VOTAR OU NÃO VOTAR EIS A QUESTÃO

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“To be or not to be, that is the question”, frase famosa dita por Hamlet durante o monólogo da primeira cena do terceiro ato da peça homônima de William Shakespeare.  Traduzida para o português a frase shakespeareana ficou literalmente assim: “ser ou não ser, eis a questão.”

Se transportada para o campo político, a frase pode virar este jargão: “votar ou não votar, eis a questão”, sentimento que povoa a cabeça do eleitor brasileiro, quando comparece à seção eleitoral para cumprir o seu dever de cidadão.

Amanhã, quando o eleitor, caso esteja habilitado pela Justiça Eleitoral a exercer o direito do voto, a tendência é praticar três ações: anular o voto, votar em branco ou sufragar livre e conscientemente o nome de Fernando Hadad, do PT, ou de Jair Bolsonaro, do PSL, candidatos mais votados no primeiro turno, mas carentes da maioria absoluta de votos.

Por isso, a lei lhes confere o direito de se enfrentarem em novo embate eleitoral, correspondente ao segundo turno, no qual, o vitorioso precisa apenas da maioria simples de sufrágios.

Como manda a Carta Magna de 1988, neste domingo, portanto, acontecerá uma eleição que não tem nada de inédita, pois em 1994 e 1998, o candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, conquistou a maioria absoluta da votação no primeiro turno.

Já, as eleições realizadas em 1989, 2002, 2006, 2010 e 2014, foram disputadas em dois turnos e tiveram como vencedores, respectivamente, Fernando Collor, Lula e Dilma.

A eleição em dois turnos surge no Brasil em função da convocação em 1985 da Constituinte, pelo ex-Presidente José Sarney. Três anos depois, o deputado Ulisses Guimarães promulgou a nova Constituição.

Das eleições ocorridas sob o signo da Carta Magna de 1946, lembro da primeira que participei como eleitor: a de 1955, em que votei no candidato a Presidente da República, Juscelino Kubitscheck, do PSD, o estadista que realizou uma obra no Brasil de grande envergadura.

Votava-se naqueles tempos por meio das chapinhas, impressas com os nomes dos candidatos e colocadas em urnas de madeiras, processo modificado no pleito seguinte, o de 1960, com as chapinhas substituídas por cédulas oficiais e colocadas em urnas de lonas. Não esqueço, também, que eram eleições de um só turno.

Voltando às eleições de 2018: caso o eleitor não expresse a vontade de votar em branco ou queira anular propositadamente o voto, a ele é oferecida a alternativa de digitar o número do candidato do PT ou do PSL.

Se votar em Fernando Hadad, pode ter dado relevante contribuição para reconduzir o PT ao poder, partido que transformou o Brasil numa banca de propinas e o levou aos tempos perniciosos da velha politicalha, fazendo, ademais, o País se contaminar por uma desenfreada corrupção, que maculou todos os setores da vida nacional. Pelo mal que fez ao Brasil, o PT merece ser banido, por meio do sufrágio, o quanto antes da nossa vida pública.

Se sufragar o nome de Jair Bolsonaro, pode ter praticado uma temeridade que atemoriza a todos nós, pois dizem que o corpo e a alma do candidato do PSL estão impregnadas de radicalismo, messianismo e autoritarismo, marcas que poderão transformar o Brasil num campo de luta ideológica.

CAMISETAS DE BOLSONARO

Na Rua Oswaldo Cruz, as camisetas do candidato a Presidente da República, Jair Bolsonaro, estão à venda como se fossem copos de água mineral.

Pela popularidade do candidato do PSL, as camisetas passaram a ser mais procuradas do que as dos artistas de televisão e dos jogadores de futebol.

Jair Bolsonaro, a esta altura do campeonato político, é mais do que candidato ao Palácio do Planalto, é um superstar.

PERGUNTAR NÃO É CRIME

Dois candidatos me surpreenderam este ano, face às mirabolantes votações que lhes valeram ser eleitos para o Senado Federal e Câmara dos Deputados: Weverton Rocha e Josimar do Maranhãosinho.

Weverton teve quase dois milhões de votos e Josimar quase 200 mil sufrágios.

A minha pergunta é curta e simples: onde arranjaram tanto dinheiro para obter votações tão consagradoras?

Em tempo: Weverton ainda não parou de gastar, haja vista as festas comemorativas de sua eleição de senador, realizadas no interior do Estado.

O FENÔMENO BRAID

Se existem candidatos que usaram somas abundantes de recursos para se eleger, há, também, os que conseguiram grandes votações, não às custas de estranhos e escusos meios financeiros

Nesse particular, destaco Eduardo Braid, jovem parlamentar que obteve nas eleições deste ano consagradora votação em São Luís, só com a cara e a coragem.

Há quem diga que grande parte da votação de Braid, obtida na capital maranhense, é ainda rescaldo das eleições passadas, quando teve um desempenho notável na disputa pelo cargo de prefeito de São Luís.

POSSE ACADÊMICA

Com o fim da temporada eleitoral, irrompem-se tempos de posses dos eleitos, que devem ocorrer no começo de 2019.

Enquanto não chega o momento de posse dos candidatos a cargos políticos, que venham as posses acadêmicas.

Dentre as mais esperadas a do jornalista Felix Alberto, na Academia Maranhense de Letras, programada para a noite de 8 de novembro, quando ocupará a vaga do escritor José Louzeiro.

Ao escritor Ney Bello Filho caberá a incumbência de saudar Felix Alberto.

A PAZ INTERROMPIDA

O primeiro membro da família Paz a ingressar na militância política foi o engenheiro Clodomir, que se elegeu e cumpriu vários mandatos de deputado estadual.

Anos depois, Clodomir saiu de cena e convocou a esposa, Graça Paz para substituí-lo na Assembleia Legislativa, o que ela fez com competência e sabedoria.

Este ano, Graça achou que estava na hora de ceder o lugar para o filho, Guilherme, que disputou o cargo com muita luta, mas não conseguiu repetir a façanha do pai e da mãe.

A VOZ DA EXPERIÊNCIA

A grande maioria de deputados eleitos para a Assembleia Legislativa, para a legislatura que começará em 2019, é constituída de gente jovem.

No meio dessa juventude, três deputados se farão ouvir, não apenas pela idade cronológica, mas sobretudo pelos anos de experiência e de mandatos exercidos no Poder Legislativo do Estado.

São vozes que virão de Caxias, José Gentil e Cleide Coutinho, e de Colinas, Arnaldo Melo.

VEZ DE GASTÃO

Pelo andar da carruagem, é praticamente impossível Fernando Hadad ser eleito Presidente da República.

As chances de ultrapassar o opositor, Jair Bolsonário, na corrida sucessória ao Palácio do Planalto, são remotíssimas.

Por conta disso, o Maranhão perderá a oportunidade de ter um representante no primeiro escalão do Governo Federal: Gastão Vieira.

GOVERNADOR EM ÊXTASE

A presença do candidato Fernando Hadad em São Luís, domingo passado, deu ensejo a que se visse cenas inéditas e postadas nas redes sociais.

Cenas que chamaram as atenções da sociedade maranhense porque nunca vistas aqui e alhures, dentre as quais as do governador Flávio Dino, que, a pleno pulmões, torcia, gritava e cantava pelo sucesso do candidato do PT nas eleições presidenciais.

Nem na posse, tão pouco na reeleição, o governador esteve tão em êxtase como naquele dia.

 

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A LEONINA MÁQUINA ADMINISTRATIVA

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As eleições majoritárias realizadas no Maranhão, no Império e na República, quase todas foram vencidas por candidatos de partidos que se encontram no poder, portanto, detentores da máquina administrativa e política.

Da redemocratização do País, de 1946 aos nossos dias, apenas três candidatos oposicionistas lograram êxito nas eleições que os conduziram ao Governo do Estado. Em 1965, José Sarney, graças ao Governo Central que patrocinou rigorosa revisão eleitoral em todo o Estado, expurgando das folhas de votação cerca de 400 mil votos fantasmas.

Realidade parecida veio à tona nas eleições disputadas pelos candidatos oposicionistas, Epitácio Cafeteira e Jackson Lago, que só conseguiram subir as escadas do Palácio dos Leões por conta do reforço da máquina oficial.

Cafeteira disputou três eleições majoritárias. Perdeu duas seguidas – 1994 e 1998 para Roseana Sarney. Em 1986, derrotou João Castelo porque se aliou a José Sarney, que ocupava o cargo de Presidente da República.

O mesmo aconteceu com Jackson Lago, que, também, concorreu a três pleitos majoritários – 2002, 2006 e 2010, mas só se elegeu governador em 2006, em função do apoio do então chefe do Poder Executivo, José Reinaldo Tavares, que, rompido politicamente com o sarneísmo, abraçou de corpo e alma a candidatura do líder do PDT.

Flávio Dino venceu o seu primeiro pleito majoritário em 2014, não porque tivesse ajuda direta da máquina governamental, mas indiretamente dela se beneficiou, em decorrência do desentendimento das forças que ocupavam o Palácio dos Leões, que levaram a governadora Roseana Sarney à renúncia e fizeram o chefe da Casa Civil, Fernando Silva, à desistência de sua candidatura ao Governo do Estado, atos que proporcionaram a ascensão ao poder do deputado Arnaldo Melo, presidente da Assembleia Legislativa, que não teve condições, pela desarticulação do grupo sarneísta, de fazer a máquina administrativa entrar em campo e funcionar.

Se nas eleições de 2014, Flávio Dino foi ajudado indiretamente pela inércia da máquina palaciana, em 2018, ele, no comando do governo, astuciosamente,  procurou ajustá-la e colocá-la a serviço de seus interesses políticos, no sentido de ser reconduzido ao cargo de governador por mais quatro anos, operação deflagrada com bastante antecedência, através de três importantes ações.

Primeira: juntou em torno de sua liderança o maior número possível de partidos, com os quais formou uma pujante aliança, que garantiram a ele dispor de um espaçoso tempo nos programas da Justiça Eleitoral, veiculados pelas emissoras de rádio e televisão.

Segunda: fez executar no Estado inteiro obras físicas, algumas importantes, outras nem tanto, para poderem ser vistas pelo eleitorado como símbolo de uma gestão operosa.

Terceira: tendo condições de se movimentar politicamente, atraiu para as suas hostes quase todos os prefeitos, que sofrendo dias penosos pelo impiedoso tratamento financeiro do Governo federal, se contentaram com parcos recursos para a construção de pequenas obras em seus municípios.

Para coroar com sucesso o seu ambicioso plano de permanecer mais um mandato à frente do Poder Executivo do Estado, Flávio Dino ainda contou com a ajuda das forças políticas que lhe faziam oposição, que deixaram para a última hora o lançamento da candidatura de Roseana Sarney, para a qual sobraram dois sérios problemas: o pouco tempo para botar o seu bloco na rua e a carência de recursos para sustentar uma campanha contra um opositor que se preparou para ficar no cargo que ocupava, usando para isso uma afiada engrenagem, chamada no jargão de máquina administrativa, que o ex-governador Epitácio Cafeteira dizia ser privilégio dos leões que se encontram na entrada do Palácio do Governo.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Agora que estão eleitos e com votações espetaculares,  seria de bom alvitre que o Ministério Público procurasse saber de onde os candidatos  Weverton Rocha, Josimar do Maranhãozinho e Detinha foram buscar tanto dinheiro para  se eleger com votações impressionantes aos cargos de senador, deputado federal e estadual, sobretudo quando se leva em consideração que não são figuras que herdaram grandes fortunas ou ganharam sozinhos os sorteios da loteria esportiva.

FENÔMENOS  ELEITORAIS

Dois jovens candidatos tiveram desempenhos fenomenais nas recentes eleições: Eduardo  Braid e Duarte Junior.

Ambos conquistaram votações extraordinárias em São Luís, que os credenciam a ser candidatos à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda.

Entre Braid e Duarte reside uma diferença gritante. Enquanto o primeiro fez uma campanha silenciosa, o segundo brilhou pela estapafúrdia animação.

AMIGO DE BOLSONARO

Se o candidato Jair Bolsonaro ganhar as eleições para o cargo de Presidente da República, o homem forte no Maranhão será o deputado Aluísio Mendes.

Entre os dois há uma amizade antiga e bem consolidada.

Aluísio na campanha eleitoral não se aproveitou da  amizade que o liga a Bolsonaro. Esse privilégio só virá à tona quando o candidato do PSL ganhar o segundo turno e chegar ao Palácio do Planalto.

VOTAÇÃO DE ZÉ REINALDO

Ninguém entendeu como e porque o ex-governador José Reinaldo Tavares teve uma votação tão bisonha no pleito senatorial.

Sabia-se que as suas chances de ser eleito senador seriam remotas, mas poderia alcançar uma votação razoável e compatível com os cargos públicos ocupados no Maranhão e no Brasil.

O mais vergonhoso foi o de ter menos voto do que o desconhecido candidato Samuel de Itapecuru, uma figura que só exerceu um cargo público na vida: vereador na minha terra.

FICARAM DE FORA

Alguns candidatos, pelos cargos que exerceram no Maranhão, na vida pública ou privada, não conseguiram se eleger, a exemplo de Gastão Vieira, Edivaldo Holanda, Junior Verde, Andrea Murad, Sérgio Frota, Fábio Braga, Marcial Lima, Simplício Araújo e Sebastião Madeira.

De todos a derrota mais lamentada é a de Gastão Vieira, que como parlamentar ou técnico, é dotado de reconhecida competência e brilha nos cargos que ocupou ao longo da vida pública.

O insucesso nas eleições deste ano levou Gastão a tomar uma atitude irreversível: não concorrerá mais a qualquer cargo eletivo.

SEM GOVERNADOR

As eleições de 2018, dentre tantos tabus quebrados, um teve ressonância no plano nacional.

Pela primeira vez a representação do Maranhão no Senado da República ficará sem um ex-governador do Estado.

O último, Edison Lobão, não conseguiu votação suficiente para continuar no desempenho do mandato que o povo maranhense lhe outorgou desde 1990.

GRANDE DECEPÇÃO

Quem teve o melhor desempenho nos debates entre os candidatos a governador foi o senador Roberto Rocha.

A unanimidade por ele conquistada no programa veiculado pela TV Mirante não se repetiu na abertura das urnas, que revelaram uma grande rejeição à sua candidatura.

Ele, ao final da apuração, ficou em quarto lugar, com 2,04 por cento dos votos válidos, prova de que cabeça de eleitor é como barriga de mulher grávida, só se sabe o que tem dentro quando se abre.

 

 

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