Benedito Buzar nasceu em Itapecuru Mirim. Jornalista, advogado, escritor, professor universitário (aposentado). Ex-deputado estadual. Ocupou cargos no setor público, dentre os quais, chefe de gabinete e secretário municipal de Educação e Ação Comunitária, presidente da Maratur, presidente do Sioge, secretário da Cultura do Maranhão, presidente do Conselho Estadual de Cultura, membro do Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão, gerente da Gerência de Desenvolvimento Regional de Itapecuru Mirim. Membro da Academia Maranhense de Letras, da qual é o atual presidente. Publicou vários livros.
Sem comentário para "A NACIONALIZAÇÃO DA SUCESSÃO ESTADUALNa semana passada, o encontro dos pré-candidatos ao governo do Maranhão, Lobão Filho com o ex-presidente Lula, e Flávio Dino com o senador Aécio Neves, em Brasília, deu ensejo à eclosão de especulações sobre a campanha presidencial e a sucessão estadual. Pelo que noticiaram os jornais, a sucessão da governadora Roseana Sarney, em outubro vindouro, poderá ser nacionalizada, ou seja, se dará em função dos candidatos a presidente da República. Balela pura. Isso nunca aconteceu e se ocorrer, este ano, será um fato inédito no Maranhão. Respaldado nas eleições disputadas entre 1947 e 2010, não há registro de que algum candidato a presidente da República tenha atraído ou puxado votos para os postulantes aos cargos de governadores. Ao contrário, foram os candidatos à sucessão de governador que conduziram a campanha eleitoral e canalizaram apoios e votos aos candidatos presidenciais. Tomando como ponto de partida a era vitorinista, comprovar-se-á que no Maranhão não foram os candidatos mais votados à presidência da República – Eurico Dutra (1946), Cristiano Machado (1950), Juscelino Kubitscheck (1955) e Henrique Teixeira Lott(1960) – que carrearam votos para os eleitos ao governo do estado – Sebastião Archer da Silva Eugênio Barros, Matos Carvalho e Newton Bello -, todos do PSD. Estes, sim, é que arrebanharam votos aos que disputaram o cargo mais importante da República brasileira. Nem a popularidade de Getúlio Vargas e de Jânio Quadros, candidatos às eleições presidenciais de 1950 e de 1960, que galvanizaram as atenções do eleitorado do país, conseguiram, no Maranhão, suplantar os candidatos derrotados Cristiano Machado e Henrique Teixeira Lott, apoiados pelos candidatos vitoriosos á sucessão estadual, Eugênio Barros e Newton Bello. É de bom alvitre esclarecer que, em 1950, Cristiano Machado, do PSD, à exceção do Maranhão, foi derrotado em todos os estados. E que Getúlio ganhou em quase em todo o País, mas aqui perdeu. Em 1960, o candidato da UDN, Jânio Quadros, obteve menos voto do que o general Henrique Lott e ficou em terceiro lugar na corrida sucessória, pois o candidato do PSP, Ademar de Barros, pela sua presença mítica em São Luis, conseguiu votação consagradora, que o levou ao segundo lugar. Merece também explicação o pleito de 1965, no qual o candidato das oposições, José Sarney, foi o vitorioso. Nessa pugna eleitoral, não houve disputa para o cargo de presidente da República, apenas para os governos estaduais. Em fevereiro de 1966, o governo militar, através do Ato Institucional nº 3, decretava a suspensão das eleições diretas ao Executivo estadual, que passaram a ser indiretas. Assim, a Assembleia Legislativa elegeu os candidatos da Arena, Pedro Neiva de Santana (1971-1974), Nunes Freire (1975-1979) e João Castelo (1979-1982). Só em 1982, o regime militar, sob o signo da liberação política, lenta e gradual, restabeleceu as eleições diretas aos governos estaduais. Sem candidatos à presidência da República, nos pleitos de 1982 e 1986, o eleitorado maranhense, agora sob a égide do sarneísmo, elegeu dois governadores: Luiz Rocha (1982-1986) e Epitácio Cafeteira (1986-1990). O primeiro pelo PDS; o segundo pelo PMDB, partidos governistas que substituíram a Arena e o MDB. Com a última eleição indireta para presidente da República, em 1985, que elegeu os candidatos oposicionistas Tancredo Neves e José Sarney, pela Frente Liberal, o regime militar exauriu-se e cedeu lugar à Nova República, que convocou a Assembleia Nacional Constituinte e marcou para outubro de 1989 as eleições diretas para o presidente e vice da República. No Maranhão, o candidato do PRN, Fernando Collor de Melo foi o mais votados nos dois turnos. Para o governo estadual, João Castelo vence o primeiro turno, mas o candidato Edison Lobão o suplanta no segundo turno. Excetuando-se o pleito de 2006, cujo vencedor foi Jackson Lago ao governo do Maranhão, os outros foram vencidos pelos candidatos Roseana Sarney (1994, 1998 e 2010) e José Reinaldo Tavares (2002), que obedeciam à liderança do senador José Sarney, e ajudaram a eleger a presidente da República, Fernando Henrique (eleito e reeleito), Lula (eleito e reeleito) e Dilma Roussef. Em reforço à tese de que as eleições majoritárias no Maranhão não dependem dos candidatos à presidência da República, dois fatos mais recentes comprovam-no. Em 2002, Jackson Lago disputou o cargo de governador com José Reinaldo Tavares. Leonel Brizola, então candidato do PDT à sucessão presidencial, esteve duas vezes em São Luis, para ajudar o ex-prefeito de São Luis a vencer o opositor. De nada adiantou. A derrota para o candidato sarneísta, Zé Reinaldo foi impiedosa. Em 2010, para evitar a derrota de Roseana para Jackson Lago, Lula veio a Timon, onde fez um comício e pediu votos para a candidata da coligação PMDB-PT, mas as suas palavras não ecoaram e foram levadas pelo vento. ——————————————————————————-"