DEPOIS DAS ELEIÇÕES E ANTES DA POSSE

0comentário

A fase que antecede à posse dos governadores é de expectativa para o eleitorado e de ansiedade e de tensão para os eleitos. Enquanto o eleitorado pensa que no vai acontecer no futuro governo e quem vai ocupar os cargos de primeiro escalão, a cabeça do governador eleito gira em torno das pressões que o esperam, dos que vão ajudá-lo a governar, de como o antecessor deixará a máquina administrativa e quais as ações e as iniciativas que tomará para não decepcionar os que o elegeram.

Esse é o momento que ora vive Flávio Dino, eleito governador nas eleições de 5 de outubro deste ano, e pelo qual já passou José Sarney, quando se elegeu para o mesmo cargo, no pleito de 3 de outubro de 1965.

Para realizar o excelente governo, no mandato de 1966 a 1970, Sarney prometeu na campanha eleitoral fazer mudanças na vida econômica, social e política do Maranhão. Por isso, antes de assumir as rédeas do governo, tomou uma série de providências. Em primeiro lugar, cuidou de viajar para fora e dentro do Brasil.

No plano externo, visitou entidades públicas e privadas da Europa e dos Estados Unidos, com as quais tratou da celebração de contratos para execução de projetos voltados para o soerguimento econômico do estado. No plano interno, foi ao encontro dos órgãos de desenvolvimento regionais – Sudene, Sudam, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia, com vistas à organização  e elaboração de planos, programas e estudos para a promoção de uma gestão moderna e capaz de realizar transformações na sociedade maranhense.

Paralelamente, não negligenciou quanto à seleção criteriosa de nomes para assumirem os cargos e as funções diretamente responsáveis pela remoção de uma estrutura burocrática emperrada e causadora do atraso social e da pobreza econômica.

Nesse sentido, formou um secretariado de alto nível, com figuras humanas respeitadas e conceituadas do quilate de Pedro Neiva de Santana, na secretaria da Fazenda, Cícero Neiva, na secretaria de Interior e Justiça, Nivaldo Macieira, na secretaria da Agricultura, Haroldo Tavares, na secretaria de Viação e Obras Públicas, José Murad, na secretaria de Saúde, Orlando Medeiros, na secretaria de Educação, José Rodrigues Paiva, na secretaria de Segurança, José Maria Cabral Marques, na secretaria de Administração, Alberto Tavares, na secretaria de Governo, César Cals, na presidência da Cemar, e o coronel Antônio Medeiros, no comando da Força Pública.

Ao longo da sua gestão, algumas alterações foram feitas na sua equipe de trabalho. Na Agricultura, Nivaldo Macieira foi substituído por Lourenço Vieira da Silva; na Educação, Orlando Medeiros entregou o cargo para José de Ribamar Andrade e este para José Maria Cabral Marques; na Administração, José Teixeira substituiu Cabral Marques; na Secretaria de Governo, Alberto Tavares deu lugar a Antônio Luis Oliveira e este o transferiu para Eliézer Moreira Filho.

Para compor o corpo técnico, vieram da Sudene  os maranhenses Joaquim Itapary, Mário Leal, Darson Dagoberto Duarte, Mariano Matos, que se juntaram a Bandeira Tribuzi, Carlos Alberto Madeira, Eliézer Moreira Filho e João Alberto de Sousa.

Com esta formação política e técnica, mesclando juventude e experiência, Sarney organizou uma equipe administrativa comprometida com a ruptura e o reencontro. Ruptura com o passado, que aviltava o exercício governamental; reencontro com o povo, numa comunhão de esperanças e de responsabilidade.

Paralelamente, anunciou a assinatura de um elenco de decretos, com a marca da moralização administrativa, ressaltando-se a criação da Comissão Central de Inquérito, para apurar autores de crimes praticados contra a vida pública; anulação de pleno direito dos contratos de obras e aquisições de equipamentos, excetuando-se os realizados mediante concorrência pública; anulação de atos de nomeação, contratação, admissão de pessoal, realizados 90 dias anteriores à data das eleições; criação do registro de bens e valores pertencentes ao patrimônio do estado; recolhimento no prazo de 48 horas dos saldos existentes nas coletorias.

Ultimadas essas ações de impacto, destinadas ao combate à desenfreada corrupção, tratou e deu prioridade aos procedimentos para transformar o exercício do poder num instrumento para o desenvolvimento das aspirações coletivas.

Capacidade e decisão eram virtudes que não faltavam ao novo governador, que, com ajuda de jovens e qualificados técnicos, partiu para a criação do GTAP – Grupo de Trabalho da Assessoria de Planejamento, com o objetivo de elaborar um plano quadrienal de desenvolvimento sócio-econômico do Maranhão; fazer um levantamento dos recursos mobilizáveis; identificar os campos de aplicação para os recursos não comprometidos; organizar um cronograma de liberação e aplicação dos recursos; e, finalmente, reestruturar administrativamente o estado.

O GTAP, para vencer a corrida contra o tempo, aprontou em caráter de urgência, um programa visando alcançar quatro pontos fundamentais: elevar a produtividades dos fatores de produção; integrar setorialmente a economia estadual; criar novas oportunidades de emprego; e melhorar a distribuição da riqueza social.

Pela importância que o planejamento passou a ter na administração pública estadual, o governador posteriormente transformou o GTAP em Superintendência de Desenvolvimento do Maranhão – Sudema, autarquia que, pela sua natureza, competia planejar, coordenar e controlar a política de desenvolvimento. O órgão teve como primeiro superintendente Eliézer Moreira Filho.

Para a consecução dos objetivos planejados pela Sudema, Sarney levou em conta uma premissa básica, sem a qual o seu governo não se viabilizaria e por ele anunciada quando da homologação de sua candidatura a governador: “O que o povo do Maranhão quer, o que nós queremos é o progresso; queremos o porto do Itaqui, queremos o asfaltamento da estrada São Luís -Teresina, queremos a energia de Boa Esperança, queremos as fábricas funcionando, queremos a felicidade do nosso povo, queremos, enfim, um Maranhão Novo, um Maranhão mais rico, um Maranhão melhor.”

Órgãos criados no governo Sarney: Sudema – Superintendência de Desenvolvimento do Estado do Maranhão, Caema- Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão, Cemar – Centrais Elétricas do Maranhão, Cohab – Companhia de Habitação Popular do Maranhão, Codebam – Companhia de Valorização da Baixada Maranhense, Telma – Companhia de Telecomunicações do Maranhão, Cema – Centro Educacional do Maranhão, FMTVE – Fundação Maranhense de Televisão Educativa, Prodata – Centro de Processamento de Dados do Maranhão, CPM – Companhia Progresso do Maranhão, BDM – Banco de Desenvolvimento do Maranhão,

Cetrap – Comissão Estadual de Transferência de População

Ações do governo Sarney que mudaram a fisionomia do Maranhão: pavimentação da BR-135- Estrada São Luís-Teresina, construção da estrada Santa Luzia-Açailândia, implantação e pavimentação da estrada Miranda-Santa Luzia, implantação da rodovia da Baixada, implantação do Porto do Itaqui, instalação da Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, instalação do Distrito Industrial, construção da Barragem do Bacanga, construção da Ponte do São Francisco, conclusão da Ponte do Caratatíua, construção da Avenida dos Franceses, criação e implantação das Faculdades de Administração, Engenharia, Agronomia e Educação em Caxias, implantação dos projetos educacionais João de Barros e Bandeirantes, construção do Conjunto da COHAB, ampliação da Barragem do Batatã, construção do Ramal Ferroviário Pedrinhas-Itaqui, criação do Conjunto Residencial Anjo da Guarda, instalação da Hidrelétrica de Carolina, adoção de ampla Reforma Administrativa

 

Sem comentário para "DEPOIS DAS ELEIÇÕES E ANTES DA POSSE"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS