Conheço João Alberto de Sousa desde 1954, quando troquei o Colégio dos Irmãos Maristas pelo Liceu Maranhense. Foi numa sala de aula, na quarta série do curso ginasial, que nos encontramos pela primeira vez e onde forjamos uma sólida amizade.
Dotado de arrebatado temperamento, João Alberto costumava dar trabalho aos professores e ao diretor do Liceu, o intelectual Rubem Almeida, que, sabiamente, conteve aqueles irrefreáveis impulsos com a seguinte fórmula: o transferiu da turma masculina para a feminina.
Em 1958, concluído o curso secundário, o nosso destino foi o Rio de Janeiro, para darmos continuidade aos estudos. Enquanto eu busquei o curso de Agronomia, que abandonei em seguida, João Alberto optou pela Faculdade de Economia e pela atividade bancária, engajando-se na luta sindical e tornando-se líder de uma categoria profissional de esquerda, que acumulava com a presidência do Centro de Estudantes Maranhenses.
Com o advento do regime militar, João Alberto pagou um preço alto pela vigorosa militância política: perdeu o emprego e sofreu perseguição dos novos donos do poder, mas teve a sorte de se aproximar do jovem deputado José Sarney, do qual recebeu convite para voltar ao Maranhão e ajudá-lo na tarefa de tirar o Estado do atraso.
Pela maneira impetuosa como trabalhava, Sarney o nomeou para um cargo espinhoso na Secretaria da Fazenda, que precisava ser moralizada e oxigenada.
Com a fama de homem duro e exigente, cumpriu outras tarefas melindrosas em cargos que requeriam determinação e seriedade. Por conta do bom desempenho, o governador o incluiu na chapa de candidatos à Assembleia Legislativa, pela Arena, nas eleições de 1970.
Exerceu o mandato de deputado estadual sem decepcionar, credenciando-se a concorrer a outros cargos eletivos, a exemplo de prefeito de Bacabal, deputado federal, senador da República, vice-governador e governador.
Na condição de vice, substituiu Cafeteira no cargo de governador, exercendo-o por onze meses (abril de 1990 a março de 1991), com eficiência e competência. Do Palácio, telefonou-me para dizer que me nomeara titular da Secretaria da Cultura, onde atuei com desenvoltura em função de seu integral apoio.
O João Alberto que conheci na juventude não mudou até hoje, por isso construiu uma vitoriosa trajetória política, marcada pela lealdade e firmeza de propósitos. Não por acaso recebeu o apelido de Carcará, conquistado não porque “pega, mata e come”, como a ave da composição musical do nosso saudoso João do Vale, mas pela destemida coragem no desempenho das atividades de homem público.
Vejo-o agora, na plenitude de seus oitenta e dois anos de vida e quase sessenta de exercício político, não como Carcará de outrora, mas ostentando no peito a estrela de Xerife, título a ele outorgado recentemente pelos seus pares, que, pela sétima vez, o reconduziram , sem restrições, à presidência do Conselho de Ética do Senado, proeza que nenhum senador conseguiu nesta atribulada República, tão carente de homens de sua têmpera política.
PADRE ALÍPIO DE FREITAS
Com este nome o conheci nos anos sessenta do século passado, lutando ao lado de Neiva Moreira pelas causas populares no Maranhão. Sacerdote, de origem portuguesa, veio para São Luis pelas mãos de Dom José Delgado, para ajudá-lo nas ações catequéticas.
Homem de esquerda atuou mais na política do que na religião, ganhando, por isso, a inimizade da cúpula da igreja e a ira dos poderosos do Maranhão. Os carrascos de 1964 o prenderam e o perseguiram até exilar-se.
Anos depois, deparei-me com ele em Lisboa, no lançamento do livro Saraminda, do escritor José Sarney, do qual era também amigo. Havia abandonado a batina e casado. Morreu em Lisboa, na semana passada, aos 88 anos.
O JORNALISTA MORENO
Não conheci pessoalmente o jornalista Jorge Bastos Moreno, mas era seu assíduo leitor. Na curta, mas gloriosa vida jornalística, ele desfrutou da amizade de renomados políticos brasileiros, a exemplo de Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e José Sarney.
Houve época em que Sarney deitava e rolava em sua coluna, mas, de repente, dela sumiu.
Enviei-lhe um email para saber o que acontecera entre eles. A resposta foi lacônica: – Porque Sarney deixou de ser notícia.
PREFEITO KABÃO
Meses atrás, encontrei o ex-prefeito de Cantanhede, José Martinho, conhecido por Kabão. Perguntei a ele se havia passado o cargo ao sucessor sem problemas financeiros e tudo em ordem.
Disse-me categoricamente que sim. Espantado fiquei ao ler nos jornais que o Ministério Público através de Ação Civil Pública, pediu a decretação da indisponibilidade dos bens do ex-prefeito de Cantanhede por ato de improbidade administrativa.
Motivo: recebeu recursos da Funasa, mas não realizou a obra de aterro sanitário do município.
REFORMA DO GINÁSIO
Ao que se informa o Ginásio de Esportes Costa Rodrigues sofrerá, neste governo, mais uma reforma.
A mais escandalosa das reformas teve como agente principal um jovem esperto e loquaz, que ludibriou até o experiente prefeito Jackson Lago, permitindo que o nosso Ginásio Esportivo fosse literalmente implodido.
O mais grave: não fez licitação e deu a obra a uma suspeita construtora, que se apoderou dos recursos e os desviou ilicitamente, com o seu beneplácito. Por isso, é investigado no Supremo Tribunal Federal por improbidade administrativa.
O PREFEITO DE LÁ E DE CÁ.
O prefeito de lá é Marcelo Crivella, pastor evangélico, que, vem realizando no Rio de Janeiro reuniões com presidentes de escolas de samba, para mudar os desfiles carnavalescos de 2018.
O prefeito de cá- Edivaldo Holanda é também evangélico, mas não gosta de carnaval e nunca participou de reunião com carnavalescos, para melhorar o carnaval desta cidade, que sofre um processo de eutanásia.
Se Edivaldo não gosta de carnaval, devia ter procurado outra cidade para ser prefeito.
PERFORMACE DE GASTÃO
Quem não acredita na liderança política de Gastão Vieira e no seu potencial eleitoral, que procure ver e analisar o resultado da mais recente e confiável pesquisa com respeito às eleições de 2018, para o Senado da República.
Sem fazer campanha política e filiado a um partido inexpressivo, ficou em terceiro lugar no ranking dos candidatos ao Senado. Na sua frente, apenas Sarney Filho e José Reinaldo Tavares.
Um conselho ao amigo Gastão: sai desse PROS o quanto antes.
MINHA GERAÇÃO
Mais do que atual e verdadeira esta frase do jornalista Joel Silveira: – A morte está ceifando a minha geração. Vou mudar o penteado para que ela não me reconheça.