Dias atrás, ouvi atenciosamente a entrevista do governador Flávio Dino aos jornalistas da TV-Difusora, em que mirava o Porto do Itaqui e realçava o seu papel no desenvolvimento do Maranhão, ao mesmo tempo em que defendia a não privatização da Empresa Maranhense de Administração Portuária, que realiza “uma gestão respeitada nacional e internacionalmente, que motiva os operadores a nela investirem.”
Se, por um lado, louvo o governador por reconhecer publicamente a importância do Porto do Itaqui, razão pelo qual precisa ficar sob o comando do Estado, por outro lado, não posso perdoá-lo pela maneira como não reconhece e ignora o papel fundamental de um homem chamado José Sarney, que, ao longo da vida pública, teve a destemida preocupação de chamar a atenção do Governo Federal para a construção do Porto do Itaqui, obra sem a qual o desenvolvimento do Maranhão não passaria de um sonho de uma noite de verão.
Se o governador Dino faz de conta que não sabe, não me custa nada dizê-lo que esse empenho de Sarney não começa quando assume o governo do Estado, em 1965. Vem de mais longe, ou seja, dos tempos em que, como suplente de deputado federal do PSD, no mandato de 1954-1958, ocupava insistentemente a tribuna da Câmara Federal para reclamar ao Departamento de Portos e Vias Navegáveis a revisão do contrato, de natureza nociva ao Maranhão, assinado com a empresa italiana, Curzi, com a finalidade de construir o Porto do Itaqui, mas nada fez de positivo, ao contrário, locupletou-se e repartiu os recursos destinados à obra com os governantes de plantão.
Nessa empreitada junto ao Governo federal, Sarney contou com o apoio ilimitado da Associação Comercial do Maranhão, ao lado da qual travou uma luta difícil para viabilizar o Porto.
As esperanças de Sarney avultaram-se com a eleição de Jânio Quadros a Presidente da República, que, prometeu em comício no Largo do Carmo, construir a obra que representava a redenção econômica do Maranhão.
Jânio cumpriu a palavra até antes de sua renúncia, em agosto de 1962, a partir de quando as coisas voltaram ao ponto morto e só deram sinal de alento com a chegada dos militares ao poder em 1964, com o marechal Juarez Távora, amigo e companheiro de Sarney na UDN, nomeado ministro da Viação e Obras Públicas, que, acompanhava a luta do parlamentar maranhense e prontamente manifestou o propósito de levar adiante obra fundamental ao progresso do Maranhão.
Em que pese o esforço de Juarez Távora, que abriu nova concorrência e sem negociata, os resultados de suas iniciativas só afloraram na gestão do presidente Costa e Silva, com o Ministério de Viação e Obras, sob o comando do coronel Mário Andreazza.
Com esse novo ministro, a construção do Porto do Itaqui deixou de ser ficção e virou realidade, graças a uma reunião em São Luís, com as presenças do governador Sarney, do ministro Andreazza e do diretor do Departamento de Portos e Vias Navegáveis, almirante Clovis Travassos, este, nada simpatizante à causa maranhense.
Nessa ocasião, funcionou em toda a plenitude a astúcia e a inteligência de Sarney, que sabedor da resistência do almirante, no seu pronunciamento disse: – Ministro, o Porto não é invenção deste governador. Vem da Guerra da Balaiada, em 1840, quando Duque de Caxias, antes de deixar a presidência da Província do Maranhão e comandante das Forças Legalistas, apresentou um relatório sobre as suas atividades, dentre as quais clamava pela premente necessidade da construção do Porto do Itaqui, como salvação para os males de nossa economia.
Ao ouvir o enfático pronunciamento de Sarney, o ministro Mário Andreazza não vacilou e assinou a ordem de serviço da obra, que, sem o maquiavelismo do governador, ainda hoje, quem sabe, não estaria arrolada entre as conhecidas Obras de Santa Engrácia.
MAVAM EM CRISE
Á falta de apoio institucional e de recursos financeiros, para mantê-la, a MAVAM – Museu da Memória Audio Visual do Maranhão, está com os dias contados para fechar as portas.
Quando reporto-me à MAVAN, incluo também a Fundação Nagib Haickell, criada em 1998, com a missão de promover a educação e a cultura, preservar a memória e valorizar o nosso patrimônio tangível e intangível.
Ver melancolicamente essa importante instituição sair de cena, com relevantes serviços prestados ao Maranhão, nestes vinte anos de atuação, sob o comando dedicado de Joaquim Haickell, é algo inacreditável, lamentável e só em nossa terra ainda acontece.
ZEZÉ E ELIR GOMES
Bendito frio que invadiu São Paulo e fez Zezé e Elir Gomes programarem uma temporada em São Luís, para alegria dos familiares e amigos do querido casal.
Em junho, devem aportar na cidade que não esquecem e dos amigos que aqui deixaram e estão ansiosos para revê-los.
Nesta temporada em São Luís, o aniversário de Elir certamente será festejado em grande estilo, tanto que o irmão, Jesus Gomes, que, também, mora em São Paulo, já veio na frente.
MARANHENSES NA EUROPA
A coluna do PH, informa casais maranhenses que estão na Europa ou vão embarcar brevemente para o mesmo destino.
Portugal é hoje o país que mais encanta os brasileiros e não é por acaso que os maranhenses adoram aquela idolatrada terra, uns, em função do turismo, outros, até com a perspectiva de mudança de ares.
De minha parte, quero dizer que, por não poder afastar-me do Maranhão, em vez de viajar para a Europa, não abro mão de rever a minha terra- Itapecuru, quinzenalmente.
AVISO DE SARNEY
Com a sua invejável sabedoria de vida e inequívoca experiência política, o ex-presidente José Sarney alertou para o fato de não ser bom e nem prudente o Presidente da República bater de frente com o Congresso.
Getúlio Vargas se suicidou; Jânio Quadros, renunciou; João Goulart foi destituído; Fernando Collor e Dilma Roussef sofreram impeachement.
CHUMBO GROSSO
Quando o deputado Edilásio Junior assume a tribuna da Câmara Federal para discursar, os parlamentares do Maranhão e de outros Estados, já sabem que vem chumbo grosso e o alvo preferido do orador é o governador Flávio Dino.
Cumpre destacar o silêncio dos deputados que apoiam o governador, que não o defendem e ainda cumprimentam Edivaldo pelo pronunciamento.
ERNANI BARROS
Na semana passada, faleceu no Rio de Janeiro, onde morava há várias décadas, o maranhense Ernani Barros.
Desapareceu aos 93 anos, mas em vida soube aproveitá-la com dignidade e fidelidade, princípios herdados do pai, o ex-governador Eugênio Barros.
Ernani Barros exerceu o mandato de deputado estadual, no mandato de 1955 a 1959.
GASTÃO E TOFFOLY
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoly, convidou apenas vinte deputados federais para um jantar em sua residência, segunda-feira passada.
Dentre os vinte selecionados, do Maranhão, só o deputado Gastão Vieira, que faz segredo em torno do assunto que levou o ministro a reunir um pequeno grupo de parlamentares para uma conversa particular.