A MINHA EXPECTATIVA DE VIDA

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Em recente publicação, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que em 2012 a expectativa de vida no Brasil passou para 74, 6 anos.
Se comparada há 10 anos, a expectativa de vida do brasileiro aumentou mais de três anos. Em 2002 era de 71 anos.
Confesso que fiquei deveras satisfeito e alegre ao tomar conhecimento dessa informação do IBGE. Explico: faço parte de uma faixa etária da qual o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística afirma que a expectativa de vida está à beira dos 75 anos.
Imaginar que no Brasil de hoje a gente pode alcançar essa idade com uma boa qualidade de vida e em plena forma física e técnica, para os que nos antecederam, seria ficção ou sonho de uma noite de verão.
Para a geração que me antecedeu, por exemplo, chegar aos sessenta anos, derramando saúde, só milagre ou um super homem. Quem teve a ventura de ultrapassar meio de século de vida, até um tempo não tão remoto, podia se considerar herói ou devoto de Matusalém.
Aos nossos antepassados faltaram os instrumentos do homem contemporâneo, que através da evolução da ciência e da tecnologia, vem buscando conquistar e dominar a natureza e colocá-la a serviço da existência humana.
Graças, portanto, aos avanços científicos e tecnológicos, a sociedade vem experimentando um novo modus vivendi, em que a medicina assume papel relevante e dando uma ponderável contribuição para a humanidade dispor de uma qualidade de vida mais saudável e longeva.
Com profissionais mais preparados, técnicas e terapias inovadoras, medicamentos mais eficientes e equipamentos modernos e de alcance ilimitados, a medicina, ao lado das atividades físicas e de uma alimentação cuidadosa, vem fazendo de tudo para que a minha e as futuras gerações desfrutem de uma existência menos penosa e mais radiante do que as que nos precederam.
No que me diz respeito, proclamo vaidosamente ser um septuagenário bem vivido e ainda sem apresentar sintomas e marcas peculiares da decadência cronológica. Quando perguntam a minha idade, respondo sem constrangimento e os interlocutores duvidam. Acham que estou brincando ou faltando com a verdade. Graças a Deus, o meu aspecto físico, a minha mobilidade, a minha memória e outros componentes inerentes à vida pessoal estão em completa e perfeita harmonia.
Alguns dos problemas comuns e tormentosos do ser humano, no meu estágio de vida, ainda não me perturbam. Não tenho pressão alta e nem baixa, meu colesterol reina absolutamente bem, não sou diabético e a minha próstata é de criança. Só me queixo da coluna, por conta de uma estonese, já operada, mas sem sucesso, da presença de ácido úrico, mas controlado, e de um stress oftálmico, também conhecido por olho seco. Do resto, como diz Zeca Pagodinho, “deixo a vida me levar, porque da vida levo eu”.
Para ter essa saúde, não faço dieta. Até pouco tempo ainda jantava comida de panela. Só mais recentemente, adotei uma alimentação mais frugal, sobretudo, às noites. Também nunca fumei e bebida alcoólica, só socialmente. Quanto aos exercícios físicos, hoje imprescindíveis e tão reclamados pelos médicos, de vez em quando, os faço em academias ou caminhadas. Contudo, há mais de três meses, estou sem praticá-los. Em 2014, voltarei com toda força. O que religiosamente faço, mas só aos domingos: jogar voleibol, sol a pino, com amigos de geração, na casa de veraneio de Mauro Fecury, onde, também, colocamos o papo em dia e relembramos fatos e atos de nossa juventude em São Luis.
Por falar nisso, uma das coisas mais importantes, na minha modesta opinião, para gozar saúde e estar sempre de bem com a vida, anotem este conselho: estar com amigos e conversar sobre o passado, presente e futuro.
Dou a vida para ficar ao lado de amigos de geração e ter com eles encontros, programados ou acidentais. Como me fazem um bem danado, cumpro uma programação que começa às quintas-feiras, nas fecundas as reuniões da Academia Maranhense de Letras, onde discutimos coisas do mundo intelectual. A descontração e o companheirismo ali reinantes deixam-me leve e solto. Aos sábados, antes do almoço, bato um papo com a turma da velha guarda, no Buteco, na Lagoa. No final da tarde, no Shopping Tropical, a conversa, com outro grupo, gira em torno de assuntos políticos e mundanos daqui e alhures. Aos domingos, pela manhã, o imperdível voleibol na casa de Mauro Fecury, que reúne a turma dos antigos Maristas e Liceu e haja falação. Uma vez por mês, sempre na primeira quinta-feira, reúno-me com outra “rapaziada”, na Cabana do Sol, onde o tema é livre e diversificado.
Às vezes, encontro colegas de infância ou da adolescência e não acredito que sejam eles. Pelas nuances físicas, parecem ser meus avós. Um dia desses, quase não reconheci um amigo do Liceu. Eu, em plena forma, ele caindo aos pedaços. Em meio à conversa, pergunta-me o que faço para estar bem e saudável. Como ele reside em outra cidade, não hesitei na resposta e no conselho para a sua recuperação: – Volte para São Luis urgente e reintegre-se à vida da cidade, que não é das melhores, mas onde estão seus amigos de juventude. Se você fizer isso, com toda certeza sua vida será outra.
Antes de finalizar, não devo omitir dois fatores que também contribuem para ser um cara hígido: ser bem casado e passar trinta anos em sala de aula, em contato quase diário e fraternal, com os estudantes da Universidade Estadual do Maranhão.

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