OCTOGENÁRIOS DA POLÍTICA MARANHENSE

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Ser octogenário não desqualifica ninguém e nem deve ser visto como o fim de uma jornada de vida. A respeito disso, nunca esqueci um episódio nos meus anos da juventude, quando a minha geração freqüentava a famosa ZBM – Zona do Baixo Meretrício.

Numa dessas noitadas na ZBM, um colega apresentou aos companheiros de mesa, uma mulher, por sinal, jovem e bonita, com a qual tinha um chamego: – Eis aqui a minha octogenária. Mais que depressa, a mulher retrucou com o ar de alegria e felicidade: – Quem sou eu para merecer todo esse elogio.

O caso acima serve para ilustrar o meu comentário de hoje, sobre os políticos maranhenses que, por conta da longevidade, deixarão a vida pública, onde atuam como representantes do povo maranhense no exercício de cargos executivos e legislativos: José Sarney, Epitácio Cafeteira e Pedro Novais.

Conquanto situados na mesma faixa de idade, sairão da cena política por motivos específicos e diferenciados. O senador José Sarney não mais concorrerá a cargo eletivo, depois de sessenta anos de intensa e profícua atuação, por razões familiares e intelectuais. Ao findar o seu mandato no Senado, quer dar mais assistência à esposa Marly e dedicar-se com mais vigor às suas atividades intelectuais, pois precisa concluir alguns projetos, os quais, por causa de sua permanente ação política, foram colocados à margem.

Sarney, nestas seis décadas de presença no Congresso Nacional, como deputado federal e senador, bem como à frente do governo do Maranhão e na presidência da República, teve desempenho exemplar e marcou o seu nome pela maneira como se comportou nos cargos exercidos.

Epitácio Cafeteira, à beira dos noventa anos, achou por bem não se submeter ao julgamento popular por razões de saúde. A última eleição que participou foi em 2006, elegendo-se senador graças ao apoio do grupo Sarney. Nos últimos anos de mandato, devido ao seu precário estado de saúde, freqüentava as sessões com ajuda de cadeira de rodas.

Antes de ser senador, Cafeteira elegeu-se prefeito de São Luis, em 1965, em função de uma emenda constitucional por ele apresentada no Congresso Nacional, que acabava a nomeação de prefeitos da Capital pelos governadores e dava ao povo o direito de elegê-los pelas urnas.

Ao deixar a prefeitura de São Luis, elegeu-se deputado federal por três vezes consecutivas (1975 a 1987).  Com Sarney na presidência da República, em 1985, um acordo político levou Cafeteira ao governo do Estado, cargo que exerceu de março de 1986 a abril de 1990.  Renunciou ao governo para disputar a eleição de senador, para o mandato de 1991 a 1999.

Mais recentemente, o eleitorado maranhense foi surpreendido com a divulgação, emitida pelo próprio deputado e octogenário Pedro Novais, de que ao cabo de seu mandato em 31 de janeiro de 2015, não mais concorrerá ao pleito de outubro deste ano.

Pedro Novais era um ilustre desconhecido no Maranhão até a posse do governador Nunes Freire, em março de 1975. Nascido na cidade de Coelho Neto, mudou-se jovem para o Rio de Janeiro, onde estudou e diplomou-se em Direito. Ingressou, por concurso no Ministério da Fazenda, impondo-se como Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. Dalí, Nunes Freire o trouxe para o Maranhão, nomeando-o para o cargo de secretário da Fazenda, onde brilhou pela criatividade e competência.

Com o término do governo, Pedro Novais ingressa na vida parlamentar, elege-se deputado estadual pela Arena, para o mandato 1979 a 1983. Só cumpre um mandato na Assembleia Legislativa, pois no pleito de 1982, candidata-se a deputado federal. Não se elege, mas como suplente, assume o mandato de setembro de 1983 a janeiro de 1984.

No exercício de seu quinto mandato parlamentar, o PMDB o indicou para ministro do Turismo no governo da presidente Dilma Roussef. Sua passagem pelo ministério não foi das mais felizes. A imprensa pegou no seu pé por causa de um problema mal explicado acontecido em São Luis, fato que o levou a exonerar-se do cargo de ministro, cumprido de fevereiro a setembro de 2011.

Na Câmara dos Deputados sempre foi respeitado pelos seus conhecimentos técnicos. Não à toa, presidiu várias vezes a Comissão de Finanças e Tributação. O seu grande momento no Congresso Nacional deu-se ao ser escolhido relator da Lei de Responsabilidade Fiscal, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovada e que se constitui numa das leis mais proveitosas no combate da corrupção no Brasil.

Ainda não se sabe ao certo os motivos que levaram o deputado Pedro Novais a desistir das eleições de outubro vindouro, quando conquistaria o seu sexto mandato. Há quem atribua ao constrangimento pelo qual passou no ministério do Turismo.

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