Ao longo do regime militar (1964 a 1985), 17 Atos Institucionais foram decretados no Brasil. O mais draconiano, o AI-5, veio a lume a 13 de dezembro de 1968, em revide a uma série de eventos políticos, desencadeados no País pelas forças que faziam oposição aos militares, destacando-se a Frente Ampla, formada pelos ex-presidentes Juscelino Kubitscheck, João Goulart e o ex-governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda.
A decretação do Ato Institucional-5 ocorreu após o veemente discurso pronunciado na Câmara Federal pelo deputado Márcio Moreira Alves, conclamando o povo brasileiro a realizar um boicote ao militarismo e a não participação nos festejos comemorativos à Independência do Brasil, pronunciamento considerado pelos militares como ofensivo “aos brios das Forças Armadas”.
Estribado no AI-5, o presidente da República, Costa e Silva, independente de qualquer ação judicial, decretou o recesso do Congresso Nacional, promoveu a intervenção nos estados e municípios, cassou mandatos eletivos, suspendeu por dez anos os direitos políticos dos cidadãos, confiscou bens e suspendeu a garantia do habeas corpus.
Quem estava à frente dos destinos do Maranhão, em 1968, era o jovem governador José Sarney, que recebeu do governo militar tratamentos diferenciados. Antes do AI-5, no governo do presidente Castelo Branco, Sarney teve trânsito livre trânsito no Palácio do Planalto, face à excelente gestão que realizava no Estado. Com a ascensão do general Costa e Silva ao comando do País, tudo mudou e o governador enfrentou momentos tormentosos, pois a linha dura do regime militar não o via com bons olhos e o acusava de contemporizar com esquerdistas, estes, colocados em posições estratégicas na sua administração.
Naquela época, há cinquenta anos, os adversários e inimigos políticos de Sarney, daqui e de Brasília, que só pensavam em crucificá-lo e de apeá-lo do poder, exploraram maldosamente o fato de o governador maranhense marcar presença no almoço, no Clube Jaguarema, oferecido pelos estudantes do Curso de Economia ao ex-presidente Juscelino Kubitscheck, que participou em São Luís da solenidade de formatura dos novos economistas.
O gesto democrático de Sarney deu ensejo à eclosão de uma desabrida conspiração, que, por pouco não culmina na perda do seu mandato de governador, com base no Ato Institucional – 5. Esse golpe não se materializou por dois motivos. Primeiro, pela mobilização nacional de influentes setores políticos para neutralizar a ferrenha conspiração tramada pela linha dura do regime, no seu desejo de derrubá-lo do cargo que o povo maranhense lhe outorgou nas eleições de outubro de 1965. Segundo, pela reação do próprio Sarney, que chegou a divulgar um manifesto, no qual mostrava a intenção de lutar contra uma medida discricionária e escudada na vilania de seus opositores.
No Maranhão, naqueles idos, não foi apenas sobre a cabeça de Sarney que desabou toda a força repressora do AI-5. Dois brilhantes parlamentares maranhenses, que cumpriam mandatos na Câmara Federal e defendiam a volta do País à normalidade democrática, foram punidos: os deputados Renato Archer e Cid Carvalho, filiados ao MDB, tiveram os mandatos cassados e os direitos políticos suspensos por dez anos.
Na Assembleia Legislativa, o deputado Kleber Leite, que integrava os quadros da Arena, teve, também, o seu destino político estancado pelo Ato Institucional -5.
No Tribunal de Justiça, os efeitos daquele draconiano decreto se fizeram sentir e de maneira implacável sobre dois desembargadores: Antônio Rodrigues Moreira, que o presidia, e Tácito da Silveira Caldas, punidos e aposentados de suas funções judicantes.
MARANHENSE NA RÚSSIA
Se alguém imagina que de São Luís não partiu nenhum maranhense com destino à Rússia, para assistir aos jogos do Brasil, na Copa do Mundo, equivocou-se redondamente.
Mesmo não sendo fanático por futebol, o economista Jerônimo Leite decidiu ver ao vivo as partidas em que o time do Brasil se apresentará.
Na condição de pé quente, acha que ajudará o Brasil a trazer para o nosso país a ambicionada taça Jules Rimet.
CARNAVALIZAÇÃO JUNINA
A cada ano, os festejos juninos, no Maranhão, estão a perder as suas características regionais e próprias.
Os bumba bois e as quadrilhas não se apresentam mais com aquelas roupas simples e comprometidas com as suas origens. As toadas deixaram de ter as singelezas e as purezas do povo, sendo substituídas por melodias estranhas às nossas brincadeiras. As danças cederam lugar às coreografias que nada têm a ver com as nossas tradições culturais.
Os folguedos juninos estão enveredando pelo mesmo caminho das brincadeiras carnavalescas, que abandonaram as suas raízes populares e autênticas, para aderirem e imitarem o que a televisão vem mostrando, com a sua força bombástica: o carnaval do Rio de Janeiro e da Bahia.
HOSPITAL DE PRIMEIRO MUNDO
Há tempos eu não botava os pés no Hospital São Domingos, o que fiz na semana passada, obviamente, por motivo de saúde.
Como maranhense, vibrei de orgulho e de satisfação ao ver que as mudanças operacionais, físicas, humanas ali introduzidas, fizeram o hospital receber inovações tecnológicas, que o levaram à modernidade e à otimização dos serviços prestados e o elevaram ao mesmo nível dos estabelecimentos de saúde dos centros mais adiantados do País.
Pelo que vi no Hospital São Domingos, no que diz respeito ao funcionamento, corpo profissional, tratamento, instalações e equipamentos, posso dizer, sem medo de errar, que, agora, o Maranhão dispõe de uma instituição médico-hospitalar qualificada e habilitada, que nos projeta a ingressar no primeiro mundo.
AO REDOR DA MÚSICA
Joaquim Haickel, como produtor e diretor de cinema, deu um show no 41º Guarnicê de Cinema, realizado em São Luís.
O que ele tem realizado para o desenvolvimento da sétima arte no Maranhão não tem preço. É lamentável ver o Poder Público não reconhecer o seu trabalho cinematográfico e dar a ele um tratamento desprezível.
No Festival de Cinema, que aqui aconteceu, Joaquim produziu e dirigiu um documentário de alto nível, que certamente será premiado onde for exibido.
Trata-se do “Ao redor da música”, que mostra a potencialidade de um humilde porteiro – Sérgio Pacheco, tenor e detentor de uma voz arrebatadora.
DEFINIÇÃO DE ILHA
Antigamente a geografia definia São Luís como uma ilha cercada de água por todos os lados.
Com os novos tempos, a geografia deu lugar à farmacologia e São Luís passou a ter uma nova definição: é uma ilha cercada de farmácia por todos os lados.
ECOPONTOS
Uma saudável iniciativa implantada na gestão do prefeito Edivaldo Holanda em São Luís: o Ecoponto.
Com o novo equipamento, a limpeza pública melhorou sensivelmente e fez a população pensar na máxima de Lavoisier: “na natureza nada se perde, tudo se transforma”.
É relevante ver como a sociedade aderiu a essa ação da municipalidade.
NO CAMINHO DA FIFA
Tem tudo para dar certo o projeto de conduzir Fernando Sarney à presidência da Fifa, que um grupo bem representativo do futebol mundial pavimenta, com competência e habilidade.
Como vice-presidente da CBF, ele já está com um pé na Fifa, onde representa a mais importante entidade do futebol brasileiro.
Ao falar em nome da Fifa, no recente congresso realizado em Moscou, Fernando está com tudo e não está prosa.