Nos últimos tempos, cresceu acentuadamente a participação dos evangélicos na política maranhense. São numerosos os candidatos que concorrem aos pleitos, como também é expressivo o contingente de eleitores que vota em candidatos indicados pelos pastores.
Essa ativa atuação evangélica no processo político do Maranhão contrasta com a participação dos padres católicos, os quais, nos dias correntes, ausentaram-se das pugnas eleitorais e não são mais procurados pelos políticos, que os tinham como valorosos cabos eleitorais.
Os evangélicos, como candidatos ou cabos eleitorais, são atualmente assediados pelos partidos pelo enorme poder de persuasão e de manipulação que exercem junto às camadas da população.
As igrejas católicas e os padres perderam o encanto eleitoral. Até agora não há notícia de que algum candidato a governador e a senador tenha participado de reunião ou visitado qualquer autoridade eclesiástica em busca de apoio político. Mas os templos evangélicos estão sempre recebendo os postulantes a cargos eletivos, que procuram os pastores e seus seguidores para conversas políticas e atrás de votos.
A cada ano aumenta o número de candidatos evangélicos às eleições majoritárias ou proporcionais. Na listagem do Tribunal Regional Eleitoral, ao pleito deste ano, a presença deles é bem significativa.
Quanto à participação de representantes da igreja católica na luta política de 2014, a rigor, só o ex-empresário Afonso Manoel Ferreira, abnegado diácono, candidato a deputado estadual pelo PMDB.
A migração católica para a evangélica corporificou-se sobremodo a partir do final do século passado e deve-se indiscutivelmente ao gritante distanciamento da igreja de São Pedro dos problemas sociais vividos pelo seu enorme rebanho.
Por conta disso, os evangélicos, até então inexpressivos e sem poder de competição, começaram a ocupar o lugar da religião do Vaticano e a incorporar às suas fileiras milhões de fiéis, que decepcionados com o catolicismo, abraçaram as seitas onde pontificam, salvo poucas e honrosas exceções, o engodo e a mistificação.
No Maranhão, o poderio da igreja católica na cena política regride à época do regime imperial. De 1834, quando da instalação da Assembleia Provincial até a Proclamação da República, tivemos no exercício da atividade parlamentar 36 padres, destacando-se dois prelados, dom Luis Raimundo da Silva Brito e dom Marcos Antônio de Sousa. Na República Velha, de 1891 a 1930, sete sacerdotes marcaram presença no Legislativo estadual. Nas eleições de 1933 e 1934 às Constituinte federal e estadual, a igreja organizou a LEC – Liga Eleitoral Católica, pela qual se elegeu o padre Possidônio Monteiro de Sousa.
Com o fim do Estado Novo e o retorno do país ao regime democrático, um sacerdote concorreu ao pleito à Assembleia Legislativa: Joel Barbosa Ribeiro. No vicariato de dom José de Medeiros Delgado, de fevereiro de 1952 a maio de 1963, para que os assuntos da igreja não se misturassem com a política, os padres foram proibidos de se filiarem aos partidos políticos e de se candidatarem a cargos eletivos.
De 1930 a 1963, três sacerdotes tiveram participação significativa na política do Maranhão. Astolfo Serra, cuja ação vigorosa em favor da Aliança Liberal, da Coluna Prestes e da Revolução de 1930, lhe valeu a nomeação de interventor em 1931, cargo que deixou pelo seu desentendimento com o chefe do movimento revolucionário, Reis Perdigão.
O padre Constantino Vieira foi outro que mereceu destaque na cena política. Em julho de 1953, com o falecimento do senador Clodomir Cardoso, o sacerdote era seu suplente, mas não assumiu, pois após eleger-se, pressionado por dom Delgado, renunciou. Ainda tentou reconquistar o mandato por meio judicial, sem consegui-lo, porém.
Quem também teve ativa atuação na vida pública foi o padre Clodomir Brant, pároco de Arari, que lutou na oposição contra o vitorinismo. Nunca disputou cargo político, mas o eleitorado arariense votava de acordo com a sua orientação.
No século passado, como disse acima, os protestantes – os evangélicos de hoje – tinham atuação bem discreta na política. Lembro apenas do pastor Capitulino Lázaro Amorim. Por várias vezes candidatou-se pelo PTB a deputado estadual, mas sempre ficou na suplência.
A partir dos anos 60, eles ganharam mais força na cena partidária. O pioneiro nessa caminhada política foi Costa Ferreira, eleito vereador à Câmara Municipal de São Luis, após o que conquistou um lugar na Câmara dos Deputados, elegendo-se várias vezes. Depois de Costa Ferreira surgiram os evangélicos Raimundo Lima e Enoc Vieira, que pontificaram na Assembleia Legislativa por seguidos mandatos.
Dessa época, apenas um padre marcou presença no Poder Legislativo: Manoel Oliveira. Depois de eleito, apaixonou-se de tal modo pela vida profana que deixou a batina.