PRAÇA DOS POETAS

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Chegou ao conhecimento dos meios intelectuais a notícia de que o governador Flávio Dino pretende brevemente inaugurar uma praça no Centro da Cidade, em homenagem aos dez maiores poetas de nossa terra.

Segundo a informação, no espaço destinado à Praça dos Poetas, deverão ser introduzidos bustos de vates que projetaram nacionalmente o nome do Maranhão e produziram uma obra poética da melhor qualidade literária.

Não se sabe ainda se o Governo vai constituir uma comissão de intelectuais para selecionar os dez melhores poetas ou se realizará uma pesquisa junto à opinião pública para apontar os que terão um lugar cativo na mais nova praça da cidade.

Enquanto o Governo mantém o assunto em quarentena e sem fornecer maiores informações sobre a localização da praça e dos poetas laureados, espera-se que os indicados sejam literatos de reconhecida expressão cultural e de indiscutível valor intelectual e moral.

No aguardo de informações mais precisas sobre o projeto, o governo não pode permitir o que aconteceu em passado recente, quando pessoas interessadas em agradar amigos e parentes de pseudos escritores, desenvolveram ações nefastas, fazendo instalar no Panteon Maranhense, subliteratos e figuras que nada construíram em favor do engrandecimento da cultura maranhense.

APONTAMENTOS DE JOMAR

O saudoso escritor Jomar Moraes em 1977 escreveu um precioso livro, publicado pelo Sioge, intitulado Apontamentos de Literatura Maranhense, no qual se pode ver de maneira didática a notável quantidade de intelectuais de nossa terra, que produziram obras que os consagraram no firmamento literário nacional.

O GRUPO MARANHENSE

Com conhecimento de causa, Jomar mostra que a partir do século XIX, de 1832 a 1868, o Maranhão conquista a sua autonomia literária, por conta do expressivo e valoroso número de escritores, que se projetaram no cenário brasileiro.

Trata-se do chamado Grupo Maranhense (1832 a 1868), que, como expressão da vida literária regional, se destacou em todas as áreas da cultura, com nomes do quilate de Odorico Mendes, João Francisco Lisboa, Gonçalves Dias, Sousândrade, César Marques, Cândido Mendes de Almeida, Antônio Henriques Leal, Luís Antônio Vieira da Silva, Sotero dos Reis, Joaquim Gomes de Sousa, Frederico José Correa, Antônio Marques Rodrigues, Trajano Galvão, Gentil Braga, Antônio Joaquim Franco de Sá, Francisco Dias Carneiro, Joaquim Serra.

A REAÇÃO RENOVADORA

Segundo Jomar, de 1870 a 1890, surge A Reação Renovadora, da qual fazem parte os seguintes escritores: Celso Magalhães, Teófilo Dias, Adelino Fontoura, Artur e Aluísio Azevedo, Coelho Neto, Graça Aranha, Dunshee de Abranches, Frutuoso Ferreira, Euclides Faria, Ribeiro do Amaral, Barbosa de Godóis, Paula Duarte, João de Deus Rego, Raimundo Correia, Agripino Azevedo, Nina Rodrigues e Teixeira Mendes.

OS NOVOS ATENIENSES

Trata-se da geração literária que despontou na última década do século XIX, mantendo-se atuante nos limites da “província” até a altura de 1920. Foram representantes desse movimento: Antônio Lobo, Domingos Barbosa, Viriato Correia, Vieira da Silva, Godofredo Viana, Alfredo de Assis, Fran Pacheco, Nascimento Moraes, Inácio Xavier de Carvalho, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Correia de Araújo e Humberto de Campos.

OFICINA DOS NOVOS

De acordo com Jomar, a 28 de julho de 1900 era fundada em São Luís a Oficina dos Novos, com o objetivo de cultuar os vultos do passado; incentivar os autores contemporâneos; promover solenidades cívico-literárias; organizar a biblioteca do autor maranhense e manter um periódico literário.

Desse movimento literário, destacaram-se os seguintes escritores: Josué Montello, Manuel Caetano Bandeira de Melo, Oswaldino Marques, Franklin de Oliveira, Odylo Costa Filho, Assis Garrido, Correia da Silva, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Corrêa de Araújo, Erasmo Dias e Antônio Lopes.

VENTOS DE RENOVAÇÃO

 Com a chegada de Portugal do poeta Bandeira Tribuzi, em fins da década de 40, o movimento cultural cresce por meio de discussões literárias, lançamentos de livros e do aparecimento de poetas, cronistas e artistas plásticos, que se reuniam na Movelaria Guanabara.

Como resultado daquela ebulição cultural, surgem poetas da dimensão de Ferreira Gullar, Lago Burnett, José Chagas, Manuel Lopes, Nauro Machado, e ficcionistas do nível de Bernardo Almeida, Erasmo Dias, Reginaldo Teles, José Sarney, Conceição Aboud, José Nascimento Moraes Filho, Ubiratan Teixeira, Fernando Moreira, Ronaldo Costa Fernandes, Nonato Masson, Viégas Neto, Carlos Madeira e Lucy Teixeira.

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ITAPECURU-MIRIM: FREGUESIA, VILA E CIDADE

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Terça-feira próxima, há 150 anos, a minha terra natal conquistou o status de cidade, em decorrência da Lei 919, de 21 de julho de 1870, aprovada pela Assembleia Provincial, e sancionada pelo governador em exercício, José da Silva Maia.

Era desejo do prefeito Miguel Lauand, em comemoração à importante efeméride, promover ao longo deste ano uma programação festiva e de inaugurações de obras relevantes em benefício do povo itapecuruense.

Diante, porém, da pandemia do covid 19, que vem dizimando a humanidade, o gestor de Itapecuru decidiu sustar as comemorações alusivas ao sesquicentenário da cidade.

FUNDAÇÃO DA FREGUESIA

Ao longo da sua trepidante história, Itapecuru-Mirim, experimentou três formas de ordenamento administrativo. Por ordem cronológica, a primeira veio no bojo de uma Provisão Régia, de 25 de setembro de 1801, em que a Corte Portuguesa autoriza a fundação de uma Freguesia, sob as bênçãos de Nossa Senhora das Dores, tendo em vista que a povoação alcançara um nível satisfatório de progresso, conquistara razoável expressão demográfica e possuía uma capela, tendo como vigário Antônio Fernandes Pereira, que funcionava como gestor da Freguesia.

CRIAÇÃO DA VILA

Revela Luís Antônio Vieira da Silva, no livro História da Independência do Maranhão, que em novembro de 1751, afloraram as primeiras ações com vistas a criação da vila, ao ser encaminhado pelo governador Luís Vasconcelos ao rei Dom José, um documento com mais de 1000 assinaturas de moradores, que desejavam ser melhor administrados.

A solicitação, a princípio, não foi levada em consideração pela realeza portuguesa, que dela só começa a dar atenção 49 anos depois, quando o cidadão lusitano José Gonçalves da Silva, faz ver ao rei que, como interprete dos sentimentos itapecuruenses, poderia transformar em realidade os anseios da comunidade.

 Para atender aos moradores, Dom João VI assina uma Provisão Régia, a 27 de novembro de 1817, na qual faz saber que ordenou a José Gonçalves da Silva, fidalgo da Casa Real, a fundar à sua custa uma vila em terras que possuía na Capitania do Itapecuru.  A resolução obrigava a José Gonçalves da Silva a criar a vila se nela existissem pelo menos trinta casais brancos e casas destinadas à câmara, cadeia e oficinas.

Providenciadas as exigências determinadas pelo Rei de Portugal, a 20 de outubro de 1818 ocorre a solenidade na Praça da Cruz da instalação da vila, com a presença de 767 moradores, das autoridades, do clero e do procurador do alcaide-mor José Gonçalves da Silva, oportunidade em que, em voz alta, foi lida a Provisão Régia de 27 de novembro de 1817, que, por não ser  rigorosamente cumprida pelo fundador da vila, só a 20 de março de 1820, Sua Majestade achou por bem aprová-la.    

 A VILA DE ITAPECURU NA ADESÃO Á INDEPENDÊNCIA

Um episódio histórico, acontecido a 20 de julho de 1823, na vila de Itapecuru, mostra o quanto o povo da minha terra lutou para livrar o Brasil do domínio de Portugal, fato que fez a Junta Governativa do Maranhão, presidida pelo bispo Dom Joaquim de Nazaré a desconhecer a autoridade de D. Pedro, fazendo transmitir para Lisboa o juramento e fidelidade à Constituição Portuguesa.

 Enquanto em São Luís, a Junta Governativa concitava o povo a manter-se ao lado de Portugal, em sentido oposto, na vila de Itapecuru, as tropas independentes, sob o comando do alferes Salvador de Oliveira, decidem lutar e proclamar a adesão do Maranhão à Independência do Brasil, no dia 20 de julho, com a eleição de uma Junta Governativa Provisória, a ser integrada por sete membros, sendo quatro representantes da vila de Itapecuru e três de São Luís, ficando assim constituída: Miguel Inácio dos Santos e Bruce, presidente; padre Antônio Pereira Pinto do Lago, secretário; membros, Lourenço de Castro Belfort, José Joaquim Vieira Belfort, Antônio Joaquim Lamagnére Galvão, Fábio Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo Pereira de Burgos.

O professor Mário Meireles, no seu livro “Dez estudos históricos”, defende a tese de que a Adesão do Maranhão à Independência teria ocorrido efetivamente em Itapecuru no dia 20 de julho, razão pela qual refuta a Lei nº 11, de 6 de maio de 1835, votada pela Assembleia Provincial, que declara feriado no Maranhão o dia 28 de julho, consagrado à comemoração da Adesão da Província à Independência do Brasil, ato confirmado pelo Congresso Estadual, através da Lei 1.092, de 30 de abril de 1923.

A BALAIADA E A VILA

A vila itapecuruense também fica em pé-de-guerra, quando na vila de Manga, em dezembro de 1838, explode um movimento popular contra as arbitrariedades praticadas pelos governantes estaduais, denominados de cabanos e apoiados na chamada Lei dos Prefeitos, votada e aprovada pela Assembleia Provincial.

A rebelião começa na vila da Manga e como um rastilho de pólvora, se alastra por quase todo o Maranhão, na qual os líderes populares, Raimundo Gomes, Manoel Francisco dos Anjos, apelidado de Balaio, e Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, estimulados pelos políticos bem-te-vis, revidam as atrocidades cometidas contra a população humilde e que cessaram com a revogação da Lei dos Prefeitos.    

A vila de Itapecuru teve um papel de relevo nessa revolta popular, onde o coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, instalou e comandou as operações contra os balaios, vencidos depois de duras e incansáveis refregas.

Acabada a rebelião, o coronel Lima e Silva, em Itapecuru, a 2 de abril de 1941, promove um ato de lançamento da pedra para a construção da igreja matriz, com a invocação de Nossa Senhora das Dores, oportunidade em que entrega um avultado donativo.

FUNDAÇÃO DA CIDADE

Ainda no século XIX, mais precisamente a 21 de julho de 1870, vem a lume uma iniciativa com o sentido de dar a Itapecuru um status mais avançado no que diz respeito à forma de administrar a urbe.

Sem que houvesse qualquer movimento popular, com vistas a fazer a vila de Itapecuru-Mirim ser elevada à categoria de cidade, o Dr. José da Silva Maya, vice-governador do Estado do Maranhão, no exercício do cargo de governador, sanciona a Lei nº 919, votada e aprovada pela Assembleia Legislativa Provincial.

 Esse procedimento governamental, adotado a partir de 1870 para que as vilas maranhenses conquistassem o status de cidades, prerrogativa que deu às mesmas o direito de serem sedes do poder público municipal.

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DO TRIVIAL COTIDIANO

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CAFETEIRA E BOLSONARO

Qual o traço marcante que vincula o ex-prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, ao atual Presidente da República, Jair Bolsonaro?

Resposta: a fobia às máscaras. Se Cafeteira acabou com as máscaras no carnaval de São Luís, Bolsonaro quer destruí-las em plena pandemia.

NOVENTA ANOS DE ADMÉE

Uma majestosa festa estava em preparativo pelos familiares de Admée Duailibe, para a comemoração de seus bem vividos noventa anos, que acontece em outubro deste ano.

  Se a pandemia continuar furiosamente forte, o evento festivo deverá ser marcado para outra data, mas não deixará de ser jamais realizado.

PALAVRAS INGLESAS

Com a pandemia, uma expressiva quantidade de palavras de origem inglesa, será provavelmente incorporada ao léxico brasileiro.

As mais conhecidos: home office, lockdown, live, vídeo conferência e delivery.

O NOSSO DINDIN

No Maranhão, uma iguaria inventada para enfrentar o verão, que consiste em congelar sucos em pequenos saquinhos plásticos, chama-se dindin; no Rio de Janeiro, tem o nome de sacolé.

Na Europa, por causa da pandemia, o nosso dindin, vem fazendo o maior sucesso.   

 MINISTRO DA CULTURA

O Ministério da Cultura, criado no governo do Presidente José Sarney, nomeou um nome de peso no cenário internacional, para dirigi-lo: o intelectual Celso Furtado.

No governo de Bolsonaro, a Cultura, além de perder o status de ministério, está sob o comando de um ator de terceira categoria, que se esmera na arte do puxa-saquismo.

MARTA ROCHA

No auge do reinado de Marta Rocha como Miss Brasil, ela veio a São Luís, para ser homenageada num evento dançante no Grêmio Lítero Português.

À época, 1955, quem governava interinamente o Maranhão era o deputado estadual Eurico Ribeiro, presidente da Assembleia Legislativa, que por ser jovem e metido a galã, recebeu o apelido de Marta Rocha.

LONGEVIDADE ACADÊMICA

Em junho passado, o presidente da Academia Maranhense de Letras, Carlos Gaspar, quis marcar uma reunião com os “imortais”, mas foi convencido a sustá-la pelo acadêmico Lourival Serejo, com este argumento: – Gaspar, não esqueça de que a maioria dos membros da AML é composta de sexagenários, septuagenários e octogenários.

O RETORNO DE NICOLAU DINO

Tempos de tumulto poderão acontecer nas reuniões do Conselho Superior do Ministério Público Federal.

Motivo: o Procurador Nicolau Dino, opositor do Procurador-geral da República, Augusto Aras, foi eleito novamente para integrar o colegiado do MPF. 

ADIAMENTO DAS ELEIÇÕES

Não convidem o deputado federal Hildo Rocha, vice-líder do PMDB, e o ministro Luís Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para a mesma reunião.

Motivo: o parlamentar maranhense, por ser a favor da manutenção do calendário eleitoral deste ano, não tem poupado o ministro de veementes críticas, por defender ardorosamente o adiamento das eleições municipais de outubro para novembro.

ABL HOMENAGEIA SARNEY

Em abril deste ano, a Academia Brasileira de Letras programou uma sessão especial em homenagem ao escritor José Sarney, pelos seus noventa anos de vida.

O evento, por conta da pandemia foi transferido para novembro vindouro, quando Sarney completa 40 anos de ingresso na Casa de Machado de Assis.

CARROS DA CHINA

O empresário Carlos Gaspar, na semana passada, despediu-se definitivamente dos negócios de carros.

Ele, que representava em São Luís, os automóveis de origem chinesa – Caoa Cherry, que se tornaram conhecidos e aprovados no mercado maranhense, conseguiu ser bem-sucedido numa negociação financeira com a empresa Saga.      

VAGA DE CABRAL

Um axioma diz que bebe água limpa, quem chega primeiro na fonte.

Após o falecimento do acadêmico José Maria Cabral Marques, amigos do ministro Reynaldo Soares da Fonseca entraram em ação e lançaram a sua candidatura à Academia Maranhense de Letras.

A ofensiva eleitoral em favor do ministro do STJ foi de tal modo exitosa, que ele já conta com votos suficientes para substituir Cabral Marques na Casa de Antônio Lobo.

HOSPITAL NA MIRA

Depois que investiu recursos com sucesso em São Luís, Imperatriz, Brasília e Teresina, na área do ensino superior, o Grupo Fecury já mira outro setor para prestar bons serviços à sociedade.

Trata-se agora de investir no campo da saúde e construir em São Luís, no bairro da Cohama, um hospital dotado de excelentes condições técnicas e operacionais e que possa contribuir para a melhoria da saúde dos maranhenses.

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SERVIÇO PÚBLICO NA REPÚBLICA LUDOVICENSE

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Na semana passada, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei que cria o Marco Legal do Saneamento, que altera o atual modelo de contrato de programas junto a empresas estaduais de água e esgoto e abre concessão para empresas privadas, ato com repercussão no Maranhão, pois permitiria que a Caema – Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão viajasse do domínio público para o privado e transformada em empresa viável, como aconteceu, anos atrás, com a Cemar- Companhia Energética do Maranhão, comprada pela Equatorial Energia.

VOTO DA BANCADA

Esse importante projeto de lei, ao ser votado no Senado, não obteve consenso na bancada do Maranhão, pois só um dos três senadores votou a favor da matéria, ato lamentado pelo deputado Gastão Vieira, que viu no posicionamento de nossa representação, um comportamento identificado com um esquerdismo ultrapassado no tempo e no espaço.

Gastão está literalmente certo, ao fazer essa crítica sensata e oportuna aos que votaram contra uma lei que no Maranhão, se adotada,  seria útil e proveitosa para o governo e a população, principalmente quando se coteja a situação administrativa, econômica e financeira de duas empresas que nasceram ao mesmo tempo – Cemar e Caema, mas tomaram caminhos diferentes e hoje apresentam desempenhos antagônicos. Enquanto a primeira, por ser privatizada, é bem administrada e opera com eficiência; a segunda, ainda mantida pelo poder público, continua mal gerida e ineficiente.

LIVRO DE PALHANO

Por falar nessas duas empresas, lembro e recomendo o extraordinário livro da autoria do professor, Raimundo Palhano, publicado pelo IPES- Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais em 1968, que, pela importância e procura, a Secretaria de Ciência e Inovação Tecnológica o reeditou em 2017.

Trata-se da obra “Serviços públicos e cidadania na república ludovicense”, que, com fidelidade e objetividade, mostra a instalação, produção, distribuição e consumo dos serviços públicos de água, esgoto, higiene, iluminação, bondes e o comportamento da verba pública em relação aos serviços urbanos de São Luís.

AS PRIMEIRAS INICIATIVAS

Afirma Raimundo Palhano que, no período compreendido entre os anos 1850 e 1870, ocorreu o surgimento e o desenvolvimento inicial dos serviços públicos em São Luís.

Os serviços de água e esgoto foram os primeiros que os governantes maranhenses se preocuparam em instalar na cidade.  Por serem os mais necessários à saúde pública, com base na Lei de 4 de dezembro de 287, nasceu em 1850 uma companhia para o encanamento das águas do Rio Anil.

No tocante à iluminação, “o primeiro contrato para introduzir a iluminação a gás, em substituição à álcool terenbentinado, substituto da iluminação de azeite, de 1825, traz a data de 1861.”

Quanto ao transporte coletivo, o emérito pesquisador afirma que “A primeira proposta para assentamento de trilhos urbanos em São Luís foi de 1870, expressa em requerimento dirigido à Assembleia Provincial, que solicitava licença para a montagem de um serviço com veículos a vapor, a qual acabou sendo concedida em 1871, com a assinatura de um contrato para fazer correr diligências em trilhos de ferro, puxados por muares ou a vapor, empresa essa que recebeu o nome de Companhia Ferro-Carris.”   

A PROBLEMÁTICA ÁGUA

Com respeito ao precioso líquido, o autor do livro diz que “À companhia encarregada de fornecer agua encanada, concedeu-se um privilégio de 60 anos, o que provocou muita controvérsia, não só pelo generoso incentivo, mas também pela desconfiança que era vista a idoneidade dos contratantes, principalmente depois dos ataques movidos por aqueles que possuíam interesses no mercado da água.

“A colocação de chafarizes na cidade, por seu turno, foi apontada como imitação do que se passava na capital do Império, o que revelava a presença de algum grau de desconfiança em relação á utilidade de tais serviços.”

 ÁGUA DE DONANA JANSEN

 “Na verdade, a companhia de oposição à Companhia do Anil era comandada pelo poderosa Donana Jansen (então a maior latifundiária e proprietária de imóveis urbanos da Província) e seu sócio, José da Cunha Santos, um espanhol de nascimento, em razão da virtual ameaça aos bons negócios que aquela senhora obtinha com a venda de água de seus poços do Apicum e do Vinhais. Antes de se tornarem sócios, José da Cunha Santos, o principal fornecedor de águas na cidade e para os navios que ancoravam no porto, abastecendo-se das fontes de Donana Jansen, cujas águas gozavam a fama de serem excelente qualidade. Até então o acondicionamento da água era feito em pipas e conduzidas através de carros de boi ou em canoas. A vendagem se fazia de porta em porta e o preço do caneco de 18 litros girava em torno de dez réis. Eram também precárias as condições de higiene dos carros pipas onde vinha a água, o que era atenuado pela decantada qualidade da mesma.”

INICIATIVAS MALOGRADAS

Afirma Palhano que “As iniciativas do poder público, a partir de 1850, visando o encanamento das águas do Rio Anil, mostraram que o abastecimento da água na cidade já se constituía em um problema, senão grave, pelo menos em processo de agravamento, que culminou com a dissolução da primeira diretoria da Companhia do Anil, processo que só se esgotaria, em sua primeira fase, em meados de 1867. Nestes 17 anos, não se conseguiu mudar basicamente em nada o quadro existente, a não ser a colocação dos seis chafarizes em pontos estratégicos da cidade.”

O problema do abastecimento de água à população de São Luís, não se esgota com a Companhia do Anil. Depois dela, com outras empresas privadas, os governos estaduais, tanto na fase imperial como na republicana, firmaram contratos, mas nunca alcançaram resultados satisfatórios.

Governadores como João Gualberto, Artur Quadros Colares Moreira, Luiz Domingues, Herculano Parga e Urbano Santos, lutaram incansavelmente, contraindo até empréstimos externos, para que as empresas privadas pudessem prestar bons serviços de abastecimento de água ao povo de São Luís, mas, lamentavelmente, nesse intento, fracassaram.

A ULEN EM AÇÃO

O fato mais audacioso, com relação a essa problemática, deu-se na gestão do governador Magalhães de Almeida (1926-1930), por conta de assinatura de contrato com a poderosa empresa americana Ulen Management Company, para assumir em São Luís a prestação de serviços de água, esgoto, luz, tração(bondes) e prensa de algodão, contrato contestado pelos políticos de oposição, no entendimento de que explorava o consumidor.

Nesse episódio, deve-se ressaltar a atuação de José Maria Reis Perdigão, que, na condição de líder no Maranhão da Revolução de Trinta, fez o Governo federal rescindir o contrato com a gigante americana, depois de lutas nas esferas jurídicas e diplomáticas.   

NASCIMENTO E MORTE DO SAELTPA

Para substituir a Ulen, vem à tona em 1932 um órgão com o pomposo nome de SAELTPA – Serviços de Água, Esgoto, Luz, Tração e Prensa de Algodão, que bem ou mal serve a população da cidade, mas desaparece no mandato do governador Matos Carvalho, que a desdobra em três autarquias: DAES, Departamento de Águas e Esgotos, CEMAR, Centrais Elétricas do Maranhão, DTSUL, Departamento de Transportes Urbanos.

Na gestão seguinte, do governador Newton Bello, nova tentativa surge para minimizar o problema de falta de água em São Luís, com a criação da SANEL, que teve vida curta, pois com a posse do governador José Sarney, em 1966, aflora uma autarquia não apenas para cuidar do abastecimento de água na capital, mas de todas as cidades maranhenses, a CAEMA, Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão, atualmente denominada de Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, que continua carregando os mesmos problemas de outrora.      

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AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 25 DEZEMBRO DE 1947

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Inobstante às argumentações do Ministério Público Eleitoral, na defesa da manutenção das datas das eleições municipais deste ano, marcadas para 4 e 25 de outubro, respectivamente, primeiro e segundo turnos, o Senado Federal aprovou a Proposta de Emenda Constitucional, por causa do coronavirus, de alteração daquelas pugnas eleitorais para 15 de novembro(primeiro turno) e 29 de novembro(segundo turno). A PEC, ainda terá de ser analisada pela Câmara dos Deputados, onde precisará, para a sua aprovação, de 308 votos.

A candente discussão em torno das eleições municipais deste ano, remete para o dia 25 de dezembro de 1947, quando, no Maranhão, o eleitorado foi convocado para comparecer às urnas e votar nos candidatos às eleições de prefeitos e vereadores municipais.

Mas por que essa convocação para votar no Dia de Natal, quando o povo estava mais interessado em comemorar o nascimento de Cristo do que participar de um ato que há muito tempo não praticava, por privação da ditadura getulista?    

O inusitado pleito, ocorrido há 73 anos, veio no bojo do processo de reconstrução jurídica e política do País, que contou com as ativas contribuições dos constituintes federais e estaduais.  

A NOVA CARTA MAGNA DO BRASIL

Depois de 15 anos de regime ditatorial, Getúlio Vargas foi deposto a 10 de outubro de 1945 e o Brasil passou a ser governado pelo ministro José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, que marcou as eleições de presidente da República, senadores e deputados federais, estes, com a incumbência de darem ao País uma nova Carta Magna.

Os constituintes federais maranhenses, eleitos a 2 de dezembro de 1945 (três senadores e nove deputados), juntaram-se aos representantes das demais unidades federativas, e a 18 de setembro de 1946, promulgaram a nova Constituição do Brasil, que marcava para 19 de janeiro de 1947, a realização das eleições para os cargos majoritários( governadores) e proporcionais (deputados estaduais), estes, com a precípua tarefa de fazerem a nova Carta Magna do Estado do Maranhão.

A NOVA CONSTITUIÇÃO DO MARANHÃO

Como mandava a nova Constituição do País, na data fixada, o povo maranhense, representado por 130. 473 eleitores, elegeu Sebastião Archer da Silva, para governar o Maranhão, e 37 parlamentares, que, investidos nas funções de constituintes estaduais, em clima de cordialidade e respeito, promulgaram a 28 de julho de 1947, em solenidade festiva, no Teatro Artur Azevedo, a nova Carta Magna do Estado do Maranhão, que determinava, dentre os artigos nela embutidos, duas novas eleições no ano de 1947.

A primeira, em 22 de outubro, para eleger, por via indireta, o vice-governador, sendo vencedor o empresário Saturnino Bello. A segunda, a 25 de dezembro, para eleger prefeitos e vereadores. Com essas pugnas eleitorais, se completava o processo de constitucionalização do País.

AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Na data indicada para o pleito municipal – Dia de Natal, o maior evento do cristianismo, o eleitorado marcou presença na cabine de votação.

No pleito, foi flagrante a vulnerabilidade dos partidos oposicionistas, sendo impiedosamente derrotados pelo Partido Social Trabalhista, criado e comandado pelo senador Vitorino Freire, que ficou com a grande maioria das Prefeituras e Câmaras de Vereadores, obtendo noventa por cento da votação.

São Luís, por ser a capital do Estado, não desfrutava de autonomia política e administrativa, razão pela qual o eleitorado só teve o direito de eleger os seus representantes à Câmara Municipal. Dos onze vereadores eleitos, o partido vitorinista elegeu oito: Antônio Bayma, Newton Bello, Salomão Fiquene, Matos Carvalho, Urbano de Sousa Marques, Artur de Sousa Vidigal, Jaime Pires Neves e Inácio Gomes; e a coligação oposicionista, apenas três: Lino Machado Filho, José Luiz da Silva e Sousa e João Soriano Cardoso.

Com uma representação política desse nível moral e profissional, São Luís era feliz e não sabia.

CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS

Na atualidade, o Maranhão possui 217 municípios, a grande maioria criada pela irresponsabilidade e inspiração eleitoreira de deputados constituintes, que, em outubro de 1989, promulgaram a nova Carta Magna do Estado.

Em 1947, os constituintes estaduais, criteriosamente e com responsabilidade, só criaram um município: São José de Ribamar. Com relação às 72 cidades que faziam parte da estrutura administrativa estadual, os prefeitos eleitos teriam três anos de mandato (31 de janeiro de 1948 a 31 de janeiro de 1951).  

MUNICÍPIOS E PREFEITOS ELEITOS

Alcântara, Carlos Brenha; Alto Parnaíba, José Soares; Arari, Pedro Fernandes; Anajatuba, Salustiano Santana; Araioses, João Batista Freitas Diniz; Axixá, Delarei Nunes; Bacabal, Raimundo Vale; Balsas, Lauro Maranhão Aires; Barão de Grajaú, Antônia Pires Soares; Barra do Corda, Raimundo Ferreira Lima; Barreirinhas, José Raimundo dos Reis; Benedito Leite, João Alves Barros; Bequimão, José Pereira Damasceno; Brejo, Raimundo Macatrão; Buriti, Osvaldo Farias; Buriti Bravo, José Batista Ribeiro; Cajapió, João Paulo Cordeiro; Cajari, Benedito Silva; Cândido Mendes, Francisco de Araújo; Carolina, José Alcides de Carvalho; Carutapera, Maximiliano Teixeira; Caxias, Eugênio Barros; Chapadinha, Eurídice de Araújo Vieira; Codó, José Raimundo Lago; Coelho Neto, Raimundo Bacelar; Picos, hoje, Colinas, Hildo Moreira Lima; Coroatá, Emílio Azevedo; Cururupu, José Gabriel dos Santos Neto; Curuzú, hoje, São Benedito do Rio Preto, Raimundo Rodrigues; Grajaú, Abrahão Rodrigues; Guimarães, Olavo Cardoso; Miritiba, hoje, Humberto de Campos, Luiz Frazão; Icatu, Osvaldo Campos; Imperatriz, Simplício Moreira; Ipixuna, Francisco Melo; Itapecuru-Mirim, Miguel Fiquene; Loreto, Antônio Macedo; Matinha, Manuel Antônio Macedo;       

Mirador, Joaquim Bezerra; Monção, Neuton Abreu Serra; Morros, Tomaz Costa; Nova Iorque, Manuel Santana; Parnarama, Lauro Barbosa Ribeiro; Passagem Franca, Faustino Silva; Pastos Bons, Alcina Neiva; Pedreiras, José Lago; Penalva, Francisco Cunha; Peri-Mirim, Agripino Marques; Pindaré-Mirim, José Bezerra; Pinheiro, Benedito Durans; Porto Franco, Virgulino Vasconcelos; Curador, hoje, Presidente Dutra, Ariston Leda; Primeira Cruz, Lourival Simões; Riachão, Luso Rocha; Rosário, Raimundo Aquino; Santa Helena, José Weba; Santa Quitéria, Heitor Pedrosa; São Bento, Florêncio Soares; São Bernardo, Cleres Costa; São Francisco do Maranhão, José Eudoxo Vieira; São João dos Patos, Joana Rocha Santos; São Raimundo das Mangabeiras, Raimundo Nonato Santos; São Vicente Ferrer, José Salustiano Serra; Timbiras, Antônio Rivas Ribeiro; Timon, Jaime Rios; Turiaçu, João de Carvalho Leite; Tutoia, Lucas Veras; Urbano Santos, Jonas Araújo; Vargem Grande, Luís Barros; Viana, Ezequiel Gomes; Vitória do Mearim, Pedro Gonçalves.

Legenda da foto: Constituintes estaduais de 1947, que marcaram as eleições municipais para o Dia de Natal.

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