JERÔNIMO DE VIVEIROS
Duas das maiores expressões da historiografia maranhense marcaram indelevelmente o calendário de 2015: Mário Meireles e Jerônimo de Viveiros, professores, historiadores e contemporâneos. O primeiro, em março, fez cem anos de nascimento. O segundo, no dia de hoje e há cinqüenta anos, deixou o nosso convívio.
Pelo que fizeram e contribuíram, como pioneiros, para dar às gerações que os sucederam, trabalhos tão importantes sobre a história do Maranhão, merecem ser sempre lembrados e reverenciados.
As obras que escreveram e legaram à posteridade estão aí e procuradas por estudiosos e pesquisadores, ávidos de conhecimento a respeito de atos, fatos e episódios que aconteceram no Maranhão, narradas e explicadas com fidelidade, sem o viés do radicalismo e das interpretações ideológicas.
Mário Meireles, no seu centenário de nascimento, a Universidade Federal do Maranhão e a Academia Maranhense de Letras promoveram eventos em homenagem à sua figura de competente professor e historiador, a despeito da campanha movida contra a sua obra por setores acadêmicos, que, a título de a revisitarem, tentam destruí-la, mas sob o repúdio da intelectualidade.
Jerônimo de Viveiros, no seu cinqüentenário de falecimento, também, não deixou de ser lembrado. Já é gratificante o fato da sua obra não ser objeto de visitação de nenhum segmento acadêmico de índole iconoclasta.
Do saudoso professor de História do Liceu Maranhense e do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, afirmo que a sua contribuição para o engrandecimento da historiografia do Maranhão foi extraordinariamente exuberante e realço as mais conhecidas e consultadas: “Apontamento para a história da instrução pública e particular do Maranhão, O coronel Luis Alves de Lima e Silva no Maranhão, O engenho central de São Pedro, Uma luta política no segundo reinado, Benedito Leite, um verdadeiro republicano, A rainha do Maranhão e História do Comércio do Maranhão”, esta em três volumes, mas reeditada e esgotada. Esta obra fez a diferença e é referência no estudo da vida privada e pública de nossa terra, escrita numa linguagem simples e sem rebuscamentos acadêmicos.
Ao reporto-me sobre a figura ímpar de Jerônimo de Viveiros, não posso olvidar a perseguição que sofreu do interventor Paulo Ramos no limiar do Estado Novo. No dia 6 de outubro de 1937, ele assistia a reunião em que a Assembleia Legislativa teve fechada as portas por ordem do ditador Getúlio Vargas e do interventor do Maranhão. Revoltado contra aquele ato antidemocrático protestou em altos brados e com ofensas às duas autoridades. Foi o bastante para ser preso e submetido a inquérito administrativo, pois era funcionário público. Com base no inquérito, todo ele faccioso, foi demitido do cargo de catedrático de História do Liceu Maranhense. O mesmo procedimento adotou o prefeito de São Luis, Pedro Neiva de Santana que o demitiu das funções de Ajudante de Inspetor do Ensino do Ensino Municipal.
Inconformada com a perseguição ao esposo, Dona Luiza Viveiros encaminhou carta ao ditador Vargas e ao ministro da Justiça, Francisco Campos, relatando os abusos contra o marido, trancafiado na Penitenciária, sem direito a avistar-se com o seu advogado, que lutava para libertá-lo face à precariedade da saúde. A insistência dela resultou na liberdade do esposo, após o que se mudou para o Rio de Janeiro, onde, pela competência e idoneidade moral, foi admitido no corpo docente do Colégio Pedro II, o padrão no país.
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FHC E RENATO
O meu amigo Gastão Vieira deu-me de presente o primeiro volume do livro “Diários da presidência”, de Fernando Henrique Cardoso. Não gostei do modo e nem da forma como FHC o escreveu. São quase mil páginas com assuntos dispersos e desinteressantes, tendo como protagonistas, quase sempre, gente desconhecida e sem projeção.
Na página 53, um comentário estranho sobre o saudoso Renato Archer, político cuja militância sempre foi elogiada. FHC diz que hesitou nomeá-lo presidente da Embratel por duvidar da amizade que ele devotava a Ulysses Guimarães. Duvidar disso é desconhecer a história de ambos, marcada pela fraternidade e lealdade desde os tempos da Ala Moça do PSD, nos idos de 1950.
JOÃO ALBERTO E PREFEITURA
Dias atrás, o nome do senador João Alberto foi lembrado como possível candidato do PMDB às eleições de prefeito de São Luis.
Não é a primeira vez que o nome dele é argüido para tão importante cargo. Após deixar o governo, em março de 1991, com a popularidade em alta, concorreu às eleições municipais de outubro de 1992, à sucessão do prefeito Jackson Lago.
Não foi prestigiado e não teve o apoio do grupo político a que pertencia, mas entrou de corpo e alma na luta em que os adversários só tinham um alvo: destruí-lo. Chegou ao final da campanha sozinho e sob o impacto de uma avassaladora derrota.
ANDANDO E C…….
Se houvesse um concurso para escolher o parlamentar estadual mais criativo deste ano legislativo, eu não hesitaria em votar no deputado Cabo Campos.
Vendo que o discurso que fazia no plenário da Assembleia não despertava a atenção de nenhum de seus pares, recriminou aquela prática recorrente no meio legislativo, com uma expressão bem popular e recheada de criatividade: – Eu falo de coisa séria e os deputados estão andando e c…..
ALGO NO AR
A frase é da autoria do inesquecível Aparício Torelli, mais conhecido por Barão de Itararé. Quando via políticos tensos e em busca de soluções heterodoxas, dizia: – Há alguma coisa no ar e não são os aviões de carreira.
Só porque algumas figuras renomadas do Poder Executivo e do Judiciário, nos últimos dias, visitaram o famoso Bita do Barão, em Codó, há quem ache que os terreiros voltaram a ter hora e vez.
CADÊ ESTER?
No anúncio do secretariado do governador Flávio Dino, o nome de Ester Marques para a secretaria da Cultura foi aplaudido por unanimidade.
Conhecida no meio cultural, pela criatividade e talento, gente a favor e contra o governo, reconheceu nela a pessoa certa para o lugar certo.
Não demorou muito para mostrar o despreparo para o exercício do cargo. Resultado: foi exonerada e tomou um chá de sumiço. Ninguém sabe o que é feito dela e onde está. Ester, por favor, reapareça. Nós gostamos de você. Esqueça o que aconteceu.
VOTO DE ROBERTO
Roberto Rocha foi meu aluno no Curso de Administração da Universidade Estadual do Maranhão, na época em que o pai era governador. Foi um aluno que brilhou pela ausência.
Mas foi uma grata surpresa vê-lo desembaraçada e fluentemente defendendo o seu ponto de vista na sessão do Senado em que votou pelo relaxamento da prisão do senador Delcídio Amaral.
Como estreante no Senado, saiu-se bem e não decepcionou. Retiro, portanto, a impressão que dele tive quando fui seu professor.