José Sarney sempre foi supersticioso. Uma de suas cismas: o número 13, que considera agourento e azarento.
A despeito desse aparato de reserva ao 13, há cinquenta anos, nesse dia, em dezembro de 1968, Sarney foi surpreendido por um golpe traiçoeiro, que quase o leva a perder o mandato de governador do Estado do Maranhão, cargo conquistado com suor e lágrimas, à frente do qual realizava uma administração intocável sob todos os pontos de vista.
Naquele tempo, o Brasil vivia sob o tacão da ditadura militar e quem comandava o País era o general Costa e Silva, que dispensava ao governador maranhense um tratamento nada parecido com o da época do presidente Castelo Branco, no Palácio do Planalto.
No segundo semestre de 1968, o País se via às voltas com o acirramento de uma crise política, causada pelas forças democráticas, que procuravam desestabilizar o regime militar por meio da Frente Ampla, que reunia as principais lideranças políticas, banidas pela repressão: Juscelino Kubitscheck, João Goulart e Carlos Lacerda.
Esse episódio serviu de pano de fundo para um ato, diga-se de passagem, sem propósito e provocativo, ocorrido na Câmara Federal e protagonizado pelo deputado Márcio Moreira Alves, que proferiu um violento discurso contra as Forças Armadas, chegando a convocar a população brasileira a não comparecer, em sinal de protesto, aos desfiles militares, de 7de setembro de 1968.
A repulsa das Forças Armadas ao pronunciamento do parlamentar oposicionista foi imediata, enérgica e levou o Governo a pedir autorização do Congresso Nacional para processar o deputado Márcio Moreira Alves, solicitação negada pela maioria dos representantes do povo, fato que fez o Conselho de Segurança Nacional, no dia 13 de dezembro de 1968, autorizar o Chefe do Governo a editar o famigerado Ato Institucional – 5, dando-lhe poderes discricionários para decretar Estado de Sítio, cassar mandatos, demitir e reformar militares, intervir em Estados e Municípios, confiscar bens, suspender habeas corpus e colocar em recesso o Congresso e as Assembleias Legislativas.
A edição do AI-5 desencadeou no País uma onda de perseguições, prisões, cassações de mandatos e suspensão de direitos políticos de brasileiros, especialmente os que se encontravam com a espada de Dâmocles sobre as cabeças.
No Maranhão, as ações decorrentes daquelas draconianas medidas, repercutiram sobre os políticos que abertamente fustigavam o regime militar. Na Câmara Federal, os deputados federais, Cid Carvalho e Renato Archer. Na Assembleia Legislativa, o deputado Kleber Leite.
Como se não bastassem essas lamentáveis vinditas, o AI-5 assestou as suas baterias na direção do governador José Sarney, visto pela linha dura como protetor de figuras humanas consideradas esquerdistas, do quilate de Bandeira Tribuzi, Joaquim Itapary, Mário Leal, Sálvio Dino, Benedito Buzar, Vera Cruz Marques e lideranças sindicais, que trabalhavam no Governo do Estado.
Para que essa operação contra Sarney chegasse aos objetivos colimados, a linha dura contou com o respaldo dos adversários políticos de Sarney no Maranhão, que na ânsia de vê-lo banido da vida pública, usaram o episódio ocorrido no Clube Jaguarema, onde se realizou um banquete em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitscheck, que se encontrava com Renato Archer em São Luís, participantes da solenidade de diplomação da primeira turma de economistas maranhense.
No banquete, Sarney se fez presente e, no seu discurso, não deixou de jogar confetes e serpentinas em JK, saudando-o com a expressão “meu presidente”, que fez recrudescer a ira contra a sua pessoa, alvo de retaliações mesquinhas, daqui e de Brasília, que o ameaçavam com o cutelo do AI-5.
Sarney chegou a dirigir mensagem ao povo maranhense, ao qual alertava sobre a sinistra operação que se preparava na capital do País, com vistas a expulsá-lo da vida pública, com a cassação de seu mandato, ato que não se concretizou, em razão da reação do governador e das iniciativas da legião de amigos, que cultivava no plano nacional.
BANCADAS TEMÁTICAS
Existem na Câmara Federal bancadas temáticas, que agrupam deputados que defendem causas específicas e corporativas.
Dos novos deputados maranhenses, eleitos em 2018, Eduardo Braid e Pastor Gildenemyr deverão fazer parte da bancada evangélica, e Bira do Pindaré, Edilázio Junior e Pedro Lucas poderão integrar a bancada ambientalista. Josimar do Maranhãozinho está sendo cogitado para membro da bancada da bala, não a de canhão, mas a do dinheiro incógnito.
ÁGUAS DE DEZEMBRO
Pelo volume de água que tem vindo do céu neste mês de dezembro, tudo indica que o Maranhão, em matéria de inverno, quer voltar aos tempos passados.
As chuvas que ora desabam, na capital e no interior do Estado, fazem lembrar a época em que o nosso inverno começava impreterivelmente em novembro e acabava em junho.
ACADEMIA E PANTEON
Até antes do ano acabar, os membros da Academia Maranhense de Letras esperam ter um encontro com o prefeito de São Luís.
Os imortais vão reivindicar de Edivaldo Holanda Junior algo importante para a intocabilidade dos bustos dos intelectuais maranhenses, que voltaram à Praça do Panteon: segurança dia e noite naquele local.
Se essa providência não for tomada, o vandalismo novamente reinará, tendo os bustos como alvos.
LIVRO DO CORONEL MÁRCIO
Em 1987, ao deixar as fileiras do Exército brasileiro, ao qual se dedicou com acendrado amor e patriotismo, o coronel Márcio Viana Pereira, escreveu o livro “O direito de opinar”, em que manifestava ideias e pensamentos sobre os mais diversos assuntos da vida brasileira.
Trinta e um ano depois, ou seja, em 2018, o brilhante oficial publica um novo livro, “Reminiscências e retalhos da minha vida militar”, no qual relata fatos e acontecimentos ao longo de sua ativa participação no Exército.
O novo livro de Márcio não será encontrado nas livrarias da cidade, pois foi escrito especificamente para os familiares e amigos diletos.
PEDÁGIO PARLAMENTAR
O relatório do COAF que apontou movimentações financeiras atípicas de um ex-assessor do deputado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, repercutiu intensamente no País.
Em tempos passados, na nossa Assembleia Legislativa vieram à tona casos idênticos ao acontecido no Poder Legislativo do Rio de Janeiro, em que parlamentares cobravam pedágio dos funcionários, que não se incomodavam de dar uma parcela do que ganhavam para quem os contratava.
Isso, repito, foi no passado e teve uma deputada como protagonista.
FILHOS DE GOVERNANTES
Ser filho de presidente ou de governador não significa desempenhar cargo ou função pública.
Aqui, no Maranhão, são conhecidos os casos de filhos de governadores que tiveram participação ativa nos governos, mas nenhum comprometeu, com atos indignos ou lesivos ao interesse público, a imagem dos pais.
GRAMADO DO NORDESTE
Só três cidades do Maranhão apresentaram, neste final de ano, decorações natalinas vistosas e feéricas: São Luís, Caxias e São José de Ribamar.
Quem viu a de Caxias, não economiza elogios por lembrar a ornamentação da cidade gaúcha de Gramado, evidentemente, em menor proporção.