Este ano de 2016 é rico em matéria de efemérides acadêmicas. A Academia Maranhense de Letras, sempre atenta a eventos que lhe dizem respeito, organizará uma programação especial, para a comemoração de cinco centenários de intelectuais que dela fizeram parte e deixaram seus nomes perenizados.
São três centenários de nascimento e dois de falecimento. Na relação dos nascidos em 1016, Franklin de Oliveira, Pires de Saboya e Erasmo Dias. Dos falecidos há cem anos, Antônio Lobo e Vespasiano Ramos.
A primeira solenidade que a Academia Maranhense de Letras realizará para comemorar os que completariam em 2016 cem anos será a 12 de março. O homenageado é o poeta, crítico, ensaísta, jornalista e cronista José Ribamar de Oliveira Franklin de Oliveira, nascido em São Luís, mas cedo se mudou para o Rio de Janeiro, em cuja imprensa militou com brilho, nas revistas “O Cruzeiro”, “Cigarra”, “Letras e Artes” nas quais manteve seções que marcaram época, a exemplo de “Sete Dias”.
Em São Luis, teve, também, atuação na vida intelectual como integrante do Cenáculo Graça Aranha e da Academia Maranhense de Letras, nesta, ocupando a Cadeira nº 38, de Adelino Fontoura.
A política maranhense não deixou de seduzir Franklin de Oliveira. Em dois momentos, deixou os afazeres profissionais no Rio de Janeiro, para tentar a sorte na vida pública. O primeiro, em 1950, quando aceitou o convite do senador Vitorino Freire para ser candidato a deputado federal pelo Partido Social Trabalhista. Entrou com toda a força na campanha eleitoral, mas as urnas não corresponderam à inovadora propaganda política, tentando convencer o eleitorado de ser o candidato mais preparado para representar o povo maranhense no Congresso Nacional. Além de derrotado, ainda ganhou o apelido de “Nome Nacional”, slogan musical que introduziu na campanha eleitoral para massificá-la e conquistar votos, mas em vão.
O segundo, em 1955, para participar de outra aventura política: impedir a eleição de seu patrão, Assis Chateaubriand, que derrotado na sua terra, Paraíba, negociou a compra do mandato de senador no Maranhão, provocando um pleito intempestivo em março de 1955.
Franklin de Oliveira e outros maranhenses, radicados no Rio de Janeiro, juntaram-se aos oposicionistas de São Luis para protestar contra uma barganha política, que resultou na renúncia do senador Antônio Bayma e do suplente Newton Bello. O escritor, que trabalhava nos Diários Associados, aceita concorrer ao cargo de suplente de senador, na chapa oposicionista, contra o patrão. Resultado: perdeu a eleição e o emprego na revista “ O Cruzeiro”.
A segunda solenidade será a 16 de abril, desta feita, para reverenciar e homenagear José Pires de Saboya Filho, nascido na cidade de Independência, Ceará. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Ceará, ingressou no jornalismo no “Unitário”, órgão dos Diários Associados. Em 1944, veio para São Luis, designado para dirigir os jornais O Imparcial e O Pacotilha. Professor da Faculdade de Direito, advogado do Banco do Brasil, exerceu em duas legislaturas o mandato de deputado federal. No governo Nunes Freire, ocupou o cargo de secretário de Interior e Justiça. Pelos seus trabalhos jornalísticos e literários, ingressou na Academia Maranhense de Letras, ocupando a Cadeira 39, que tem como patrono Augusto Olímpio Gomes de Castro.
O terceiro intelectual a merecer solenidade especial pelo centenário de nascimento é José Erasmo Dias, nascido em São Luis a 2 de junho de 2016. Com militância em vários jornais do Maranhão, brilhou em O Combate, na década de 1950, consagrando-se como extraordinário editorialista. Ficou também famoso pelos discursos proferidos na Assembleia Legislativa, como suplente e integrante da bancada oposicionista. Chefe de gabinete do prefeito de São Luís, respondeu interinamente pelo cargo.
Com 16 anos começou a escrever seus primeiros versos. Como novelista, deixou uma obra prima: Maria Arcângela. A Academia Maranhense de Letras o recebeu de braços abertos em noite de gala.
Para reverenciar a memória dos que faleceram a cem anos, a AML realizará duas solenidades. Uma, em homenagem a Antônio Francisco Leal Lobo, nascido em São Luis a 4 de julho de 1870 e falecido na mesma cidade em 24 de junho de 1016.
Professor da Escola Normal e do Seminário das Mercês, diretor do Liceu Maranhense, da Instrução Pública e da Biblioteca Pública. Escritor, jornalista, com militância nos jornais O Pacotilha, A Tarde, Diário do Maranhão, Federalista, Revista Elegante e Revista do Norte, da qual foi fundador. Teve papel destacado na vida cultural de São Luis, como fundador da várias instituições, ressaltando-se a Academia Maranhense de Letras, da qual é patrono e ocupou a Cadeira nº 14. Deixou uma bibliografia vasta e de qualidade, pontificando “Da carteira de um neurastênico” e “Os novos atenienses”.
Na biografia de Antônio Lobo, o registro de sua morte por enforcamento na corrente de sua própria rede de dormir, em sua residência. As razões desse extremado gesto deram-se pela oposição que fazia ao governador Herculano Parga. Este, em revide, o perseguiu e restringiu suas atividades profissionais, demitindo-o da direção do Liceu Maranhense.
O segundo membro da Academia Maranhense de Letras a ser lembrado pelo seu falecimento, ocorrido em 26 de dezembro de 1916, o poeta de Caxias, Vespasiano Ramos. Deixou livro de poesia intitulado “Coisa Alguma”. O seu nome foi escolhido para patrono da Cadeira 32, fundada pela poetisa Mariana Luz.
O CRIME COMPENSA?
A revista Veja, todo final de ano, produz uma edição especial, intitulada Retrospectiva, na qual são pontuados pessoas, fatos, atos e acontecimentos que foram destaque no Brasil e no Mundo.
Na Retrospectiva de 2015, a surpreendente inclusão da ex-prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, afastada do cargo por desviar recursos federais da área educacional, mas empregados criminosamente em proveito pessoal e superfluamente.
Essa conduta ilegal praticada por Lidiane mostra as duas faces de uma mesma moeda. Numa, o registro de sua prisão pela Polícia Federal e do mandato cassado pela Câmara Municipal de Bom Jardim. Noutra, a projeção de seu nome dentro e fora do Brasil e o destaque dado a ela pela revista de maior circulação no país.
GRAMADO: ONTEM E HOJE
Em 1985, eu e Solange fizemos uma viagem turística ao Rio Grande do Sul, para conhecer a Serra Gaúcha e as cidades que dela fazem parte: Gramado, Canela, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Garibaldi e Nova Petrópolis.
Naquela época, Gramado começava a despontar e chamar a atenção do país pelo seu forte potencial turístico, assentado em dois pilares: o artesanato e a produção de chocolates. A cidade era ainda acanhada e com pouca movimentação para o turismo.
Trinta anos depois, retorno a Gramado para vê-la completamente alterada e modificada. Deixou de ser uma esperança e virou uma realidade no turismo nacional. Com um comércio forte e sofisticado, a cidade fez do Natal um grande produto turístico, que atrai gente de todas as partes do país e do estrangeiro. O evento, celebrado de novembro a meados de janeiro, é visto pelo viés cristão, mas impregnado do aspecto épico, mágico, artístico, enfim, festivo.
Dentre as várias manifestações dadas ao Natal, pelo povo gramadense, duas sobrelevam: o espetáculo “Eu sou Maria” e o Desfile de Natal. A primeira, o grande musical épico, com um elenco de mais de 200 artistas, entre atores e atrizes, cantores, sopranos, tenores, orquestra e bailarinos, ao vivo. A história vai do compromisso de Maria ao Anjo Gabriel, aceitando a missão de dar ao mundo a uma criança que mudou a vida da humanidade. A segunda, o Desfile de Natal, um show que traduz o sentido mágico e alegre, com carros alegóricos, que contam musicalmente a trajetória da maior festa da cristandade.
HERÓI DA PÁTRIA
A presidente Dilma Roussef alterou uma lei e incluiu o nome de Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria.
Como Herói da Pátria, Brizola passa a figurar ao lado de duas dezenas de personalidades históricas, que prestaram relevantes serviços ao Brasil nos mais diferentes setores, dentre as quais Tiradentes, Zunbi dos Palmares, Santos Dumont, Dom Pedro, Anita Garibaldi, Heitor Villa Lobos, Getúlio Vargas.
O motivo que levou a presidente da República a fazer de Brizola Herói da Pátria, a sua atuação no episódio histórico que garantiu a posse do ex-presidente João Goulart, em 1961, no cargo de presidente da República, que os ministros militares tentaram impedir, mas recuaram diante do movimento de resistência, começado no Rio Grande do Sul, encabeçado pelo seu governador.
Brizola, na minha modesta opinião, não tinha essa bola toda para ser incluído nessa galeria de tão ilustres figuras. Basta ver o seu comportamento, no exercício do cargo de governador do Rio de Janeiro, quando foi o único a hipotecar solidariedade ao então presidente da República, Fernando Collor, que sofria um processo de impeachement, pelas ilegalidades praticadas em Brasília.
2015: MARCADO PELA SAUDADE
O ano de 2015 não foi nada bom quando a gente lembra que não conta mais com pessoas tão caras e que deixaram imensas saudades.
Eu, por exemplo, lamento a ausência de figuras amigas e fraternas, que marcaram a minha vida, a cidade onde viveram e o que construíram e fizeram em suas atividades profissionais.
Não posso esquecer José Mário Santos, Fernando Ferreira, Nivaldo Macieira, José Chagas, Ubiratan Teixeira, Nauro Machado, Hélio Maranhão, Paula Gaspar, Maria do Socorro Moura Silva, Teresa Murad, Helena Duailibe e minha irmã, Lisiane, que partiram do nosso convívio e deixaram um imenso vazio em nossa vida.
NEW YORK E NOVA IORQUE
O jornal Folha de São Paulo, da semana passada, informa que o governador paulista Geraldo Alckmin, compareceu a um almoço de confraternização de final de ano, quando foi abordado por um idoso, que, insistentemente, o convidava a viajar em sua companhia para Nova Iorque, onde ele é muito popular.
Intrigado com aquele inusitado convite, o governador pede a sua assessoria informações sobre o idoso e a cidade que deveria visitar.
Depois de algum tempo, a informação: o convite do idoso era para visitar não New York, mas a cidade maranhense de Nova Iorque, na fronteira com o Piauí.
Geraldo Alckmin prometeu ao idoso conhecer a cidade maranhense, onde desfruta de imensa popularidade.
FÓRMULA DO GOVERNADOR
Em artigo de sua lavra – “Só o diálogo salvará o Brasil”, publicado no jornal Folha de S.Paulo, o governador Flávio Dino afirma que a solução dos problemas brasileiros passa pela participação no processo político do PT e do PSDB, os dois maiores partidos do Brasil, fórmula que usou para ganhar as eleições de 2014 no Maranhão.
O poder parece não fazer bem ao governador Flávio Dino. Como pode defender uma tese de envergadura nacional, descartando a participação do PMDB, este, sim, bem ou mal, o maior partido do Brasil?
Quem deveria ser excluído desse pacto é o PT, agremiação partidária que conduziu o Brasil a um beco sem saída, com a adoção de uma desenfreada política onde a corrupção foi imposta de cabo a rabo.