CARNAVALESCO DESDE CRIANÇA

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Gosto e brinco carnaval desde a infância. Devo isso ao meu pai, Abdalla, um homem fascinado pela folia, que gostava de se divertir nas ruas de Itapecuru, sozinho ou em companhia dos filhos, todos pequenos.

Foi assim que eu e meus irmãos nos tornamos foliões e continuamos até hoje adeptos de Momo. Eu, por exemplo, guardo na memória as músicas dos carnavais passados, gravadas pelos consagrados cantores, que chegavam ao ouvido povo através das emissoras de rádio.

Não esqueço, também, das festas carnavalescas, realizadas na minha cidade e em São Luis, nas ruas, nos clubes elitizados e nos bailes populares, onde imperavam a alegria, a espontaneidade e a descontração.

No carnaval de rua, destaque para blocos, batucadas e turmas de samba, que desfilavam pela cidade sem a preocupação de cumprir roteiros  preparados por órgãos oficiais, bem como dos dispersos e alegres fofões, dos divertidos  mascarados, sem esquecer os ursos, corsos e o inigualável entrudo.

Nos clubes da alta sociedade, pontificavam as maravilhosas festas dançantes, nas quais associados e convidados compareciam fantasiados de pierrôs, colombinas e dominós. A animação corria por conta das afinadas orquestras, que, também, participavam dos tradicionais “assaltos carnavalescos”, em residências particulares, que se viam invadidas por foliões.

Nos clubes populares, marca singular do carnaval de São Luis, as mulheres só entravam mascaradas, assim elas atraiam os foliões para noitadas ousadas, mas arriscadas, em que adúlteras, solteironas, balzaqueanas, prostitutas, virgens e até homossexuais se misturavam indiscriminadamente.

Para  quem não conheceu o carnaval que se brincava em São Luis, nos anos 1950 e 1960, vale a pena descrever o cenário no qual a folia se realizava.

CLUBES SOCIAIS: Casino Maranhense, Grêmio Lítero Recreativo Português, Clube Jaguarema e Montese. O Teatro Artur Azevedo, algumas vezes, serviu de palco para os Bailes de Gala, uma espécie de avant premiére das festas promovidas anos depois por PH. O objetivo delas era angariar  renda em benefício de obras sociais.

CLUBES POPULARES: Bigorrilho, Globo da Folia, Night and Day, Gruta de Satã, Cantareira, Inferno Verde, Berimbau, Rasga Sunga, Cabana do Pai Tomás, Saravá, Lunáticos, Havaí. Só os homens pagavam para entrar.

PROMOTORES DE BAILES DE MÁSCARAS: Moisés Silva, Permínio Costa, José de Ribamar Dutra, Valmir, Pedro Veiga, Mundiquinho e Reinaldo Pinto.

ORQUESTRAS: Jazz Vianense, Jazz Alcino Bílio, Jazz Maranhense, Nonato e seu Conjunto.

FOLIÕES QUE MARCARAM ÉPOCA: Aldemir Silva, Inácio Braga, Bichat Caldas, Jesus e Elir Gomes, Chafi Saback, Biné Duailibe, Antônio Maria Carvalho, Antônio Carlos Saldanha e Cleon Furtado.

CARNVALESCOS DE RENOME: Carlos Lima, Vera Cruz Marques, João Mouchereck, Ruy Habibe,  Kleber Carneiro Pinto, Orlando Simões, Hermenegildo Tibúrcio da Silva( Tabaco)

REIS MOMO: Eurípedes Bezerra e Haroldo Rego.

BLOCOS CARNAVALESCOS: Vira-Lata,  Pif-Paf, Os Coringas, Os Legionários, Fuzileiros da Fuzarca, É Só Pra Olhar( de mulheres), Sentenciados, Baluartes do Samba, Os Califas, Pirata do Samba

BRINCADEIRAS DE RUA: Entrudo (jogar água, pó, farinha, tinta nas pessoas), Corso, Casinha da Roça, Fofões, Baralho, e Turmas de Sambas. A Mangueira, no João Paulo, Turma do Quinto, na Madre de Deus, e Turma da Flor do Samba, no Desterro. Os corsos trafegavam pelas Ruas Rio Branco, Paz e Sol e nas Praças Deodoro e Gonçalves Dias.

MÚSICAS TOCADAS E CANTADAS: Aurora, Jardineira, O teu cabelo não nega, Mamãe eu quero, Não me diga adeus, Nós, os carecas, A coroa do rei, Abre Alas, Touradas em Madri, Zé Marmita, Helena, Helena, Allah-la-ô, Chiquita Bacana, General da Banda, Tomara que chova, Confete, Sacarrolha, Sassaricando, Ressaca, Se eu morresse amanhã, Engole ele paletó, Pra seu governo, Nega maluca, Zum zum, Daqui não saio, Lata d’água na cabeça, Piada de salão, Se eu errei, Tem nego bebo aí, Madureira chorou, Balzaqueana, Meu brotinho, A fonte secou, Maria escandalosa, Retrato do velho, Está chegando a hora, Cachaça não é água, Cidade maravilhosa, Turma do funil, Vassourinha, Bandeira branca,  As pastorinhas, Me dá um dinheiro aí, Máscara negra, Quem sabe, sabe, índio quer apito, Se a canoa não virar,  e outras.

PORTARIAS POLICIAIS – Nas proximidades do carnaval, os Chefes de Polícia emitiam rigorosas Portarias, por meio das quais os foliões tomavam ciência das regras e das normas para que o carnaval se realizasse com segurança, ordem e tranqüilidade. Dentre as medidas rigorosas estabelecidas pela Chefatura de Polícias ganhavam relevo o “fechamento das pensões das meretrizes; policiamento nos bailes públicos, para evitar falta de compostura e excessos de libações; depois das 18 horas, proibição do uso de máscaras e de menores de ambos os sexos nos bailes, inclusive nas vesperais; proibição da venda de lança-perfumes nos bailes; pessoas presas só serão postas em liberdade depois das nove horas da manhã de quarta-feira de Cinzas.

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UMA LEI CHAMADA SARNEY

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O ministro Roberto Freire anuncia mudanças na Lei Federal de Incentivo à Cultura, providência que setores a ela vinculados reclamam.

Nada mais oportuno do que rever essa lei, chamada indevidamente de Rouanet, cujo mérito pela sua introdução no Brasil deveu-se ao maranhense José Sarney, que a apresentou, pela primeira vez, em 1972, no Senado da República.

Como o país estava sob a égide do regime ditatorial, o projeto de Sarney foi arquivado, sob o argumento de que, se aprovado, poderia conturbar o ambiente cultural.

Mas o veto militar não impediu Sarney de reapresentá-la, pela importância junto aos setores culturais e por oferecer ao povo brasileiro um instrumento de acesso à cultura e desconhecido no país.

Em quatro outras oportunidades, o projeto voltou ao Senado, sem ser apreciado pelo plenário, por ordem do Palácio do Planalto.

Pela lei de Sarney, estabelecia-se uma relação entre o poder público e o setor privado, onde o primeiro abdicava de parte dos impostos devidos pelo segundo – a chamada renúncia fiscal. Como contrapartida, o setor privado investiria os recursos da renúncia fiscal em produtos culturais- cinema, teatro, literatura, artes plásticas, dança e patrimônio.

Com a redemocratização do país e por obra do destino, Sarney, na condição de vice, com a morte de Tancredo Neves, assume a presidência da República e, como tal, cria o Ministério da Cultura.

Paralelamente, transforma em realidade a Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, que se torna a primeira legislação federal de incentivo fiscal à cultura, recebida com euforia e otimismo pelos artistas e produtores culturais, que viam nela a alavanca para a cultura expandir-se e movimentar o país.

A Lei Sarney vigora até março de 1990, quando, por vingança, foi estupidamente revogada pelo presidente Fernando Collor de Melo, que acreditava que o mercado substituiria o governo no fomento à cultura.

A revogação levou à mobilização de produtores, agentes culturais e artistas, que exigiam a volta ou a criação de nova lei de incentivo, o que acontece em 1991, com a aprovação da Lei nº 8.313, elaborada pelo então Secretário de Cultura, Sérgio Rouanet, visando à retomada do processo de produção cultural no país, que até hoje perdura.

No momento em que a lei passa por uma revisão, nada melhor do que ser restituído a ela o nome de Sarney, que teve, como intelectual, a sensibilidade de criá-la, como senador, a iniciativa de apresentá-la, e, como chefe de Governo, transformá-la num instrumento em benefício das letras e das artes nacionais.

Com essa providência, far-se-á justiça a um político que se preocupou com a democratização da cultura, dando a Rouanet o que é de Rouanet e a Sarney o que é de Sarney.

REGIÃO METROPOLITANA

Há anos se fala no projeto da Região Metropolitana de São Luis, como solução para os problemas que afetam os municípios que gravitam em torno da capital maranhense.

Neste governo, o projeto entra em pauta, mas, no meu modo de ver, pecando pelo excesso de participantes.

Sempre soube que a Região Metropolitana de São Luis, além da capital, contaria apenas com São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Agora será acrescida de mais nove cidades, vale dizer, 13 municípios deverão fazer parte do projeto.

O ex-deputado José Burnett dizia que quando  governo quando não quer fazer o que promete, cria um grupo de trabalho com muita gente.

OPOSIÇÕES DESUNIDAS

O deputado Rogério Cafeteira, líder do Governo na Assembleia Legislativa, disse que “As oposições no Maranhão são tão desunidas que não conseguem se juntar num bloco”.

Sem querer o parlamentar governista trouxe a lume uma das figuras mais emblemáticas da política nacional, dos meados do século XX, o ex-deputado e ex-governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda.

Era dele a declaração que lembra a de Rogério Cafeteira: – No Brasil, as oposições só se unem na cadeia.

NA ASSEMBLEIA, ADRIANO

Não sou de assistir sessões da Assembleia Legislativa, mas costumo perguntar a jornalistas e blogueiros confiáveis, que fazem a cobertura dos trabalhos parlamentares, a respeito do deputado mais preparado, que apresenta propostas mais interessantes e que profere os melhores discursos no plenário.

Há quase uma unanimidade em apontar o deputado Adriano Sarney como o melhor desta legislatura.

Em tempo: o ministro Sarney Filho, contou-me que, recentemente, no interior do Estado, numa reunião política, em que ele e Adriano marcaram presenças, um prefeito, empolgado com a desenvoltura de Adriano, disse ao ministro: – O seu filho é o meu candidato a governador.

NO CONGRESSO, HILDO ROCHA

Com o propósito de saber quem é o destaque da bancada maranhense, na Câmara Federal, pelo que a mídia diz e comenta, sou induzido a acreditar em Hildo Rocha.

O parlamentar do PMDB vem surpreendendo os que acompanham a política maranhense, pela desenvoltura no plenário e nas comissões técnicas, bem como na apresentação de propostas e pronunciamentos oportunos e pertinentes.

O desempenho de Hildo Rocha tem sido tão significativo, que não parece um parlamentar de primeiro mandato. Movimenta-se com facilidade nos meandros do Congresso Nacional, sem deixar visitar os municípios nos quais foi votado e dando satisfação de seu trabalho em Brasília.

LOURIVAL E O TRE

SE perguntarem a qualquer servidor, graduado ou não, do Tribunal Regional Eleitoral, quem foi o melhor presidente, nos últimos anos, daquela Corte, a resposta vem sem hesitação: desembargador Lourival Serejo.

Com o seu modo de administrar sem alarde, mas com competência e eficiência, o magistrado vianense encerra sua gestão no TRE sob os aplausos indiscriminados dos que ali trabalham.

Foram dois anos de dedicação integral ao egrégio Tribunal e sem reclamação de juízes, servidores, advogados e políticos.

Para marcar sua passagem gloriosa no TRE, Serejo ainda organizou e legou um Memorial, no qual a trajetória da Justiça Eleitoral do Maranhão é mostrada em sua plenitude.

POLÍTICOS E SOLIDARIEDADE

Não é muito comum entre os políticos, principalmente adversários, a prestação de solidariedade.

Por isso o gesto de solidariedade do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a Lula, por ocasião da enfermidade da esposa, Marisa, foi aplaudido pela sociedade brasileira.

Antes de FHC, outro ex-presidente, José Sarney, praticou gesto de solidariedade semelhante, desta feita, ao então deputado Flávio Dino, seu adversário político, que estava com o filho, Marcelo, internado num hospital em Brasília, entre a vida e a morte.

Esta semana, em São Luis, assistimos mais uma manifestação de solidariedade entre políticos que até recentemente se relacionavam amistosamente: Flávio Dino e Roberto Rocha.

Ao completar cinco anos do falecimento do filho do governador, o senador endereçou-lhe mensagem de solidariedade pela perda de ente tão querido.

CHORO E LIÇÃO

Eu compareci esta semana à solenidade de instalação dos trabalhos da nova Câmara Municipal, da minha cidade natal, Itapecuru.

Ao longo da sessão legislativa, dois fatos marcantes e não previstos vieram a lume.

Primeiro, o dramático discurso do prefeito Miguel Lauande, mostrando de maneira clara a deplorável situação administrativa e financeira da prefeitura, deixada pelo antecessor e o que ele vem fazendo tenazmente para revertê-la. Em determinado momento, a emoção tomou conta do gestor e um choro compulsivo o impediu de continuar a falar.

Segundo, o contundente pronunciamento da promotora Flávia Valéria Nava Silva, que, corajosa e competentemente, deu uma aula aos vereadores, mostrando-lhes como devem exercer o mandato popular e cumprir as prerrogativas de fiscais dos atos praticados pelos prefeitos, realizados ao arrepio da lei e da Constituição, mas aprovados pelas Câmaras Municipais.

LEMBRANDO BAIMA SERRA

Dono de invejável senso criativo, o parlamentar de Codó construía frases que ficaram no imaginário político maranhense, como essa: – Em sociedade tudo se sabe; em política, tudo pode acontecer.

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LIBELO CONTRA EX-PREFEITO

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Poucos os prefeitos eleitos em outubro de 2016 e empossados em janeiro de 2017, que não se queixam de haver recebido dos antecessores uma carga pesada de dívidas e de descalabros administrativos.

Da herança maldita deixada nas prefeituras, inobstante as advertências e as penalidades anunciadas pelos órgãos fiscalizadores das contas públicas, os ex-prefeitos, entre tantas mazelas, desponta o não recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, fato que resultou em bloqueio dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios.

Na minha cidade, o ex-prefeito – considerado o mais irresponsável que Itapecuru já teve em todos os tempos – deixou os cofres da prefeitura literalmente vazios, desviou dolosamente os recursos destinados ao município, não pagou o funcionalismo e os fornecedores e ainda entregou a urbe em estado de deplorável sujeira.

As irregularidades e as ilegalidades praticadas pelo ex-gestor, que se diz evangélico,  foram tão gritantes e estapafúrdias, que obrigaram o atual prefeito, Miguel Lauande,  a fazer uma “Carta Aberta à População de Itapecuru”, na qual expõe de forma clara e direta a situação que recebeu do antecessor, toda ela permeada de distorções, descalabros e desonestidades.

Vejam o que Miguel Lauand herdou: 1) débito de vinte milhões de reais com o INSS, pelo recolhimento de informações erradas quanto ao número de servidores municipais; 2) inadimplência que o impede de tirar certidão negativa de débito junto à Receita Federal, INSS ou FGTS; 3)  firmar convênios ou parcerias com organismos públicos e privados;  4) dívidas com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica , em torno de cinco milhões de reais, referentes a empréstimos consignados  de pagamentos dos servidores, descontados e não repassados; 5) débitos volumosos com a Cemar e Caema; 6) precatórios não cumpridos; 7) centenas  de processos que tramitam na Justiça Comum e na Justiça do Trabalho.

Além dessas irresponsabilidades, a situação de terra arrasada nas áreas da Educação e da Saúde  com o transporte escolar  sucateado, as escolas da zona urbana e rural destruídas, postos de saúde  sem remédio e material necessário para atender à população.

Com base nesse dantesco quadro, o prefeito pede a compreensão do povo itapcuruense  pelo fato  de a prefeitura, este ano, não bancar o tradicional e alegre carnaval, considerado um dos melhores do interior maranhense, que “além de proporcionar diversão, dinamiza a economia e aquece o comércio da cidade”.

O gesto do prefeito de Itapecuru, pela coragem de denunciar o antecessor e de mostrar a triste realidade do município, só merece elogios e deveria ser imitado por tantos outros que estão na mesma situação. Quem sabe, assim, as coisas mudassem e os gestores municipais criassem mais juízo e deixassem de ser corruptos e irresponsáveis.

O FENÔMENO FUFUCA

O jovem André Fufuca, quando exerceu o mandato de deputado estadual, na legislatura 2010-2014, não teve atuação destacada e sua figura parlamentar foi simplesmente apagada.

Ao se eleger deputado federal, Fufuquinha,  de repente,vira fenômeno político no Congresso Nacional.

No primeiro mandato, não se sabe como, caiu nas graças do então poderoso presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, que fez dele figura proeminente da sua turma de choque.

Na legislatura atual, além de não ficar marcado por ser do time de Eduardo Cunha, vem de se eleger segundo vice-presidente da Câmara Federal, na chapa encabeçada pelo deputado Rodrigo Maia.

Será que Freud explica.

GERENTES DE BANCOS

Eu sou do tempo em que os gerentes de Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia, no Maranhão, em matéria de prestigio, só perdiam para o governador do Estado.

Pelo poder a eles atribuídos de resolver problemas financeiros, fossem da área pública ou privada, eram considerados salvadores da pátria e, portanto, merecedores de homenagens da sociedade.

Com o passar dos anos, os gerentes de bancos oficiais perderam o prestígio e a força, por isso, deixaram de ser cortejados pelos políticos e empresários. Hoje, ninguém sabe o nome deles e nem quando chegam ou saem de São Luis.

Sustentado em Machado de Assis, arrisco a pergunta: mudaram os bancos ou a sociedade?

ACORDO DE CLEMÊNCIA

Com a operação Lava-Jato, o Acordo de Leniência ganhou uma repercussão jamais vista no Brasil.

No Maranhão, acaba de ser inventado o Acordo de Clemência.

Através desse recurso, empresários, fornecedores e prestadores de serviços encaminham expediente aos órgãos governamentais, para os quais pedem as quitações de faturas em prazos imediatos, pois só assim poderão cumprir compromissos trabalhistas e previdenciários em tempo hábil.

UMA AÇÃO COMBINADA

As relações, até então amistosas, do deputado José Reinaldo Tavares com o governador Flávio Dino, azedaram-se com o voto do parlamentar a favor do impeachement da presidente Dilma Roussef.

Esse azedume tinha tudo para incrementar com a decisão do governador Dino de extinguir a Secretaria de Minas e Energia, comandada por uma pessoa do bem querer de Zé Reinaldo.

Tal fato, porém, não aconteceu, porque, antes da publicação do ato no Diário Oficial, o próprio chefe do Executivo comunicou a Zé Reinaldo que o pessoal da Secretaria de Minas e Energia será absorvido integralmente pela Secretaria de Indústria e Comércio e sem perda de salário.

PREFEITOS DO MARANHÃO

Não há na Federação brasileira, prefeitos iguais aos do Maranhão, na arte de desrespeitar o ordenamento jurídico e administrativo do País.

O Tribunal de Contas do Estado do Maranhão acaba de tornar público  que das 217 prefeituras maranhenses, só 89  cumprem as regras da transparência fiscal. As restantes, ou seja, as 128 estão em completo descompasso com a lei.

Da mesma maneira procedem no tocante à legislação trabalhista, à previdência social e à probidade administrativa.

Parafraseando o saudoso Jânio Quadros, dir-se-ia que os prefeitos  continuam irrecuperáveis para a democracia.

MINISTRO MARANHENSE

O último ministro maranhense a fazer parte do Supremo Tribunal Federal foi Carlos Madeira, nomeado na gestão do presidente da República, José Sarney.

A oportunidade de vermos outro maranhense no STF quase aconteceu agora, face à presença do nome do ministro do STJ, Reinaldo Fonseca, na lista da Associação dos Juízes do Brasil, cujo presidente é o magistrado federal, Roberto Veloso.

Há quem diga em Brasília que Reinaldo Fonseca só não chegou ao Supremo Tribunal Federal pela forte amizade do presidente Michel Temer com o escolhido, Alexandre Moraes.

RASPAR CABELO

O ato de raspar compulsoriamente o cabelo e a barba de presos não é uma prática dos tempos atuais.

No auge das lutas pela liberdade e igualdade civil entre negros e brancos,  quando os escravos fugiam em massa para os quilombos, aos fujões restavam as impiedosas surras e as cabeças peladas.

A novidade no Brasil de hoje é ver gente como Eike Batista e Sérgio Cabral presos e de cabeças raspadas.

LEMBRANDO ERASMO DIAS

É do renomado jornalista esta frase ao saber que o engenheiro Haroldo Tavares seria o sucessor de José Sarney no Governo do Estado: – Boa escolha, pois ele tem classe até para beber um copo de cerveja.

 

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O JOVEM PREFEITO DE CODÓ

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A grande invasão árabe no Maranhão deu-se nos primeiros anos do século XX, em decorrência dos confrontos bélicos no Oriente Médio.

Incorporados àquelas correntes migratórias, vieram os meus avós Rafiza  Gattas e João Mutran Buzar, desembarcados no porto de Salvador em  abril de 1913.

Da capital baiana, iniciaram uma longa e penosa jornada de viagem cujo objetivo era alcançar a vila de Itapecuru Mirim, onde já se encontrava o primo Chafi Buzar, pai do compositor Nonato, que aconselhou o casal a fugir de Monte Líbano e tentar nova vida no Brasil, país que recebia os migrantes árabes com alegria e fraternidade.

Depois de percorrerem o interior do Brasil, por meio de caminhadas, em lombos de  animais ou em pequenas embarcações, finalmente, aportaram em Itapecuru, às margens do rio de mesmo nome e pelo qual transitava grande parte da produção agrícola do Maranhão.

Bem recebidos no lugar que escolheram para viver, não perderam tempo: com pouco dinheiro e muito esforço trabalharam incansavelmente para manterem a família, que aumentara com a chegada dos filhos que deixaram em Monte Líbano, Nagib e Ana, os quais se juntaram aos nascidos em terras brasileiras: Abdala (meu pai) e João José.

De mascates, os Buzar, pela indômita vontade de vencerem na vida, transformaram-se em comerciantes e figuras influentes em Itapecuru,  cidade que Ana e Nagib Buzar trocaram  por Codó, onde se deram bem, construíram família e patrimônio.

Os filhos que ficaram em Itapecuru, Abdala e João José, ajudaram os pais na tarefa comercial, na qual o meu pai se destacou como empresário e depois como homem público, exercendo os cargos de suplente de juiz, delegado de polícia, vereador, prefeito nomeado e eleito.

Dos filhos de Nagib, apenas um exerceu o mandato popular: Nagibinho,  vereador à Câmara Municipal de Codó, nos anos 1970. Dos filhos de Abdala, só este escriba ingressou na política, sendo eleito deputado estadual nas eleições de 1962, mas teve o mandato cassado em abril de 1964, pela Assembleia Legislativa, por imposição o regime militar.

Fiz esse intróito para dizer que depois de alguns anos sem que um membro da família Buzar participasse da cena política maranhense, um bisneto de Rafiza e João Buzar, neto de Maria de Lourdes e Nagib Buzar, filho de Maria de Fátima Buzar e Francisco Oliveira, ingressa na atividade pública e elege-se prefeito de Codó.

Chama-se Francisco Nagib, um jovem que tinha tudo para suceder ao pai, no ramo industrial, mas atendendo ao chamamento do povo codoense, assumiu o comando da prefeitura de um dos municípios mais prósperos do Maranhão.

Eu, na condição de primo de Francisco Nagib, sem conhecê-lo pessoalmente, torço para que realize boa administração na sua cidade e siga o exemplo do tio Abdala, que, como homem público, sempre foi bem quisto pelo povo de Itapecuru e nunca traiu a confiança dos que nele votaram.

ANA DO GÁS

No começo desta década, com grande estardalhaço o mega empresário Eike Batista anunciou a descoberta na região central do Maranhão de grandes reservas de gás natural, equivalente à meia Bolívia.

No pressuposto de que aquelas reservas transformariam o Maranhão num dos maiores produtores de gás natural do mundo, as empresas X intensificaram os investimentos no Vale do Mearim, fazendo, de um lado, melhorar as condições de vida dos habitantes daquela região, de outro, valorizar as ações das empresas de Eike no mercado.

Por conta dos investimentos realizados pelas empresas X, nos municípios de Santo Antônio Lopes, Capinzal do Norte e outros, nos cofres dessas prefeituras abundaram royalties.

Com esse vendaval de dinheiro circulando na região, a mulher do prefeito de Santo Antônio dos Lopes ganhou o nome de Ana do Gás e o mandato de deputado estadual nas eleições de 2014.

PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Não passou de boato a notícia de que São Luis perderia o título de Cidade Patrimônio da Humanidade, outorgada pela Unesco,depois de muita luta.

Comprovada a falsidade da notícia, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior ganhou alma nova, pois, se verdadeira, o deixaria numa situação política e pessoal deveras constrangedora e com possibilidade até de uma renúncia do cargo que ocupa.

Mesmo sendo boato, seria de bom alvitre que o prefeito Holandinha despertasse, enquanto é tempo, para a situação de abandono do centro histórico de São Luis, cuja responsabilidade de mantê-lo e de preservá-lo é exclusivamente da prefeitura.

SENADORES E SENADORES

Quando leio nos jornais ou vejo nos blogs que os deputados Waldir Maranhão e Werton Rocha, como projetos de vida, pretendem ser os futuros senadores do Maranhão, penso naqueles homens que em épocas passadas nos representaram na mais alta Casa do Congresso Nacional.

Como não estarão em seus túmulos, figuras como Gomes de Castro, Benedito Leite, Urbano Santos, Alexandre Colares Moreira Junior, Fernando Mendes de Almeida, Manoel Bernardino Costa Rodrigues, Francisco da Cunha Machado, Antônio Brício de Araújo, Clodomir Cardoso, Genésio Rego, José Neiva de Sousa, Vitorino Freire, Archer da Silva, Eugênio Barros, Clodomir Millet, Alexandre Costa e Henrique de La Rocque Almeida, que deixaram os seus nomes perpetuados na vida pública brasileira como políticos que honraram os mandatos outorgados pelo povo maranhense.

CRISES NAS UNIVERSIDADES

A crise que ora vive o país chegou às universidades.

No Rio de Janeiro, na área privada, o prédio da Universidade Cândido Mendes, em Ipanema, vai a leilão.

Na área pública, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro está para fechar as portas.

No Maranhão, a situação não é nada diferente. A Universidade Estadual do Maranhão não fechará, mas, este ano, terá problemas para se sustentar, por conta da criação da Universidade do Sul do Maranhão, que não tem orçamento e dependerá da Uema para funcionar.

No setor privado, uma faculdade de médio porte, segundo se comenta, está em situação complicada e sem oxigênio para dar alguma sobrevida.

DIREÇÃO DO ARQUIVO

A competente técnica Helena Espíndola está com os dias contados na direção do Arquivo Público do Maranhão.

Pelos bons anos de serviços prestados ao Maranhão, terá direito à aposentadoria. A saída de Helena está preocupando os pesquisadores e os que se servem das fontes históricas que se encontram no Arquivo Público, que ela ajudou a construir e organizar.

Sem ela ou outra pessoa de seu nível técnico, o órgão poderá perder a sua destinação de guardar e conservar toda uma documentação institucional e histórica de nosso Estado.

BASE DE ALCÂNTARA

O Brasil e os Estados Unidos voltam a realizar estudos conjuntos, com vistas ao lançamento de foguetes da Base Espacial de Alcântara.

Caso tais estudos cheguem a bom termo, está previsto um vôo inaugural para deixar o mundo aliviado.

A participação nele do presidente dos Estados Unidos, Ronald Trump e de  alguns políticos brasileiros.

BOM COMPORTAMENTO

Nota dez para os presidiários maranhenses confinados na Penitenciária de Pedrinhas.

Os detentos daqui não se empolgaram, não aplaudiram e nem prestaram solidariedade aos rebelados das penitenciárias de Manaus e de Natal.

Por causa desse bom comportamento, o Governo do Estado pensa em realizar uma solenidade especial de reconhecimento pelo novo momento em que a vive a Penitenciária de Pedrinhas.

ODEBRECHT EM BAIXA

A Odebrecht, realmente, não vive um momento bom no Brasil.

Até no Maranhão, a poderosa empresa está passando por maus bocados e sofrendo constrangimentos.

O nosso Procon, de modo audacioso, emparedou a Odebrecht, obrigando-a a fornecer água de boa qualidade aos moradores da Raposa.

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