O SEXAGENÁRIO NO CENTENÁRIO

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A Semana Montelliana que este ano foi devidamente preparada pela Casa de Cultura Josué Montello, para as comemorações dos cem anos do autor de Tambores de São Luís, encerrou-se gloriosamente e cumpriu plenamente o seu objetivo: lembrar, evocar, reverenciar e homenagear o grande escritor maranhense, ele, que em prosa fez de São Luís o cenário de seus romances, cujas personagens, figuras reais ou imaginárias da cidade, pululavavam

A Semana Montelliana provou uma verdade insofismável: Josué Montello, pela obra literária que construiu, jamais será esquecido em São Luís. A expressiva quantidade de gente que marcou presença na Casa que leva o seu nome, atrás de seus livros e de sua história de vida e de intelectual, não deixa a menor dúvida de que ele continuará apreciado e admirado por todas as gerações de maranhenses.

Aproveitei a Semana Montelliana para reler os Diários de JM e para o meu deleite encontrei no Diário do Entardecer este texto maravilhoso, produzido no dia 21 de agosto de 1977, quando ele completava 60 anos de vida. Por se tratar de uma declaração de amor à vida, à sua terra, à família, à esposa Ivonne e aos amigos, faço questão de levá-la ao conhecimento de meus leitores.  Vale a pena ler e guardar.

Assim começou: Acordei mais cedo. Três horas da madrugada. Ontem, ao me deitar, já o velho relógio, à entrada do gabinete, havia batido 11 pancadas vagarosas – as mesmas do relógio da parede, na minha casa, em São Luís. O relógio se não é o mesmo, é pelo menos igual. Olho este e reencontro o outro, na memória. Um bateu no começo da minha vida; o que vejo agora, no meu apartamento da Avenida Atlântica, há de bater com Deus me chamar.”

“Entra-se neste mundo chorando; sai-se deste mundo em silêncio. Convém atentar para o contraste. No começo, como que adivinhamos a luta que nos espera; no fim, como que antevemos a paz do imenso mistério. Daqui a momentos, ou seja, quando o relógio bater pelas quatro e meia, estarei completando 60 anos.”

“Nos romances de José de Alencar e Joaquim Manoel de Macedo, os velhos têm 50 anos. No século XX, com os romances de José Lins do Rego e Jorge Amado, corrigiu-se o equívoco: velho é o ser fatigado, que perdeu o gosto da vida. Fiel aos meus cabelos bancos, não deixo de admirar os velhotes que se pintam, escondendo a idade, embora saibam que vão por um caminho errado. Só há um meio de atenuar a devastação do tempo: manter a curiosidade pela vida que se renova diante de nós. Quem tem os olhos para ver já sabe que Deus não se repete: uma aurora não é igual a outra aurora, embora se pareçam.”

“Cada um de nós é o que é, com o seu semblante, com o seu modo de ser, e assim vai o mundo, variando sempre, mudando sempre, porque tudo é criação perene, obedecendo à sequência harmoniosa do princípio, do meio e do fim, e trazendo em si a variedade infinita na repetição também infinita.”

“Busco na companheira dileta, que soube fazer de sua ternura a paz essencial para o meu trabalho, os vestígios da passagem do tempo, e dou com os meus olhos nos seus olhos. São os mesmos esses olhos. O próprio tempo os protegeu e preservou, na luz que nela fulgura. Nossos cílios raramente embranquecem. Bom sinal: protegem os olhos que nos mostram o caminho.”

“Seguro as mãos da amiga, retomamos a caminhada. E vou repetindo Sófocles, para concordar com ele: É preciso esperar pela noite para saber que o dia foi belo. Solidário, quando preciso, sem abdicar da minha independência.”

“Ponho de lado o sofrimento; não a luz tenaz para suportá-lo. É esta a luta que me revigora. Diz-me a consciência que sempre fiz o que Deus queria que eu fizesse. Na essência de cada um de meus gestos, de meus atos, de meus impulsos, sempre encontrei meu Pai, com o seu rigor obstinado, ou minha Mãe, com a sua ternura natural.”

“Se busco em mim, neste marco da viagem, a explicação da paz que vem comigo, não tardo a descobri-la: nunca tomei a iniciativa de agredir quem quer que fosse; não transmiti a meus descendentes a memória de um castigo. Em vez do ódio, indulgência e a compreensão. Em vez da lamúria, o silêncio ou o canto, mas sabendo defender-me, quando necessário.”

E assim terminou: “Dou outro passo em frente; sinto mais uma vez a firmeza do chão. Quando ainda há luz sobre as árvores do nosso caminho, na suavidade da tarde que lentamente vai baixando, sempre ouvimos, nas margens da estrada, o canto puro dos pássaros em liberdade, e que só cantam porque são livres.” Antes que a noite se feche, seguro na minha mão, a mão da companheira. Vamos, assim, os dois. Sobre nós, a grande noite estrelada.”

TRISTES DECISÕES

Na semana passada, a sociedade maranhense ficou perplexa diante de duas decisões judiciais, que, pelo conteúdo, abalaram o conceito dos magistrados que as prolataram  e contribuíram para desprestigiar e desacreditar do Poder Judiciário.

A primeira, veio de um juiz da Fazenda Pública de São Luís, por não tomar conhecimento do parecer do Ministério Público, que no seu relatório, apontou como ato de improbidade  o  praticado pelo ex-secretário de Esporte e Lazer, Weverton Rocha, mandando extinguir a ação impetrada contra o mesmo, dando-lhe assim o atestado de honestidade.

A segunda, oriunda de uma sentença de um desembargador, que determinou o desbloqueio judicial de todos os postos de combustíveis de um tal Pacovan, que se vangloria de ser useiro e vezeiro na arte da agiotagem.

FUFUCA EM ALTA

Da redemocratização do Brasil, em 1946, aos nossos dias, até antes do deputado André Fufuca, só três parlamentares federais do Maranhão, ocuparam cargos na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados: Neiva Moreira, Henrique de La Rocque Almeida e Cid Carvalho.

Neiva e La Rocque exerceram o cargo de 2º secretário, respectivamente, de 1959 a 1962.

Cid Carvalho chegou a ocupar o mesmo cargo de Fufuca: 2º vice-presidente, em 1965. Mas há uma gritante diferença entre Cid e Fufuquinha.  O primeiro chegou ao posto depois de vários mandatos e de muita luta política. O segundo, o exerceu logo no primeiro mandato.

DE PMDB PARA MDB

A moda na cena política brasileira é a mudança de nome dos partidos políticos.

O PMDB, por exemplo, quer voltar às origens e ser novamente conhecido por MDB, sigla adotada na vigência do regime militar, quando o partido notabilizou-se na luta pela redemocratização do país.

No Maranhão, dessa época gloriosa do MDB, integravam o partido oposicionista: Renato Archer, Cid Carvalho, José Burnett, Epitácio Cafeteira, Baima Serra, Isaac Dias, José Brandão e Adail Carneiro e outros menos votados.

PRESTÍGIO DE HAICKEL

O cineasta Joaquim Haickel mostra ser realmente amigo do novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

Por conta dessa amizade, o Maranhão ganhou um Núcleo de Produção Digital, equipamento imprescindível para que as produções audiovisuais possam se desenvolver em nossa terra com mais vigor.

Nesse sentido, o professor Roberto Brandão celebrou com o Ministério da Cultura convênio, por maio do qual o Núcleo de Produção Digital ficará no Maranhão sob a responsabilidade do IFMA.

PALMAS PARA VELOSO

O juiz federal Roberto Veloso não vacila agir quando os interesses da Associação dos Juízes Federais estão em pauta.

Na semana passada, a entidade que ele preside, com sabedoria e firmeza, precisou de sua palavra e de sua ação para manifestar o repúdio ao ministro do STF, Gilmar Mendes, pelas suas estocadas contra a Operação Lava-Jato, não negou fogo.

Veloso, à frente da Associação dos Juízes Federais, além de ser uma voz permanente e corajosa, não se intimida diante dos poderosos, que desejam embaraçar ou tumultuar as iniciativas de seus colegas.

CORAL E TEATRO

No entendimento de que a Uni Ceuma não deva ser apenas uma instituição voltada para a educação de nível superior, o seu criador, engenheiro Mauro Fecury, resolveu fazer, também, da cultura um dos focos do seu empreendimento.

Esse processo, iniciado com a criação de um coral, firmou-se com como iniciativa vitoriosa, a ponto de ser hoje requisitado para se apresentar além do âmbito universitário.

Agora, Mauro volta suas vistas para o teatro. Para fomentar essa atividade na sua instituição, contratou o Coteatro para apresentar no Campus Renascença a peça grega Édipo Rei, de Sófocles, sob a direção de Tácito Borralho, com participação de alunos e do Coral Ceuma.

A peça, apresentada na noite de quarta-feira, foi um sucesso total, sendo assistida por uma plateia constituída de mais de dois mil espectadores, entre alunos e professores.

 

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