HOLANDINHA E HOLANDÃO
Depois que Edivaldo Holanda Júnior tomou posse no cargo de prefeito de São Luis, ele, na condição de filho, e o pai, Edivaldo Holanda, passaram a ser chamados pela mídia impressa e blogueiros de Holandinha e Holandão.
Quanto ao Holandinha, confesso, passei a conhecê-lo mais recentemente e de perto pelo fato de morarmos e sermos vizinhos na Avenida dos Holandeses. Sabia que, antes de ganhar as eleições de prefeito da Capital, já militava na política, onde, como sucessor do Holandão, candidatou-se à Câmara Municipal de São Luis, elegendo-se vereador nas eleições de 2004 e 2008.
Pelo bom desempenho no Legislativo de São Luis e pela assistência ao eleitorado, decidiu em 2010 dar um salto político audacioso. Em vez de candidatar-se à Assembleia Legislativa, como fazem os neófitos e principiantes, optou pela Câmara Federal. Apurados os votos, Holandinha obteve expressiva votação, que o conduziu ao Congresso Nacional, onde, como único deputado do Partido Trabalhista Cristão, era o líder de si mesmo.
No exercício do mandato de deputado federal, não pensava candidatar-se à prefeitura de São Luis, mas foi convencido a concorrer às eleições de 2012, que teve de disputá-las em dois turnos, nas quais saiu vitorioso.
De Holandinha, estas as informações que disponho sobre a sua trajetória política, considerada ainda pequena diante das numerosas atividades públicas vividas pelo pai, Holandão, que, de 1976 aos dias de hoje, tem participado, ora ativa ora nem tanto, da cena maranhense.
Por conta dessa longevidade política, que lhe proporcionou maturidade e habilidade, diz-se que Holandão, face à inexperiência e juventude de Holandinha, é o homem forte, que manda e desmanda, e quem dá a uma palavra em assuntos e decisões que fluem na prefeitura de São Luis, sem que, para isso, tenha visibilidade pública ou ocupe algum cargo administrativo.
Será que a mídia e os blogueiros estão certos quando dizem isso? A resposta exige o conhecimento dos cargos que Holandão, ao longo do tempo, exerceu no Legislativo e no Executivo, e se tem uma biografia capaz de dar a Holandinha uma sustentação teórica e prática, política e administrativa, no encaminhamento da solução dos problemas da cidade.
Para ajudar o leitor, especialmente o da nova geração, que desconhece o Holandão, vejamos os cargos que ocupou de 1977, quando conquistou o seu primeiro mandato, até agora. Pelos meus arquivos, as eleições de outubro de 1976 o levaram à Câmara Municipal de São Luis, onde teve papel relevante nos postos de vice-presidente e de presidente da Mesa Diretora do Legislativo da cidade.
Não concorreu à reeleição de vereador, mas elegeu-se deputado estadual, em 1982. No exercício do mandato, foi delegado à convenção do Partido da Frente Liberal e membro do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves e José Sarney a presidente e vice da República, no pleito indireto de 1985. Nas eleições de 1986, pretendeu pular da Assembleia Legislativa para a Câmara Federal. Não conseguiu. Ficou na primeira suplência do PFL, sendo convocado a participar, algumas vezes, dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a nova Constituição Federal do Brasil.
No pleito de 1988, tentou se eleger prefeito de São Luis, sem obter sucesso, pois o vencedor foi Jackson Lago. Sem mandato eletivo, recebeu convite do governador Luiz Rocha (1983-1987) para ocupar o cargo de chefe do Gabinete Civil do Governo. Acabado o governo, distanciou-se da militância política e ingressou na atividade privada. Montou um restaurante de comidas típicas- Ô Xente, em dois shoppings da cidade. No começo, o restô fez sucesso, mas foi obrigado a fechá-lo por não suportar a concorrência dos restaurantes franqueados. Passou alguns anos fora da vida pública, da qual havia jurado não mais abraçar. Arrependido, novamente foi ao encontro da política, com o propósito de ajudar Holandinha a eleger-se vereador de São Luis, em 2004.
De olho novamente na Assembleia Legislativa, Holandão candidatou-se a deputado estadual em 2006, sendo vitorioso com significativa votação. No pleito seguinte, em 2010, partiu para um projeto arrojado: fez dobradinha com Holandinha, este, para deputado federal, ele, para renovar o mandato no Poder Legislativo do Estado. Resultado da ópera: o povo achou que eleger dois Holandas de uma só vez não era bom negócio.
Assim, Holandinha saiu da Câmara Municipal para a Câmara dos Deputados, e Holandão, sem mandato, recebeu convite do prefeito João Castelo para assumir o cargo de secretário de Articulação Política, onde ficou até o momento em que Holandinha decidiu disputar a sucessão do próprio Castelo.
No relato acima, por falta de espaço, não mencionei os traços marcantes da vida profissional de Holandão, que se encontra pontuada de numerosos cursos, dentre os quais o de bacharel em Direito.
Depois desse resumido currículo do pai de Holandinha, cabe agora ao leitor e eleitor responder a pergunta que está na boca do povo: Holandão está ou não habilitado para ser a eminência parda da prefeitura?