Salvo modificações de última hora, como dizem os locutores esportivos, já está praticamente montada a equipe de governo que ajudará Flávio Dino a administrar o Maranhão, a partir do dia 1º de janeiro de 2015.
Ao contrário de todos os antecessores que passaram pelo Palácio dos Leões, os auxiliares do governador eleito não foram escolhidos de uma só tacada e nem divulgados as vésperas da posse. O que não deixa de ser uma agradável inovação.
Em vez de fazer suspense ou brincar de esconde-esconde, como nos governos anteriores, ele tratou de apontá-los em doses homeopáticas para os lugares mais importantes da máquina administrativa.
Nesse particular, Flávio Dino inovou e de modo categórico. Nem bem o resultado das urnas foi proclamado e ele já começava a anunciar os integrantes de sua equipe, dando tempo aos ocupantes dos cargos a se prepararem para o exercício das funções a desempenhar.
Um empresário que participou da recente reunião de Flávio Dino com a diretoria da Federação das Indústrias do Maranhão, disse-me que a estratégia da indicação da equipe de governo antecipadamente produziu bom resultado, pois as perguntas dirigidas ao governador eleito nem sempre foram respondidas por ele, mas, por sua determinação, pelos futuros detentores dos cargos.
Com respeito aos nomes selecionados, ver-se-á nitidamente que a grande maioria não veio do segmento político, mas da área técnica. São profissionais jovens e formados nas escolas de nível superior do Maranhão. Uns convocados por méritos profissionais; outros, em atendimento a compromissos com os partidos que o apoiaram na recente eleição, não obstante o poder de veto haja prevalecido; e alguns por conta do fator amizade, arrolados, portanto, numa cota estritamente pessoal.
Um fato que chama a atenção de quem ao longo dos anos acompanha o funcionamento dos governos do Maranhão é que, pela primeira vez, vieram a público simultaneamente os indicados para o primeiro e segundo escalões. Sem mistérios ou subterfúgios, os que vão dirigir as secretarias, as autarquias e os órgãos da administração indireta já estão na mira e na boca do povo.
Se por um lado, Flávio recebeu elogios pelo fato da grande maioria da sua equipe ser constituída de profissionais jovens, por outro, foi criticado pela pouca experiência dos mesmos no trato com a máquina administrativa estadual, que precisa de nomes com certa dose de maturidade e de conhecimento técnico para reorganizá-la, ajustá-la e tocá-la pra frente, pois, de uns tempos para cá, face aos baixos salários do governo, os melhores quadros do setor público drenaram para a atividade privada.
A rigor, na equipe do novo governo, apenas três figuras são reconhecidamente dotadas de experiência e egressas do segmento político: o ex-governador José Reinaldo Tavares, que pilotará a secretaria de Minas e Energia, um órgão até agora sem expressão, o ex-deputado estadual Marcelo Tavares, chefe da Casa Civil, e o ex-deputado federal Julião Amin, no comando da secretaria de Trabalho.
Estes secretários, além das competências específicas inerentes aos cargos, terão ainda as atribuições de orientar os mais jovens e inexperientes e assessorarem o próprio governador nas suas decisões, dando-lhe informações precisas sobre assuntos que nem sempre ele tem conhecimento com vistas à tomada de posição.
Há um ponto que merece também ser observado e não pode passar em branco: o enxugamento da máquina pública, questão que Flávio alardeou ao longo de sua campanha política e parece não haver dado a ela, até agora, a devida prioridade.
Não foram poucas às vezes em que ele, do “alto de suas tamancas, em alto e bom som e de vero sentir”, criticou e vociferou contra a atual estrutura de governo, que, além de pesada e onerosa aos cofres públicos, precisaria ser minimizada por não se mostrar representativa das necessidades e da realidade que ora o estado atravessa.
Com uma estrutura ostentando tal magnitude, uma imperiosa e urgente reforma administrativa faz-se necessária, pois em torno dela gravitam mais de trinta secretarias ordinárias e extraordinárias, numerosos subsecretários, secretários adjuntos e cargos comissionados, sem esquecer os órgãos da administração indireta, como as sociedades de economia mista, as fundações e as autarquias.
Para um governo que se propõe a fazer mudanças, esquecer ou postergar uma alteração na estrutura administrativa, a fim de diminuir as despesas de pessoal e de custeio, é o mesmo que sacrificar um programa de investimentos e com isso estancar um processo de desenvolvimento econômico e social.
Criar mais órgãos, a exemplo das secretarias de Agricultura Familiar, Transparência, Transportes Urbanos, Assessoria de Imprensa e outros penduricalhos, significa conflitá-los com os já existentes e tornar ainda mais inchada e adiposa a estrutura vigente.