A DESCENTRALIZAÇÃO DO CARNAVAL DE SÃO LUIS
Até antes de Epitácio Cafeteira assumir o cargo de prefeito de São Luis – final de 1965 – a interferência do Poder Público nas festas carnavalescas era desprezível.
Cabia à Polícia o disciplinamento das festas carnavalescas, que por meio de portaria, emitia e divulgava as normas relacionadas ao uso de fantasias, funcionamento de bailes e consumo de bebidas alcoólicas.
Por ato do novo prefeito, a população toma conhecimento de que a partir de 1966, os chamado bailes de máscaras – as atrações do carnaval maranhense – não seriam mais realizados na cidade, sob a justificativa de que alimentavam a prostituição e afrontavam a moral pública.
A população, excetuando-se setores ligados à igreja católica, reage ao inesperado decreto e exige do Governo do Estado posicionamento contra a intromissão da administração municipal em assunto que não lhe dizia respeito.
Através de duas frentes o Governo estadual age. Politicamente, pela palavra do vice-governador Antônio Dino e do deputado Clodomir Millet, que, através dos meios de comunicação, repudiam o ato de Cafeteira, taxado de demagógico. Juridicamente, com o ingresso de mandado de segurança, no qual o Chefe de Polícia denúncia o prefeito de agir de maneira insólita e irresponsável e o acusa de imiscuir-se num caso fora da alçada municipal.
Cafeteira, por sua vez, defende-se e avoca para si o direito de assim proceder. Propositadamente a Justiça deixa o período carnavalesco extinguir-se e não define a questão. Resultado: os bailes de máscaras não acontecem, os foliões frustram-se e os promotores das festas tomam prejuízos incalculáveis, fatores que contribuem para o definhamento do carnaval de São Luis.
Essa situação de marasmo se altera com a eleição de Roseana a governadora. Carnavalesca assumida, no seu primeiro mandato, bota os blocos na rua, convoca os anestesiados foliões, arregimenta as brincadeiras de Momo, ornamenta a cidade, prepara as ruas e organiza uma programação bem elaborada.
O plano de Roseana deu certo, pois o povo retorna às ruas e se reencontra com as brincadeiras que animavam a cidade. Essa virada de página repercute no espírito do folião e permanece até ela deixar o governo.
Esse quadro de apatia se modifica recentemente, não por iniciativa do governo municipal ou estadual, mas por setores sociais que moram nos bairros, que se juntam espontaneamente e movidos pela vontade de se divertir, promovem festas por conta própria e a céu aberto. Essa mudança do carnaval de São Luis, marcada pela descentralização e revitalização, decorre da troca, pelo folião, do cenário urbano pelo suburbano. Trata-se de um carnaval brincado em ambiente aberto e com a participação integral da comunidade. Por isso, não pode incomodar o Ministério Público, ao contrário, deve ser visto com bons olhos, estimulado e sem regras e normas para tolhê-lo.
KÁTIA GLOBAL
Na semana passada, a presidente do órgão responsável por preservar o patrimônio do país, Kátia Bogéa, mereceu a primeira página do Segundo Caderno do jornal O Globo.
Ela, pelos oitenta anos de criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, foi homenageada e com direito a foto de corpo inteiro.
Na entrevista, Kátia falou, com a sua costumeira coragem e competência, sobre o trabalho do Iphan ao longo de oito décadas, instituição responsável pela saída de obras de arte do país, do licenciamento ambiental de obras e cuida de 450 mil imóveis em 87 sítios urbanos.
Pela primeira vez, ela comentou publicamente sobre a polêmica que culminou com a saída de dois ministros no Governo Temer.
ANA GRAZIELA
Poucos os profissionais tiveram uma ascendência tão rápida e fulgurante na vida pública como Ana Graziela.
Formada, optou pela atividade advocatícia, onde se projetou e recebeu convite da governadora Roseana Sarney para assumir o cargo de chefe da Casa Civil, onde mostrou capacidade e desembaraço, a despeito de marinheira de primeira viagem.
Pela destacada atuação no espinhoso cargo foi convocada pelo senador José Sarney para presidir a Fundação da Memória Republicana Brasileira, onde realizou bom trabalho, interrompido com a chegada ao poder do governador Flávio Dino.
Integrando um grupo selecionado que assessora a ex-governadora Roseana Sarney, por esta foi indicada para a Superintendência da Empresa Brasileira de Comunicação e nomeada pelo presidente Temer.
NEIVA MOREIRA E JOSUÉ MONTELLO
Este ano, duas das maiores expressões da intelectualidade maranhense, Neiva Moreira e Josué Montello, completariam cem anos de vida.
O primeiro foi destaque no jornalismo; o segundo, na ficção, como romancista.
Um e outro se projetaram no Rio de Janeiro. Josué Montello, na Cidade Maravilhosa, foi crítico de teatro do jornal Vanguarda, emprego conseguido por Neiva Moreira, à época, diretor do periódico carioca.
SETENTA ANOS DO TRIBUNAL DE CONTAS
No ano passado, o conselheiro Washington Oliveira movimentou-se para comemorar em 2017 os setenta anos de criação do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão.
O órgão, instalado a 2 de janeiro de 1947, pelo interventor Saturnino Bello, que nomeou para integrá-lo Humberto Pinho, Cícero Neiva, Celso Aguiar e Joaquim Sales Itapary, este, presidente.
Ao longo do tempo, o Tribunal de Contas teve 24 presidentes, alguns com mais de uma passagem no seu comando, a exemplo de José Evandro Barros, Newton Bello Filho, Nonato Lago e João Jorge Pavão.
Quem o preside atualmente é o conselheiro José de Ribamar Caldas Furtado.
FÓRMULA AMERICANA
Com as maluquices do novo presidente dos Estados Unidos, Ronald Trump há quem diga que não chegará ao fim do mandato.
Se isso acontecer não será afastado por meio de impeachement, mas mediante fórmula que os americanos conhecem muito bem e já aplicaram para banir da vida pública quatro presidentes da República: Abraham Lincoln, James A. Garfield, William Mackinley e John F. Kennedy.
No Brasil, até hoje, não tivemos nenhum presidente assassinado. Dois morreram após o cumprimento do mandato, mas em decorrência de desastres: Humberto Castelo Branco, em 1967, em Fortaleza. Voava num avião que se chocou com outro da FAB. Juscelino Kubitscheck faleceu em 1976, em acidente na estrada Rio-São Paulo.
No Maranhão, nenhum governador perdeu a vida por assassinato ou desastre. Lembro apenas de José Reinaldo Tavares, que escapou numa viagem de helicóptero ao interior do Estado. A aeronave caiu, mas os passageiros nada sofreram, além do susto.
POLÍTICO NOVO E VELHO
Apareceu um político novo no Maranhão, mas com nome de político velho: Américo de Sousa.
O novo é o prefeito eleito do município de Coelho Neto.
O velho foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte e pelo Maranhão. Como suplente de senador, assumiu o mandato com a posse de José Sarney na presidência da República.
REDUÇÃO DE GASTOS
O prefeito Edivaldo Holanda Junior anuncia o plano para este ano reduzir as despesas da prefeitura de São Luis.
Citou alguns itens, mas esqueceu o principal, o que infalivelmente derrubaria a gastança municipal: o enxugamento da máquina administrativa e a extinção de cargos comissionados.
Não se pode fazer economia com um primeiro escalão de mais de trinta secretários.