A VISÃO FUTURISTA DE NEIVA MOREIRA

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Em 10 de outubro de 1997 Neiva Moreira completou oitenta anos. Em sua homenagem, organizei o livro “O jornalista do povo”, com 100 artigos de sua autoria, extraídos do Jornal do Povo, editado sob sua direção.

Toda aquela produção jornalística de Neiva Moreira, selecionada por mim durante meses, serviu para avaliar não apenas o talento e o brilho de um intelectual, mas, também, a rica personalidade um ser humano que fez da política e da imprensa instrumentos de luta em favor de sua terra e de sua gente.

Ao longo de sua faina jornalística, no Jornal do Povo, que durou 15 anos, Neiva Moreira teve a oportunidade de mostrar aos seus leitores três singularidades. 1) a arte de bem escrever e de se comunicar com facilidade com o público. 2)  o que pensava sobre a situação de calamidade do Maranhão e o que precisava ser feito politicamente para o povo  expurgar do Palácio dos Leões o grupo que dominava o Estado por meio de processos violentos e fraudulentos. 3) a visão futurista acerca dos problemas maranhenses e como deveriam ser tratados pelos governantes para superá-los.

Dentre os numerosos artigos de sua lavra, destaquei alguns que, na década de 1950 ele considerava importantes e urgentes para o desenvolvimento do Maranhão. Com clarividência e conhecimento de causa, opinava sensatamente sobre o problema e exigia que o mesmo fosse o quanto antes enfrentado com responsabilidade pelas autoridades federais e estaduais.

Uma questão que sempre o preocupava: a barragem do Rio Parnaíba, que, como filho do sertão maranhense, clamava pela imperiosa construção da Hidrelétrica de Boa Esperança, a fim de que os municípios do Maranhão e do Piauí pudessem ter energia suficiente para combater o atraso econômico e a pobreza social.

Como jornalista e deputado, usava argumentos irrefutáveis para mostrar que a barragem além de “controlar as águas do Rio Parnaíba, iria transformá-las em energia para permitir a sua navegabilidade até o mar, numa extensão de mais de novecentos quilômetros”.

Outro assunto que Neiva Moreira entregava-se de corpo e alma: a  criação da Universidade Federal no Maranhão, pois sem ela o Estado não teria  quadros técnicos e preparados para a alavancagem do desenvolvimento econômico e social.

Nesse particular, não media elogios a um grupo de professores das Faculdades de Direito e de Farmácia e Odontologia, que se empenhava a fundo para apresentar aos Poderes Executivo e Legislativo da Nação, estudos e projetos para dotar o Estado de uma instituição de nível superior, voltada a criar centros de ciência e de cultura, capazes de gerar mecanismos técnicos e institucionais e destinados à remoção das velhas estruturas enraizadas no  Maranhão.

Com relação a São Luís, o seu maior reduto eleitoral e onde havia construído uma significativa liderança popular, fazia considerações de como melhorá-la e fazê-la crescer ordenada e urbanisticamente. Nesse sentido, preconizava, como medida prioritária, a conquista da autonomia política e administrativa da capital maranhense, cujos gestores, por serem  nomeados pelos governadores estaduais, não assumiam  compromissos com o povo e, por isso, se descuidavam dos problemas da cidade e de sua gente.

Um grave problema que rondava São Luís, de acordo com o brilhante jornalista, era a negligência de seus administradores com a expansão da cidade para a Ponta D’Areia e a construção de uma ponte para ligar a parte histórica da urbe à orla praiana, que se encontrava desabitada e abandonada, projeto, que defendia ardorosamente no Jornal do Povo e na tribuna parlamentar.

Em tempo: essas questões, levantadas e detectadas pela invejável visão de Neiva Moreira, que o preocupavam na década de 1950, a exemplo da construção da Hidrelétrica de Boa Esperança, da instalação Universidade Federal do Maranhão, da autonomia e da expansão da cidade para a Ponta D’Areia, dez anos depois, foram viabilizados na gestão do governador José Sarney.

PREFEITOS E IMPUNIDADE

Raro o dia que um órgão da mídia não divulga atos de juízes do interior do Maranhão, tomando por base denúncias do Ministério Público,  determinando o afastamento de prefeitos,  por práticas de improbidade administrativa, desvios de recursos públicos, má aplicação de verbas, descumprimento de leis, abusos de poder econômico, fraudes nas eleições e  infringência à Lei da Ficha Limpa.

Se essa conduta de promotores e juízes, de não contemporizar com as ilicitudes dos gestores municipais, deve ser louvada e aplaudida pela sociedade, a recíproca não é verdadeira no tocante aos magistrados de instância superior, salvo poucas exceções, que não hesitam em manter  nos cargos prefeitos que não desempenham o mandato como manda a lei e a ética.

TRÂNSITO LIVRE

Quando as obras para a recuperação da antiga fábrica Santa Amélia foram iniciadas, um trecho da Rua Cândido Ribeiro, compreendido entre as Ruas de Santana e Misericórdia, foi interditado.

A interdição, com o sinal verde da prefeitura, visava não atrapalhar os trabalhos ali executados, inclusive, em prédios vizinhos à antiga fábrica, destinados ao funcionamento dos cursos de Turismo e Hotelaria, da Universidade Federal do Maranhão.

Ocorre que na fase de conclusão das obras, os recursos deixaram de ser liberados. Resultado: há quase cinco anos nenhum prego foi colocado naquela construção, que, se concluída, embelezaria o centro da cidade.

Mas se a obra está parada e não se sabe quando será retomada, por que o trecho da Rua Cândido Ribeiro continua interditado?

FEIRA E FEIRINHA

Segundo a revista “Isto é”, só este ano a Câmara dos Deputados gastou uma fábula de dinheiro em viagens internacionais de seus membros.

Até agora, quase 300 viagens ao exterior, que, no jargão parlamentar são conhecidas por “missões oficiais”.

Da bancada maranhense, quem se beneficiou com uma dessas viagens foi o deputado Cleber Verde, que passou três dias em Manhattan, numa feira de alimentos e bebidas especiais.

Se era para ver alimentos e bebidas, a feirinha da Praça Benedito Leite, com  certeza, é melhor do que a de Manhattan.

BUSTO DE NEIVA MOREIRA

O depoimento do acadêmico Sálvio Dino, na Academia Maranhense de Letras, em homenagem ao centenário de nascimento de Neiva Moreira, foi bem aplaudido pela assistência.

Motivo: ele anunciou um movimento em favor da construção de um busto do vibrante jornalista e competente parlamentar.

Para Sálvio Dino, que teve um convívio de perto com Neiva Moreira, no Jornal do Povo, com o busto, se preservará a memória de um homem que honrou o Maranhão.

PALMAS PARA O TCE

O presidente do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, Caldas Furtado, teve o seu trabalho à frente do órgão, publicamente louvado e exaltado pelos oradores, daqui e de outros estados, na solenidade de comemoração dos setenta anos do TCE.

Não foram elogios gratuitos ou produtos da retórica, mas verdadeiros e baseados em atos e iniciativas, que, na sua gestão, fizeram do Tribunal de Contas um órgão mais atuante, com outra filosofia de trabalho, modernizar-se, inovar-se e ser diferente do que era antigamente.

O TCE do Maranhão, sob o comando de Caldas Furtado, modernizou-se e inovou-se de tal modo, que hoje serve de modelo para outros estados da Federação, inclusive o Tribunal de Contas da União.

 

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