Alfredo Duailibe nasceu a 19 de outubro de 1914. No seu batizado, o padrinho, Chico Abreu, comerciante de Ipixuna (hoje São Luis Gonzaga), profetizou: “O meu afilhado quando crescer será médico e governador do Maranhão.”
A partir daquele dia, a profecia do padrinho de Alfredo não saiu mais da memória de seus pais – Linda Sady e Salim Nicolau Duailibe, que logo planejaram dar ao filho o que melhor existia em matéria de educação. Para ter uma alfabetização de primeira qualidade, foi matriculado no Instituto Gomes de Souza. Em seguida, no Instituto Fernandes, cursou o primário e conquistou boa base para continuar os estudos em colégios fora do Maranhão.
Aos nove anos, junto com os irmãos José e Jorge, foi mandado para São Paulo e internado no Liceu Sagrado Coração de Jesus. No começo de 1928, Alfredo retorna a São Luis para ser tratado de uma crise de apendicite. Curado, foi estudar em Recife, no Colégio Nóbrega, dos padres jesuítas.
Com a conclusão do curso secundário, em 1930, recebeu do pai, ainda com o pensamento na previsão do padrinho do filho, esta intimação: – Agora, você vai estudar no Rio de Janeiro e ser médico. Alfredo, que imaginava ser padre, cumpriu, sem pestanejar, a determinação de “seu” Salim. Na Cidade Maravilhosa, preparou-se para o exame vestibular. Dotado de sólida base escolar, não decepcionou, passou nas provas e ingressou em 1931 na Faculdade Nacional de Medicina. No final de 1936, com 22 anos, recebeu o diploma de médico, cumprindo-se assim a primeira profecia do padrinho, Chico Abreu.
Formado, continuou no Rio de Janeiro, onde estagiou na Policlínica Geral, na Santa Casa de Misericórdia e na Clínica Médica do renomado professor Aloísio Castro. Achando-se habilitado ao exercício da profissão, veio para São Luis, em 1938.
Ao chegar aqui, sabe do falecimento de Chico Abreu e de que o mesmo lhe deixara de herança vinte contos. Com esse dinheiro viveu os primeiros tempos de formado e montou consultório na Rua Oswaldo Cruz, onde se impôs como profissional competente, façanha difícil, à época, dada a presença de uma constelação de médicos conceituados em São Luis: Carlos Macieira, João Braulino, Carlos Ferreira, Djalma Marques, Tarquínio Lopes Filho, Amaral de Matos e Neto Guterres.
Em 1941, o então prefeito, Pedro Neiva de Santana, indicou-o a fazer, no Rio de Janeiro, com bolsa de estudos, o curso de Educação Física. Ao concluí-lo, o interventor Paulo Ramos nomeou-o funcionário público estadual e encarregado de criar e dirigir o Serviço de Educação Física do Maranhão.
Em 1946, dois fatos marcaram indelevelmente a vida de Alfredo Duailibe. Primeiro, o casamento com a jovem e bonita normalista Maria José Mendes, que conheceu em 1941, aluna do Colégio Rosa Castro. Dessa união matrimonial, nasceram cinco filhos.
Segundo, o convite do interventor Saturnino Bello para dirigir o Departamento de Instrução Pública, por indicação do compadre, amigo e colega de profissão, Osvaldo da Costa Nunes Freire, substituindo o professor Luiz Rego. No exercício da função, conheceu Vitorino Freire, com o qual estabeleceu forte amizade, que fez questão de manter ao longo da vida.
Por conta dessa convivência, dele recebeu convite para participar das primeiras iniciativas no campo político. Vitorino, rompido com Genésio Rego, desligou-se do PSD, fundou o PST- Partido Social Trabalhista, para o qual Alfredo foi convocado a estruturá-lo. Ao tempo em que dirigia o PST, o governador Sebastião Archer da Silva nomeou-o para o cargo de secretário de Interior, Justiça e Segurança, por onde transitavam todas as questões políticas e administrativas do estado. Pelas suas mãos, Vitorino consolidou a sua chefia política no Maranhão.
Deixou a secretaria de Interior, Justiça e Segurança para candidatar-se a deputado federal nas eleições de 1950. Eleito, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde funcionava o Congresso Nacional. De 1951 a 1954, dividiu-se entre a tarefa parlamentar e os cursos de especialização médica.
Com o desaparecimento do PST, Alfredo passou a fazer parte do diretório regional do PSD, que Vitorino havia reconquistado. Em 1954, não disputou a reeleição porque Vitorino indicou-o a suplente de senador. Algumas vezes, atuou no Senado, no mandato de 1955 a 1962.
Em 1955, em decorrência da crise política, que impedia Matos Carvalho de assumir o mandato de governador e do rompimento do vice, Alexandre Costa com o vitorinismo, Alfredo foi novamente chamado, pelo seu espírito conciliador, a ocupar a secretaria do Interior, Justiça e Segurança.
Serenada a crise, deixou o cargo pensando em dedicar-se exclusivamente à medicina. Mas foi aí que o destino se encarregou de fazer com que a segunda profecia do padrinho Chico Abreu se transformasse em realidade. Estava no Rio de Janeiro, em companhia da esposa Maria, quando recebe um telefonema do deputado federal Newton Bello, candidato a governador. Pedia-lhe para retornar imediatamente a São Luis, onde outra missão o esperava. Ao chegar, participou de uma reunião, no Palácio dos Leões, com os próceres do PSD, oportunidade em que recebeu convite do próprio Newton Bello para ser o seu companheiro de chapa, nas eleições de 1960.
Não resistiu ao convite, marchou para o pleito e ganhou o direito de ser o vice-governador. Apenas uma vez, substituiu o titular: três dias antes de José Sarney assumir o governo do Estado, Newton Bello renuncia ao cargo para não transmiti-lo pessoalmente ao adversário, que moveu contra ele severa campanha na fase pré-eleitoral. Antes disso, em 1963, recusa assumir o cargo de governador, para não assinar o ato que aposentaria Newton Bello a Consultor Jurídico do Estado.
Com a posse de Sarney, em janeiro de 1966, Alfredo retira-se da atividade política e retoma o exercício da profissão e do magistério superior, na condição de professor da Faculdade de Farmácia e Odontologia e depois do curso de Medicina, da Universidade Federal do Maranhão.
Inesperadamente é convidado a filiar-se a uma nova agremiação partidária: a ARENA- Aliança Renovadora Nacional, como integrante do diretório regional, atendendo ao apelo do governador José Sarney.
Em 1970, quando a política não fazia mais parte de sua vida, Sarney foi buscá-lo novamente para figurar na chapa de suplente de senador de Alexandre Costa. Nesse mesmo ano, o governador Pedro Neiva convoca-o para integrar o seu secretariado como titular da secretaria de Interior, Justiça e Segurança, cargo que ocupa pela terceira vez e, no exercício do qual, encerra definitivamente a sua fulgurante vida pública.
Aposentado, vive os últimos anos em companhia da fiel e inseparável esposa, Maria, que lhe dedica completa assistência e devotado carinho. A 24 de abril de 2010, aos 96 anos, Alfredo Salim Duailbe não resiste a uma crise de pneumonia e parte para a eternidade, mas deixando na sociedade maranhense a marca de homem íntegro, correto, sério e sincero.
Prezado Benedito Buzar, boa tarde,
Gostaria de convidá-lo para participar de livro em homenagem a Neiva Moreira que contará com textos de autores de todo o país. É possível autorizar-me a incluir o texto “Eu e Neiva Moreira” de sua autoria?
Atenciosamente,
Uelson Sousa
Meu caro Uelson: desculpe a demora na resposta. Autorizo a inserção no seu livro sobre Neiva Moreira o texto de minha autoria.