhã de 9 de outubro, depois de receberem a adesão dos oficiais da Polícia Militar, os revolucionários entram no Palácio do Governo, que passa a ser chefiado por uma Junta Governativa, constituída pelos tenentes Celso Freitas e José de Ribamar Maciel Campos e Reis Perdigão.

Por ordem do presidente Getúlio Vargas, a Junta Governativa, que ficou no poder de 9 de outubro a 15 de novembro, é substituída por interventores.

OS INTERVENTORES

O primeiro interventor nomeado para governar o Maranhão, indicado por Reis Perdigão, o major Luso Torres, que, por motivo de doença, entrega o cargo a 29 de novembro para Reis Perdigão, que, na sua gestão, deu prioridade a duas questões: os aluguéis residenciais e o custo de vida.

A 9 de janeiro de 1931, o comandante da revolução maranhense, transmite o poder para o padre Astolfo Serra, que se atrita com Reis Perdigão, sendo demitido e substituído por Lourival Seroa da Mota, que governa de setembro de 1931 a abril de 1932.  

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A CIDADE PLANEJADA(?) DE PARNARAMA

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Revendo o Álbum do Maranhão, editado em 1950, sob a responsabilidade do saudoso jornalista Miécio de Miranda Jorge, que ao longo de bons anos, militou nos Diários Associados, e ilustrado com fotografias do competente profissional Dreyfus Azoubel, encontrei informações ricas e preciosas sobre a vida administrativa, política, econômica e social do Maranhão.

O Álbum, pela sua excelente qualidade editorial, merece ser reeditado, para que as novas gerações possam ter a oportunidade de saber a respeito da situação em que se encontrava o nosso Estado, administrado pelo interventor federal, Paulo Ramos, nos anos da ditadura getuliana(1937 a 1944), após o que retornou ao regime democrático, sendo governado por Sebastião Archer da Silva,  eleito a 31 de janeiro de 1947.

MUDANÇA DE NOMENCLATURA

Nessa primorosa publicação de Miécio Jorge, tomei conhecimento de que em 1950, só existiam 72 municípios no Maranhão, alguns com os nomes de Picos, Curralinho, Miritiba, Ipixuna, Macapá, Engenho Central, Curador, Vila do Bacuri, Flores, Ponte Nova, São José dos Matões, mas posteriormente mudaram de nomenclatura e atualmente são conhecidos, respectivamente, por Colinas, Coelho Neto, Humberto de Campos, São Luís Gonzaga, Peri-Mirim, Pindaré-Mirim, Presidente Dutra, Santa Quitéria, Timon, Urbano Santos e Parnarama.

CIDADE PLANEJADA

De tudo que vi e li no Álbum do Maranhão, o que mais chamou a minha atenção foi a descoberta de que a partir de 1948, o nosso Estado passou a contar com um novo município, denominado Parnarama, dentro do qual surgiu uma cidade construída “pelo espírito progressista dos ideais municipalistas e sob os ditames do planejamento”, segundo os idealizadores do projeto.

Situada à margem esquerda do rio Parnaíba, era a primeira cidade maranhense erguida sob o signo modernista, com construções edificadas num planalto, tendo por berço o antigo município de São José dos Matões.

A nova sede do município, dista da antiga, cerca de 32 quilômetros, devia-se ao dinamismo do prefeito Lauro Barbosa Ribeiro e dos esforços do deputado estadual, Joel Barbosa Ribeiro.

A planta da nova cidade teve como autor o engenheiro Mauro de Sá Mota, funcionário federal e técnico do Ministério do Trabalho.

MATÕES VIRA PARNARAMA

O antigo município de São José dos Matões teve por sede, durante mais de um século, a velha cidade do mesmo nome, localizada em um chapadão insalubre, desprovida de água, tornando-se imprópria a qualquer reforma urbanística, motivo que levou os irmãos Lauro e Joel a conseguirem, mediante processo no Departamento Regional de Geografia  e uma lei, votada na Assembleia Legislativa, a mudança da sede municipal para um outro local, previamente escolhido e encravado numa área de terra de 500 hectares, doada pelo cidadão, José Torres de Assunção e mais 3 mil hectares, posteriormente adquiridos pelo prefeito municipal.

A CONSTRUÇÃO DA NOVA CIDADE

A construção da nova cidade começa em maio de 1947, numa solenidade que contou com as presenças dos deputados estaduais, Alexandre Colares Moreira e Joel Barbosa Ribeiro e dos médicos Antônio Costa Rodrigues e Pedro Braga Filho.

A transferência da sede do município de São José dos Matões para a nova cidade de Parnarama, resultou da lei estadual nº 128, de 17 de setembro de 1948.

Os primeiros prédios construídos foram de natureza pública, destacando-se a prefeitura, um grupo escolar, um mercado, um posto de puericultura e uma cadeia.

Uma particularidade: às ruas da nova sede do município foram dados nomes dos municípios maranhenses, fato que constitui algo inédito nas cidades brasileiras.      

 Faziam limite com Parnarama, os municípios de Caxias, Timon, São Francisco do Maranhão, Passagem Franca e Buriti Bravo, dotado de uma população 32.987 habitantes e uma superfície de 4.100 km2.

PARNARAMA: ONTEM E HOJE

Parnarama é uma das poucas cidades do Maranhão que eu não conheço e nunca tive interesse em pisar os pés naquele pedaço de chão pelo fato de não saber da sua origem, respaldada em estudos técnicos e devidamente planejada.

De Parnarama, o que eu sabia era algo vexatório e depreciativo: um município onde a fraude eleitoral nos anos 1950 corria solta e célere.

Hoje, 72 anos depois de sua construção, sob os fluidos  da modernidade e do planejamento, eu queria apenas esta informação: os prefeitos que sucederam a Lauro Barbosa Ribeiro, continuaram a executar o projeto concebido pelo engenheiro Mauro de Sá Mota, ou Parnarama parou no tempo e no espaço, e não passa de uma cidade semelhante às oitenta e três,  criadas irresponsavelmente pelos deputados estaduais que fizeram a recente Constituição de 1989, que transformaram povoados, desprovidos das mínimas condições de serem municípios, portanto, inabilitadas para adquirirem autonomia administrativa e emancipação política?      

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