DILMA RESSUCITA FÓRMULA VITORINISTA
O noticiário político nacional registrou, dias atrás e com grande estardalhaço, um episódio ocorrido no centro do poder, em Brasília: a eleição do novo líder do PMDB na Câmara de Deputados, cargo disputado por dois parlamentares, um apoiado pelo Palácio do Planalto, outro de posição contrária ao governo. Naquela eleição, os aliados da presidente da República teriam usado expedientes nada convencionais e que levaram o candidato governista, deputado Leonardo Picciani, à vitória.
Dentre os expedientes manipulados pelos dilmistas, um chamou a atenção da mídia, tanto que a ele atribuiu-se a condição de “fato inédito”. Na realidade, o que aconteceu em Brasília não foi nada inédito ou excepcional, pois em São Luis do Maranhão, há sessenta anos, fórmula semelhante, produzida pelo laboratório vitorinista e aplicada no momento certo, impediu o PSD de perder o poder para os combativos oposicionistas.
Aqui, a fórmula vitorinista veio à tona a 31 de janeiro de 1956, data marcada para o governador Eugênio Barros passar o governo ao sucessor, José de Matos Carvalho, mas impedido de assumir porque as Oposições Coligadas impugnaram as eleições majoritárias de 1955.
Por esse motivo, Eugênio, em obediência à Constituição estadual, transfere o governo ao presidente da Assembléia, o deputado caxiense Alderico Machado, destituído do cargo por manobra das Oposições e com apoio do grupo dissidente do PSD, liderado pelo vice-governador Alexandre Costa.
Por conta dessa conspiração oposicionista, a presidência do Legislativo do Estado caiu nas mãos do deputado Costa Fernandes, que, também, não se empossa em função das ações arrojadas e impetradas pelos governistas.
Com o malogro dessas iniciativas, os governistas, mediante acordos e conchavos, elegem na marra o noviço deputado Eurico Ribeiro para presidir o Legislativo, no exercício do qual assumiu interinamente o Executivo estadual.
Para continuar à frente do Governo, no dia 2 de maio de 1956, Eurico precisava ser reconduzido à presidência da Assembleia. Horas antes da eleição, os vitorinistas descobrem que ele poderia perder pelo voto do suplente de deputado, Euzébio Trinta, que apoiava o candidato oposicionista.
Para evitar isso, a pesada artilharia palaciana entra em ação e encontra a fórmula capaz de manter Eurico na presidência do Legislativo e continuar como governador interino.
A fórmula não era de fácil execução, mas a única que daria ao governo um resultado feliz. Para isso, Eurico, sem alarde, deixou o Palácio dos Leões e tomou o destino da Assembléia, onde com a cobertura dos colegas, investiu-se no mandato popular e habilitou-se ao direito de votar nele mesmo, ato que o reconduziria ao posto de presidente do Legislativo e se garantiria no cargo de governador interino.
A presença inesperada de Eurico no plenário gera um gigantesco tumulto. Enquanto os oposicionistas tentam impedi-lo de votar porque não estava no pleno exercício do mandato, os governistas, na base da intimidação e do grito, lutam para garantir a ele o direito de participar do processo de votação da Mesa Diretora.
Sem que ninguém se entendesse no plenário da Assembleia, por causa da confusão reinante, Eurico consegue votar e imediatamente retornar ao Palácio dos Leões, que se encontrava acéfalo.
Sem condições de reverter politicamente a situação, os oposicionistas tomam duas providências: protestam e entram com recurso na Justiça para anular a sessão, no que são frustrados pelo Judiciário, que continuava sob o controle do Palácio dos Leões.
De São Luis, em 1956, vamos para Brasília, no ano corrente de 2016. Mirando-se no caso maranhense, os aliados de Dilma, para não perderem a eleição para o candidato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, resolvem sacrificar momentaneamente o ministro da Saúde, Marcelo Castro, que se vê transformado em arma secreta. Exonerado do cargo que ocupava, conferiu-se a ele a tarefa importante e vital para o governo: retornar ao Parlamento, reassumir o mandato e participar da votação do líder de seu partido.
Como mandava o roteiro governamental, o deputado piauiense cumpriu à risca o que a ele foi repassado. No dia seguinte, fez o caminho inverso: desvinculou-se do mandato de deputado e reassumiu o cargo de ministro da Saúde.
Ressalvando-se as circunstâncias momentâneas e minimizando as situações criadas e levadas a cabo pelos atores políticos, as operações realizadas em São Luis e Brasília, com base no cardápio vitorinista, atingiram os objetivos colimados. Apenas num aspecto a operação brasiliense se diferenciou da maranhense. Se nesta, o ator principal foi um jovem deputado estadual, naquela, um veterano parlamentar federal mostrou ainda ter fôlego para atuar em cênicas de risco.
FILHOS DE AMIGOS
Fico possuído de incontida alegria com os êxitos profissionais e/ou pelos feitos bem-sucedidos de filhos de amigos meus.
Na semana passada, por exemplo, vibrei e emocionei-me ao saber que Alim Maluf Neto, filho de Amélia e Alim Maluf elegeu-se presidente da Organização Pan-americana de Desportos Universitários.
Conheço os filhos de Amélia e Alim desde que nasceram e sei da boa educação que receberam dos pais, sempre vigilantes e atentos no tocante à educação. Por isso, não me surpreendo quando os vejo guindados a postos de responsabilidade de entidades de reputação internacional.
ÍCONES E EXEMPLOS
Sabe-se que os líderes e os governantes caem nas graças do povo quando se fazem dignos do respeito e da veneração dos contemporâneos.
No Maranhão, poucos foram os homens públicos que conseguiram se transformar em ícones e exemplos às novas gerações.
No passado, Benedito Leite, Urbano Santos e Lino Machado, pelo que fizeram na vida pública, chegaram a ser idolatrados pelo povo.
Depois deles, só Sarney conseguiu essa proeza.
O EDITOR GASPAR
Carlos Gaspar é um intelectual multifacetado. Escritor reconhecidamente talentoso, com vários livros publicados, faz questão de neles imprimir a sua marca de editor.
Os livros de sua lavra trazem a grife de sua produção editorial, sendo a obra “O Senhor Antônio Lobo”, publicado em 2009, a de maior expressão.
Na terça-feira, 8 de março, às 19 horas, na Academia Maranhense de Letras, Gaspar vai mostrar o quanto a sua criatividade editorial cresceu em quantidade e qualidade, com o lançamento de três excelentes obras – todas inéditas – do professor Mário Meireles: “Efemérides Maranhenses”; “Com a palavra Mário Meireles” e “Correspondência”.
LOURIVAL EM ALTA
Nunca na história do Tribunal Regional Eleitoral, um presidente, em curto tempo, alcançou unanimidade tão expressiva quanto o desembargador Lourival Serejo.
Ao assumir a presidência do TRE, de imediato mostrou que competência, seriedade e cordialidade não lhe faltam para comandar um órgão de tamanha importância na vida democrática do país.
Pela maneira como o magistrado age e se comporta ninguém duvida sobre o acerto de suas decisões, sejam elas internas ou externas.